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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – DOM ALBERTO

PSICOLOGIA DO ESPORTE

SANTA CRUZ DO SUL - RS


SUMÁRIO

1 PSICOLOGIA: CONCEITO ......................................................................... 2

2 Atribuições e áreas de atuação ................................................................... 3

3 A PSICOLOGIA DO ESPORTE .................................................................. 5

1 Atividades em Psicologia do Esporte: ......................................................... 8

4 Análise Bibliográfica: ................................................................................. 30

5 Conclusões ............................................................................................... 35

6 Referências ............................................................................................... 36

7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 38

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1 PSICOLOGIA: CONCEITO

Fonte:psicoativo.com/2016/07/psicologia-do-esporte-nas-olimpiadas.html

Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano, as

interações dos organismos com o seu ambiente.

Dependendo do enfoque e conhecimento de homem que está sendo

utilizado à psicologia pode ter vários conceitos, dentre eles: ciência que estuda os

seres humanos e seus processos psíquicos.

Todorov (1999) definiu a psicologia como sendo a ciência que estuda a

mente e o comportamento. Para que a definição seja inteligível, é necessário saber o

que é mente e o que é comportamento.

O conceito “ciência que estuda o comportamento humano” pode ser

completo se entendermos e buscarmos nos aprofundar nos conceitos de ciência,

comportamento e homem. Se soubermos descrever o que é ciência, o que é

comportamento humano e quem é esse homem estudado pela psicologia (caso mais

complexo, mais filosófico) estaremos entendo o conceito de psicologia aqui

apresentado.

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2 ATRIBUIÇÕES E ÁREAS DE ATUAÇÃO

Objetivo primordial:

Promover a saúde do ser humano por meio do respeito à


dignidade e integridade, proporcionando condições satisfatórias de vida na sociedade.
Segundo a OMS (ONU): "Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade."
O Psicólogo, dentro de suas especificidades profissionais, atua no
âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e
comunicação com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e
integridade do ser humano.

Atribuições Profissionais:

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Estuda e analisa os processos intrapessoais e relações interpessoais,
possibilitando a compreensão do comportamento humano individual e de grupo, no
âmbito das instituições de várias naturezas, onde quer que se deem estas relações.
Aplica conhecimento teórico e técnico da psicologia, com o objetivo de
identificar e intervir nos fatores determinantes das ações e dos sujeitos, em suas
histórias pessoais, familiares e sociais, vinculando-as também a condições políticas,
históricas e culturais.
Analisa a influência de fatores hereditários, ambientais e psicossociais sobre
os sujeitos na sua dinâmica intrapsíquica e nas suas relações sociais, para orientar-
se no psicodiagnóstico e atendimento psicológico.
Promove a saúde mental na prevenção e no tratamento dos distúrbios
psíquicos, atuando para favorecer um amplo desenvolvimento psicossocial.
Elabora e aplica técnicas de exame psicológico, utilizando seu conhecimento e
práticas metodológicas específicas, para conhecimento das condições do
desenvolvimento da personalidade, dos processos intrapsíquicos e das relações
interpessoais, efetuando ou encaminhando para atendimento apropriado, conforme a
necessidade.
Formula hipóteses e à sua comprovação experimental, observando a realidade
e efetivando experiências de laboratórios e de outra natureza, para obter elementos
relevantes ao estudo dos processos de desenvolvimento, inteligência, aprendizagem,
personalidade e outros aspectos do comportamento humano e animal.

Locais e áreas de atuação

Além da área clínica, a cada dia é observável a emergente atuação do


profissional psicólogo em áreas como organizações, hospitais, escolas, tribunais de
Justiça, marketing, esportes, aviação, engenharia, etc. Devido a essa ampliação e as
formas diferentes de atuação exigidas, torna-se necessário cada vez mais uma
atenção focalizada para os valores e princípios fundamentais ao exercício ético da
profissão. Esse exercício ético tem como base filosófica conduzir o indivíduo ao bem-
estar evitando ao máximo o sofrimento psíquico.

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O psicólogo desempenha suas funções e tarefas profissionais
individualmente e/ou em equipes multiprofissionais. Abaixo alguns locais e áreas de
atuação profissional:
 Trabalho – Empresas públicas ou privadas

 Educação - Creches, Escolas.

 Saúde - Hospitais, Ambulatórios, Centros e postos de saúde, Consultórios,

Clínicas especializadas

 Justiça - Varas da criança e do adolescente, de família, cível, criminal,

penitenciárias

 Psicotécnicos - clínicas de trânsito

 Esporte - Associações e/ou esportivas, clubes esportivos

 Sociedade em geral, Associações comunitárias, Ongs

 Escolas de 2º grau

 Escolas de nível superior (com especialização, mestrado ou doutorado)

 Área da comunicação social

3 A PSICOLOGIA DO ESPORTE

A psicologia do Esporte é uma área de conhecimento recente em todo o mundo.

Uma de suas publicações mais antigas é o livro de John Lawther, Psicologia do

Esporte, datado de 1951.

A criação da sociedade internacional de Psicologia dos Esportes ocorreu

durante a realização do I Congresso Internacional de Psicologia dos Esportes, em

Roma (Itália), em 1965. No Brasil, vale ressaltar as publicações dos livros Psicologia

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dos Esportes de Haddock Lobo, em 1973, e Psicologia do Esporte de Norguera e

Stobaus, em 1984, bem como a criação da Sociedade Brasileira de Psicologia do

Esporte e da Atividade Física e Recreação em 1986.

