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Instituições da

Educação Física
no Brasil
Carine Ferreira da Costa
Wagner José Nogueira
Instituições da Educação
Física no Brasil

Introdução
Você está no conteúdo de Instituições da Educação Física no Brasil. Conheça aqui a
organização histórica das instituições que representam os profissionais de Educação
Física no país e sua função e representatividade para o mercado de trabalho. As
instituições são responsáveis por reger as possibilidades da legislação brasileira para
a atuação, exercendo influência direta no dia a dia aos profissionais de Educação
Física. Por isso, carecem de atenção e conhecimento aprofundado sobre a forma
pela qual exerce seu fim, bem como no exercício democrático sobre aqueles que os
dirigem.

Bons estudos!

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Funções das Instituições Profissionais
As instituições profissionais na América Latina historicamente assumiram a função de
mediar e, em alguns casos, fomentar o debate sobre o processo de regulamentação
da profissão, bem como, a paridade salarial, segmentos de atuação e direitos e
deveres dos trabalhadores. Nesse ínterim, elas variam entre a sua atuação enquanto
associação, federações, conselhos federais e regionais e sindicatos variáveis de
atuação garantida na constituição brasileira de 1988.

No cenário da Educação Física, esse formato não se diferencia, pois todos esses
segmentos tiveram participação direta não estruturação dos seus campos de atuação
ao longo do século XX e até mesmo no direcionamento dos trâmites necessários a
regulamentação da profissão. Em meio a esse contexto, nosso exercício será entender
como elas se apresentam para a categoria de profissionais de Educação Física e qual
a sua participação para o atual cenário de atuação do segmento.

A proclamação da república brasileira, no final da década de 1980, adentrou a era dos


direitos à nação, uma era de livre exercício do direito em um estado democrático que
contemplou uma parte significativa da população e de categorias de trabalhadores,
que almejavam determinar a instrumentalização da sua atuação bem como seus
segmentos de atuação.

Atrelado ao livre exercício do direito está o estabelecimento dos limites a serem


postos, devido ao fato de que nossa constituição prevê a possibilidade de organização
coletiva através de associações sem intervenção estatal, podendo ou não possuir
um viés lucrativo. Dessa forma, a constituição de um grupo de pessoas que almejam
debater e/ou direcionar determinada pauta, consiste numa associação de pessoas
que podem exercer o direito de se criar ou dissolver uma associação e de filiar-se ou
desfiliar-se a ela.

No caso da Educação Física, temos algumas variáveis de associações com fins


distintos, mas que contribuíram historicamente para sua concepção, são elas:

Associações

Grupos de pessoas reunidas para debater pautas específicas da área sem um viés
político partidário, tendo sua arrecadação voltada para a manutenção das práticas do
próprio coletivo. Sua atuação via de regra possui um limite regional. Essa forma de
organização coletiva teve grande participação para a regulamentação da profissão.

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Federações

Na história da Educação Física significaram o aumento significativo dos limites


geográficos das associações. Algumas ganharam uma conotação mais científica ao
longo dos anos.

Conselhos Nacionais/Regionais

Forma de organização almejada através da pauta de regulamentação da profissão.


Sindicatos

Forma de organização coletiva que visa a manutenção e avanços dos direitos


trabalhistas, condições de trabalho e lutas de movimentos sociais como um todo. No
caso da Educação Física, são reflexos da fragmentação da profissão entre licenciado
e bacharel e seus respectivos segmentos de mercado.

Instituições de Ensino Superior (IES)

Por serem responsáveis pelo processo de formação dos profissionais, foram sempre
presentes nos debates da categoria como a regulamentação e divisão do curso de
graduação, tendo sua participação através dos docentes e da organização e inserção
dos estudantes nos debates.

Diante desse cenário, é possível identificar uma dialética histórica de construção


de um debate mais aprofundado da Educação Física, pois a sua utilização política e
ideológica pela sua atuação esportiva dentro das instituições escolares fomentou a
necessidade de um debate fundamentado por aqueles que atuam no segmento da
atuação.

O desenvolvimento da sociedade moderna, baseada no modo de produção capitalista,


possibilitou ao cenário brasileiro novas formas e possibilidades para a atuação do
profissional de Educação Física, baseado em modelos norte americanos e europeus
que chegaram ao país no final do século XX, como o boom das academias de ginásticas
e as formas de prescrição de exercício físico em massa.

