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Luta antirracista no Brasil:

o que os brancos tem a ver com isso?


MONIQUE DE SOUZA CARVALHO*

Resumo: Este artigo parte do entendimento de que, se o racismo é um problema


estrutural de nossa sociedade, de modo que perpassa todas as nossas relações
sociais, é de suma importância que as pessoas brancas também se comprometam
em enfrentá-lo. Esse processo, nada obstante, pode ocorrer a partir de uma
reflexão crítica da sociedade que pode levar o sujeito branco a enxergar os seus
privilégios e, deste modo, agir para desconstruí-los; ao compreender que se são
frutos da desigualdade racial existente no país desde a escravidão. Para traçar tal
reflexão, o texto percorre por debates latentes em nossa sociedade, tais como
racismo, branquidade e branquitude; reforçando a ideia de que a luta antirracista
é de todos nós.
Palavras-chave: Racismo; Negritude; Branquitude; Antirracismo;
Interseccionalidade.
Anti-racist struggle in Brazil: what do white people have to do with it?
Abstract: This article starts from the understanding that, if racism is a structural
problem of our society, to the extent that it permeates all of our social
relationships, it is of utmost importance that white people also commit
themselves to fighting this social problem. This process, however, can occur
from a critical reflection of society that can lead the white subject to see his
privileges and, in this way, to act to deconstruct them, by understanding that they
are the result of racial inequality that has existed in the country since slavery. To
trace such a debate, the text goes through latent debates in our society, such as
racism and whiteness; reinforcing the idea that the anti-racist struggle belongs to
all of us.
Key words: Racism; Blackness; Whiteness; Anti-racism; Intersectionality.

*
MONIQUE DE SOUZA CARVALHO é doutoranda e mestre em Política Social pelo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Política Social da Universidade Federal Fluminense.

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I. Introdução: de onde eu falo? Um dos rebatimentos de tal
discriminação é o silenciamento do
Antes de quaisquer aprofundamentos
grupo oprimido, das chamadas “minorias
teóricos, acredito que seja importante
sociais” – termo que pode ser
situar o local de onde falo. Se “todo
considerado paradoxal, uma vez que
ponto de vista é a vista de um ponto”,
56,10%2 da população brasileira se
como defende Leonardo Boff (1998, p.
autodeclara negra, de acordo com a
9), o ponto de onde eu parto é o de
Pesquisa Nacional por Amostra de
mulher branca em uma sociedade
Domicílios (PNAD). Ouso dizer que,
historicamente racista. Embora seja filha
ainda que tendemos pensar
de pai negro e mãe branca, por ter
herdado as características fenotípicas de “mestiçagem” como “mistura”, também
podemos pensá-la como “separação”.
minha mãe, é inegável que, no Brasil,
gozo de todos os privilégios dados à Isso se deve ao fato de as nossas
diferenças serem hierarquizadas, além da
população branca. Demorei para
perceber que sou uma mulher branca em crença – diria lenda – de uma democracia
racial no Brasil isentar a nossa sociedade
uma cultura racista. E, sem dúvidas, esse
de preconceitos declarados. Entre os
é um dos privilégios da minha brancura.
nossos vários tons e sobretons, o racismo
O meu processo de reconhecimento
que envolve as relações sociais/raciais
desses privilégios se iniciou no ano de
no Brasil é constantemente negado.
2012, quando ingressei no curso de
graduação em Serviço Social na Nas palavras de Schwarcz (1993),
Universidade Federal Fluminense (UFF) vivemos uma espécie de preconceito
– um curso predominante feminino e retroativo: temos preconceito de dizer
negro1. que temos preconceito. Em uma pesquisa
Na relação de troca com estudantes realizada pelo PoderData3 sobre racismo
no Brasil no ano de 2020, 81% das
negras, percebi que a minha cor jamais
acompanhou qualquer qualificação pessoas afirmaram existir racismo no
minha. Nunca fui a “branca inteligente” país, entretanto, apenas 34% dessas
ou me preocupei de não pertencer à dado pessoas admitiram ter preconceito contra
lugar por causa da cor que carrego. Nessa negros(as). Esse é um dado que nos
mostra a “retroatividade” desse
conjuntura, qual é o meu lugar de fala?
preconceito que se mostra tão
Através da leitura de Ribeiro (2017),
compreendo que o meu lugar de fala é naturalizado em nossa dinâmica social.
Neste trabalho, intento refletir sobre a
entender que eu falo a partir de um lugar
privilegiado; e que os privilégios dos importância de pessoas brancas se
engajarem na luta antirracista. Essa
quais eu gozo foram construídos por
inquietação aparece para mim no
meio da discriminação de tantos outros
momento em que tomo consciência de
grupos.
que no encontro entre “nós e os outros”
(TODOROV, 1993), o princípio de

