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A PSICOLOGIA E O SER HUMANO


136 minutos

 Aula 1 - Introdução à psicologia do esporte e do exercício

 Aula 2 - Personalidade e o estilo emocional

 Aula 3 - A motivação

 Aula 4 - Ansiedade, estresse e ativação

 Referências

Aula 1

INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO


EXERCÍCIO
Vamos começar a preparar você, futuro profissional de educação física, para sua compreensão sobre a
psicologia do esporte e do exercício e atuação nesta área.

32 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Na Aula 1, vamos começar a preparar você, futuro profissional de educação física, para sua
compreensão sobre a psicologia do esporte e do exercício e atuação nesta área. Iremos informá-lo sobre a

natureza da psicologia do esporte e do exercício, descrevendo seu objeto de estudo, um pouco de sua
história e o que fazem os psicólogos do esporte e do exercício.

Como a união entre a ciência e a prática é um conceito importante, esta aula também apresentará as
principais formas de aquisição de conhecimento na psicologia do esporte e do exercício, enfatizando a
importância de unir os conhecimentos científico e prático, possibilitando melhor atuação psicológica aos
alunos, aos atletas e aos praticantes de exercícios. Essas informações podem ajudá-lo a decidir se deseja ou
não seguir uma carreira, em equipe multidisciplinar, na área da psicologia do esporte e do exercício. Venha
comigo neste aprendizado!

CONHECENDO A PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO

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Como uma área emergente da psicologia aplicada, a psicologia do esporte e do exercício consiste no
“estudo científico do comportamento humano em contextos esportivos e de exercício e na aplicação prática
desses conhecimentos” (WEINBERG; GOULD, 2017, p. 4). Ou seja, os psicólogos do esporte estudam as causas
e os efeitos das emoções, dos pensamentos e dos comportamentos que um indivíduo apresenta antes,
durante e após a prática de exercícios físicos ou de atividade esportiva.
A psicologia do esporte começou a ser desenvolvida no início do século XX, visando esclarecer a razão de os

profissionais de educação física deviam estar familiarizados com a psicologia e seus benefícios psicológicos
que poderiam advir da prática das atividades físicas e esportivas. A trajetória histórica pode ser sintetizada
em seis períodos, conforme mostra o Quadro 1 a seguir:

Quadro 1 | Trajetória histórica da psicologia do esporte e do exercício no Brasil e no mundo

Períodos Características

Estudos isolados. O norte-americano Norman Triplett estudou sobre as

Primeiro período: 1893-1920 motivações que levavam os ciclistas a treinar em grupo e terem melhor
desempenho sobre aqueles que treinavam sozinhos.

Laboratórios e testes psicológicos da psicologia do esporte surgiram em


vários locais no mundo: na antiga União Soviética (Rudik; Puni), nos Estados

Segundo período:1921-1938 Unidos (Gri"th), no Japão (Matsui) e na Alemanha (Schulte; Sippel). Nos EUA,
Coleman Gri"th discutiu os problemas levantados pelos métodos de

treinamento da época.

Desenvolvimento científico do campo. No Brasil, a psicologia do esporte teve


Terceiro período: 1939-1965 início na década de 1950, quando o psicólogo João Carvalhaes iniciou o

acompanhamento psicológico dos jogadores do São Paulo Futebol Clube.

Tornou-se uma disciplina no curso de Educação Física. Surgiram as


Quarto período: 1966-1977 consultorias de psicólogos direcionadas a atletas e a equipes. Nos Estados

Unidos, foram estabelecidas as primeiras sociedades científicas da área.

Houve aumento do número de eventos e de publicações científicas na área,

contando com mais estudantes e profissionais. O treinamento assumiu uma

perspectiva multidisciplinar. Em 1979, foi fundada a Sociedade Brasileira de


Quinto período: 1978-2000
Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (SOBRAPE), e, em

1986, foi criada a Sociedade Sul-Americana de Psicologia do Esporte, da


Atividade Física e da Recreação (SOSUPE).