Função Social das Instituições

As instituições coletivas, independente dos termos que definem o seu nome, possuem
uma função política importante dentro de uma sociedade democrática. O exercício
do direito da liberdade de expressão dá as instituições uma denotação política para
a defesa de suas pautas prioritárias. A liberdade de expressar-se individualmente,
também é assegurada pela constituição brasileira de 1988, no incisivo XVII, do art. 5º

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ao dizer que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar” (BRASIL, 1988).

Ao se posicionar diante de um assunto qualquer, o indivíduo carrega consigo,


intrinsecamente, diante da posição de defesa ou ataque que estabelece, uma
perspectiva ideológica que é resultado das relações sociais e históricas que esse
sujeito teve ao longo de sua vida, e com as instituições coletivas esse movimento não
é diferente.

Normalmente, as instituições se formam diante de um dilema, uma causa, algo que


incomoda aqueles que por determinadas características em comum se unem em
um espaço para debater e discutir encaminhamentos que resolvam suas demandas
emergentes.

Por se tratar de um grupo de pessoas reunidas que possuem algo em comum, ao sanar
ou conquistar suas pautas coletivas cabe ao grupo estabelecer novas estratégias para
preservar, inclusive, a sua própria existência.

Historicamente, na sociedade brasileira, muitas instituições ao longo de sua existência


absorveram em dados momentos uma postura política que transcende as demandas
do grupo que fomentou sua criação, se coligando aos interesses de instituições
político partidárias ou que tenham bandeiras que abrangem problemas sociais mais
amplos, como instituições em defesa de questões ambientais, de exploração da
criança e do adolescente, entre outras pautas que representam a minoria dentro de
nossa sociedade.

Além disso, conforme garante as instituições, se permite também o seu crescimento


e o exercício democrático do direito ao voto dos seus associados para definir aqueles
que coordenaram um ciclo do seu processo de manutenção de existência, um reflexo
do que temos na escolha de nossos líderes em nível municipal, estadual e nacional a
cada quatro anos.

Contribuições das Instituições para a Educação Física

De fato, o exercício da liberdade previsto na criação de determinadas instituições para


debater as mazelas dos profissionais de Educação Física, foram determinantes no
cenário da atualidade.

A motivação dessas instituições é definida como ‘mazelas’, pois as instituições


surgiram em torno de problemas significativos para a própria existência do campo
de atuação na sociedade brasileira. Os incômodos oriundos de uma Educação Física

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como instrumento político de um regime ditatorial que garantia uma atuação e
formação exclusiva para a educação formal através do esporte causava desconforto,
não só pelas contradições postas de um estado opressor, mas também como a não
garantia de exclusividade de atuação para aquelas que recebiam a formação em
Educação Física.

Conforme salienta Castellani Filho (2010, p.99), houveram algumas ações específicas
para a Educação Física a fim de instrumentalizá-la ideologicamente para os interesses
do estado, de modo que

(...) Assim, em 1943, o governo estadonovista criou, pela Portaria nº. 68 de 6


de setembro, o “Serviço de Recreação Operária”. Vinculado ao Ministério do
Trabalho, buscava atender as expectativas do operariado, fosse ele jovem
ou adulto, no campo da cultura, do escotismo e do desporto. Acreditamos
não se fazer necessário explicitarmos o norte político-ideológico que
orientava o atendimento das aludidas expectativas. Dada a relevância
do papel destinado à Educação Física, naquele momento histórico, nada
mais coerente do que dotá-la de condições que lhe garantissem uma
sólida “performance”. Assim, em 17 de abril de 1939, deu-se a criação,
na Universidade do Brasil, da Escola Nacional de Educação Física e
Desportos.
Além de que, o movimento de resistência para a manutenção das instituições em suas
diferentes vertentes representa um marco histórico para a sociedade brasileira em si,
pois em um passado não muito distante, os espaços coletivos para debates foram
marginalizados de acordo com os interesses políticos em questão.

Associações

As associações foram a primeira forma de organização coletiva dos profissionais


de Educação Física a serem formadas para debater os principais problemas que
afetavam a categoria. Tiveram centralidade na discussão da regulamentação da
profissão e na criação dos conselhos nacionais e regionais da área, por serem os
principais multiplicadores dos debates ao garantir a divulgação das necessidades dos
profissionais.

Associações da Educação Física no século XX

As associações foram as primeiras instituições que se propuseram a garantir os


espaços para os debates dos professores de Educação Física, em meados da década
de 1940. Inicialmente, possuíam um caráter mais voltado a formação continuada, no

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entanto, foram fundamentais nos debates políticos que envolviam a regulamentação
da profissão.

Em sua origem, na primeira metade do século XX, já se envolveram nos debates sobre
a regulamentação da profissão e a sua participação foi fundamental para o desfecho
do debate.