Fonte:psicologiaportucalense.blogspot.com.br

Esta Sociedade organizou, no País, o III Simpósio Internacional de Psicologia

do esporte, em Belo Horizonte – Minas Gerais, no ano de 1990.

Concepções das mudanças que informam o campo:

Lidar com os sonhos e as lágrimas dos atletas, com as reclamações e

cobranças dos pais, informar aos treinadores sobre as potencialidades e dificuldades

dos atletas, além de lidar com as diferentes personalidades dos treinadores e suas

influências sobre o rendimento do competidor, todos estes fatores pertencem a

atividades com as quais um número crescente de psicólogos brasileiros começou a

lidar nos últimos anos. Como bem advertiu Carvalho (1986):

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“A cada Olimpíada que passa, a saída de novos recordes está na dependência de fatores

psicológicos, pois grandes atletas já se aproximam praticamente de seus limiares, físicos, orgânicos e

técnicos do desenvolvimento” (pág.89).

De maneira geral, pode-se dizer que o campo de atuação é novo no Brasil, mas

as atividades desenvolvidas não são novas. São, na sua maioria, atividades comuns

às diversas áreas da Psicologia, mas dirigidas a um novo público e a uma nova

problemática: o atleta e o esporte.

O que se coloca de novo, portanto, é o tipo de atividade trabalhada - o esporte

- e os requisitos que são necessários para o bom desempenho do profissional da área.

Após o avanço do treinamento físico e técnico, busca-se um melhor rendimento

através da melhoria do desempenho emocional. Neste campo atua o psicólogo do

esporte.

A definição da Psicologia do esporte: “A psicologia desportiva é uma área que

procurar aplicar os fatos e princípios ao aprendizado, desempenho e comportamento

humano associados a todo o setor desportivo” (Lawter,1973, p.1).

Percebe-se que o profissional da Psicologia do Esporte deve adquirir uma

formação de conhecimentos que garanta uma boa formação geral em Psicologia

aliada aos conhecimentos específicos do exercício físico e do esporte (Figura 1). É

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necessário para este profissional uma cultura alicerçada em elementos que

contribuam para o entendimento do contexto específico de atuação.

Desta forma, o psicólogo esportivo deve trabalhar com atenção e rigor científico

na prática esportiva para não a converter em uma Psicologia que simplifica todos os

fenômenos do esporte.

Fonte:www.cpt.com.br
No Brasil, a Psicologia do Esporte ainda está em processo de consolidação

enquanto campo de atuação profissional, educacional ou de investigação científica.

Este processo tem origem nos cursos de graduação em Educação Física e Psicologia

e na pós-graduação, principalmente em Educação Física.

ATIVIDADES EM PSICOLOGIA DO ESPORTE:

1- Atividade de Pesquisa

Características biopsicológicas dos diferentes atletas.

Influência da personalidade do indivíduo

A relação entre esporte e emoção.

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Fonte:www.esportividade.com.br

2- Atendimentos Individuais

É consensual a necessidade de intensificar o atendimento individual em época

de competição, quando o nível de ansiedade é maior, demandando o aumento da

utilização de técnicas de relaxamento nessas ocasiões.

3- Atendimentos em grupos

Os trabalhos em grupos são altamente utilizados. Contudo, sua utilização é

ainda maior quando a modalidade esportiva exige o bom desempenho de uma equipe.

Nestes casos, as técnicas de dinâmica de grupos, sociometria e comunicação

adquirem uma importância vital. Competição, cooperação, importância de trocas de

papéis e pressão grupal são alguns dos temas frequentemente trabalhados nos

grupos.

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Fonte:www.google.com.br

4- Orientação de pais ou responsáveis

São atividades que envolvem orientações sobre o atleta, a modalidade

esportiva, o envolvimento demandado e o investimento psicológico tanto do atleta

quanto da família.

Requisitos para a formação:

Conhecimentos necessários ao psicólogo do esporte: conhecimento geral,

conhecimento do contexto esportivo da modalidade esportiva e conhecimento

específico.

Até a presente data, os psicólogos do esporte existentes no Brasil,

desenvolveram suas habilidades de duas formas:

No exterior através de cursos de pós- graduação.

No país como autodidatas ou participando de simpósios e conferências, tendo

ou não realizado algum curso de atualização.

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Sugestões para a formação:

Sugere-se que se leve em conta as necessidades de se conhecerem as várias

teorias e metodologias em Psicologia e áreas afins.

Informações sobre diferentes práticas e técnicas (de motivação, de redução do

stress, de desenvolvimento motor, de concentração, dinâmica de grupo, psicodrama,

etc.), que, em geral, fazem parte do elenco de competências e habilidades fornecidas

nos cursos de graduação em Psicologia, são passíveis de ser reforçadas.

Como não há consenso entre os profissionais da área sobre a necessidade ou

não de inclusão de uma disciplina específica sobre Psicologia do Esporte, sugere-se

que o conteúdo necessário ao desempenho profissional seja intensificado em

disciplinas como Psicologia Social, Comunicação, Dinâmica de Grupo, Teorias e

Técnicas Psicoterápicas, etc. Devido à grande contiguidade de atividades é sugerida

a aproximação dos cursos de Educação Física e de Psicologia.

Vale ainda ressaltar a necessidade, que é comum a todos os psicólogos, de

uma boa formação ética para um bom exercício profissional.

