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Educação Física
no Brasil
Carine Ferreira da Costa
Wagner José Nogueira
Instituições da Educação
Física no Brasil
Introdução
Você está no conteúdo de Instituições da Educação Física no Brasil. Conheça aqui a
organização histórica das instituições que representam os profissionais de Educação
Física no país e sua função e representatividade para o mercado de trabalho. As
instituições são responsáveis por reger as possibilidades da legislação brasileira para
a atuação, exercendo influência direta no dia a dia aos profissionais de Educação
Física. Por isso, carecem de atenção e conhecimento aprofundado sobre a forma
pela qual exerce seu fim, bem como no exercício democrático sobre aqueles que os
dirigem.
Bons estudos!
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Funções das Instituições Profissionais
As instituições profissionais na América Latina historicamente assumiram a função de
mediar e, em alguns casos, fomentar o debate sobre o processo de regulamentação
da profissão, bem como, a paridade salarial, segmentos de atuação e direitos e
deveres dos trabalhadores. Nesse ínterim, elas variam entre a sua atuação enquanto
associação, federações, conselhos federais e regionais e sindicatos variáveis de
atuação garantida na constituição brasileira de 1988.
No cenário da Educação Física, esse formato não se diferencia, pois todos esses
segmentos tiveram participação direta não estruturação dos seus campos de atuação
ao longo do século XX e até mesmo no direcionamento dos trâmites necessários a
regulamentação da profissão. Em meio a esse contexto, nosso exercício será entender
como elas se apresentam para a categoria de profissionais de Educação Física e qual
a sua participação para o atual cenário de atuação do segmento.
Associações
Grupos de pessoas reunidas para debater pautas específicas da área sem um viés
político partidário, tendo sua arrecadação voltada para a manutenção das práticas do
próprio coletivo. Sua atuação via de regra possui um limite regional. Essa forma de
organização coletiva teve grande participação para a regulamentação da profissão.
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Federações
Conselhos Nacionais/Regionais
Por serem responsáveis pelo processo de formação dos profissionais, foram sempre
presentes nos debates da categoria como a regulamentação e divisão do curso de
graduação, tendo sua participação através dos docentes e da organização e inserção
dos estudantes nos debates.
As instituições coletivas, independente dos termos que definem o seu nome, possuem
uma função política importante dentro de uma sociedade democrática. O exercício
do direito da liberdade de expressão dá as instituições uma denotação política para
a defesa de suas pautas prioritárias. A liberdade de expressar-se individualmente,
também é assegurada pela constituição brasileira de 1988, no incisivo XVII, do art. 5º
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ao dizer que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar” (BRASIL, 1988).
Por se tratar de um grupo de pessoas reunidas que possuem algo em comum, ao sanar
ou conquistar suas pautas coletivas cabe ao grupo estabelecer novas estratégias para
preservar, inclusive, a sua própria existência.
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como instrumento político de um regime ditatorial que garantia uma atuação e
formação exclusiva para a educação formal através do esporte causava desconforto,
não só pelas contradições postas de um estado opressor, mas também como a não
garantia de exclusividade de atuação para aquelas que recebiam a formação em
Educação Física.
Conforme salienta Castellani Filho (2010, p.99), houveram algumas ações específicas
para a Educação Física a fim de instrumentalizá-la ideologicamente para os interesses
do estado, de modo que
Associações
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entanto, foram fundamentais nos debates políticos que envolviam a regulamentação
da profissão.
Em sua origem, na primeira metade do século XX, já se envolveram nos debates sobre
a regulamentação da profissão e a sua participação foi fundamental para o desfecho
do debate.
Eram conhecidas como Associação dos Professores de Educação Física - APEF, tendo
sua participação dividida por atuações de acordo com seu estado de localização. Os
estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, ocuparam um papel de
centralidade na formação da Federação Brasileira de Professores de Educação Física
e, a partir disso, foi realizado o movimento para que todos os estados criassem suas
associações.
Curiosidade
Um bom exemplo da continuidade de APEF’s são os estados do Rio
Grande do Sul e do Rio de Janeiro, com 73 e 75 anos de existência,
que ainda promovem encontros nacionais, seminários e congressos
científicos, garantindo a participação para os sócios e não sócios,
almejando a integração entre os profissionais formados e os em
formação, bem como, a participação cultural, social e política nas
demandas da área de atuação.