Eram conhecidas como Associação dos Professores de Educação Física - APEF, tendo
sua participação dividida por atuações de acordo com seu estado de localização. Os
estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, ocuparam um papel de
centralidade na formação da Federação Brasileira de Professores de Educação Física
e, a partir disso, foi realizado o movimento para que todos os estados criassem suas
associações.

Associações da Educação Física no Século XXI

Atualmente, as associações dos professores de Educação Física, ainda possuem


relevância histórica, porém sua atuação política foi absorvida pelos conselhos
nacionais e regionais. No entanto, apesar de terem se formado associações na maioria
dos estados brasileiros, nem todas continuaram ativas após a regulamentação.

As associações que permanecem em movimento continuam contribuindo para o


processo de formação continuada através da promoção de congressos em nível
regional e nacional.

Curiosidade
Um bom exemplo da continuidade de APEF’s são os estados do Rio
Grande do Sul e do Rio de Janeiro, com 73 e 75 anos de existência,
que ainda promovem encontros nacionais, seminários e congressos
científicos, garantindo a participação para os sócios e não sócios,
almejando a integração entre os profissionais formados e os em
formação, bem como, a participação cultural, social e política nas
demandas da área de atuação.

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Conselho Nacional de Educação Física
O Conselho Federal de Educação Física, também conhecido pela sigla CONFEF, teve
sua fundação atrelada ao movimento em prol da regulamentação da profissão. Tem
sua existência garantida pela contribuição financeira obrigatória da categoria garantida
através da lei da regulamentação e possui centralidade em muitos encaminhamentos,
principalmente políticos que atingem os profissionais.

Marcos Históricos Para a Categoria

O Conselho Federal de Educação Física é resultado de um embate político, que teve


início da década de 1940 com as formações de associações dos professores de
Educação Física (APEF) dos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.
Eles criaram a Federação Brasileira dos Professores de Educação Física, que por sua
vez, fomentaram a organização de associações na maioria dos estados brasileiros,
fazendo com que as principais pautas da categoria fossem movimentadas em cenário
nacional.

Os primeiros a defender publicamente a fundação de um conselho ou ordem para


os profissionais de Educação Física foram Izenil Penna Marinho, Jacinto Targa e
Manoel Monteiro, que na década de 1950 se colocaram em defesa de um movimento
que almejava uma representação para os professores de Educação Física que
fosse parecida como o conselho dos advogados e médicos no Brasil. Desde o meio
do século XX, o debate da regulamentação compunha os espaços coletivos dos
profissionais de Educação Física. A primeira tentativa de sistematização do debate
sobre da regulamentação da profissão e, consequentemente, a criação de conselhos
foi somente na década de 1972, em um evento denominado como III Encontro dos
Professores de Educação Física de Guanabara.

No final do século XX, em meados da década de 1980 a FBPEF conseguiu avaliar


que já havia APEF em quase todos os estados brasileiros, fazendo com que, no ano
de 1984, o Projeto de lei 4559/84 tramitasse pela Câmara dos deputados, através
do então parlamentar que era deputado federal Darcy Pozza. Porém, esse projeto foi
vetado pelo então presidente da república, José Sarney, mesmo após a aprovação
pelo congresso nacional.

O resultado dessa derrota política, foi uma crise na organização dos professores de
Educação Física através das associações que sofreram com desfiliações e com os
questionamentos em torno do seu prestígio. O debate só foi retomado, no início de
1994, com um grupo organizado de estudantes, que procurou as APEEF’s para pedir

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auxílio para lidar com o problema central de quem estava no mercado de trabalho ou
queria entrar nele.

A prática de contratação de pessoas sem formação atuando nos segmentos que


contrapõe a atuação na escola estava estrondoso. Sobre essa questão, a CONFEF
(2020, p.10) relata que

No início de 1994, grupos de estudantes de Educação Física preocupados


com o crescente aumento de pessoas sem formação atuando no mercado
emergente (academias, clubes, condomínios, etc.) procuraram a APEF-
RJ. A APEF então, reafirmou a posição de que era para impedir tal uso,
fazia- se necessário um instrumento jurídico que determinasse serem os
egressos das escolas de Educação Física, os profissionais responsáveis
pela dinamização das atividades físicas.
De acordo com a Confef (2020), a oportunidade seguinte de formalizar a regulamentação
da profissão só aconteceu em 1995, consequência de debates calorosos iniciados
ainda em 1984, com a promoção de congressos pelas APEF’s, em conjunto com
as instituições de ensino superior e as ações mais concretas foram aplicadas para
submeter à avaliação o projeto de regulamentação da profissão, sendo realizada no
congresso da FIEP na cidade de Foz de Iguaçu o Movimento pela Regulamentação
do Profissional de Educação Física, lançado ainda na mesa de abertura do evento
através da abertura de uma assembleia, sendo o projeto aprovado numa plenária com
a aproximadamente 1500 pessoas.