ORIGENS E EVOLUÇÃO DA

PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL

O esporte contemporâneo é considerado um dos maiores fenômenos sociais

do século XX (J. Barbero, 1993; J. Brohm, 1993; N. Elias & E. Dunning, 1992) e tem

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agregado em torno de si um número cada vez maior de áreas de pesquisa,

constituindo as chamadas Ciências do Esporte, compostas por disciplinas como

antropologia, filosofia, psicologia e sociologia do esporte, no que se refere à área

sociocultural, incluindo também a medicina, fisiologia e biomecânica do esporte (V.

Bracht, 1995), demonstrando uma tendência – e uma necessidade – à

interdisciplinaridade.

Essa tendência, contudo, não representa uma prática interdisciplinar, ainda,

uma vez que as diversas sub-áreas convivem enquanto soma, mas não em relação,

fazendo com que as Ciências do Esporte vivam hoje um estágio denominado

‘pluridisciplinar’.

A Psicologia do Esporte, enquanto uma dessas sub-áreas, iniciou suas

pesquisas há aproximadamente um século, estudando inicialmente aspectos

próximos à fisiologia, os chamados condicionantes reflexos. Ao longo dos anos outros

temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança, dinâmica de

grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários outros

aspectos da prática esportiva e da atividade física foram sendo incorporados à lista

de preocupações e necessidades de pesquisadores e profissionais. Na atualidade,

diante do equilíbrio técnico alcançado por atletas e equipes de alto rendimento, os

aspectos emocionais têm sido considerados como um importante diferencial nos

momentos de grandes decisões.

Interpretada como um produto da década de 1980, a Psicologia do Esporte tem

sua história escrita a partir do início do século XX na Rússia e Estados Unidos (R.

Weinberg & D. Gould, 1995; Wiggins, 1984; J. Willians & W. Straub,1991) e, mais

precisamente, a partir da Copa do Mundo de Futebol de 1958, no Brasil (K. Rubio,

2000.a). A produção acadêmica da área é uma associação de conhecimentos da

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psicologia clínica e social, sob a influência das variadas correntes teóricas e

paradigmas da Psicologia, aplicada à observação, análise e intervenção dos

comportamentos e atitudes dos seres humanos no contexto da prática do esporte e

da atividade física (J. Cruz, 1997; J. Riera & J. Cruz, 1991; Rubio, 1998).

O futebol e o início da Psicologia do Esporte no

Brasil

A Psicologia do Esporte, que apesar de ter seu início vinculado a trabalhos


realizados há mais de um século, no Brasil ainda é vista como uma novidade tanto
por psicólogos, que a reconheceram como uma especialidade da Psicologia em
dezembro de 2000, como por profissionais do esporte sejam eles atletas, técnicos e
dirigentes, que não têm clareza de que maneira essa intervenção pode ajudá-los a
aumentar o rendimento esportivo ou superar situações adversas.

Fonte:www.futebolinteligente.com.br

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O marco inicial da Psicologia do Esporte brasileira foi dado pela atuação e

estudos de João Carvalhaes, um profissional com grande experiência em psicometria,

chamado a atuar junto ao São Paulo Futebol Clube, equipe sediada na capital paulista,

onde permaneceu por cerca de 20 anos, e esteve presente na comissão técnica da

seleção brasileira que foi à Copa do Mundo de Futebol de 1958 e conquistou o

primeiro título mundial para o país na Suécia (Machado, 1997; Rubio, 1999; 2000.a).

Embora a conquista do título e o período de permanência no clube sejam dignos

de registro até os dias atuais, esse fato não representou um grande impulso para a

área no período em que ocorreu. Isso talvez se deva às condições vividas tanto pela

Psicologia quanto pelo Esporte naquele momento.

Fonte:www.unisuamnews.com.br

A Psicologia, da maneira como ela se encontra organizada hoje, foi

reconhecida como profissão apenas em 1962. Isso representou um grande movimento

em duas frentes: na profissional e na acadêmica.

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Na profissional porque foi um período de concessão do registro de atuação

profissional àqueles que já vinham exercendo ao longo de vários anos atividades que

a partir daquele momento eram caracterizadas como do âmbito do psicólogo. E aqui

se encontravam os filósofos, pedagogos, sociólogos que atuavam na escola, na

indústria e, principalmente, na clínica, e que passaram a ser reconhecidos como

psicólogos. Àqueles que não apresentaram os requisitos necessários para a obtenção

do título restava fazer o curso de Psicologia e obter o certificado por meio de formação

acadêmica.

Na esfera acadêmica o movimento foi de outra ordem, uma vez que apesar de

já possuir um corpo teórico considerável na prática clínica, em outras áreas,

principalmente na educação e em recursos humanos, a psicologia procurava se

afirmar como ciência. São dessa época a criação e sistematização de um grande

número de testes psicológicos que buscavam quantificar e medir inteligência,

comportamento, personalidade e outros temas considerados da esfera da psicologia.

Os instrumentos psicométricos desenvolvidos nessa época foram os utilizados com a

seleção brasileira de então.

O futebol constituía-se uma exceção. Profissionalizado no Brasil e em outros

países desde a década de 1920, ele foi se tornando um fenômeno distinto das demais

modalidades esportivas tanto naquilo que se refere a organização dos times e clubes

– com atletas recebendo remunerações vultosas para os padrões da época e

comissões técnicas compostas por profissionais de várias áreas – , como pela

organização de seus eventos – campeonatos nacionais e mundiais – em que as

Federações da modalidade têm a autonomia para organizá-los e gerenciá-los

conforme elas assim o desejarem.

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Se na Psicologia o movimento era de reconhecimento e de afirmação, no

esporte, e mais especificamente no futebol, as condições eram distintas. As regras

que marcavam o esporte na década de 1950 eram o amadorismo e o fair play, e isso

representava um compromisso com a prática esportiva competitiva muito distinto

daquele que se vive hoje.