1 2
De acordo com dados do site de transparência Dado obtido através do link
da UFF, 85,9% do curso de Serviço Social é <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6403>. Acesso
composto por mulheres. Dentre os estudantes que em 11.12.2020.
3
declararam a sua raça, 51,7% afirmam ser negros A pesquisa pode ser acessada em:
e/ou pardos; 47% brancos e 1,3% se declaram <https://www.poder360.com.br/poderdata/81-
amarelos. Para mais informações, acessar: veem-racismo-no-brasil-mas-so-34-admitem-
<https://app.uff.br/transparencia/perfil_graduan preconceito-contra-negros/>. Acesso em 07 de
do>. Acesso em 26.05.2021. julho de 2021.

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alteridade deve predominar – apropria de tais características para
construímos nossa identidade a partir do hierarquizar os sujeitos socialmente.
outro. Ou seja, o racismo é problema
Na definição trazida por Souza (1986, p.
meu e seu; é um problema de todos nós
20), a raça pode ser entendida como
– independentemente da nossa raça.
noção ideológica, engendrada como
Se a identidade negra, em uma cultura critério social para distribuição de
racista, é inferiorizada, é perceptível que posição na estrutura de classes – desse
o rebatimento dessa cultura na modo, “por trás da raça, sempre há
construção da identidade branca é a contingência, conflito, poder e decisão,
possibilidade de usufruir de inúmeros de tal sorte que se trata de um conceito
privilégios. Quando, no título deste relacional e histórico” (ALMEIDA,
texto, questiono “o que os brancos tem a 2018, p. 19). No Brasil, esse processo
ver com a luta antirracista?”, coaduno histórico se iniciou no momento em que
com o pensamento de Angela Davis os portugueses invadiram5 as nossas
(2016) de que é necessário que nós terras, no ano de 1500 – rebatendo em
assumamos a posição de antirracistas em processos que marcaram a nossa
nossa sociedade, pois não ser racista não sociedade (diria que) para sempre, como
basta. Não ser racista não tem potencial a diáspora africana engendrada pelos
para modificar as estruturas de uma mais de três séculos de escravidão
sociedade racista. É preciso, então, vivenciados pelo país (1550-1888). É
colocar holofotes na história do racismo necessário recordar, nesse ponto, que a
brasileiro, para enfrentá-lo. escravização também violentou
profundamente os povos indígenas que
II. O racismo estruturante da nossa
aqui residiam.
sociedade
Em Schwarcz e Starling (2015), temos a
Falar de racismo enquanto estruturante
dimensão brutal do que foi a escravidão
da nossa sociedade é entender que, entre
no Brasil: mais de 4 milhões de africanos
brancos e negros no Brasil, há a
foram violentamente arrancados de suas
predominância de uma falsa igualdade.
terras e trazidos ao país para serem
Tal igualdade forjada pode ser
escravizados. Neste artigo, não pretendo
compreendida através de uma
me debruçar minuciosamente sobre a
perspectiva histórico-crítica decolonial,
história da escravidão brasileira6, mas
que nos permite entender que o conceito
acredito poder afirmar que a escravidão
de raça, por exemplo, não se trata apenas
pode ser considerada, nada obstante,
de uma mera “divisão dos vários grupos
como o estopim para a construção do
humanos, diferenciados uns dos outros
por caracteres físicos hereditários”4; faz racismo (enquanto comportamento) e do
parte de uma construção social que se racialismo (doutrina) que perpassam as
nossas relações sociais até os dias atuais.
Isso ocorre porque o processo de

4
Definição encontrada no Dicionário Michaelis. realidade, os portugueses ocuparam as terras
Disponível em: brasileiras – submetendo os povos indígenas que
https://michaelis.uol.com.br/moderno- aqui viviam às diversas formas de violência.
6
portugues/busca/portugues- Para aprofundamento no estudo da escravidão
brasileiro/ra%C3%A7a/. Acessado em 03 de brasileira, indico a seguinte referência: GOMES,
janeiro de 2020. Laurentino. Escravidão – Vol. 1 – Do primeiro
5
Para outros, se tratou de um “descobrimento”. leilão de cativos em Portugal até a morte de
No artigo, defendo a ideia de que se tratou uma Zumbi dos Palmares. Globo Livros, 2019.
“invasão”, não “descobrimento”, pois, na