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Contínuo crescimento em todo o mundo, pela pesquisa considerável e

diversificada e pelo interesse em aplicação e consultoria. No Brasil,


Sexto período: de 2001 até o
psicólogos passaram a integrar equipes olímpicas e paraolímpicas. No nível
presente
mundial, observou-se um aumento da importância conferida às pesquisas

em psicologia do exercício e do esporte, em virtude dos benefícios que o


esporte traz à saúde e à qualidade de vida.

Fonte: Weinberg; Gould (2017, [s. p.]).

No entanto, ainda é preciso esclarecer que, nem toda psicologia aplicada ao esporte é psicologia do esporte.
Rubio (2003) nos aponta que a psicologia do esporte é a melhor forma de estudar o ser humano envolvido na

prática de atividade física e esportiva competitiva e não competitiva, podendo abranger processos de
avaliação, práticas de intervenção ou análise do comportamento social que surge na situação desportiva,

para quem pratica ou assiste o evento.

Já a psicologia no esporte é a transposição da teoria e técnica de várias especialidades e correntes da


Psicologia para o contexto esportivo, com exceção a: aplicação de avaliações para a construção de perfis e o

uso de técnicas de intervenção para maximizar o desempenho esportivo (RUBIO, 2007). No Brasil, por quase
três décadas, parte da produção acadêmica e o trabalho prático, pautaram-se em modelos teóricos

desenvolvidos nos EUA e na Europa (RUBIO, 2007). Mas, devido a especificidade do esporte brasileiro, os
instrumentos e as técnicas precisaram ser adaptados às condições de instituições esportivas e as variações

culturais, presentes na vida dos atletas.

O processo de constituição da psicologia do esporte no Brasil, conforme Carvalho (2019) indica que primeiro
ocorreu a inserção da psicologia nos cursos de Educação Física (1930-1940), por meio de outros profissionais,

resultando nas primeiras iniciativas de aplicação da psicologia no esporte de alto rendimento e de várias
publicações. Em um segundo momento, de 1950 a 1960, ocorreu a aproximação entre os campos de

conhecimento da psicologia e da educação física, permitindo aplicações da psicologia no contexto esportivo.

O esporte (competitivo ou não) e os exercícios físicos têm despertado interesse teórico-prático de diversas
áreas científicas, com significativas descobertas e pesquisas, principalmente com estudos laboratoriais de

caráter multidisciplinar, abrangendo mais as ciências do esporte.


Portanto, a psicologia do esporte, como ciência, trabalha na e com a prática esportiva, estudando os

fenômenos humanos, para poder comprovar suas teorias e para poder aplicar seus métodos. Como forma de
desenvolver conhecimento, em uma relação mútua, os profissionais envolvidos na prática esportiva, podem

se aprimorar, tanto no campo teórico como no metodológico; e, por outro lado, os psicólogos desportivos

podem aprender e compreender a realidade e os problemas da prática esportiva e do exercício com a ajuda
das pessoas que se ocupam da parte prática.

OBJETO DE ESTUDO E ATUAÇÕES

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Os pesquisadores da área da psicologia do esporte e do exercício têm dois objetos de estudos: entender

como os fatores psicológicos afetam o desempenho motor de uma pessoa; e, entender como a participação

na atividade física afeta seu desenvolvimento psicológico (WEINBERG; GOULD, 2017). Desta forma, o que se
pretende é identificar princípios e diretrizes para que outros profissionais (de educação física, por exemplo)

possam empregar, para ajudar crianças e adultos a participarem e se beneficiarem de atividades esportivas e

de exercício.

Precisamos esclarecer o seguinte: tanto o psicólogo quanto o profissional em educação física podem atuar

em Psicologia do esporte. No entanto, a intervenção psicológica, no Brasil, é exclusiva ao psicólogo, mas


quando aplicada para fins educacionais e científicos (estudos dos fenômenos psicológicos em diferentes

contextos), o profissional de educação física e do esporte também pode atuar.

