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Na prática, o cliente será dono de seus dados financeiros e poderá escolher quando
e com quais empresas vai compartilhá-los.
O InfoMoney preparou este guia completo sobre o Open Banking, com tudo o que
já se sabe até agora. Confira a seguir.
• Como funciona
• Segurança
• Custos
O que é?
Vale dizer que o Open Banking não é uma exclusividade do Brasil. O Reino Unido
foi o pioneiro, ao implementar um sistema parecido em 2018, enquanto a Austrália
implementou a primeira fase do seu programa em julho deste ano, por exemplo. A
Índia também já deu os primeiros passos para a criação do seu Open Banking.
Além disso, países como Estados Unidos, Canadá e Rússia estão analisando
maneiras de incorporá-lo aos seus sistemas financeiros.
Cada país pode adotar o Open Banking conforme as suas características e liberar o
compartilhamento de dados até certo nível, mas, de modo geral, o objetivo da
aplicação do novo conjunto de regras é promover a concorrência, a eficiência e
oferecer novos produtos para o consumidor final.
Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que a tendência é que grande parte
das instituições reguladas participem.
Portanto, se uma fintech ou outra instituição, que tem participação voluntária, quiser
entrar no Open Banking, deverá obrigatoriamente compartilhar os dados de seus
clientes, caso eles peçam, com qualquer outro banco ou fintech participante do
Open Banking.
Mas se o cliente deseja pedir um empréstimo no banco B, no qual não possui conta
aberta, ele terá dificuldade. Isso acontece porque o banco B não tem dados
suficientes para aferir a capacidade de pagamento da pessoa para liberar ou não o
crédito porque é o banco A que tem essas informações. Assim, a operação se torna
mais arriscada para o banco B e ele tende a não conceder o crédito.
O cliente fica, então, dependente da instituição na qual tem conta e sujeito às suas
taxas, o que incentiva ainda mais a já alta concentração bancária no país.
Dessa forma, segundo o BC, o Open Banking vai priorizar a experiência do cliente e
a diversidade e representatividade dos participantes.
Com o cliente tendo controle do compartilhamento de seus dados, fica muito mais
fácil abrir contas e adquirir produtos e serviços em diferentes instituições ao mesmo
tempo.
Do lado das empresas, a corrida será pela atenção do consumidor. Isso porque,
mesmo tendo conta na instituição, nada garante que o cliente vai consumir e utilizar
os serviços dela. Por isso, o banco ou a fintech que oferecer a melhor experiência
em serviços financeiros tende a conquistar os clientes.
Por isso, conforme especialistas ouvidos pelo InfoMoney, o Open Banking incentiva
a inovação e a criação de novos produtos, além de ampliar a distribuição e
concorrência.
O passo a passo de acesso e uso do Open Banking ainda não foi completamente
definido, mas algumas etapas já são conhecidas.
Feito isso, o Bradesco envia a informação ao Itaú, que de posse dos dados, pode
abrir uma conta ou avaliar a concessão de crédito mais rapidamente a partir do
histórico do cliente.
Especialistas consultados pelo InfoMoney disseram que esse deve ser o fluxo
padrão de consentimento. Mas ainda é cedo para dizer como cada instituição fará
isso de forma mais detalhada.
Situação 1
Um banco receptor da informação não precisará que o cliente seja seu correntista
para fazer uma análise de crédito, basta que o banco no qual o cliente tem conta
informe seus dados, a partir do seu consentimento.
Por exemplo, o Matheus, que é cliente do banco A, decide comprar um lustre novo
para a sua casa em uma loja online de material de construção.
Ao selecionar essa opção, uma mensagem vai aparecer na tela para que ele indique
em qual banco tem conta e, portanto, onde está o dinheiro. Ele indicará o banco A.
Ao fazer isso, ele receberá uma mensagem, por meio do app do banco A, avisando
que o compartilhamento de dados foi solicitado e ele autoriza a operação. Feito isso,
o banco B, que viu seu histórico de crédito, aprova o empréstimo para a compra na
loja e ele consegue finalizar o pagamento em minutos usando um microcrédito de
um outro banco. Esse tipo de operação já deverá estar disponível em 2021.
Situação 2
Os usuários finais terão acesso aos serviços e novas opções disponibilizados pelo
Open Banking a partir de 15 de julho de 2021 – embora a primeira fase de
implementação tenha início no dia 1º de fevereiro de 2021 para as instituições
participantes.
1. Início
As instituições financeiras irão compartilhar entre si, sob supervisão do BC, suas prateleiras de produtos, serviços e
em:
taxas disponíveis; o consumidor ainda não participa desta fase;
01/02/21
2. Início Instituições financeiras estarão aptas a compartilhar entre elas os dados cadastrais de clientes (como nome,
em CPF/CNPJ, telefone, endereço, etc) e informações relacionadas a conta corrente, tarifas, entre outros – tudo sempre a
13/08/2021 partir do consentimento do consumidor;
3. Início
Início dos serviços de iniciação transação de pagamento (sendo possível usar o WhatsApp para iniciar uma
em
transferência, por exemplo); e a possibilidade de compartilhamento do histórico de informações financeiras dos clientes;
29/10/2021
4. Início
Possibilidade de compartilhar dados referentes a operações de câmbio, serviços de credenciamento, contas de
em
depósito a prazo e outros produtos de investimentos, seguros, previdência complementar aberta, entre outros;
15/12/2021
Vale dizer que a API não foi criada para o Open Banking. É um elemento universal
de tecnologia, que já é amplamente usado hoje na integração de sistemas em
diversos âmbitos. Basicamente, é a forma como todos os softwares “se falam”
dentro da internet.
