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Samuel Souza Rios Lima Araújo, Psicologia, Bases Antropológicas da Psicologia.

MEAD, Margareth. Sexo e Temperamento. Coleção Debates. São Paulo: Ed. Perspectiva,
2000. “Introdução” e “Quarta parte”.

Mead começa introduzindo e promovendo reflexões sobre como alguns pontos


presentes em outras sociedades com culturas distintas da nossa são facilmente identificáveis e
julgáveis por nós, mas ao se tratar do grupo onde estamos inseridos, esse processo de
distanciamento não ocorre da mesma forma. Trazendo sobre como as concepções sobre os
sexos interferem nas relações do humano e que nem tudo que consideramos “natural” é inato
como tratamos, mas se trata de um processo de idealização e construção deste “natural.

É tratado sobre a implementação de um padrão no que se refere ao temperamento de


acordo com o sexo do indivíduo. Assim são elaboradas e implantadas historicamente, em cada
cultura, criações culturais que são impostas às gerações sobre o feminino e o masculino, numa
tentativa de disciplinar o comportamento dos seus indivíduos de acordo com esse padrão de
ideal/natural. Assim, é inserida uma percepção que coloca as diversas variações de
temperamento humano, que são inatas ao ser humano, como de forma separada, dicotômica e
distintas a cada um dos grupos feminino e masculino, visando uma personalidade pronta e
representativa daquele grupo. Diante disso, a prática de um comportamento por um indivíduo
que não se enquadra socialmente no grupo constituído é proibida e discriminada em muitos
casos.

A autora traz diversos grupos culturais e apresenta as suas constituições, comparando


cada uma delas e suas expectativas de ideal, mostrando que não parte de um processo natural
e biológico como muitos acreditam ser, mas de uma construção sociocultural e discorrendo
sobre o quanto esses processos interferem na vida dos membros destes grupos.

Bem como, discute sobre aqueles que ela intitula como inadaptados, inadaptados a
esse construto idealizado, os quais em alguns grupos chegam a ser considerados como
imaturos, incompletos, nisso podemos ver uma tentativa de colocar essa pessoa no espaço de
culpado por não se enquadrar ao meio, por não atender ao imperativo seja deste modo
específico/desenhado. Assim é gerado nesse indivíduo uma perturbação psicossocial,
considerando que ele não pode chamar o grupo onde se encontra de seu, ele é repelido por
esse grupo, não ocorre o processo de identificação social. Trazendo assim uma ameaça de
desumanização caso este não atenda às regras existentes para o seu sexo no que se refere ao
modo de viver, já que é visto e aceitável como humano o modelo tecido e firmemente
delimitado naquele meio, sem possíveis aberturas que caibam diferenças.

Além disso, é apresentado sobre a confusão que a criança sofre nesse processo de
identificação ou não com a imagem rígida do que seria uma mulher ou um homem,
implantando dúvidas e confusões em sua mente. Desta forma, não é dada uma liberdade de se
expressar à criança, há constantemente uma tentativa de correção, exigindo que não se faça
determinadas coisas ou que as faça de um modo específico.

Assim, em sociedades onde há a existência de uma dicotomia atrelando o


temperamento ao sexo, todos os seus indivíduos sofrem os resultados desse padrão, mesmo
que em graus distintos. Levando esses impactos para as mais distintas áreas na vida. Em
comparação, sociedades sem uma classificação tão fechada e mais abertas a alguns aspectos
possibilitam um desenvolvimento mais tranquilo e uma vivência mais ampla no que tange ao
sexo.

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