Formando uma comissão de avaliação, o projeto foi analisado pela Comissão de


Educação, Cultura e Desporto, sendo aprovado um substitutivo para o projeto apenas
no ano de 1996, em que o projeto foi para a Comissão de Trabalho, Administração e
Serviço público, sob relatoria de Jorge Steinhilber, que já havia se posicionado contra
a regulamentação de qualquer profissão. Após uma série de debates e substitutivos
ao projeto original, em 1998 a profissão de Educação Física foi regulamentada, pelo
PL 330/95.

Os primeiros membros a comporem a direção do conselho federal foram eleitos pelos


membros da FBAPEF e as instituições de ensino superior nesse mesmo ano. A sua
finalidade foi apresentada na Seção I, art. 5º do estatuto do CONFEF:

I. Exercer função normativa superior no Sistema CONFEF/CREF’s.

II. Deliberar sobre o exercício profissional, adotando providências indispensáveis à


realização dos objetivos institucionais;

III. Acompanhar os controles administrativos dos entes do sistema CONFEF/CREFs;

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IV. Baixar atos necessários ao desenvolvimento dos entes do sistema CONFEF/CRES’s;

V. Divulgar a Educação Física, o Profissional e o Sistema COFENF/CREFs.

VI. Estimular a exação no exercício profissional, zelando pelo prestígio e bom nome
dos que a exercem;

VII. Estabelecer as diretrizes da fiscalização do exercício profissional em todo o


território nacional;

VIII. Estabelecer as especialidades profissionais que serão reconhecidas pelo sistema


CONFEF/CREF’s;

IX. Estimular, apoiar e promover o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização


dos Profissionais de Educação Física;

X. Elaborar, imprimir, fomentar e divulgar publicações de interesse da profissão, dos


profissionais e dos entes do sistema CONFEF/CREF’s.

Além da sua finalidade foi estabelecida uma missão ao sistema CONFEF/CREF’s.


Ela é descrita pelo Confef (2020) da seguinte forma: “A missão do Sistema CONFEF/
CREF’s é garantir a sociedade que o direito constitucional de ser atendida na área de
atividades físicas e esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física”.
Desde a regulamentação da profissão, o sistema CONFEF/ CREF’s se matem ativo
sobrevivendo as anuidades pagas pelos profissionais que desejam atuar nesse
segmento do mercado de trabalho.

O CONFEF consiste numa instituição sem fins lucrativos, em que sua organização
estrutural para funcionamento é definida através dos segmentos que envolvem o
Plenário, Diretoria, Presidência e os Órgãos de Assessoramento.

A diretoria do CONFEF é composta pelos seguintes cargos: Presidente, 1º e 2º Vice


presidente, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros que são eleitos em plenário pelo
colégio eleitoral convocado após a posse dos conselheiros efetivos e suplentes da
instituição, compostos por representantes de todos os CREF’s em funcionamento no
país. O seu mandato tem duração de 4 anos.

Conselhos Regionais De Educação Física

Consistem na extensão do sistema CONFEF por uma atuação organizada através da


divisão do território brasileiro por estados. É um órgão responsável por tratar e discutir
legalmente as demandas especificas da região do país em que atua, tendo autonomia

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para definir e demandar o conselho nacional sobre as pautas que abrangem a atuação
profissional da sua região.

Tem como função zelar pelas deliberações do conselho federal em sua região, bem
como é responsável pelo registro e fiscalização dos profissionais de Educação Física.
A fiscalizando perante os órgãos em pessoa jurídica, tais como, clubes, academias
entre outros, também são de sua responsabilidade.

Segundo o estatuto do sistema CONFEF/CREF na II, art. 6º sua função é:

I. Exercer função normativa dentro de suas atribuições;

II. Defender a sociedade, zelando pela qualidade dos serviços profissionais oferecidos;

III. Cumprir e fazer cumprir as disposições da Lei Federal nº. 9696, de 01 de setembro
de 1998, das Resoluções e demais normais baixadas pelo CONFEF;

IV. Baixar atos necessários à execução das deliberações e Resoluções do CONFEF.

V. Zelar pela qualidade dos serviços profissionais oferecidos à sociedade;

VI. Fiscalizar o exercício profissional, zelando pelo prestígio e pelo bom nome dos que
o exercem;

VII. Estimular a exação no exercício profissional, zelando pelo prestígio e bom nome
dos que o exercem;

VIII. Estimular, apoiar e promover o aperfeiçoamento, a especialização e atualização


de Profissionais de Educação Física registrados em sua área de abrangência.