Os atletas que recebessem, mesmo a título de presente ou gratificação,

benefícios para treinar ou competir eram considerados profissionais, e como tais não

poderiam participar de Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais.

Mas a relação que o povo brasileiro tem com o futebol é bastante singular.

Introduzida no país pelos ingleses no começo do século XX, tornou-se uma paixão, e

por vezes um problema, nacional (A. Bosi, 1991; R. DaMatta, 1982, 1992; A.

Rosenfeld, 1993).

Essa situação pode ser exemplificada com a derrota sofrida no jogo final do

Campeonato Mundial de 1950, realizado no maior estádio do mundo da época, no

Brasil, em que diante daquela situação que acabava de se configurar a platéia, e

grande parte do povo, respondeu com o silêncio, e esse tema se tornou quase um

tabu para atletas, dirigentes e para a população.

Essas eram as expectativas e a realidade do futebol com que se deparava João

Carvalhaes em 1958. Essas eram as condições da Psicologia e do Esporte no Brasil

de então. E assim estava marcado o início da Psicologia do Esporte brasileira.

Nos anos que se seguiram foi sendo acumulada muita informação sobre

indivíduos (atletas) e grupos (times) que praticavam esporte ou atividade física, sem

que isso ainda representasse a constituição de um arcabouço teórico consistente (A.

Ribeiro da Silva, 1975).

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Passado quase meio século daquela atuação pioneira, hoje a Psicologia do

Esporte no Brasil segue seu próprio rumo e, ao mesmo tempo, em várias direções.

Caminhando par e passo com a Psicologia Geral, pode-se observar o

desenvolvimento não de uma, mas de várias Psicologias do Esporte, distintas umas

das outras por causa do referencial teórico que sustenta essa produção acadêmica e

prática (Rubio, 2000.a; 2000.b).

AS VÁRIAS PSICOLOGIAS DO

ESPORTE BRASILEIRA

É preciso esclarecer que nem toda psicologia aplicada ao esporte é psicologia

do esporte. A Psicologia do Esporte tem como meio e fim o estudo do ser humano

envolvido com a prática de atividade física e esportiva competitiva e não competitiva.

Esses estudos podem abarcar os processos de avaliação, as práticas de

intervenção ou a análise do comportamento social que se apresenta na situação

esportiva a partir da perspectiva de quem pratica ou assiste ao espetáculo (J. Azevedo

Marques & S. Junishi, 2000; S. Figueiredo, 2000; M. Markunas, 2000; S. Martini,

2000).

A Psicologia no Esporte é a transposição da teoria e da técnica das várias

especialidades e correntes da Psicologia para o contexto esportivo, seja no que se

refere a aplicação de avaliações para a construção de perfis, seja no uso de técnicas

de intervenção para a maximização do rendimento esportivo (O. Feijó, 2000).

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Durante quase três décadas grande parte da produção acadêmica da área era

produto da Psicologia no Esporte. Esse quadro apresentou uma grande transformação

no final da década de 1980, com a busca dos interessados pela formação específica

em outros países e a posterior organização de grupos de estudo e instrução de

psicólogos brasileiros (M. R. Brandão, 2000).

Como reflexo dessa ‘formação estrangeira’ o que se viu no princípio foi a

utilização de instrumentos de avaliação e técnicas de intervenção à semelhança do

que se fazia nos países onde foram desenvolvidos. Mas, diante da especificidade do

esporte brasileiro, esses instrumentos e técnicas foram sendo adequados e adaptados

tanto às condições das instituições esportivas como às variações culturais presentes

na vida dos atletas brasileiros.

Fonte:medichina.es/secuelas-de-accidente-vascular-cerebral

O resultado dessa busca pela alteridade pode ser observado na diversidade de

formas de atuação. Partindo da psicanálise, do cognitivismo, do behaviorismo radical,


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do psicodrama, da psicologia social, da psicologia analítica ou da gestalt como

referencial teórico, um grupo crescente de psicólogos tem se dedicado a desenvolver

a Psicologia do Esporte brasileira, considerando as particularidades das modalidades

no país e dos atletas que convivem com uma realidade específica (L. Angelo, 2000;

E. N. Cillo, 2000; G. Franco, 2000, F. Matarazzo, 2000).

A avaliação psicológica de atletas e a construção de perfis é um dos

procedimentos que maior visibilidade dá ao psicólogo do esporte e maior expectativa

cria em comissões técnicas e dirigentes. É também uma das grandes preocupações

dos profissionais da área por envolver procedimentos éticos ditados pelos Conselho

Federal de Psicologia.

O processo de avaliação psicológica no esporte é conhecido como

psicodiagnóstico esportivo e está relacionado diretamente com o levantamento de

aspectos particulares do atleta ou da relação com a modalidade escolhida. As

investigações de caráter diagnóstico têm como objetivo determinar o nível de

desenvolvimento de funções e capacidades no atleta com a finalidade de prognosticar

os resultados esportivos. No esporte de alto rendimento, o psicodiagnóstico está

orientado para a avaliação de características de personalidade do atleta, para o nível

de processos psíquicos, os estados emocionais em situação de treinamento e

competição e as relações interpessoais.