98
racialização produz um olhar sobre os ser”, afinal, “o negro foi reduzido,
negros e negras que, em suma, se humilhado e desumanizado, desde o
apropria de suas características início, em todos os cantos onde houve
biológicas afim de inferioriza-los. confronto de culturas (MUNANGA,
1986, p. 33). O processo de
Não é à toa que esse olhar é apropriado,
desumanização vivenciado pela
muitas vezes, pelos próprios negros, pois
população negra não se reserva à
abala a sua construção de negritude7,
exploração da sua força de trabalho, mas
uma vez que uma das características da
também da sua consciência, da
desigualdade é a sua manutenção por
construção da sua identidade, da sua
meio da ratificação por quem oprime,
sexualidade, em suma, atinge todos os
mas também por quem é oprimido. Para
âmbitos da sua vida. Ao ler Davis (2016)
Chauí (1998), esse mecanismo pode ser
chamado de “violência perfeita”; uma e tendo em vista uma perspectiva que
intersecciona8 as identidades sociais, é
manipulação capaz de fazer a vítima
interiorizar as vontades de seu agressor notável o quão sofrida fora a escravidão
enquanto legítimas. Ao recorrer à e seus rebatimentos, especialmente, para
Bourdieu (2002), é possível notar que o as mulheres negras.
olhar inferiorizado sobre si mesmo, por Nas palavras da autora,
parte dos negros, é fruto de uma Os abusos especialmente infligidos
“violência simbólica”. Esta talvez possa a elas [mulheres negras] facilitavam
ser sintetizada pelo fato de que, embora a cruel exploração econômica de seu
exista, o quadro de violência não é trabalho. As exigências dessa
reconhecido, ou enxergado, pelos atores exploração levaram os proprietários
sociais que o compõe. Ou seja, o racismo da mão de obra escrava a deixar de
é tão intrínseco em nosso cotidiano que, lado suas atitudes sexistas
com frequência, tende a não ser ortodoxas, exceto quando seu
enxergado; é naturalizado. objetivo era repressão. Assim como
as mulheres negras dificilmente
Nesse ponto, é importante ressaltar que eram “mulheres” no sentido corrente
pessoas brancas são, também, pessoas do termo [...]. (DAVIS, 2016, p. 20)
racializadas. Abro esse parênteses Enquanto mulher branca, sinto que
porque, socialmente, quando se fala de considerar as especificidades do racismo
“raça” automaticamente as reflexões se sofrido pelas mulheres negras é, em si,
voltam para as raças socialmente postas parte da minha luta antirracista – que se
em um lugar desvalorizado, como a inicia no entendimento de que, ainda que
negra; no entanto, a racialização também o gênero me aproxime a qualquer outra
constrói um “olhar que atribui um lugar mulher, a raça, dentre outras identidades,
de hegemonia à pessoa branca” pode nos diferenciar. Nas palavras de
(ANDES-SN, p. 8, 2019). Kilomba (2019),
A escravidão, assim, instaurou um O mito da mulher negra disponível,
movimento de “exploração do ser pelo o homem negro infantilizado, a

7
A definição de negritude “diz respeito, a grosso especificamente da forma pela qual o racismo, o
modo, a construção de uma identidade negra patriarcalismo, a opressão de classe e outros
positiva”. (JESUS, 2012, p. 1) sistemas discriminatórios criam desigualdades
8
“A interseccionalidade é uma conceituação do básicas que estruturam as posições relativas de
problema que busca capturar as consequências mulheres, raças, etnias, classes e outras”
estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou (CRENSHAW, 2002)
mais eixos da subordinação. Ela trata