IX. Deliberar sobre as pessoas jurídicas prestadoras de serviços nas áreas das
atividades físicas, desportivas e similares.

X. Promover o cumprimento dos deveres da categoria profissional de Educação Física


que nele estejam registrados.

XI. Elaborar, fomentar e divulgar publicações de interesse da Profissão e dos


Profissionais de Educação Física.

Diante das finalidades dos CREF’s é possível verificar uma abrangência de suas
atividades no cenário de sua responsabilidade. Atualmente, existem 21 unidades
do CREF espalhadas pelo Brasil, sendo divididas individualmente por estados e, em
alguns casos, por um grupo de estados. São eles:

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Figura 1 - Mapa de divisão regional dos CREF’s
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem vemos o Mapa da divisão de atuação dos CREF’s,
sendo: CREF 1: Rio de Janeiro e Espírito Santo; CREF 2: Rio Grande do Sul; CREF
3: Santa Catarina; CREF 4: São Paulo; CREF 5: Ceará; CREF 6: Minas Gerais;
CREF 7: Distrito Federal; CREF 8: Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima; CREF 9:
Paraná; CREF 10: Paraíba; CREF 11: Mato Grosso do Sul; CREF 12: Pernambuco;
CREF 13: Bahia; CREF 14: Goiás e Tocantins; CREF 15: Piaui; CREF 16: Rio Gran-
de do Norte; CREF 17: Mato Grosso; CREF 18: Pará e Amapá; CREF 19: Alagoas;
CREF 20: Sergipe; CREF 21: Maranhão.

A ordem de fundação dos conselhos regionais foi acontecendo de acordo com


a mobilização dos estados envolvidos entre os profissionais e associações, tendo
sua sede sempre instalada nas capitais dos estados e, diferentemente do CONFEF, é
constituído como uma personalidade jurídica.

Área de Abrangência dos CREF’s

O CONFEF e os CREF’s atuam e dialogam entre si, por se tratar de apenas um sistema em
comum, no entanto, existem variações no campo de abrangência de cada segmento.

No caso dos CREF’s, a forma pela qual realizam suas atividades locais são diretamente
refletidas na atuação profissional, principalmente na atuação dos bacharéis.

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Suas atribuições locais são apresentados no Capítulo I, art. 61 em seu estatuto, a
partir da seguinte ordem (CONFEF, 2020):

I. registrar e habilitar ao exercício da Profissão;

II. registrar as Pessoas Jurídicas que prestam ou ofereçam serviços nas áreas das
atividades físicas, desportivas e similares;

III. expedir Cédula de Identidade Profissional para os Profissionais e Certificado de


Registro de Funcionamento para as Pessoas Jurídicas e entidades que ofereçam ou
prestem serviços nas áreas das atividades físicas, desportivas e similares;

IV. fiscalizar o exercício profissional na área de sua abrangência, representando,


inclusive, às autoridades e Órgãos competentes, sobre os fatos que apurar e cuja
solução ou repressão não sejam de sua alçada;

V. fiscalizar o serviço ofertado na área das atividades físicas, desportivas e similares


dentro de sua área de abrangência, representando, inclusive, às autoridades
competentes, sobre os fatos que apurar e cuja solução ou repressão não sejam de
sua alçada;

VI. fixar, dentro dos limites estabelecidos pelo CONFEF, o valor das contribuições,
anuidades, taxas, multas e emolumentos, através de Resolução sobre o tema, publicada
até 31 de dezembro do ano anterior à cobrança, em consonância ao princípio da
anterioridade;

VII. arrecadar contribuições, anuidades, taxas, serviços, multas e emolumentos na


forma que deliberar o seu Plenário, segundo diretrizes estabelecidas pelo CONFEF;

VIII. adotar e promover todas as medidas necessárias à realização de suas finalidades;


elaborar e aprovar seu Regimento;

IX. elaborar e aprovar Resoluções sobre assuntos de sua competência;

X. realizar, organizar, manter, baixar, revigorar e cancelar os registros dos Profissionais


de Educação Física e das pessoas jurídicas neles registrados;

XI. organizar, disciplinar e manter atualizado o registro dos Profissionais e pessoas


jurídicas registradas nos CREFs;

XII. aprovar seu orçamento, encaminhando ao CONFEF até 10 de novembro, em


consonância ao que dispõe o princípio da anualidade;