Com sua evolução, a psicologia do esporte e do exercício se tornou uma disciplina científica, compondo as

ciências do esporte, com suas próprias teorias, seus métodos e programas de treinamento. De acordo com
Rubio (2002), desde o século XX, as pesquisas envolviam estudos próximos à fisiologia, mas a partir de 1988,

temas como motivação, personalidade, agressividade e violência, liderança, dinâmica de grupo, bem-estar

psicológico, pensamentos e sentimentos dos atletas e diversos outros aspectos da prática esportiva e do

exercício começaram a fazer parte da prática profissional e das pesquisas. Assim como os aspectos

emocionais, por vezes um componente decisivo, também foram incorporados ao treinamento de atletas e
equipes de alto rendimento.

A Figura 1 mostra como a psicologia do esporte e suas inter-relações com outras ciências do esporte e a

atividade esportiva, exigindo-se um conhecimento maior nessas áreas, para uma atuação mais assertiva e

efetiva.

Figura 1 | Psicologia do esporte e suas inter-relações

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Fonte: adaptada de Samulski (2009, p. 5); Conde et al. (2019, p. 28).

De acordo com a Figura 1, aos campos de atuação/aplicação da psicologia do esporte e do exercício, que

estão mais presentes na realidade brasileira, são:

• Esporte de rendimento: a psicologia é utilizada como uma ferramenta para aperfeiçoar o processo de

recuperação e para otimizar o desempenho (exemplo: atletas profissionais de associações ou federações).


• Esporte educativo ou iniciação esportiva: a psicologia analisa os processos de ensino e de aprendizagem,

com enfoque na questão socioeducativa do esporte e do exercício, tendo como base as fases do

desenvolvimento cognitivo, emocional e psicossocial (exemplo: escolinhas de natação ou futebol; esporte

escolar).

• Esporte recreativo: tem em vista o bem-estar físico e mental do indivíduo, estuda as motivações, as
atitudes e os interesses de grupos recreativos de diferentes faixas etárias, atuações profissionais e classes

socioeconômicas (exemplo: corridas de rua, exercícios funcionais, academias, entre outros).

• Esporte de reabilitação: envolve atletas lesionados e atletas deficientes físicos ou mentais, intervindo nos

aspectos preventivos e terapêuticos do esporte e do exercício, como reinserção social, melhoria de qualidade
de vida e de lazer (exemplo: atletas paraolímpicos).

• Projetos sociais: objetiva a inclusão social dos indivíduos em vulnerabilidade social e psíquica, por meio de

equipe multidisciplinar, com uso de ferramentas pedagógicas associadas à prática esportiva (exemplo:

esportes em abrigos, associações de bairros, ).

• Clínica do esporte: direciona o foco para a relação entre os fenômenos pessoais e as demandas esportivas
que os praticantes ou atletas experienciam, como os transtornos emocionais graves (depressão ou

tendências suicidas), transtornos alimentares e abuso de substâncias.

APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO

Em diferentes contextos, a aplicação da psicologia do esporte e do exercício é capaz de influenciar no

desempenho de atletas e, de forma relevante, na melhoria da saúde física e mental de seus praticantes. É

capaz de influenciar e moldar comportamentos de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, a alcançar

o máximo de participação e desempenho, satisfação pessoal, desenvolvimento mediante as atividades e,


ainda, auxiliar no tratamento de problemas de saúde.

Veja nos exemplos, como a psicologia do esporte e do exercício pode ser aplicada: no fatídico 7 a 1 para a

Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, o estado emocional dos jogadores brasileiros estava visivelmente

abalado, pela pressão em vencer em casa, por ser campeão na Copa das Confederações, pela falta de coesão
entre jogadores, pela falta de liderança e também de motivação dos jogadores entre outros fatores. Percebe

como a preparação psicológica poderia ter interferido no desempenho esperado por um jogador ou a

equipe?

