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Transtorno de Personalidade Histriônica

Psicopatologia dos transtornos do Comportamento e da Personalidade

Alunos: Alan Miguel Teixeira da Silva e Joice Batista de Oliveira

Prof. Ms.: Leonardo Carneiro Holanda


Fortaleza, CE, 2020.

Definição

Tem como características centrais a busca e o prazer imenso de ser o centro das
atenções através de reações desequilibradas e teatrais, apesar de uma superficialidade
emocional, as pessoas com este transtorno utilizam-se de quaisquer meios para garantir
que seu prazer por ter atenção de todos seja saciado, podendo se utilizar de uma
exuberante sensualidade e flertar com frequência até meios mais extremos como
demonstrar um sentimento de tristeza ao extremo que faça os que estão ao seu redor lhe
proporcionarem preocupação e empatia (Whitbourne e Halgin, 2015).

Critérios Diagnósticos

Pessoas que têm esse transtorno possuem uma personalidade emocional


abundante e difusiva, procuram por atenção em excesso inicialmente na sua vida adulta
e em vários contextos em que possam se fazer o centro das atenções, por possuir essas
características centradas para seu diagnóstico, é facilmente confundida com outros
transtornos, contudo, o DSM-V aponta oito critérios para diagnóstico do Transtorno de
Personalidade Histriônica (TPH) e o indivíduo deve apontar pelo menos cinco ou mais
desses seguintes critérios:

O indivíduo deve sentir-se desconfortável em contextos ao qual não é o centro


das atenções (Critério 1). Possuem uma postura inadequada, carregada de insinuações
sexuais, sedutoras ou provocativas mediante a interação com outros indivíduos mesmo
que não próximos a ele, romântico ou não romântico, independente do contexto em que
ele está inserido (Critério 2). São carregados de emoções exacerbadas e superficiais, e
que mudam rapidamente de humor (Critério 3). Pessoas com TPH usam
abundantemente de sua aparência física para atrair atenções para si. Preocupados em
impressionar o outrem, fazem o uso de seu tempo e dinheiro para cuidar de sua
aparência. Além disto, não lidam muito bem com críticas a sua aparência física (Critério
4). Têm discursos impressionistas escasso de detalhes que possam dar fundamento a sua
opinião (Critério 5). São altamente teatrais, autodramáticos e fervorosos ao
demonstrarem suas opiniões e reproduzem suas emoções de forma exageradas mesmo
que por motivos vagos, contudo, suas projeções de emoções podem sumir de forma
inesperada (Critério 6). Indivíduos com TPH, podem ser ligeiramente influenciados por
outros indivíduos e pelo contexto em que se encontra (Critério 7). Costumam dar
importância, demonstrar interesse e intimidade em relações além daquilo que elas são,
independente de ser alguém íntimo ou alguém que conheceu a pouco tempo (Critério 8).

Assim como pessoas que sofrem de transtorno de personalidade borderline,


quem tem TPH também têm mudanças repentinas de humor e emoções, e isso pode
dificultar o diagnóstico do TPH.

Características Clínicas

Como já foi exposto, as pessoas que possuem este transtorno sentem aflição,
rejeição, e sentimentos correlatos em situações em que outras pessoas não lhe
promovem como centro das atenções e esse sentimento pode desencadear uma série de
outros comportamentos que, visto o incômodo na pessoa com TPH, podem mudar
rapidamente suas emoções de forma superficial, teatral e com uma dramaticidade
extrema. Em outros momentos, essa mesma pessoa utiliza de sua sensualidade e
elegância para conquistar as pessoas em sua volta, além de modificar seu discurso várias
e várias vezes para impressionar, utilizando-se de hipérboles e não dando detalhes sobre
o que fala. A depender das circunstâncias e dos grupos com quem se está presente, se
torna uma pessoa influenciável afim de se adequar e não ser visto como um estranho
perante esse mesmo grupo, e por fim, são considerados "solteirões" devido a
instabilidade nas relações cujo são superficiais como seus sentimentos e também
instabilidade em consideração, ou seja, relações íntimas comparadas as novas não
possuem tanta diferença, visto que o objetivo da pessoa com TPH é ser o mais
importante dentre os outros (Hutz e Colaboradores, 2016).

Evolução

No transtorno histriônico, sua apresentação se dá no início da vida adulta do


indivíduo. Há evidências que o aparecimento sintomático do TPH está inteiramente
ligado a traumas de seguimento psíquico, onde pode ser representado ideias do
consciente e inconsciente em combate que podem ter alavancado a origem dos
sintomas.