XIII. aprovar as respectivas modificações orçamentárias;

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XIV. fiscalizar e controlar, mensalmente, suas atividades financeiras, econômicas,
administrativas, contábeis e orçamentárias, garantindo seu equilíbrio financeiro;

XV. cumprir e fazer cumprir as disposições da Lei Federal nº. 9.696, de 01 de setembro
de 1998, das disposições da legislação aplicável, deste Estatuto, do seu julgar infrações
e aplicar penalidades previstas neste Estatuto e em atos normativos baixados pelo
CONFEF;

XVI. aprovar anualmente suas próprias contas, encaminhando-as até 31 de maio ao


CONFEF;

XVII. funcionar como Tribunal Regional de Ética (TRE), conhecendo, processando e


decidindo os casos que lhe forem submetidos, adotando as medidas jurídicas legais
cabíveis;

XVIII. propor ao CONFEF as medidas necessárias ao aprimoramento dos seus serviços


e soluções de problemas relacionados ao exercício profissional;

XIX. aprovar o seu quadro de pessoal, criar cargos e funções, fixar salários e
gratificações, bem como autorizar a contratação de serviços, tudo dentro dos limites
de suas receitas próprias e em observância as normas vigentes;

XX. manter intercâmbio com entidades congêneres e fazer-se representar em


organismos internacionais e em conclaves no país e no exterior, relacionados à
Educação Física e suas especializações, ao seu ensino e pesquisa, bem como ao
exercício profissional, dentro dos limites dos recursos orçamentários e financeiros
disponíveis;

XXI. incentivar e contribuir para o aprimoramento técnico, científico e cultural dos


Profissionais de Educação Física e da Sociedade em geral;

XXII. adotar, quando houver, as providências necessárias à realização de exames de


suficiência para concessão do registro profissional, observada a disciplina estabelecida
pelo CONFEF;

XXIII. promover, perante o juízo competente, a cobrança das importâncias


correspondentes às anuidades, contribuições, taxas, emolumentos, serviços e multas,
esgotados os meios de cobrança amigáveis;

XXIV. incentivar os Profissionais de Educação Física a participar das atividades do


Sistema CONFEF/CREFs, sobretudo, do processo eleitoral;

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XXV. zelar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da Profissão de
Educação Física e de seus Profissionais;

XXVI. instalar, orientar e inspecionar unidades Seccionais dentro de sua área de


abrangência.

Vale aqui salientar, que os CREFs também possuem diretoria eleita com a mesma
composição de cargos do CONFEF: Presidente, 1º e 2º Vice Presidente, 1º e 2º
Secretários, 1º e 2º Tesoureiros tendo o mandato aqui a duração de 3 anos.

Sindicatos

Figura 2 – Punho Fechado


Fonte: Zmiter, Shutterstock, 2020..
#PraCegoVer : Na imagem vemos um punho fechado. O dia 1º de maio conhe-
cido mundialmente como dia do trabalho, são dois grandes símbolos utilizados
pelos sindicatos brasileiros.

Sua forma de atuação consiste geralmente em defender a manutenção de direitos


e almejar condições de trabalho garantidas pelo empregador. Possuem organização
distintas para os profissionais que atuam como licenciados e bacharéis e ao longo da
história brasileira, consistiram em um campo de disputa político partidária.

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Atuação para os Licenciados em Educação Física

Historicamente na Educação Física, antes da regulamentação da profissão, a formação


em nível de graduação dos profissionais de Educação Física acontecia integralmente
para a atuação nas instituições escolares. Até a primeira década do século XXI, os
profissionais eram graduados como licenciados plenos em Educação Física.

De acordo com Iori, Souza e Prietto (2017, p.462) a proposta de cursos de formação
para as licenciaturas é respaldada numa decisão do Conselho Nacional de Educação
no ano de 2002, ao definir as Diretrizes Nacionais para a Formação das Licenciaturas,
tendo um desfecho impactante para a Educação Física.

Com a divisão do curso de graduação, que gerou muitas controvérsias na comunidade


acadêmica, os estudantes que desejavam atuar na escola deveriam optar pelo curso
de Educação Física em Licenciatura, o que os caracteriza como trabalhadores da
educação e não da saúde.

Via de regra, para a representação sindical desses, era preciso que os sindicatos
responsáveis pelo segmento da educação, se responsabilizassem por esses
profissionais na manutenção e representação dos seus direitos. Além disso, a
necessidade do registro no conselho federal e regional, também é posta à prova nesse
momento, uma vez que os tramites legais da regulamentação do profissional de
Educação Física não são soberanos perante as políticas do Ministério da Educação,
de forma que, em alguns estados e municípios, os próprios sindicatos estimularam
seus professores a desfiliação em massa do conselho.