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mulher mulçumana oprimida, o até hoje, pois, apesar de abolida no ano
homem mulçumano agressivo, bem de 1888, a escravidão no Brasil ainda
como o mito da mulher branca está distante de ser erradicada. Nas
emancipada ou do homem branco reflexões de Fernandes (2007, p. 87),
liberal são exemplos de como as
“eliminando o ‘escravo’ pela mudança
construções de gênero e de “raça”
interagem” (KILOMBRA, 2019, p.
social, o ‘negro’ se converteu num
94, grifo original). resíduo racial” – ainda que tenha deixado
o status de “escravo”, não adquirira o
Mulheres independentemente da raça, status de “cidadão”, de ser humano. Essa
historicamente, sofrem com o é uma das marcas do racismo.
machismo, isso é inegável; entretanto a
vida de mulheres negras é marcada por O racismo, “resultado da crença de que
outras opressões. Collins (2017), ao falar existem raças ou tipos humanos
do manifesto A Black Feminist superiores e inferiores” (MUNANGA;
Statement; em português, “Uma GOMES; 2006, p. 179), atravessa todas
declaração feminista negra”, produzido as áreas da vida em sociedade – desde
pelo Coletivo Combahee River em 1995, expressões populares, consideradas até
diz que mesmo ingênuas, como “cabelo ruim” ou
“cabelo bom”; “humor negro” e “inveja
uma perspectiva que considerasse branca”; “denegrir”, “lista negra”, dentre
somente a raça ou outra com outras frases que devemos (des)aprender
somente o gênero avançariam em
no processo de desconstrução do
análises parciais ou incompletas da
injustiça social que caracteriza a racismo. É importante salientar que as
vida de mulheres negras afro- expressões que vêm acompanhadas de
americanas, e que raça, gênero, “negro” sempre conotam algo
classe social e sexualidade, todas ruim/negativo – humor negro seria o
elas, moldavam a experiência de humor do mais baixo nível, por exemplo
mulher negra. (COLLINS, 2017, p. –, enquanto que as expressões
8) acompanhadas de “branco” são usadas
Tais especificidades vividas pela mulher para amenizar situações um tanto quanto
negra podem ser visualizadas em sua desagradáveis – na frase “inveja branca”,
histórica hipersexualização, e no fato de “branca” é utilizada para tornar o
que – ao contrário das mulheres brancas sentimento “inveja”, socialmente
–, as mulheres negras sempre considerado negativo, em algo mais
trabalharam. Davis (2016), em seu ameno.
estudo, relata todo o árduo trabalho Em “segunda-feira é dia de branco”, há o
desempenhado pelas mulheres negras reforço de que pessoas negras, em
que, como disse, sequer eram linguagem popular, fazem “corpo mole”,
consideradas mulheres. Negros e negras são “malandras” e que trabalho mesmo é
eram, nesse contexto, considerados o que o branco (que sempre possuiu
meros objetos, passíveis de serem status de cidadão) exerce. De modo
manipulados como melhor convinha aos concomitante, “serviço de preto” é
brancos – podemos encontrar tais utilizado para dizer que determinado
heranças escravocratas em nossa cultura trabalho não fora feito de modo correto.9

9
Para (des)aprender mais expressões populares <https://www.geledes.org.br/18-expressoes-
de cunho racista, consultar a matéria “18 racistas-que-voce-usa-sem-saber/>. Acessado
expressões racistas que você usa sem saber”, do em 08 de janeiro de 2020.
site Geledés, disponível em:

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Se “negro” é sinônimo de mau presságio, O racismo é, diariamente, alimentado em
não é por acaso que a eugenia – nossa sociedade – de forma tão
submissão ou mesmo eliminação das naturalizada que, por vezes, sequer o
“raças inferiores” – se fez historicamente percebemos. É “normal” adentrar os
tão presente nos ideais do Brasil muros da universidade, por exemplo, e
(SCHWARCZ, 1993). Éramos (e ainda observar que os negros são a maioria no
somos) um país negro, mas que se desempenho dos “serviços gerais”, mas
pretendia branco. Esse movimento não que timidamente figuram entre os
se restringe ao incentivo à miscigenação docentes. Quando alcançam tal patamar,
e, consequentemente, ao branqueamento seu trabalho pode ser constantemente
da população, mas também à adoção da questionado enquanto legítimo ou não.
cultura eurocêntrica como única Ao falar da realidade das mulheres
legítima. negras, bell hooks (1995, p. 470) aponta
para uma “insistência cultural em que as
Assim, “o negro acreditou no conto, no
mito, e passou a ver-se com os olhos e negras sejam encaradas como
empregadas domésticas,
falar a linguagem do dominador”
(SOUZA, 1986, p. 30). Munanga e independentemente de nosso status no
trabalho, ou carreira.”. Em síntese,
Gomes (2006) iniciam o seu livro, “O
negro no Brasil de hoje”, com o seguinte pensar no mundo acadêmico, de uma
questionamento: “O Brasil, o que é forma geral, é pensar em um universo
afinal?” e a minha resposta seria a de que predominantemente branco. Dos quase
o Brasil é o país das aparências. É o país sessenta mil estudantes de graduação da
que, embora predominantemente negro, Universidade Federal Fluminense,
insiste em aprender a sua história apenas 25,64% se autodeclaram negros,
contada somente pelo viés dos europeus. ou seja, são pretos ou pardos.11
É um país racista, mas que vende a Vivemos uma falsa
imagem de que vivemos um “espetáculo igualdade/democracia racial e mudar
das raças” da forma mais harmoniosa essa realidade não é papel exclusivo da
que se pode conceber. população negra – é, ou ao menos
deveria ser, papel dos brancos também;
O fato é que, na dinâmica social, pessoas
mas sem tirar o protagonismo das
podem estar em desvantagem ou possuir
pessoas negras, é importante ressaltar.
privilégios a partir da sua cor. Em uma
Para cada lugar de fala de uma pessoa
breve pesquisa pela palavra “negros” no
negra, deve existir o lugar de escuta de
google10 – maior site de pesquisas do
uma pessoa branca, pois é nesse processo
mundo –, me deparei com inúmeras
de escuta, de alteridade, que as pessoas
matérias cujos títulos evocam as
brancas podem reconhecer que a luta
desigualdades raciais que ainda
antirracista também deve ser uma luta
persistem no Brasil. “Por que a saúde dos
dos brancos.
negros é pior?”, “Desemprego aumenta
só entre os negros”, “A cada três Como eu disse anteriormente, brancos,
assassinatos, três são negros” são alguns assim como os negros, também são
exemplos dos resultados obtidos por pessoas racializadas.
mim. Concomitantemente, uma das reflexões