Com o resultado do diagnóstico pode-se chegar a conclusões referentes a

algumas particularidades pessoais ou grupais que oferecem subsídios para se fazer

uma seleção de novos atletas para uma equipe, para mudar o processo de

treinamento, individualizar a preparação técnico-tática, escolher a estratégia e a tática

de conduta em uma competição e otimizar os estados psíquicos. Os métodos

utilizados para esse fim podem ser tanto da categoria de análise de particularidades

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de processos psíquicos nos quais se enquadram os processos sensórios, sensórios-

motores, de pensamento, mnemônicos e volitivos como os de ordem psicossociais

nos quais são estudadas as particularidades psicológicas de um grupo esportivo,

buscando revelar e explicar sua dinâmica (Comissão de Esporte do CRP-SP, 2000;

A. Luccas, 2000).

Diferentemente de outras áreas da Psicologia nas quais já foram desenvolvidos

e validados um grande número de instrumentos de avaliação, a área de esportes ainda

carece de referencial e conhecimento específicos para investigação, e isso tem

acarretado alguns problemas bastante sérios. Um deles é a utilização de instrumentos

advindos da avaliação em psicologia clínica ou da área educacional com finalidades

específicas, como detecção de distúrbios emocionais, perfis psicopatológicos ou

quantidade de inteligência, próprios e necessários para os fins que foram

desenvolvidos.

O outro é a importação de instrumentos de psicodiagnóstico esportivo

desenvolvidos em outros países e aplicados sem adaptação à população brasileira,

que apresenta condições físicas e culturais distintas de outras populações. Diante

disso, questões de ordem ética têm emergido para reflexão sobre o uso e abuso de

resultados obtidos por meio de instrumentos de avaliação psicológica no esporte.

Se naquilo que se refere ao psicodiagnóstico esportivo a Psicologia do Esporte

brasileira ainda busca sua maturidade, é na prática da intervenção psicológica junto a

atletas e equipes que se pode observar a multiplicidade de perspectivas e o seu vigor.

No caso das modalidades individuais, em que o foco da intervenção é o próprio

atleta e sua atuação, atividades voltadas para a concentração, o controle da

ansiedade e o manejo das variáveis ambientais costumam ser os principais objetivos

da intervenção psicológica. No entanto, a forma e o tempo que esse trabalho levará

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para ser desenvolvido irá variar conforme o referencial teórico do psicólogo que o

aplica. As práticas podem envolver visualização, relaxamento, modelagem de

comportamento, análise verbal, inversão de papéis, técnicas expressivas ou

corporais.

Fonte:www.cookie.com.br/musculacao-coracao

No caso das modalidades coletivas o foco da intervenção recai sobre as

relações grupais, a formação de vínculo e organização de liderança, e aqui também a

diversidade de procedimentos é grande. São amplamente utilizados os jogos

dramáticos advindos do psicodrama, o desenvolvimento de auto-conhecimento por

meio das técnicas de senso-percepção, bem como procedimentos verbais originários

da psicanálise de grupos.

Mas a Psicologia do Esporte não é feita apenas dos aspectos relacionados com

a prática esportiva. Ela também é feita do estudo do fenômeno esportivo a partir do

referencial da Psicologia Social (Rubio, 2001.b).

Por essa perspectiva o esporte é reconhecido como um conjunto complexo de

elementos que envolve o atleta, protagonista do espetáculo; o espectador e a torcida,

razão da realização do espetáculo; e os patrocinadores e as empresas empenhados

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com a manutenção de equipes e atletas, responsáveis diretos pela transformação do

esporte em um dos principais negócios do planeta e pela superação do amadorismo,

um dos elementos fundantes do Olimpismo moderno. Isso porque é possível afirmar

que toda manifestação esportiva é socialmente estruturada, na medida em que o

esporte revela em sua organização, no processo de ensino-aprendizagem e na sua

prática, os valores subjacentes da sociedade na qual ele se manifesta.

Questões como o desenvolvimento da identidade do atleta, formas de manejo

e controle de concentração e ansiedade, aspectos de liderança em equipes,

estudadas e tratadas de maneira pontual e pragmática dentro da Psicologia do

Esporte voltada para o rendimento, foram deslocadas de um contexto social maior que

é o lugar e o momento que o atleta está vivendo.

.
Fontewww.mulherbeleza.com.br

Recentemente alguns estudiosos começaram a repensar a Psicologia do

Esporte transferindo-a de um modelo de habilidades individuais e passaram a

observar a necessidade de uma aproximação com a Psicologia Social para a

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compreensão e explicação desse fenômeno complexo e abrangente que é a atividade

física e esportiva.

Essa condição reforça o pressuposto de que toda Psicologia é Social sem que

isso signifique reduzir as áreas da Psicologia à Psicologia Social (S. Lane, 1984; J. S.

Bernardes, 1998; A. Bock, M. G. Guimarães & O. Furtado, 2001). Nesse sentido é

possível afirmar que a Psicologia do Esporte, que trata do fenômeno esportivo em

toda a sua complexidade, visando a compreensão da dinâmica das relações

envolvidas entre atletas, técnicos, dirigentes, mídia e patrocinadores, não é apenas

uma Psicologia de rendimento de atletas e equipes, mas uma Psicologia Social do

Esporte.

O debate sobre a função e o papel da Psicologia do Esporte passa

necessariamente pela discussão do que é o fenômeno esportivo e como tem sido

construído e explorado o imaginário esportivo na atualidade.

É também pela perspectiva da Psicologia Social que a Psicologia do Esporte

tem atuado junto aos chamados projetos sociais (J. Azavedo Marques & S. Junishi,

2000) em que o objetivo primeiro dessas instituições é promover o desenvolvimento

da prática da cidadania ou oferecer alternativas de socialização, principalmente para

crianças e jovens, tendo o esporte como facilitador. É o esporte como meio e não

como fim.