E se você fosse um personal trainer, como se sentiria com o pouco interesse de seu(s) cliente(s) em aprender

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novas capacidades de condicionamento para a vida toda? Como você motivaria os alunos (clientes)
sedentários a se engajar e permanecer em atividades e/ou exercícios físicos?

Na prática da intervenção psicológica junto a atletas e equipes, no caso das modalidades individuais, o foco é

o próprio atleta, com atividades voltadas para a concentração, o controle da ansiedade e o manejo das

variáveis ambientais (mentalização, relaxamento, modelagem de comportamento, análise verbal, inversão de


papéis, técnicas expressivas ou corporais). No caso das modalidades coletivas, o foco da intervenção recai

sobre as relações grupais, a formação de vínculo e organização de liderança (jogos dramáticos e técnicas de

sensopercepção) (RUBIO, 2007).

No contexto competitivo, existe divergências entre técnicos e psicólogos do esporte sobre qual intervenção

será mais bem-sucedida para vencer um jogo, se por meio de defesa destacada, se por um sistema ofensivo
aberto ou se por um plano de jogo estruturado e controlado (por exemplo). Para isso, Weinberg e Gould

(2017) sugerem para esses profissionais, três orientações mais prevalentes no campo esportivo e do

exercício: orientações sociopsicológicas, psicofisiológicas e cognitivo-comportamentais.

A orientação psicofisiológica estuda os processos fisiológicos do cérebro e sua influência sobre a atividade

física (exemplo: avaliar os batimentos cardíacos, a atividade de ondas cerebrais e os potenciais de ação
muscular); a orientação sociopsicológica focaliza como interações complexas entre o ambiente social e a

constituição pessoal do atleta ou praticante de exercício influenciam o comportamento (exemplo: examinar

como o estilo e as estratégias de um líder favorecem a coesão do grupo e influenciam a participação em um

programa de exercícios); a orientação cognitivo-comportamental examina de que modo os pensamentos de

um indivíduo determinam comportamentos (exemplo: avaliar autoconfiança, ansiedade, orientações ao


objetivo, mentalização e motivação intrínseca).

Diante do que foi exposto, é possível entender que a psicologia do esporte brasileira segue em conjunto tanto

com a psicologia como com o esporte. No contexto do esporte competitivo a intervenção visa a produção da

vitória; na prática de atividades de tempo livre, na iniciação esportiva não competitiva e na reabilitação, o que
norteia é a motivação e a adesão, o bem-estar psicológico e o manejo de pensamentos e sentimentos que

levam à busca da atividade física e esportiva em diversos contextos sociais em cada uma dessas populações.

VÍDEO RESUMO

Neste vídeo você verá sobre o objeto de estudo da psicologia do esporte e do exercício e os campos de

atuação nesta área. Também verá um pouco da trajetória histórica da psicologia do esporte e do exercício no
Brasil e no mundo, além de poder compreender como a ciência e a prática andam lado a lado, dando suporte
para geração de conhecimento científico e melhor atuação psicológica aos alunos, aos atletas e aos

praticantes de exercícios.

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 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre as delimitações das áreas de atuação na psicologia do esporte no Brasil,
formação necessária, intervenção na psicologia do esporte brasileira e suas inter-relações. Leia o artigo
de Ivan Tertuliano e Afonso Machado que trata especificamente da psicologia do esporte brasileira.

TERTULIANO, I. W.; MACHADO, A. A. Psicologia do esporte no Brasil: conceituação e o estado da arte.


Pensar a Prática, Goiânia, v. 22, n. 53382, p. 1-9, 2019. Disponível em:

https://revistas.ufg.br/fef/article/view/53382/33648. Acesso em: 23 dez. 2022.