10
https://www.google.com/. Acessado em 03 de “perfil do graduando”, disponível em:
janeiro de 2020. <https://app.uff.br/transparencia/perfil_graduan
11
Dado retirado do Site de Transparência da do>. Acessado em 08 de janeiro de 2020.
Universidade Federal Fluminense, no espaço

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trazidas por Schucman (2012, p. 7), em los; se estrutura, assim, o estigma, que é
sua pesquisa sobre a construção da "a situação do indivíduo que está
branquitude paulistana, é a de que “o inabilitado para aceitação plena".
racismo ainda faz parte de um dos traços
Trago essas reflexões para atentar ao fato
unificadores da identidade racial
de que, no decorrer de todo o tempo
branca”. Ou seja, os privilégios brancos
histórico, à pessoa branca é conferida o
por nós vivenciados não são frutos de
status de “ser humano ideal”. Através da
reflexões, pois muitas vezes são
leitura de Jesus (2012) e Schucman
considerados naturais. Na realidade,
(2012), se pode compreender que tal
todavia, esses privilégios são frutos de
posição designada ao branco atua no
séculos de discriminação. sentido de reafirmar os estereótipos que
III. Branquidade x Branquitude fazem os negros permanecerem em uma
condição de inferioridade. Para Jesus
Viver em sociedade é viver com o que
(2012), isso acontece porque ainda é
nos é diferente. Digo isso porque
mínimo o espaço
acredito ser inegável o fato de que todos
nós possuímos nossas particularidades, e que tem se dado para as discussões
diferenças. Somos diferentes em que ponham em evidência a real
aspectos que perpassam toda a nossa contribuição do branco para a
vida, não limitando às nossas existência deste quadro social [e
assim] tem favorecido a legitimação
características físicas ou preferências
de um status quo que consegue se
construídas. Por "preferências manter mesmo com o crescimento
construídas", me refiro ao fato de que de políticas de enfrentamento ao
somos fruto de uma construção social. racismo. (JESUS, 2012, p. 2)
Nesse sentido, como diz Hall (2002),
podemos ser plurais, na medida em que Em minhas percepções e vivência
as nossas identidades não são fixas, são enquanto mulher branca, noto que a
móveis e definidas/construídas postura que se tende a adotar é a de
historicamente. “bem, a escravidão existiu, mas eu não
existia na época, logo não tenho nada a
Através dessa percepção plural dos ver com isso”. “Eu nunca escravizei
sujeitos sociais, Castells (1999) sinaliza ninguém, que dívida é essa?”12 é uma frase
que a construção das nossas identidades dita em entrevista, inclusive, pelo atual
é permeada por um contexto de relações presidente do país; Jair Bolsonaro. O que
de poder. Isto é, as diferentes não se visualiza, todavia, é que esse
identidades, em si, não se constituem lamentável momento da história
problemas – o problema existe quando se brasileira nos faz vivenciar, ainda hoje,
valoriza umas em detrimento de outras. privilégios – reproduzimos tal estrutura
Nessa acepção, na construção das e, dessa forma, temos responsabilidade
identidades branca e negra, a pessoa sobre a sua desconstrução.
branca tende socialmente a ocupar um
local de poder privilegiado. Nessa Isto posto, na categoria de mulher
dinâmica, se cria, de acordo com as branca, assumidamente feminista, o
considerações de Goffman (1981, p. 4), exercício de enxergar o privilégio de
uma marca em determinados sujeitos, minha cor também deve ser priorizado;
ditos "minorias", afim de desvalorizá- caso contrário, “falhamos em ver como
nossos pensamentos e ações agem na
12
Entrevista disponível em entrevistas-com-presidenciaveis-jair-bolsonaro-
https://www.fatimaaugusta.com.br/opiniao- no-roda-viva/. Acessado em 04/01/20.