Artigos para revisão

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Psicologia e Esporte: o papel da

motivação

Nathalia Ferreira Siqueira*, Giovanna Ticianelli**

*Faculdade de Americana

**Universidade Estadual de Campinas

Resumo

No âmbito da atividade física e do esporte, a motivação é um dos aspectos

mais estudados nos últimos tempos. O presente estudo teve como objetivo selecionar

e analisar alguns dos estudos envolvendo a motivação nas atividades físicas e nos

esportes. Os artigos encontrados foram muito claros na possibilidade de diversas

avaliações da motivação no contexto das atividades físicas e esporte além da

possibilidade de validação de instrumentos. Os resultados mostram a importância das

diferentes formas motivacionais na indução de diversos benefícios cognitivos,

comportamentais e afetivos e a importância de se trabalhar a motivação para a prática

de atividades físicas e esportes.

Palavras chave: motivação, atividades físicas, esportes.

Introdução

24
No esporte, os fatores motivacionais constituem um dos principais elementos

que impulsionam o sujeito à ação. Muitos atletas estão buscando a vitória, entretanto

existem diversos aspectos que diferenciam os indivíduos no que diz respeito aos

interesses e motivos pela prática. Esses motivos podem ser internos e externos.

No âmbito da psicologia, os motivos são as necessidades, carências,

interesses e desejos que impulsionam as pessoas em certas direções e motivação

envolve comportamento direcionado a um objetivo (WEITEN, 2002). Existem duas

principais abordagens que trabalham a motivação: do impulso e as teorias do

incentivo.

O conceito de impulso de Hull (1943) é baseado na manutenção da

homeostase, estado de equilíbrio fisiológico. Um impulso é, dessa forma, um estado

interno de tensão que induz um organismo a dedicar-se a atividades que possam

reduzir tal tensão. Estes estados de tensão, que são desagradáveis podem ser

entendidos como uma ruptura no equilíbrio desejável. Quando os indivíduos

experimentam um impulso, são motivados a buscar ações que os levem a uma

redução deste. Já as teorias de incentivo, acreditam que os estímulos externos

regulam os estados motivacionais (SKINNER, 1953). Um incentivo seria, portanto, um

objeto externo capaz de motivar o comportamento.

A motivação pode ser estudada a partir de dois pontos de vista: motivação

intrínseca e extrínseca. Motivação intrínseca refere-se à execução de atividade no

qual o prazer é inerente ao indivíduo, não sendo necessárias recompensas ou

pressões externas para que o indivíduo cumpra seu objetivo e seu desafio, o simples

fato da participação já o satisfaz (DECI, 1975).

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Essa motivação é a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão

social, representando o potencial positivo da natureza humana, segundo Deci e Ryan

(2000). Já a motivação extrínseca é aquela em que os indivíduos realizam uma tarefa

para obterem uma recompensa além da sua satisfação pessoal como: prêmios

(recompensas materiais), elogios (reconhecimento) e demonstrar competências e

habilidades (FORTIER, VALLERAND e GUAY, 1995).

No âmbito da atividade física e do esporte, a motivação é produto de um

conjunto de variáveis sociais, ambientais e individuais que determina a eleição de uma

modalidade física ou esportiva e a intensidade da prática dessa modalidade, que

determinará o rendimento (ESCARTÍ e CERVELLÓ, 1994).

De acordo com Samulski (2002) a motivação é caracterizada como um

processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, a qual depende de fatores internos

(pessoais) e externos (ambientais). O motivo interno, ou seja, a motivação intrínseca,

e o motivo externo, a motivação extrínseca, podendo ser representado pela torcida ou

simplesmente os companheiros da turma, formam um elo entre a conquista do

objetivo.

Dosil (2004) acredita que motivação é o motor do esporte, pois esta explica as

razões para a iniciação, orientação, manutenção e abandono da prática esportiva,

podendo ser determinada por fatores individuais, sociais, ambientais e culturais.

Nesse sentido, a motivação parece ter um importante papel na pratica de

esportes e atividades físicas já a avaliação desta pode colaborar para a manutenção

de práticas esportivas e também a identificação dos motivos que envolvem o processo

de abandono da prática.

26
A motivação para a prática de esportes e atividades físicas é uma das

contribuições da psicologia do esporte que auxiliam no planejamento e organização

dos treinamentos.

A motivação é uma variável chave no esporte e da prática de atividades físicas

na medida em que pode facilitar a aprendizagem e também um melhor desempenho.

O objetivo geral deste trabalho é selecionar e analisar alguns dos estudos

envolvendo o papel da motivação nas atividades físicas e nos esportes.

Metodologia

Caracterização do estudo:

A pesquisa de embasamento teórico deste trabalho será realizada na base de

dado

Scielo, preferencialmente ligadas as bases de dados universitárias, das

ciências da saúde, educação física, psicologia, relacionadas ao papel da motivação

nos diversos esportes.

Para a pesquisa nestas bases de dados serão utilizadas diversas palavras

como: motivação nos esportes, motivação nas atividades físicas, motivation in sports,

motivation in phisical activits, priorizando o papel da motivação nas atividades físicas

e nos esportes.

Critérios de seleção:

A seleção e inclusão de artigos será feita através da pesquisa por trabalhos

envolvendo qualquer tipo de avaliação da motivação em atividades físicas e em

27
esportes. Artigos em inglês, espanhol e português serão incluídos, outras linguagens

serão descartadas.