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Conselho Nacional de Educação Física
O Conselho Federal de Educação Física, também conhecido pela sigla CONFEF, teve
sua fundação atrelada ao movimento em prol da regulamentação da profissão. Tem
sua existência garantida pela contribuição financeira obrigatória da categoria garantida
através da lei da regulamentação e possui centralidade em muitos encaminhamentos,
principalmente políticos que atingem os profissionais.
O resultado dessa derrota política, foi uma crise na organização dos professores de
Educação Física através das associações que sofreram com desfiliações e com os
questionamentos em torno do seu prestígio. O debate só foi retomado, no início de
1994, com um grupo organizado de estudantes, que procurou as APEEF’s para pedir
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auxílio para lidar com o problema central de quem estava no mercado de trabalho ou
queria entrar nele.
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IV. Baixar atos necessários ao desenvolvimento dos entes do sistema CONFEF/CRES’s;
VI. Estimular a exação no exercício profissional, zelando pelo prestígio e bom nome
dos que a exercem;
O CONFEF consiste numa instituição sem fins lucrativos, em que sua organização
estrutural para funcionamento é definida através dos segmentos que envolvem o
Plenário, Diretoria, Presidência e os Órgãos de Assessoramento.
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para definir e demandar o conselho nacional sobre as pautas que abrangem a atuação
profissional da sua região.
Tem como função zelar pelas deliberações do conselho federal em sua região, bem
como é responsável pelo registro e fiscalização dos profissionais de Educação Física.
A fiscalizando perante os órgãos em pessoa jurídica, tais como, clubes, academias
entre outros, também são de sua responsabilidade.
II. Defender a sociedade, zelando pela qualidade dos serviços profissionais oferecidos;
III. Cumprir e fazer cumprir as disposições da Lei Federal nº. 9696, de 01 de setembro
de 1998, das Resoluções e demais normais baixadas pelo CONFEF;
VI. Fiscalizar o exercício profissional, zelando pelo prestígio e pelo bom nome dos que
o exercem;
VII. Estimular a exação no exercício profissional, zelando pelo prestígio e bom nome
dos que o exercem;
IX. Deliberar sobre as pessoas jurídicas prestadoras de serviços nas áreas das
atividades físicas, desportivas e similares.
Diante das finalidades dos CREF’s é possível verificar uma abrangência de suas
atividades no cenário de sua responsabilidade. Atualmente, existem 21 unidades
do CREF espalhadas pelo Brasil, sendo divididas individualmente por estados e, em
alguns casos, por um grupo de estados. São eles:
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Figura 1 - Mapa de divisão regional dos CREF’s
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem vemos o Mapa da divisão de atuação dos CREF’s,
sendo: CREF 1: Rio de Janeiro e Espírito Santo; CREF 2: Rio Grande do Sul; CREF
3: Santa Catarina; CREF 4: São Paulo; CREF 5: Ceará; CREF 6: Minas Gerais;
CREF 7: Distrito Federal; CREF 8: Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima; CREF 9:
Paraná; CREF 10: Paraíba; CREF 11: Mato Grosso do Sul; CREF 12: Pernambuco;
CREF 13: Bahia; CREF 14: Goiás e Tocantins; CREF 15: Piaui; CREF 16: Rio Gran-
de do Norte; CREF 17: Mato Grosso; CREF 18: Pará e Amapá; CREF 19: Alagoas;
CREF 20: Sergipe; CREF 21: Maranhão.
O CONFEF e os CREF’s atuam e dialogam entre si, por se tratar de apenas um sistema em
comum, no entanto, existem variações no campo de abrangência de cada segmento.
No caso dos CREF’s, a forma pela qual realizam suas atividades locais são diretamente
refletidas na atuação profissional, principalmente na atuação dos bacharéis.
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Suas atribuições locais são apresentados no Capítulo I, art. 61 em seu estatuto, a
partir da seguinte ordem (CONFEF, 2020):
II. registrar as Pessoas Jurídicas que prestam ou ofereçam serviços nas áreas das
atividades físicas, desportivas e similares;
VI. fixar, dentro dos limites estabelecidos pelo CONFEF, o valor das contribuições,
anuidades, taxas, multas e emolumentos, através de Resolução sobre o tema, publicada
até 31 de dezembro do ano anterior à cobrança, em consonância ao princípio da
anterioridade;
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XIV. fiscalizar e controlar, mensalmente, suas atividades financeiras, econômicas,
administrativas, contábeis e orçamentárias, garantindo seu equilíbrio financeiro;
XV. cumprir e fazer cumprir as disposições da Lei Federal nº. 9.696, de 01 de setembro
de 1998, das disposições da legislação aplicável, deste Estatuto, do seu julgar infrações
e aplicar penalidades previstas neste Estatuto e em atos normativos baixados pelo
CONFEF;
XIX. aprovar o seu quadro de pessoal, criar cargos e funções, fixar salários e
gratificações, bem como autorizar a contratação de serviços, tudo dentro dos limites
de suas receitas próprias e em observância as normas vigentes;
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XXV. zelar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da Profissão de
Educação Física e de seus Profissionais;
Vale aqui salientar, que os CREFs também possuem diretoria eleita com a mesma
composição de cargos do CONFEF: Presidente, 1º e 2º Vice Presidente, 1º e 2º
Secretários, 1º e 2º Tesoureiros tendo o mandato aqui a duração de 3 anos.