Que tal conhecer como o medo pode impactar os atletas individualmente? O medo é um dos
sentimentos mais presentes nos esportes e em segundos, pode fazer com que atletas percam o seu

rendimento. Ouça o podcast para entender como esse estado emocional provoca reações fisiológicas
que podem comprometer o desempenho de um atleta.FALCÃO, R. S. Como o medo pode impactar os

atletas. 2022. Disponível em:


https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy8xZGMzMjE0NC9wb2RjYXN0L3Jzcw/
episode/M2VjZjQ0YTgtOTM5MS00MGY0LTk1NzEtZWMzN2YzMGRiMTRi?hl=pt-

BR&ved=2ahUKEwj7uNqR6Nj6AhWeHrkGHYoqAcoQjrkEegQIDxAF&ep=6. Acesso em: 23 dez. 2022.

Aula 2

PERSONALIDADE E O ESTILO EMOCIONAL


Nesta aula, você começará a aprender sobre as características da personalidade dos participantes de
esporte e de exercícios físicos e como os comportamentos se alteram, dependendo das suas motivações
e emoções.

32 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Nesta aula, você começará a aprender sobre as características da personalidade dos
participantes de esporte e de exercícios físicos e como os comportamentos se alteram, dependendo das suas
motivações e emoções. Entenderá como a neurociência aplicada ao esporte tem beneficiado atletas e

instituições esportivas em melhorias no rendimento esportivo, em decorrência da estimulação de funções


cognitivas. Essa compreensão te levará a perceber que, a competitividade, na maioria das modalidades

esportivas, está sendo decidida cada vez mais pelos fatores psicológicos e que, a personalidade é um
elemento importante que pode afetar a saúde do indivíduo, uma vez que reforça suas potencialidades e

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influencia seu comportamento. Portanto, saber quem são as pessoas que está em treinamento e suas
personalidades, te dará suporte necessário para trabalhar efetivamente com praticantes de esportes ou de
exercícios físicos. Vamos lá!

A PERSONALIDADE E A SUA ESTRUTURA

A importância da atividade esportiva para o desenvolvimento da personalidade é reconhecida por promover


positivamente a disposição para o comportamento social, a estabilidade emocional, a motivação para o

rendimento, a autodisciplina e a força de vontade (SAMULSKI, 2009). Além disso, para o bom desempenho
esportivo, “também são necessárias características de personalidade, como capacidade de liderança,
autodomínio, extroversão e comunicação social” (SAMULSKI, 2009, p. 35).

Você já se perguntou por que alguns praticantes de exercícios físicos permanecem em seus programas de
condicionamento, enquanto outros desistem ou perdem a motivação? Será que a personalidade de um atleta

interfere no sucesso esportivo ou na seleção do esporte no qual teria melhor êxito?


De acordo com Pervin e John (2008) a personalidade representa aquelas características da pessoa que
explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos. Os padrões consistentes

de comportamentos e a qualidade interna do indivíduo (hereditariedade e influências do ambiente) explicam


as regularidades, já as qualidades no contexto esportivo ou de exercícios físicos, explicam quais são essas

regularidades. Portanto, “personalidade é o conjunto daquelas características que fazem da pessoa ser única”
(WEINBERG; GOULD, 2017, p. 25).
Entenda melhor a personalidade por meio de sua estrutura. Veja a Figura 1.

Figura 1 | Os níveis da estrutura da personalidade

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Fonte: Weinberg e Gould (2017, p. 26).

A personalidade é dividida em três níveis separados, porém relacionados (SAMULSKI, 2009; WEINBERG;

GOULD, 2017):
• Núcleo psicológico, o nível mais básico e estável da personalidade, inclui atitudes e valores, motivos e
interesses, pensamentos e crenças sobre a própria pessoa.

• Respostas típicas, se refere ao modo como cada pessoa aprende a se adaptar ao ambiente e como
responde geralmente a estímulos ambientais e sociais.