Um exemplo dessa movimentação foi o Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba


– SISMMAC, que organizou alguns mutirões para desfiliação coletiva do CREF9 no
ano de 2012, em que os professores alegaram “ações arbitrárias do sistema CONFEF/
CREFs perante os professores que atuam nas escolas municipais e estaduais”
(SISMMAC, 2012).

O mesmo sindicato ainda procurou respaldo jurídico quando a então gestão municipal
liderada por Beto Richa (gestão 2005-2010) solicitou aos professores de Educação
Física o registro no CREF9, a exemplo da movimentação realizada pela APP –
Sindicato dos trabalhadores da educação do estado do Paraná, que haviam ganho a
jurisprudência na mesma situação com o governador do estado Roberto Requião no
ano de 2009.

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A pauta perante a representação do sistema CONFEF/CREF’s para os professores que
atuam na escola, ainda é alvo de um debate sem solução, gerando controvérsias cada
vez mais profundas na categoria.

Atuação para os Bacharéis em Educação Física

Para os bacharéis em Educação Física, alguns estados e municípios fundaram um


sindicato próprio para categoria dos profissionais de Educação Física. Até mesmo as
antigas associações fomentaram o processo de fundação dos mesmos.

Os bacharéis são submetidos a uma política mais estruturada oriunda do sistema


CONFEF/ CREF, mas ainda assim, a atuação dos sindicatos acaba tendo denotação
política na manutenção de direitos para os profissionais da área, devido ao hábito
controverso de muitos estabelecimentos de prestação de serviços fitness, clubes entre
outros, de almejar contratações sem a devida regulamentação trabalhista, gerando
uma quantidade considerável de processos trabalhistas, além da discussão sobre o
piso e o teto da hora de trabalho da categoria.

Alguns exemplos dessa mobilização dos sindicatos dos profissionais de Educação


Física são o SINPEF/RG (Sindicato dos profissionais de Educação Física do estado
do Rio Grande do Sul), SINPEFEPAR (Sindicato dos profissionais de Educação Física
do estado do Paraná), SINPEFESP (Sindicato dos profissionais de Educação Física do
estado de São Paulo).

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Instituições Científicas

Figura 3 – Professora de Educação Física e Alunos.


Fonte: Dmytro Zinkevych, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer : Na imagem, vemos uma Professora de Educação Física escolar
sentada no chão com seus alunos realizando um alongamento nas pernas
durante a aula. A relação entre pedagógico e saúde presente nas relações de
ensino e aprendizagem.

As instituições de debate científico, em sua maioria oriundas de instituição de ensino


superior responsáveis pela formação dos profissionais brasileiros, são responsáveis
pela constituição de instituição, que visam proporcionar espaços para o debate
científico da categoria em nível nacional.

As IES tiveram um papel fundamental em fomentar o debate da divisão do curso, apontar


as contradições, bem como salientar as hipóteses que poderiam se materializar de
maneira impactante para a área do conhecimento.

Algumas instituições tiveram que adequar seu currículo durante o curso de formação,
outras aderiram de imediato a fragmentação da graduação já no processo de vestibular,
enquanto outras lutaram para possibilitar um currículo em que os estudantes pudessem
sair com os dois títulos da graduação.

Sobre esse cenário Iora, Souza e Prietto (2017, p.462), salientam que

Um estudo que demonstra claramente isso é o de Both (2011, p.60), que,


de maneira sintética, analisou as mediações das mudanças no mundo
do trabalho, no marco da luta de classes e na EF. O autor, em seus
estudos, aponta a perda da centralidade do componente curricular da
EF no âmbito educacional e alerta para a realidade da EF como parte de

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um mercado de [...] prestação de serviços, terceirizado e precário, com
poucos direitos trabalhistas que se concentra na lógica da privatização e
da mercadorização dos conteúdos da Cultura Corporal.
Diante desse cenário, cabe as instituições científicas, sejam elas de nível superior ou
de outros segmentos, debater o atual cenário da Educação Física brasileira, exercendo
sua função social de apontar as contradições no cenário econômico para a inserção do
mercado de trabalho e também as possibilidades para os profissionais de Educação
Física. A elas cabe a função de mexer com a zona de conforto da atuação profissional,
a fim de que a humanidade continue avançando perante sua contribuição científica,
que refletirá nas relações sociais do país.