102
manutenção da subordinação de outras instituições que reproduzem
pessoas” (COLLINS, 2015, p. 13). Se no opressões de raça, classe e gênero.
Artigo 5º da Constituição Federal de Mesmo se não tivermos nenhum
198813 somos todos considerados iguais contato com pessoas de outros
grupos de raça, classe ou gênero, nós
perante a lei e gozamos dos mesmos
todos/ as encontramos imagens
direitos; por outro lado, o racismo ainda desses grupos e estamos expostos a
persiste agindo de modo a tornar tal significados simbólicos atrelados a
Artigo da Constituição Federal, na tais imagens. (COLLINS, 2015, p.
realidade, em uma grande utopia. 28)
Jesus (2012) apresenta que Fanon Note, “é preciso não perder de vista a
(1952), em “Pele Negra, Máscaras perspectiva foulcaultiana de que o poder
Brancas”, conclui que, na medida em que circula” (FREITAS, 2017, p. 2) e, nesse
o negro vê o branco enquanto modelo, aspecto, nós, sujeitos brancos,
um ideal a ser alcançado; os brancos reproduzimos o racismo que nos eleva ao
sequer veem os negros enquanto seres patamar do poder, seja consciente ou
humanos. Esse é um dos pilares da inconscientemente. Discutir a
branquidade. Jesus (2012, p. 2), em seus branquidade e suas estruturas de poder
estudos, diz que a “nomenclatura
significa colocar em questão um
branquidade, toma o lugar [...] para
padrão tido como normativo, um
definir as práticas daqueles indivíduos modelo universal e positivo de
brancos que assumem e reafirmam a humanidade, significa discutir as
condição ideal e única de ser humano, dimensões de um privilégio que
portanto, o direito pela manutenção do impõe aos demais, não-brancos,
privilégio perpetuado socialmente.”. Em uma condição de inferioridade e
minha interpretação, a branquidade é subalternidade seja dentro de suas
algo que todos os indivíduos brancos próprias casas, nas escolas, áreas de
tendem a naturalizar socialmente – isso lazer ou locais de trabalho. (JESUS,
significa entender que o racismo não 2014, p. 10-11)
emerge de um indivíduo isolado, ele é Essa discussão, embora necessária,
institucional e estrutural; é uma questão parcamente ocorre na sociedade. No
social. início deste trabalho, afirmei ter
Nessa acepção, Collins (2015, p. 20), diz demorado a perceber que sou uma
que “relações sistêmicas de dominação e mulher branca em uma sociedade racista
subordinação estruturadas por meio de – refletindo sobre o assunto, penso que
instituições sociais, tais como escolas, isso ocorre, muitas vezes, porque a
negócios, hospitais, locais de trabalho e mestiçagem de nosso povo “é utilizada
agências governamentais, representam a para encobrir o caráter racista da
dimensão institucional da opressão”. A sociedade que nega sua branquidade.”
sociedade e suas instituições, como um (JESUS, 2012, p. 7).
todo, reproduzem as opressões que, A negação da branquidade enquanto
desde tenra idade, aprendemos ser mantenedora do racismo pode ser
naturais. A autora prossegue e diz que visualizada na pesquisa de opinião
Quer nos beneficiemos ou não, pública “Discriminação racial e
todos e todas vivemos em

13
Texto da Constituição Federal de 1988 o/constituicaocompilado.htm. Acessado em
disponível em: 04/01/20.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituica

103
preconceito de cor no Brasil”14, realizada pressupõe a interação com o outro,
pela Fundação Perseu Abramo em 2003. diferente ou não. É preciso, dessa forma,
A pesquisa mostrou que, apesar de 87% investigar, também, a população branca.
dos brasileiros terem afirmado que o Para além disso, nós, pessoas brancas,
racismo está presente no Brasil, apenas precisamos olhar para nós mesmos como
4% se reconheceram enquanto racistas – agentes fundamentais na desconstrução
esse é apenas um dos exemplos do mito do racismo.
de nossa democracia racial. É o chamado
Nas palavras de Schucman (2012),
“preconceito retroativo” identificado por
Schwarcz (1993). Problematizar tais as teorias sobre branquitude, ao
estruturas e contradições, nesse aspecto, focarem o branco em suas pesquisas
nos leva a traçar um caminho que não propõem que se acabem as
pesquisas sobre a negritude [...] o
possibilita transformar a nossa
intuito dos trabalhos sobre
branquidade em branquitude. branquitude é preencher a lacuna
A branquitude pode ser discutida “como nos estudos sobre as relações raciais
um estágio de conscientização e negação que por muito tempo ajudou a
do privilégio vívido pelo indivíduo naturalizar a ideia de que tem raça é
branco que reconhece a inexistência de apenas o negro. (2012, p. 22)
direito a vantagem estrutural em relação Enquanto ser racializado, a pessoa
aos negros.” (JESUS, 2012, p. 2). Julgo branca tem um lugar no debate racial.
importante trazer os conceitos de Quando faço essa afirmação, não intento
branquidade e branquitude, pois eles são que os brancos tomem o “lugar de fala”
fundamentais para entender o porquê da das pessoas negras, mas que engrossem
“fragilidade branca”, como diz Carreira o coro de suas lutas. Afinal, qual é o
(2018), criar um isolamento que garante, papel da branquitude na luta antirracista?
aos brancos, “um ambiente confortável Para Carreira (2018), ser um sujeito
racialmente, com “almofadas branco na luta antirracista vai além de
protetoras”, acarretando o não apenas apoiar o movimento negro – é, na
desenvolvimento de habilidades relação entre o “nós e os outros”,
emocionais e cognitivas para tolerar o reconhecer que os “outros” também são
estresse racial, dialogar sobre o racismo sujeitos sociais; que possuem direitos,
e enfrentar o questionamento sobre os capacidade intelectual, cuja existência é
privilégios brancos.” (CARREIRA, tão legítima quanto a nossa. É nessa
2018, p. 129). perspectiva que o
Em minha percepção, essa “almofada” ser sujeito branco antirracista passa
protetora pode ser visualizada quando as por se colocar disponível para
lutas e bandeiras levantadas pelo reconhecer e se construir nessa
movimento negro, por exemplo, são interdependência; enfrentar o
socialmente considerados como desconforto das conversas sobre o
racismo e refletir criticamente como
“mimimi”, ou seja, são consideradas
a branquitude se constrói em nossa
como reclamações infundadas. É história de vida, nas nossas relações,
necessário incluir a pessoa branca no nas nossas práticas sociais, nas
debate racial, pois as relações raciais são,
na definição estrita do termo, relações –

14
A pesquisa pode ser acessada em Racial-Preconceiro-Cor-Brasil-1.pdf. Acessado
https://fpabramo.org.br/publicacoes/wp- em 04/01/20.
content/uploads/sites/5/2017/05/Discriminacao-

104
nossas instituições. (CARREIRA, de que leis que criminalizam o racismo
2018, p. 133) e/ou versam sobre a políticas de cotas
Há, simultaneamente, a necessidade, não são privilégios da população negra,
nesse processo, de reconhecer que somos é uma reparação histórica. É nos
um povo racista. Pessoas brancas são enxergar como “parceiros políticos”
historicamente educadas para um (CARREIRA, 2018, p. 135)
autorreconhecimento enquanto fundamentais para que, de fato,
“humanos universais” – privilégios são alcancemos uma democracia racial.
vistos como direitos –, reconhecer que IV. Considerações finais: a luta
fomos educados dessa forma permite antirracista é de todos nós
tirar o véu que há muito turva a nossa
visão, nos impossibilitando de perceber Embora esse texto se trate de um
as desigualdades raciais que nos trabalho científico, é indiscutível que a
circundam. escolha pela temática da branquitude na
luta antirracista foi totalmente implicada.
Penso que nós, brancos, ajudamos na luta É fato que não existe uma pesquisa
antirracista quando nos reeducamos – o neutra e, dessa forma, este trabalho está
nosso olhar e escuta. É importante ter a distante da neutralidade. Como a grande
consciência de que o racismo também se maioria dos brasileiros, como foi
materializa de forma simbólica. Nesse possível perceber por meio da pesquisa
ponto, é importante descer aos “porões pública “Discriminação racial e
da humanidade” e dar visibilidade preconceito de cor no Brasil” da
aqueles que, por muito tempo, foram Fundação Perseu Abramo (2003), nunca
silenciados. É aprender a transgredir que, havia me considerado racista – para além
no entendimento de bell hooks (2013), disso, o racismo, durante grande parte da
significa combater qualquer tipo de minha vida, nunca fora pauta para mim.
desigualdade/injustiça social.
“Voyeurismo”, conceito utilizado por Ao sair da minha “bolha” e praticar o
Collins (2015) para definir o momento exercício da alteridade para com o outro,
em que “os privilegiados se tornam notei que o racismo estava entranhado
‘voyeurs’, espectadores passivos que não em mim de forma tão naturalizada que
se relacionam com os menos poderosos, sequer o percebia. Reproduzir
mas que estão interessados em observar expressões racistas era comum; assim
como o ‘diferente’ vive”, não deve como a não problematização do fato de
atravessar essa relação. eu ter tido pouquíssimos professores
negros em toda a minha vida acadêmica.
Esse exercício coletivo é importante Notar o racismo em minhas práticas,
porque, “de um modo geral, é no assim como ocorreu com Schucman
silenciamento da branquitude que a (2012, p. 13), foi “[...] um choque
branquidade mantém-se hegemônica” emocional que tornou a luta antirracista
(JESUS, 2012, p. 11) – não ser racista minha agenda diária”.
não basta, é fundamental ser antirracista,
praticar o ato de desconstruir nossos Nesse momento, me deparei também
próprios preconceitos e os preconceitos com os conflitos: “esse é o meu lugar de
daqueles que nos cercam. A luta fala?” e “os sujeitos brancos possuem
antirracista existe quando nos propomos lugar na luta antirracista?”. Esses são
ao contato com o outro e a sua realidade questionamento que carreguei comigo
e, nesse processo, tomarmos a em toda a minha vida acadêmica e,
responsabilidade para nós. É ter ciência atualmente, tenho segurança de dizer que

