Você está na página 1de 17

O QUE É SER

BRANCO(A) NO
BRASIL?
Desafios para se pensar uma educação das relações
étnico-raciais

Dra. Cleidiane Lemes de Oliveira


Iniciamos com o
questionamento:
somos realmente
todos os iguais ou
só quando é
conveniente?

Imagem disponível em: https://www.geledes.org.br/consciencia-humana-consciencia-de-ninguem-por-robson-fernando-de-souza/


Meritocracia para quem?

Michael J. Sandel Daniel Markovits


23/11/2023
“O movimento negro educador” Nilma Lino Gomes

23/11/2023
“(...) ao demonstrar que o
racismo transcende o âmbito da
ação individual, e, segundo, ao
frisar a dimensão do poder
como elemento constitutivo das
relações raciais, não somente
do poder de um indivíduo, (...)
mas de um grupo sobre o outro.
(...) O que queremos enfatizar é
que o racismo como processo
histórico e político, cria
condições sociais para que,
grupos racialmente
identificados sejam
discriminados de forma
sistemática.”
Vou partir daqui do exemplo
que me perguntaram, se uma
pessoa negra trata mal uma
pessoa branca apenas por
ela ser branca isso não é
racismo? Não, isso não é
racismo pode até ser
preconceito e discriminação!
Ops, mais qual a diferença
Lia? Preconceito e
discriminação estão sempre
ligados às relações entre
indivíduos, já o racismo à
estrutura social de
dominação.

Lia Vainer Schucman


A branquitude como um lugar
estrutural de onde o sujeito
branco vê os outros, e a si
mesmo, uma posição de poder,
um lugar confortável do qual se
pode atribuir ao outro aquilo
que não se atribui a si mesmo”
(Lourenço Cardoso,
Branquitude acrítica e crítica)

23/11/2023
Por isso, no dia seguinte
decidimos fazer uma lista,
incluindo os feitos tanto dos
escravocratas quanto dos
escravizados pelo nosso país. O
lado dos escravocratas incluía
expropriação de trabalho,
violência física e psicológica,
estupros, invasões exploração
de recursos naturais e tantas
outras barbaridades. (...) O
menino não via que eram
pessoas do grupo racial a que
ele pertence – branco – que
haviam protagonizado a
escravidão.

23/11/2023
O branco como abstração teórica

23/11/2023
Colonização

Colonialidade

Decolonialidade

Aníbal Quijano. Sociólogo Peruano.


Branco tem lugar de fala?
◦ De qual lugar o branco fala em uma sociedade extremamente hierarquizada?
◦ O branco precisa ser racializado e destronado do lugar de universal. A identidade branca perde o seu
lugar de estável, auto evidente e pura que é central à autodefinição da modernidade;
◦ Saber o lugar de onde falamos é fundamental para pensarmos as hierarquias, as questões de
desigualdade, pobreza, racismo e sexismo;
◦ Lugar de fala é a problematização das hierarquias dos sujeitos;
◦ “Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de lócus social, de como esse
lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. (...) a experiência de fulana importa, sem
dúvida, mas o foco é justamente entender as condições sociais que constituem o grupo do qual fulana faz
parte e quais são as experiências que essa pessoas compartilha com o seu grupo.” (RIBEIRO, 2019)
Branco tem lugar de fala?
◦ Os brancos reinscrevem a branquitude como invisível ou ela é invisível? (Bell hooks)
◦ Separação das pessoas brancas;

◦ A direita se apropria da branquitude pelo medo de perder privilégios que lhes garantam cidadania
exclusiva.
◦ No centro de muitas políticas públicas há a tentativa de despir a branquidade de seu poder histórico e
político, de produzir, regular e constranges “outros” racializados por meio de relações discursiva e
materiais de dominação e subjugação.
◦ Políticas de branquitude que substituía o reconhecimento da importância das identidades raciais com
apelos pela tolerância e por uma sociedade que feche os olhos à cor.

23/11/2023
Branco tem lugar de fala?
◦ Falamos, portanto, da necessidade de reafirmar a diferença e distanciarmo-nos dos discursos abstratos
universais;
◦ É igualmente crucial que tal trabalho possa distinguir entre a branquitude como identidade racial que é
não-racista ou anti-racista e aqueles aspectos da branquitude que são racistas;
◦ Pensar a branquitude acrítica e crítica – Lourenço Cardoso.
◦ Reconhecer o seu privilégio.

23/11/2023
Em lugar de propor a
erradicação do conceito de
raça em si mesmo, educadores
necessitam estruturar práticas
pedagógicas que promovam
uma reviravolta na questão da
raça a fim de indicar de que
maneira a branquitude poderia
ser renegociada como uma
força produtiva dentro de uma
política de apoio às diferenças
ligadas a um projeto
democrático radical.
(GIROUX, 1999)
E aí? E na sala de aula?
◦ Levar esse conteúdo para a sala de aula é fundamental e não acontecerá com uma mera transposição
didática do conteúdo desses slides para as salas de aula do ensino fundamental e médio;
◦ É necessário que aprendamos a construir situações de aprendizagem nas quais possamos debater essas
temáticas com os(as) alunos(as). Vídeos, filmes e indicações de páginas do Instagram são sempre muito
bem vindas;
◦ A construção dos saberes profissionais que cada professor(a) possui é único! Só ele(a) é capaz de julgar o
que os seus estudantes estão preparados para aprender e como. O que não pode significar que nunca
apresentaremos esses conteúdos por dizerem que eles(as) não estão preparados.
◦ Conhecer outras experiência e trabalhar coletivamente com outros colegas são excelentes maneiras de se
começar.
◦ Ler e buscar se informar sobre a temática é fundamental. Nossa profissão é pautada em relações
mediadas pelo conhecimento e, portanto, precisamos nos atentar ao que se anda pesquisando nas
academias. 23/11/2023

Você também pode gostar