Diversos tipos de pesquisas serão aceitos como estudos de caso, pesquisas

bibliográficas, levantamento e pesquisa experimental.

As pesquisas aceitas para esta revisão devem conter o papel da motivação nas

atividades físicas e nos esportes.

Resultados

Os artigos foram divididos em temas para melhor compreensão e análise.

Na tabela 1 estão listados os temas e artigos os quais serão apontados nesta

pesquisa.

Tabela 1 – Temas e artigos

Tema Títulos Autores Ano

sAvali - Perfil Salmuski e 2002

ação da psicológico de atletas Noce

motivação paraolímpicos

brasileiros
- Emoções, Dias, 2010

“stress”, ansiedade e Cruz

“coping”: estudo e

qualitativo com Fonseca

treinadores de nível

internacional
28
- Motivos para Fermino, 2010

Prática de Atividade Pezzini e Reis

Física e Imagem

Corporal em
- Motivação à Golçalves 2010
Frequentadores
prática de atividades
d
físicas: um estudo com e Alchieri
e Academia
praticantes não-atletas

- Motivação à Balbinotti et 2011

prática regular de al

atividade física: um

estudo exploratório

- Fatores Legnani et 2011

motivacionais al.

associados à prática de

exercício físico em

estudantes

universitários
- Estado de fluxo Vieira et al. 2011

em praticantes de

escalada e skate

downhill

29
- Motivação à Balbinotti et 2011

prática regular de al.

atividades físicas e

esportivas: um estudo

comparativo entre

estudantes com

sobrepeso, obesos e

Valid eutróficos
- Análise da Balbino e 2008
instru interna e Barbos
ação de consistência tti
confirmatório do
mento fatorial a
IMPRAFE-126
praticantes de
com
físicas gaúchos
atividades

- Fernan e 2005
Determinação: Vascon
Continuum de Auto- des
para a sua Raposo
validade celos-
contexto
aplicação no
desportivo

4 ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA:

A motivação é um dos temas mais trabalhados no campo da Psicologia do

Esporte. Nosso estudo procurou categorizar os artigos em dois temas: estudos de

validação e estudos de avaliação da motivação.

30
Com relação aos estudos de validação foram encontrados dois trabalhos. O

estudo de Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005) objetivou definir a validade de

aplicação do continuum de autodeterminação e obtiveram como resultado que os

sujeitos no geral exibiram um perfil de motivação autodeterminado, verificando-se

uma média mais elevada para a regulação identificada (motivação extrínseca). Os

autores citam a importância das diferentes formas motivacionais na indução de

diversos benefícios cognitivos, comportamentais e afetivos. Além disso, eles

sugerem algumas linhas de intervenção pedagógica considerando os resultados

obtidos. Já o estudo de Balbinotti e Barbosa (2008) teve como objetivo verificar os

índices de consistência interna e fatorial confirmatório do IMPRAFE-126 e

obtiveram como resultado a confirmação da validade para a amostra geral e para

os sexos masculino e feminino. Dessa forma, os autores sugerem que o IMPRAFE-

126 é um instrumento promissor e que pode ser utilizado por psicólogos do esporte

ou educadores físicos interessados em avaliar os níveis de motivação de atletas

ou praticantes de atividade física e esporte em geral.

Com relação os estudos de avaliação da motivação foram utilizados

diferentes instrumentos: questionário para motivação para a prática esportiva

(SALMUSKI e NOCE, 2002), entrevista semi estruturada (DIAS, CRUZ e

FONSECA, 2010), inventário de razões para o exercício (FERMINO, PEZZINI e

REIS, 2010), MPAM-R (GONÇALVES e ALCHIERI, 2010), IMPRAFE-126

(BALBINOTTI et al, 2011), Exercise Motivation Inventory (LEGNANI et al,

2011), SMS (VIEIRA et al, 2011) e IMPRAFE 54 (BALBINOTTI et al,

2011). Além disso, foram avaliados diferentes grupos de pessoas.

31
Os resultados sobre motivação encontrados relacionavam os tipos de

motivos para a prática de atividades físicas e esportes, estado de fluxo e

diferenciação de motivação intrínseca e extrínseca.

Foram encontrados cinco estudos que trabalharam na perspectiva dos

motivos para a prática de atividades físicas ou esportes.

No estudo de Balbinotti et al (2011) que avaliou alunos praticantes regulares

de atividades físicas divididos em 3 grupos: obesos, com sobrepeso e eutróficos foi

encontrado que para os obesos o fator principal de praticar exercícios físicos

regularmente foi a saúde (motivação extrínseca), seguido de prazer (motivação

intrínseca) e estética. Para os alunos de sobrepeso a tríade de maior importância é

“Estética, Saúde e Prazer” e para os estudantes eutróficos estão como mais

importantes os pares “Saúde- Estética” e “Estética- Prazer”.

O estudo de Golçalves e Alchieri (2010) com praticantes não atletas,

encontrou como resultado que os participantes praticavam atividade física mais por

motivos de saúde, diversão, aparência e competência do que por motivos sociais.

O fator que apresentou maior média na escala utilizada foi saúde. Em relação ao

gênero e faixa etária, as participantes do sexo feminino e os idosos indicaram

praticar atividades físicas mais por motivos de saúde do que os homens e os mais

jovens. Em relação aos praticantes de exercício físico e os de esporte, praticar

atividades físicas tinha como motivo principal questões de aparência e os que

praticavam atividades físicas acompanhados o faziam mais por motivos sociais.