105
os sujeitos brancos devem ocupar um descendência em povo europeu x ou y;
lugar na luta antirracista; afinal, é nem ao menos temos ciência da origem
notável que o racismo é um problema de nossos antepassados africanos – isso é
criado por brancos. significativo demais.
Este trabalho não possui um “ponto A luta antirracista, nesse contexto, faz
final”, porque tampouco dá conta da parte da crença de que a história não se
complexidade do debate de branquitude, faz em linha reta, há inúmeras
racismo e da luta antirracista no Brasil – possibilidades de resistência – seja na
as outras identidades que possuímos militância ou na academia; ou em ambos,
podem agir no sentido de nos “realocar” se existir fôlego. Cabe a nós o embalo da
nas estruturas sociais. Digo, vivemos em luta antirracista para que, no futuro,
uma sociedade racista, que também é possamos de fato vislumbrar uma
machista, classista e LGBTI+fóbica. Isto democracia racial em nosso país.
é, como disse no decorrer do texto,
mulheres negras experienciam
especificidades do racismo que os Referências
homens negros não vivenciam, por ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural.
integrarem o grupo do gênero dominante Belo Horizonte: Letramento, 2018.
– o gênero masculino. Homens negros BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma
com sexualidade dissidente também são metáfora da condição humana. Rio de Janeiro:
atingidos com expressões racistas que Editora Vozes, 1998, p. 9.
homens negros heterossexuais – acredito CARREIRA, Denise. O lugar dos sujeitos
eu – desconhecem; dentre outros brancos na luta antirracista. SUR 28 - v.15 n.28,
exemplos. p. 127-137, 2018.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade.
A luta antirracista começa quando São Paulo: Paz e Terra, 1999.
desenvolvemos a empatia pelo “outro”
que, na interação com o “eu”, compõe o CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o
encontro de especialistas em aspectos da
“nós”. Collins (2015, p. 37) já recordava discriminação racial relativos ao gênero. Revista
que “somos cada um e cada uma Estudos Feministas. Ano 10, 1º Semestre de
responsáveis por fazer escolhas 2002.
individuais e pessoais a respeito de quais COLLINS, Patricia Hill. “Em direção a uma
elementos da opressão de raça, classe e nova visão: raça, classe e gênero como categorias
gênero nós vamos aceitar e quais vamos de análise e conexão”, In: MORENO, Renata
trabalhar para mudar.” (org.). Reflexões e práticas de transformação
feminista. São Paulo: SOF, 2015.
O que gostaria de enfatizar, nestas COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução?
últimas palavras, é o compromisso que, Feminismo negro, interseccionalidade e política
nós, pessoas brancas devemos assumir emancipatória. Parágrafo, ISSN 2317-4919,
com a luta antirracista – ainda que jan./jun. de 2017. Disponível em:
culturalmente não visualizamos o https://www.geledes.org.br/wp-
content/uploads/2017/07/01.pdf Acesso em
racismo enquanto uma problemática de 08.06.21.
nossa responsabilidade. No nosso lugar
de privilégios, devemos negá-los e DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São
Paulo, Boitempo, 2016.
entendê-los como não naturais, são
construções sociais que, em essência, FERNANDES, Florestan. O negro no mundo
dos brancos. 2ª edição revista. São Paulo:
negam a cultura, a história e as nossas
Global, 2007.
origens nos povos africanos. Em um país
em que muitos se orgulham de ter

106
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