Para facilitar a compreensão, a API é uma espécie de ponte que conecta aplicações
diferentes por meio de uma mesma linguagem. Por exemplo, a Uber usa uma API
do Google Maps para que tenha os mapas no seu aplicativo, bem como o Airbnb
também usa uma API para mostrar as localizações dos imóveis disponíveis para
aluguel.
Dessa maneira, as APIs vão permitir o fluxo de troca de dados de clientes entre as
instituições de forma ágil e segura. Ágil porque todas as instituições receberão e
enviarão as informações no mesmo padrão e seguro porque todo o processo será
supervisionado pelo BC.
O problema de não padronizar as APIs são as disfunções que poderiam ser geradas
na troca de informações, justamente pela falta de cláusulas “nesse contrato”.
Por exemplo, o banco A informa o saldo de R$ 100 da conta do cliente João para o
banco B, juntamente com o nome completo dele e o número da conta.
Mas o banco B tem como padrão uma leitura de números com pontos em vez de
vírgula e, quando o saldo entra em seu domínio, ele não consegue traduzir o valor
em R$ 100, o que gera um erro na leitura da informação pelo banco B, por exemplo.
Seria um detalhe, mas em uma escala que envolve milhares de contas pode
atrapalhar muito o funcionamento do sistema. Então, a API vai padronizar o formato
dos números como se fosse uma das cláusulas de um contrato.
No fim do dia, a API será a estrutura por trás da experiência do Open Banking, que
vai facilitar a integração de informações e a visualização de forma rápida e simples
para o consumidor – viabilizando uma boa experiência.
O formato da API que será utilizado no Brasil ainda está em discussão e será
desenvolvido pelo grupo de trabalho do Open Banking (veja mais sobre isso
abaixo).
Não vai existir a possibilidade de o cliente solicitar que uma empresa que não está
no escopo do Open Banking acesse os dados de seu banco, por exemplo.
A única maneira de uma empresa estar no escopo do Open Banking e não ser
regulada pelo BC é se ela for uma parceira de uma instituição participante.
Mas essa figura “parceira”, por regra, não pode ser regulada pelo BC, portanto não
pode ter acesso a dados provenientes do Open Banking.
Ou seja, considere que o Banco do Brasil fez uma parceria com a ContaAzul,
empresa de software, para fazer um upgrade em sua plataforma de gestão. A
ContaAzul vai auxiliar o BB nesse processo de melhoria, mas não terá acesso aos
dados que o BC eventualmente vai receber via Open Banking.
Esse prazo de duração do acesso vai variar de acordo com o objetivo do uso dos
dados. Por exemplo, o acesso ao histórico de crédito pode ter duração de três
meses, enquanto o acesso aos dados cadastrais seis meses. Se após esse período
a empresa receptora dos dados usá-los para algum fim, poderá ser punida pelo BC.
Mais para frente isso deve ser esclarecido de forma mais detalhada pelo
regulamento do Open Banking.
Vale ressaltar que, devido à LGPD, o cliente poderá pedir para as instituições
excluírem seus dados do Open Banking, se assim desejar, a qualquer momento,
mas ainda não há um fluxo definido para se fazer isso.
Como o cliente decide se quer compartilhar os dados e com quem, ele saberá quais
instituições têm acesso às suas informações financeiras porque ele mesmo autoriza
o processo – além do fato de as empresas terem acesso às informações por tempo
limitado. Mas, no longo prazo, pode ficar inviável fazer a gestão desses dados
pessoais.
Por exemplo, poucas pessoas acessam a página do Facebook que mostra quais
empresas têm acesso aos seus dados a partir do momento em que o usuário faz o
login nos ambientes dessas empresas usando a rede social. É a mesma lógica.
Passados alguns anos, nem todo mundo deve fazer uma gestão das instituições
financeiras que terão seus dados.
Esse será um dos grandes desafios do Open Banking: como o consumidor vai
administrar seus dados e organizar o seu consentimento para diferentes instituições.
E, por enquanto, não há uma solução para isso.
Tem custos?
Por outro lado, o banco receptor dos dados poderá cobrar o cliente apenas nos
casos em que oferecer serviços adicionais que agreguem dados e o cliente optar
por contratá-los – nos moldes do que o Flipper ou o Guiabolso oferecem hoje.
Ainda não há mais detalhes de possibilidades de cobrança para os clientes PF ou
PJ.
São recursos independentes, mas que podem atuar em conjunto. Ambos fazem
parte da agenda de inovação e mais competição do BC e têm cronogramas que
andam em paralelo.
O Pix é uma ferramenta que pode ajudar o Open Banking a evoluir do puro
compartilhamento de informações para a movimentação do dinheiro de forma
instantânea.
Na prática, com o Pisp será possível acessar o banco ou outra instituição financeira
por canais que não necessariamente são o aplicativo ou o internet banking do
banco. Assim, será possível iniciar as transferências por canais como WhatsApp,
Mercado Pago, iFood, entre outros, e efetuá-las com Pix – embora o Pix não seja a
única opção nesse caso, já que será possível usar outras formas de transação como
TED, DOC ou boleto.
Baixe um ebook que explica o que muda na sua vida financeira com a revolução do Open
Banking – e como aproveitar as oportunidades:
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