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Enquadramento teórico

Tema: violência escolar e suas implicações no processo de ensino e aprendizagem dos


alunos do ensino primário

A escola é um lugar de formação e informação dos jovens adultos, e quando dentro dela
acontece a violência, é necessário uma atenção especial deste fenómeno no processo de ensino e
socialização. Portanto, cuidar deste tema significa trabalhar para descontrair fontes de violência, bem
como sua multiplicação em outros lugares e tempos, arriscando o hoje e o amanhã.

Charlotte amplia o conceito de violência escolar, classificando-a em três níveis:

a)-Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes e vandalismo.

b)-Incivilidade: humilhação, palavras grosseiras e falta de respeito.

C)-Violência simbólica ou institucional: Compreendida como a falta de sentido de permanecer na


escola por tantos anos; o ensino como desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e
conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade que não deve saber acolher
seus jovens no mercado de; a violência das relações do poder entre professores e alunos e alunos.

Para este autor existe vários tipos de violência, e a meu ver a mais perigosa é a violência
simbólica ou institucional onde a violência acontece como forma de os professores fazerem com que
os alunos façam tudo o que eles querem, e as vezes usam de coerção para inibir os alunos para
fazerem as coisas ou até mesmo participarem nas aulas.

Isso às vezes passa despercebido aos olhos do oprimido e nem nota que está sofrer um tipo
de violência, só porque o professor não usou a violência física, verbal ou até mesmo a sexual.

A violência escolar pode ser definida como toda ação ou omissão que cause ou vise causar
dano à escola, a comunidade escolar ou a algum de seus membros ( Unesco, 2019). Essa violência se
manifesta através de diversos atos, atinge diferentes atores e ocorre tanto dentro como fora dos
muros das escolas.

