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IDOSOS

Texto 1

Mesmo com a inserção da terceira idade aos aplica vos, disposi vos e redes sociais, discute-se como os
idosos realizam o contato com estes so wares. As dificuldades são muitas, e, entre elas, está o di cil
entendimento das letras pequenas e a u lização das funções dos disposi vos móveis e smartphones.

O aposentado Valdir Pedro (73), expõe a sua dificuldade: “Eu sempre tenho que pedir ajuda para meus netos,
filhos, sobrinhos ou alguém que esteja perto e possa me ajudar. Eu até tento entender e usar sozinho, mas
acabo esquecendo e não tenho facilidade em encontrar o que quero no meu celular, muitas vezes não consigo
nem mesmo encontrar os contatos que procuro”.

Sobre esse aspecto, Camila Maciel, professora de Filosofia e Ciências Humanas, no Departamento de
Comunicação Social, da UFMG, relata: “a acessibilidade não é pensada nem mesmo para as pessoas que não
possuem deficiências graves. É um assunto amplo, mas tratado com descaso. Exige um conhecimento maior
do diagramador, e o mercado, em grande parte, não se preocupa com tal problema”.

A profissional explica que, para o desenvolvimento de interfaces, é necessária uma pesquisa aprofundada
sobre o perfil do usuário. Mas, essas análises possuem custo elevado e nem todas as empresas estão
dispostas a arcar com esse inves mento.

Portanto, o acesso para a terceira idade encontra-se em um nível muito precário, devido às limitações que
estes possuem. “Até mesmo os programas feitos para esses indivíduos precisam ser pensados em questões
específicas. Por exemplo, criar um programa altamente sensível à tela é um erro, pois essas pessoas já
possuem resistência em u lizar esses novos aparatos tecnológicos. A acessibilidade já não é pensada para
nenhum usuário, muito menos para pessoas idosas”, destaca a professora.

Ainda de acordo com o Médico Geriatra Daniel Azevedo, o uso de smartphones é menor devido a limitações
sicas. “Nessa faixa etária, também por problemas visuais maiores, ferramentas como Whatsapp, são bem
menos u lizadas. A maior parte dos pacientes que entram em contato comigo preferem u lizar o e-mail
porque a tela do computador é maior, o teclado é simples de digitar. Então é mais fácil para se corresponder
do que pelo pela ferramenta whatsapp”, explica.

Já existem alguns programas que são pensados para maiores de 60 anos com o obje vo de es mular a
memória e outros parâmetros. A pesquisa para esses projetos exige um engajamento mul disciplinar entre
a comunicação, computação e a neurociência.

A neurociência é fundamental para iden ficar os sintomas da velhice como perda da memória,
enfraquecimento, prostração, etc. Desta forma, aplica vos que avaliam esses fatores cooperam como um
auxílio e forma de tratamento para esse grupo através da tecnologia. Porém, esses programas estão apenas
em fase de desenvolvimento. E, além disso, é necessário um inves mento para que estes cheguem ao
mercado. “Não se vê no mercado uma empresa realmente interessada em desenvolver essas técnicas”,
conclui a Maciel.

Texto 2

Conversar com os amigos em um grupo do Whatsapp, fazer uma chamada de vídeo com aquele parente que
mora longe e pagar contas pelo aplica vo do banco no celular: se você acha que tudo isso é coisa de gente
jovem, está na hora de rever os seus conceitos. De acordo com Maisa Kairalla, médica geriatra e presidente
da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado de São Paulo), a inclusão digital na
terceira idade, mais que necessária, é posi va para a saúde da população com mais de 60 anos.

— O acesso aos disposi vos digitais es mula o cérebro e, nesse sen do, os ganhos cogni vos são vários. Há
pesquisas que mostram bene cios para aspectos como memória e até depressão, que nós observamos muito
no consultório. Na internet, o idoso interage e socializa mais. Isso faz bem para o comportamento dele, já que
ele fica mais a vo e se integra à realidade de hoje, em que boa parte da ro na envolve tecnologia.

No Brasil, cada vez aumenta o número de pessoas acima de 50 anos envolvidas com as novas tecnologias.
Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE (Ins tuto Brasileiro de Geografia e EstaKs ca) em 2016, 14,9% da
população idosa brasileira u liza a internet — dez anos atrás, os usuários eram apenas 7,3%. O número de
idosos dessa faixa etária que u liza o celular também aumentou bastante: pulou de 16,8% em 2005 para
55,6% nos dias de hoje.

Camilla Vilela, gerontóloga da Cora Residencial Senior — ins tuição de longa permanência para idosos da
capital paulista —, concorda que os disposi vos trouxeram autonomia para os idosos que, muitas vezes, não
gostam de ter que pedir ajuda para realizar tarefas do dia a dia. Os bene cios, segundo a profissional, se
estendem para as capacidades motoras e visuais de quem tem mais de 60 anos.

— Só o fato de aprender algo novo, independentemente de ser no computador ou celular, já é um esKmulo


cogni vo para eles. Fora isso, a interação com os disposi vos tecnológicos acaba trabalhando es mulação
motora, percepção visual, memória, atenção e processamento de informações.

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