Já no estudo de Fermino, Pezzini e Reis (2010) que avaliou frequentadores

de academias, os motivos de maior importância para a prática de atividade física

encontrados foram saúde, aptidão física, disposição, atratividade e harmonia;

mulheres e indivíduos com elevado percentual de gordura atribuem a prática de

32
atividade física ao motivo harmonia, assim como aqueles insatisfeitos com a imagem

corporal buscam as atividades para o controle do peso e harmonia.

O estudo de Legnani et al (2011) avaliou estudantes universitários e foram

encontrados como resultado que os fatores motivacionais mais importantes para os

sujeitos foram Prevenção de Doenças (fator extrínseco), Prazer/Bem-Estar (fator

intrínseco) e Condição Física (fator extrínseco). Além disso, foram encontradas

diferenças significativas entre os gêneros em cinco fatores motivacionais: Afiliação,

Competição, Controle do Peso Corporal, Reabilitação da saúde e Reconhecimento

Social.

No estudo de Salmuski e Noce (2002) que avaliou atletas paraolímpicos, teve

como resultado que o motivo mais importante para iniciar uma atividade esportiva

para os sujeitos foi o prazer da prática e a necessidade de reabilitação e os

principais motivos para praticar esportes foram a competição e o desejo de superar

limites. Além disso, a maioria dos atletas mencionou fatores estressantes:

problemas de sono, pressão de vencer e conflitos interpessoais.

Já numa perspectiva de estado de fluxo, o estudo de Vieira et al (2011) que

avaliou o estado de fluxo de praticantes de escalada e skate downhill foram

encontrados como resultados que cada fase de fluxo obteve resultados diferentes,

relacionando a motivação que os levam a prática com seu nível de habilidade

deixando sempre explícita a importância da motivação intrínseca para que a

atividade seja constante e sempre feita com vontade de superação. Diante dos

resultados, o praticante de skate downhill pode alcançar o estado de fluxo durante

a prática, tendo também maior possibilidade de persistir na busca de suas metas na

modalidade. Já o sujeito de escalada pode ter uma percepção errônea de suas

habilidades, já que apresenta características das fases iniciais, portanto a

33
possibilidade de desistir da modalidade é maior que a do praticante de skate

downhill. Os praticantes de modalidades de aventura possuem uma maior

motivação intrínseca, pelo sentimento de prazer e satisfação pessoal que tais

atividades proporcionam.

Trabalhando na perspectiva de motivação e diferenciando motivação

intrínseca e extrínseca foi encontrado o estudo de Balbinotti et al (2011), que avaliou

praticantes de atividades físicas, foram encontradas diferenças significativas no que

diz respeito às idades, indicando haver índices mais elevados nos grupos dos

adolescentes que foram entendidos como decorrentes dos tipos de tarefas de

desenvolvimento próprias desta fase e do tipo de motivação (intrínseca) que poderia

mover estes praticantes. Os menores índices observados nos demais grupos foram

entendidos como sendo decorrentes das mudanças na natureza das tarefas de

desenvolvimento próprias de cada fase e do tipo de motivação (extrínseca).

Por último e o mais diferenciado estudo encontrado de Dias, Cruz e Fonseca

(2010) que avaliou treinadores, teve como resultado que a motivação foi a

característica mais enfatizada como estímulo para os treinadores, mas o que foi

enfatizado é que esse e os outros fatores são objetos importantes de estudo para

auxiliar no trabalho dos treinadores. Os resultados das fontes de “stress” e

ansiedade experenciados pelos sujeitos do estudo e as estratégias de “coping”

utilizadas em situações estressantes e problemáticas eram comuns em outros

estudos, porém como alguns aspectos, não antes considerados, foram apontados

como estressantes a pesquisa tornou-se mais enriquecedora para esse campo de

estudo. Outro fator positivo do estudo foi que ele analisou a importância de outras

emoções, além da ansiedade, nas competições desportivas.

34
5 CONCLUSÕES

Os artigos apresentados foram muito claros na possibilidade de diversas

avaliações da motivação no contexto das atividades físicas e esporte além da

possibilidade de validação de instrumentos. As avaliações vão desde fatores mais

abrangentes como motivação extrínseca e intrínseca até fatores mais específicos

como motivos para a prática e avaliação de estado de fluxo. As validações

apresentadas foram de instrumentos quantitativo e também qualitativo.

Nas diversas observações, a motivação mostrou ter um importante papel na

prática de atividades físicas e nos esportes e também como estímulo para o

treinador.

Os motivos mais encontrados para a prática de atividades físicas e esporte

foram saúde e prazer, considerados como tipos de motivação extrínseca e

intrínseca respectivamente. Outros motivos como estética, competição, social e

superação de limites também foram encontrados.

Os resultados mostram a importância das diferentes formas motivacionais na

indução de diversos benefícios cognitivos, comportamentais e afetivos e a

importância de se trabalhar a motivação tanto intrínseca quanto extrínseca para a

prática de atividades físicas e esportes. É importante identificar e entender os

principais fatores que podem motivar a população e deve ser um elemento a ser

trabalhado tanto para início da prática quanto para manutenção.

São necessários mais estudos na área para um melhor entendimento de

como esses elementos se integram na dinâmica geral de funcionamento das


35
pessoas possibilitando dessa maneira a criação de modelos de orientação e de

educação à prática regular de atividades físicas e medidas de motivação ao

exercício que sejam adequados ao público em questão.

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37
QUERIDOS ALUNOS,
Chegamos ao final desse módulo.
Fiquem atentos a bibliografia utilizada
para a confecção desse material. Elas serão
muito úteis para a resolução da avaliação.

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Você também pode gostar