Um exemplo de manifestação sintomática que o indivíduo pode ter é em


contexto de grande estresse, alguns podem apresentar sintomas de conversação motora
tais como coceira, paralisia, cegueira, anestesiados, entre outros. Estes mesmo
indivíduos, em contexto diferente podem apresentar sintomas de alucinações auditivas,
ilusões mnêmicas que Dalgalarrondo (2008, p. 147) descreve como um acréscimo de
elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória.

Outro tipo de evolução de sintomas, seria a propensão a atos suicidas ou a


dramatização deste ato. Em momentos mais desesperadores para o indivíduo, podem ser
perigosos à própria integridade física e cometerem atos prejudiciais como automutilação
para terem a atenção para si. A depender do contexto e do acompanhamento profissional
que o indivíduo com TPH aderir ou não, os sintomas deste indivíduo podem evoluir ou
regressar, e somente com a ajuda do profissional, pode-se dar mais certeza sobre o
curso da evolução desse transtorno.

Etiologia

O TPH tem sua fundação nas especificações clássicas da histeria, contudo, a


causa exata ou transformação do surgimento do TPH ainda é desconhecida, mas há
teorias e especulações acerca disto. Uma delas tem como base a teoria de Freud, que
explica que a histeria está ligado a fase fálica do indivíduo no desenvolvimento
psicossexual.

Baseia-se que os histéricos são acometidos por memórias reprimidas na fase


fálica, que com o passar dos tempos, as expressões equivalem a uma negociação do
desejo sexual reprimido e sua reprodução exteriorizada do consciente, na medida que o
tempo passa, essas expressões podem se tornar cada vez mais somáticas e
exteriorizadas.

Outra teoria é que o que pode ser a causa do TPH é o indivíduo ter sido
acometido por abusos sexuais. Dalgalarrondo (2008, p. 361) explica: “estudos
recentes indicam forte relação entre ter sofrido abuso sexual na infância. (...)”.
Tendo em vista essa teoria, foi especulado que por ter passado por abuso, o histriônico
se sente usado e descartado, fazendo-o então ter a necessidade de buscar a atenção de
outrem para suprir seus sentimentos de abandono e descaso.

Comorbidades

O TPH muitas das vezes pode ser confundido com o transtorno de personalidade
Borderline, devido essa busca de atenção e expressões exageradas de sentimento, porém
o que diferencia é que o Borderline tem como critérios comportamentos autodestrutivos,
momentos de despersonalização e sentimentos de vazio extremo. Também pode-se
correlacionar com o transtorno de personalidade Antissocial, apesar de que a pessoa
com TPH não seja habitual a ter comportamentos antissociais, e também se diferenciam
por não ter uma causa genética muito aparente, porém ambos os transtornos podem ser
comórbidos. Há possibilidades do indivíduo com TPH também adquirir algum
transtorno por uso de substâncias ou álcool, visto o critério que diz que há uma grande
possibilidade de serem facilmente influenciáveis (Sadock, et al 2017).

Também podem desenvolver um transtorno coercivo, que diz respeito a


dependência de terceiros responderem aos seus caprichos (Benjamin, 1996).

Tratamento

A base para o tratamento para o transtorno de personalidade Histriônica é a


psicoterapia e a farmacoterapia em conjunto, com o objetivo de tornar mais nítido os
sentimentos interiores (Sadock, et al 2017) e também para a utilização contra sintomas
depressivos, ansiogênicos e de desrealização. É bastantemente associada a psicanálise
devido a história do TPH, porém outras abordagens também cuidam devidamente deste
transtorno.

Referências Bibliográficas

APA.; Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

Benjamin, L.; Diagnóstico interpessoal e tratamento de Transtornos de


Personalidade. Londres: Guilford, 1996.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos


Mentais. ARTMED, 2008.

Hospital Santa Mônica; O que é o transtorno de personalidade histriônica. 2016.


In:<https://hospitalsantamonica.com.br/transtorno-de-personalidade-histrionica/amp/>
Acesso em: 10/12/2020

Hutz, C. S.; Bandeira, D. R.; Trentini, C. M.; Krug, J. S.; Psicodiagnóstico -


Porto Alegre: Artmed, 2016.

Sadock, B. J.; Sadock, V. A.; Ruiz, P.; Compêndio de Psiquiatria: ciência do


comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Skodol, A.; Transtorno de Personalidade Histriônica. 2018,
in:<https://t.co/W1qCHE0AUu>, Acesso: 09/12/2020

Whitbourne, S. K.; Halgin, R. P.; Psicopatologia: perspectivas clínicas dos


transtornos psicológicos. Trad: Maria Cristina G. Monteiro - 7. ed - Porto Alegre:
AMGH, 2015.

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