Sindicatos
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Atuação para os Licenciados em Educação Física
De acordo com Iori, Souza e Prietto (2017, p.462) a proposta de cursos de formação
para as licenciaturas é respaldada numa decisão do Conselho Nacional de Educação
no ano de 2002, ao definir as Diretrizes Nacionais para a Formação das Licenciaturas,
tendo um desfecho impactante para a Educação Física.
Via de regra, para a representação sindical desses, era preciso que os sindicatos
responsáveis pelo segmento da educação, se responsabilizassem por esses
profissionais na manutenção e representação dos seus direitos. Além disso, a
necessidade do registro no conselho federal e regional, também é posta à prova nesse
momento, uma vez que os tramites legais da regulamentação do profissional de
Educação Física não são soberanos perante as políticas do Ministério da Educação,
de forma que, em alguns estados e municípios, os próprios sindicatos estimularam
seus professores a desfiliação em massa do conselho.
O mesmo sindicato ainda procurou respaldo jurídico quando a então gestão municipal
liderada por Beto Richa (gestão 2005-2010) solicitou aos professores de Educação
Física o registro no CREF9, a exemplo da movimentação realizada pela APP –
Sindicato dos trabalhadores da educação do estado do Paraná, que haviam ganho a
jurisprudência na mesma situação com o governador do estado Roberto Requião no
ano de 2009.
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A pauta perante a representação do sistema CONFEF/CREF’s para os professores que
atuam na escola, ainda é alvo de um debate sem solução, gerando controvérsias cada
vez mais profundas na categoria.
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Instituições Científicas
Algumas instituições tiveram que adequar seu currículo durante o curso de formação,
outras aderiram de imediato a fragmentação da graduação já no processo de vestibular,
enquanto outras lutaram para possibilitar um currículo em que os estudantes pudessem
sair com os dois títulos da graduação.
Sobre esse cenário Iora, Souza e Prietto (2017, p.462), salientam que
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um mercado de [...] prestação de serviços, terceirizado e precário, com
poucos direitos trabalhistas que se concentra na lógica da privatização e
da mercadorização dos conteúdos da Cultura Corporal.
Diante desse cenário, cabe as instituições científicas, sejam elas de nível superior ou
de outros segmentos, debater o atual cenário da Educação Física brasileira, exercendo
sua função social de apontar as contradições no cenário econômico para a inserção do
mercado de trabalho e também as possibilidades para os profissionais de Educação
Física. A elas cabe a função de mexer com a zona de conforto da atuação profissional,
a fim de que a humanidade continue avançando perante sua contribuição científica,
que refletirá nas relações sociais do país.
Congresso Fiep
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É uma instituição que tem sua direção nacional e regional eleita pelos associados
ao colégio, possuindo eventos em nível nacional e regional com vigor científico
considerável, além de possuir revistas editadas há 30 anos, indexadas com padrões
internacionais.
Saiba mais
Mesmo com a regulamentação da profissão, ainda disputamos
alguns mercados com outras profissões, como é o caso do Pilates,
em que dividimos espaço com os fisioterapeutas num debate
acirrado de fundamentação jurídica. Disponível nesse link.
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Conclusão
Neste conteúdo, você teve a oportunidade de:
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Referências
BRASIL, Lei, de 5 de outubro de 1988. Institui a Constituição da República Federativa
do Brasil. Diário Oficial da União: 191-A, DF, outubro de 1988.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil – a história que não se conta. 17ª
edição, editora Papirus, Campinas, 2010.
SISMMAC, Sismmac vai à justiça contra exigência de filiação ao CREF, 2009. Disponível
em: https://sismmac.org.br/sismmac-vai-a-justica-contra-exigencia-de-filiacao-ao-
cref/. Acesso em: 11 fev. 2023.
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