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DESIGUALDADE DE GÊNERO

Texto 1

O Brasil caiu nove posições em um ranking de igualdade de gênero divulgado pelo “Fórum Econômico
Mundial”, grupo conhecido pelas reuniões que realiza em Davos.

O país aparece agora na 71ª colocação na lista. Em 2013, ocupava a 62ª posição.

A organização avaliou as diferenças entre homens e mulheres na saúde, educação, economia e indicadores
polí1cos em 142 países.

A Islândia ocupa o topo do ranking, seguida por outros países nórdicos.

Apesar de ter man1do a igualdade entre homens e mulheres nas áreas de saúde e educação, o Brasil perdeu
posições nos índices que medem par1cipação feminina na economia e na polí1ca.

A maior queda ocorreu na avaliação que considera salários, par1cipação e liderança feminina no mercado de
trabalho.

A nota brasileira foi de 0,144 para 0,148. Porém, como outros países evoluíram mais, o país passou da 68ª
para 74ª posição no ranking.

A curva de par1cipação feminina na polí1ca brasileira mostra uma ní1da ascensão desde a chegada da
presidente Dilma Rousseff à Presidência, em 2011. Ela foi a primeira mulher a governar o país.

Em educação o Brasil a1ngiu a nota 1, o que significa que não há desigualdade entre homens e mulheres. A
eliminação nas desigualdades na educação vem desde 2012. Na saúde, o país pontua 0,98 – o que o coloca
em 1º lugar, empatado com outros países- desde o início da divulgação do ranking, em 2006.

O relatório destaca que o Brasil conseguiu fechar 70% da lacuna entre os gêneros.

A queda do Brasil em nove colocações, ficando em 71º, aconteceu mesmo tendo fechado com sucesso ambas
as lacunas entre gêneros no nível educacional e de saúde e sobrevivência. Sua prioridade agora deve ser de
garan1r retornos em seus inves1mentos através do aumento da par1cipação feminina na área de trabalho”,
diz o relatório.

Poucos avanços

As cinco primeiras posições do ranking são ocupadas por países nórdicos.

Em 6º lugar, aparece a Nicarágua, o país mais bem colocado da América La1na há três anos.

Logo depois, em 7º, aparece Ruanda. Segundo o relatório, o país tem “grande pontuação em termos de
par1cipação econômica e polí1ca”.

Entre os países dos BRICS, a África do Sul é a mais bem colocada (18º), “devido à forte par1cipação polí1ca”.
Depois do Brasil aparecem Rússia (75º), China (87º) e Índia (114º).

O documento do Fórum Econômico Mundial destaca que os avanços em todo o mundo foram pequenos. A
brecha entre homens e mulheres ainda está em 60%, e em 2006 era de 56%. Nesse ritmo, levará 81 anos para
o mundo fechar essa brecha completamente.
Texto 2

A desigualdade de gênero é um problema an1go na sociedade e até hoje há quem acredite que as mulheres
são inferiores aos homens e que seu único papel na sociedade é o de cuidar da casa e dos filhos. Uma pesquisa
divulgada agora em março pela Ipsos mostrou que, em média, 18% das pessoas no mundo acreditam na
inferioridade feminina.

Para mudar esse 1po de visão, surgiu o feminismo, que defende que as mulheres são iguais aos homens,
capazes de exercer as mesmas funções que eles, assim como eles são capazes de exercer as mesmas funções
que elas, como os trabalhos domés1cos, por exemplo.

O erro mais comum é classificar o feminismo como uma ação que tem o ideal de que as mulheres são
melhores que os homens. Os movimentos feministas falam de igualdade e não de superioridade de um ou
de outro gênero. “Essa visão social dos papéis estruturantes do feminino e do masculino traz algo
fundamental para a reação nega1va das pessoas, principalmente dos homens. É um privilégio ser homem no
Brasil e a maioria deles reage de forma não amigável ao feminismo”, disse Jacira Mello, diretora execu1va do
Ins1tuto Patrícia Galvão.

Diferença salarial

De acordo com a Comissão Econômica das Nações Unidas (CEPAL), as mulheres podem ganhar até cerca de
30% menos que os homens no mercado de trabalho estando em condições semelhantes, ou seja, realizando
as mesmas funções.

Além de ganhar menos, a mulher ainda enfrenta a dupla jornada de trabalho, que se estende ao voltar para
a casa e realizar as tarefas domés1cas. Injusto? Sim.

Jacira Mello também falou que as pessoas até entendem racionalmente essa diferença de gênero, mas que o
conceito de família “normal” onde o homem trabalha e a mulher faz as tarefas domés1cas é tão forte e
enraizado no dia a dia que as pessoas deixam de refle1r sobre o assunto quando mais precisam.

Duplo preconceito

Ser mulher negra é algo que aflige parte da população. Elas normalmente são discriminadas tanto por serem
mulheres, quanto por serem negras; além de serem estereo1padas de mulheres pobres, que geralmente
trabalham como empregadas domés1cas.

“As mulheres negras além de sofrerem com o machismo sofrem com o racismo. Essa dupla pressão coloca as
mulheres negras numa situação muito maior de vulnerabilidade social”, afirma Djamila Ribeiro, pesquisadora
da área de filosofia polí1ca e feminista.

Esses estereó1pos da sociedade fazem parte do processo cultural. Desde a abolição da escravatura, os negros
não 1veram o auxilio necessário para reinserção na vida social, com oportunidades iguais às dos brancos.
Consequentemente, essa falta de socialização tornou os negros ví1mas de racismos e injúrias raciais. E, claro,
a mulher negra é a que mais sofre.

“O racismo é algo muito perverso, porque nem sempre ele é declarado, e as mulheres negras são tratadas de
forma diferente. Não importa o nível cultural ou social que ela tenha, o racismo con1nua”, disse a advogada
e presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Carmen Dora.
Feminicídio

Segundo o Mapa da Violência de 2015, o número de brasileiras negras mortas aumentou 54% em dez anos.
Isso equivale a quase 3 mil mortes no ano de 2013. Já o homicídio de brasileiras brancas aumentou quase
10%, o equivalente a cerca de 1,5 mil casos.

Apesar dos números, ainda existe muita resistência ao termo “feminicídio”. “As pessoas têm resistência ao
termo porque não pensam na importância dele. A maioria dos feminicídios é feita com requintes de
crueldade. Não existe matar por amor; as pessoas matam por ódio e por acharem que têm posse da mulher”,
disse a diretora execu1va do Ins1tuto Patrícia Galvão.

Feminicídio é quando uma mulher é assassinada devido ao preconceito de gênero. Muitas vezes, os delitos
são come1dos por ex-parceiros que não aceitaram o término de uma relação, ou foram denunciados por
violência, entre diversos outros casos.

“A cada assassinato de uma mulher, a imprensa busca uma jus1fica1va para o crime. Ciúme, traição,
rompimento de uma relação etc. Toda vez que se tem uma cobertura que reflete o que a sociedade está
acostumada a pensar, você reforça o feminicídio. Ao buscar uma jus1fica1va você permite que mais casos
aconteçam. Não existe jus1fica1va para uma pessoa assassinar outra. Isso é uma expressão de ódio”, conclui.

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