Locais de ocorrência
A violência escolar ocorre em diferentes locais, não estando limitado ao espaço
físico da escola (sala de aula, pátios, corredores, quadras e banheiros etc.)
Há violências que são cometidas no deslocamento e entorno da escola, em
passeios, encontros e actividades escolares externas. Ela também ocorre no ambiente
virtual, utilizado pelos agressores para atacar e desestabilizar emocionalmente as vítimas.
No mesmo sentido de Vasquez(1997) conceitua violência como:
Toda ação ou omissão que prive uma pessoa dos seus direitos fundamentais, ou
seja; todas ações de violência têm como ponto comum serem provocadas pelo uso abusivo
do poder que uma pessoa tem sobre a outra.
Para Whitaker (1994), há dois tipos de violência:a simbólica e a explícita.
Ambas podem ocorrer ao mesmo tempo, mas a violência simbólica é diferente da
explícita, que quem se alastrando na sociedade e até rompendo com o tecido social.
A violência escolar pode ocorrer de várias formas como: simbólica, física, sexual, por
meio do bulying e outras formas que pode inibir os alunos de participar nas aulas e de
chegar a ver a escola como sua segunda casa.
A violência simbólica é aquele que passa de alguma forma sempre despercebida aos
olhos do oprimido, porque temos em mente que violência é quando causa danos físicos,
emocionais. Já a explícita é aquela que não passa de modo despercebido e pode ser quando
usam à força para castigar os alunos, quando agridem os alunos com palavras ofensivas ,
tudo isto está incluído na violência explícita.
Para a Unesco (2019), em seu documento violência escolar e bulying relatório sobre a
situação mundial, os que mais são vítimas deste fenómeno :
As crianças e os adolescentes mais vulneráveis, incluindo os mais pobres ou
provenientes de minorias étnicas, linguísticas, culturais, pertencentes a comunidades de
refugiados ou pessoas com deficiências físicas, apresentam maiores riscos de sofrer violência
nas escolas e bulying. Crianças e adolescentes cuja orientação sexual, identidade ou de
gênero não se conformam as normas sociais ou de gênero tradicionais são afetados de
modo desproporcional.
Infelizmente, o que se constata nas escolas é que pessoas com deficiências físicas são
insultados devido a sua condição física, crianças que têm um sutaque diferente de outras
crianças tende a sofrer violência na escola porque supostamente expressá-se mal e os
outros expressam-se bem, para o opressor, essas coisas são motivos para gerar violência nas
escolas.
Ainda outros, por terem uma situação financeira melhor que a de outros sentem -se
superior e querem fazer tudo achando que sua situação atual permita que eles façam o que
querem, e isso faz com que os mais vulneráveis sofram as tais violência no recinto escolar.
Violência no contexto escolar
Estando presente a violência nos diversos espaços da sociedade, presencia-se cada
vez mais no cotidiano escolar a ação de atos violentos cometidos por estudantes de idade
entre o sete e quatorze anos embora estes também sofram algum tipo de violência no
espaço escolar, constituindo -se fenómeno preocupante ( Abramovax, 2015).
Já para Charlot (2005) define violência na escola como sendo aquela produzida
dentro do ambiente escolar sem estar ligada à natureza e às actividades da instituição
escolar. Quando um grupoentra na escola para acertar contas, a escola é apenas o lugar
onde ocorre uma violência que poderia ter acontecido em qualquer outro local, a violência
da escola é uma violência institucional ou simbólica, que os próprios alunos sofrem devido à
maneira como a instituição e seus agentes os tratam (a forma em que é feita a distribuição
da sala de aula, a atribuição das notas, palavras desdenhosas dos adultos ou atos
considerados injustos ou recista).
Causas da violência escolar
A violência no contexto escolar acontece por uma série de razões, uma delas refere-
se a forma de sociabilidade, configurando-se como um mecanismo de controle social, aberto
e contínuo.
Outra razão possível para atos de violência dentro e fora da escola refere-se ao novo
ritmo na vida dos meninos e das meninas marcado pelas novas tecnologias e o imediatismo
das coisas (Santos 2008, P.118)
As tecnologias são formas que as escolas usam para dinamizar os conteúdos para os
alunos, com as tecnologias os alunos terão a possibilidade de não depender unicamente dos
professores porém, os alunos tendem a copiar comportamentos indecorosos que muitas
vezes as mídias apresentam e praticam nas escolas que por sua vez gera a violência no
recinto escolar.
Outro problema que muitos autores fazem referência é o imediatismo das coisas,
alguns alunos pensam que podem ter tudo que o mundo apresenta e quando isso não
acontece descontão suas frustrações nos seus colegas o que gera violência nas escolas.
A criança e o jovem precisam de referência, pois muitas vezes, não têm condições
para tomar suas próprias decisões ou fazer escolhas, precisam do adulto para auxiliá-la
nessa construção através do diálogo que necessariamente sugere a existência de limite e
estímulo ao exercício das virtudes, para levá-la a viver a moralidade como conquista de
dignidade e auto-respeito.
A violência escolar não tem uma única, hà uma série de factores que influenciam na
manifestação deste fenómeno. Entre os factores de risco associados a ocorrência da
violência no meio escolar estão ( Krug et al; 2002).
a) Factores individuais: impulsividade, baixa autoestima e o uso de álcool ou drogas.
b) Factores familiares- cuidados parentais deficitários, baixa coesão familiar e violência
intrafamiliar.
c) Factores escolares- estrutura escolar precária, ausência de regras de convivência
claras e práticas pedagógicas abusivas.
d) Factores sociais- desigualdade social, cultural patriarcal, sexismo, racismo e
individualismo.
Todos estes factores referido por este autor são com certeza motivo de gerar
violência, porque crianças que têm um condição financeira estável pensam que
podem tudo, famílias desestruturadas, violência acontecendo sempre no seio
familiar são vistas como algo normal e tendem a ser ilimitadas pelas crianças, e
muitas vezes isso acontece no recinto escolar com os seus colegas.
Quando as escolas têm uma construção precária e não se estabece regras de
convivência desde o primeiro dia de aula, os alunos pensam que podem fazer tudo e
até chegam mesmo a ter atos violentos no recinto escolar.
Consequências da violência escolar
Além de afectar o processo de ensino e aprendizagem, a convivência nas
escolas, a violência escolar compromete a saúde e o bem-estar dos
indivíduos(Unesco, 2019).
Ansiedade, depressão, estresse, irritabilidade e pensamentos suicidas são algumas
das consequências associados ao problema na literatura.
A violência é apontada também, como uma onda do baixo desempenho e do
fracasso escolar.
Crianças que sofrem violência nas escolas, ficam com medo de participar nas aulas,
não conseguem socializar-se com outros colegas pois sentem -se intimidados, não
querem ir à escola e inventam qualquer desculpa para ficarem em casa, não ficam
com ânimos para estudar e por outra, nunca sentem gosto pela matéria.
Prevenção da violência
Há várias medidas possíveis para prevenir a violência no ambiente escolar,
entre as quais se destacam:
Oferecer informações sobre esse tipo de violência a toda comunidade
educativa.
Promover oficinas, projetos, palestras e cursos básicos sobre o assunto.
Incentivar práticas respeitosas no ambiente escolar.
Oferecer suporte e apoio aos envolvidos em situações de violência.
Denunciar a violência através dos canais disponíveis.
No pensamento de Digiácamo (2009 apud Soares ; 2018); descrevem a ação
mais coerente para o combate à violência nas escolas: envolvimentos dos alunos, de
suas famílias e da comunidade com sua integração cada vez maior no ambiente
escolar e participação efectiva no debate acerca dos problemas da escola e em sua
solução.
Para Ruatti (2006, P 210) não existem receitas prontas para o problema da
violência na instituição escolar, mas alguns princípios norteadores e algumas ações
que vêm sendo realizadas. Esclarece ainda o autor que, por mais que as concepções
e os projetos sejam satisfatórios, o êxito dependerá da participação dos diferentes
membros da comunidade escolar, bem como boa disposição para quebrar algumas
barreiras hierárquicas tão comum no sistema social.
Todos nós de alguma forma podemos prevenir a violência no recinto escolar.
Portanto que todos nós estejamos decididos a não nos calar sempre que virmos um
ato de violência, devemos sempre ter em mente que quem se cala, fica do lado do
opressor e não do oprimido.

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