Congresso Fiep

O crescimento da Federação das Indústrias no Brasil foi considerável desde o final do


século XX, de maneira que políticas voltadas ao ensino técnico e tecnológico foram
uma das prioridades da União no início do século XXI, a fim de suprir as demandas de
trabalhadores desse segmento.

Para a Educação Física, desde o ano de 1986 acontece o Congresso Internacional de


Educação Física – FIEP, tendo esse evento sido o palco da realização da assembleia
que deliberou a necessidade da criação de conselhos federais e regionais para a
categoria.

O congresso acontece sempre no mês de janeiro na cidade de Foz do Iguaçu, no estado


do Paraná, tendo sido idealizado pelo professor Almir Adolfo Gruhn. Em 1995, ele
também foi palco do lançamento do Movimento pela Regulamentação da Profissão.
Provavelmente, se constitui no maior congresso da Educação Física em solo nacional,
por possuir um financiamento privado para a sua realização, não necessitando tecer
uma quantidade significativa de parcerias para acontecer. Sua função política social
para a Educação Física é reflexo da magnitude do sistema FIEP que possui delegados
em todos os estados da União.

Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte

O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, também conhecido como CBCE, foi


fundado no ano de 1978 e representa a maior comunidade científica do país para a
Educação Física, se atendo a debater os temas relacionados a área do conhecimento
e as Ciências do Esporte.

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É uma instituição que tem sua direção nacional e regional eleita pelos associados
ao colégio, possuindo eventos em nível nacional e regional com vigor científico
considerável, além de possuir revistas editadas há 30 anos, indexadas com padrões
internacionais.

A estrutura do CBCE propicia seus debates em torno das Secretárias regionais,


divididos em treze Grupos Temáticos de trabalho, são eles: Atividade Física e Saúde,
Comunicação e Mídia, Corpo e Cultura, Epistemologia, Escola, Formação Profissional
e Mundo do Trabalho, Gênero, Inclusão e Diferença, Lazer e Sociedade, Memórias da
Educação Física e do Esporte, Movimentos Sociais, Políticas Públicas e Treinamento
Esportivo.

Além disso, o CBCE historicamente sempre assumiu posturas políticas, tomando


partido sempre que necessário das pautas ligadas à Educação Física e a defesa das
minorias. Foi uma das instituições de maior renome nacional que se posicionou contra
a regulamentação da profissão na década de 1990.

Saiba mais
Mesmo com a regulamentação da profissão, ainda disputamos
alguns mercados com outras profissões, como é o caso do Pilates,
em que dividimos espaço com os fisioterapeutas num debate
acirrado de fundamentação jurídica. Disponível nesse link.

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Conclusão
Neste conteúdo, você teve a oportunidade de:

• conhecer a função social das instituições determinantes para a história da


Educação Física brasileira;
• entender os elementos centrais que possibilitaram a regulamentação da pro-
fissão;
• conhecer a atuação do sistema CONFEF/CREF;
• entender a atuação dos sindicatos para licenciados e bacharéis;
• conhecer as instituições científicas da Educação Física de destaque nacional.

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Referências
BRASIL, Lei, de 5 de outubro de 1988. Institui a Constituição da República Federativa
do Brasil. Diário Oficial da União: 191-A, DF, outubro de 1988.

CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil – a história que não se conta. 17ª
edição, editora Papirus, Campinas, 2010.

CBCE, Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, 2020. Disponível em: http://www.


cbce. org.br/. Acesso em: 10 fev. 2023.

CONFEF, Conselho Federal de Educação Física, 2020. Disponível em: https://www.


confef.org.br/confef/. Acesso em: 10 fev. 2023.

FIEP, Congresso Internacional de Educação Física, 2020. Disponível em: https://www.


congressofiep.com/. Acesso em: 10 fev. 2023.

IORA, J.A. SOUZA, M.S. PRIETTO, A.L. A divisão Licenciatura/Bacharelado no curso


de Educação Física: o olhar dos egressos. Revista Movimento, Porto Alegre, v.23,
n.2.,p.461-474. Abr/jun.de 2017.

SISMMAC, Sismmac realiza campanha de desfiliação do CREF no dia 07 de março,


2012. Disponível em: https://sismmac.org.br/sismmac-realiza-campanha-de-
desfiliacao-do-cref-no-dia-7-de-marco/. Acesso em: 11 fev. 2023.

SISMMAC, Sismmac vai à justiça contra exigência de filiação ao CREF, 2009. Disponível
em: https://sismmac.org.br/sismmac-vai-a-justica-contra-exigencia-de-filiacao-ao-
cref/. Acesso em: 11 fev. 2023.

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