• Comportamentos relacionados ao desempenho do papel – aspecto mais variável da personalidade, refere-


se como uma pessoa se comporta com base em sua percepção da situação social e o papel social nessa
situação (pai, mãe, técnico, árbitro, dirigente).

As pessoas diferem umas das outras no jeito de se comportar, de reagir, ter ou não atitude em determinada
situação, pensar, se emocionar e responder num determinado momento, de acordo com seus traços e suas

emoções (RÚBIO; RABELO; CRUZ, 2018).


Traços são estruturas internas estáveis que servem como predisponentes do comportamento e,
consequentemente, podem ser "indicadores" de futuros comportamentos. A combinação individual desses

traços (necessidades, motivos, interesses, atitudes, temperamento), em proporções variadas, caracterizará a


personalidade ou a maneira de ser de uma pessoa. Portanto, traço é uma tendência comportamental.
As emoções podem ser traduzidas por vários estados, que podem ser de ansiedade, alegria, preocupação,

estresse, tristeza e medo, os quais, na maioria das vezes, determinam as ações. Assim, emoções, sentimentos
e humor caracterizam-se em estados emocionais, que variam conforme situações e momentos, de caráter

temporário.
Estudos da neurociência têm relacionado a importância do córtex pré-frontal na regulação das emoções,
relacionando essa estrutura anátomo-fisiológica às características de personalidade, como exemplo, o “estilo

afetivo”, isto é, o jeito que cada pessoa percebe estímulos emocionais e reage a eles (LENT, 2018).
Evidências mostram que o papel do córtex pré-frontal pode ser lateralizado, ou seja, o direito e o esquerdo

teriam funções diferentes no processamento das emoções. Portanto, a neurociência é fundamental para que
o treinador entenda os aspectos corticais (provenientes do trabalho do encéfalo referente à coordenação) e
aos aspectos cognitivos (percepção, antecipação, tomada de decisão, etc.).

PERSONALIDADE E ESPORTE

As características emocionais e comportamentais que as pessoas apresentam no seu meio e nas suas
relações, geralmente definem seu tipo de personalidade, além da relação com a hereditariedade e com o

ambiente. Os traços de personalidade, portanto, tentam descrever e, de alguma forma, prever o


comportamento humano.
O comportamento pode ser variável de pessoa para pessoa, mas os aspectos constantes – traços que se

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manifestam de inúmeras maneiras, indicam uma dimensão das diferenças individuais e como as pessoas

podem ser descritas, segundo a probabilidade de se comportarem, sentirem ou pensarem de uma maneira
particular (PERVIN; JOHN, 2008). Por exemplo, a probabilidade de agir de maneira extrovertida e simpática, ou

de ficar nervoso e preocupado, ou de pensar sobre um novo plano de treinamento, indicará forte tendência
dessa pessoa ter altos traços de extroversão e nervosismo.
Com a determinação dos traços de personalidade (pela variedade e número de trações), é possível sugerir a

um esportista à qual prática esportiva melhor corresponde e também como obter melhores resultados nas
competições (WEINBERG; GOULD, 2017). Quando os traços são identificados e em que grau estão presentes
nos atletas, pode-se saber, possivelmente, a maneira que se comportarão ou, ao menos, suas reações

psicológicas.
Mas como os traços de personalidade influenciam ou são influenciados pelos esportes? Samulski (2009)

sugere três diferentes hipóteses para compreender como acontece as relações entre esporte e personalidade
(ver Figura 2).

Figura 2 | Relações entre esporte e personalidade.

Fonte: Samulski (2009, p. 39).

• Na hipótese 1, o esporte é um fator de seleção, pois de acordo com a estrutura de personalidade, as


pessoas podem se interessar por modalidades esportivas específicas e ainda, se adaptar melhor ao perfil de

exigência de cada esporte. Por exemplo, pessoas orientadas para o rendimento se dedicam ao esporte
competitivo; pessoas agressivas se interessam pelo boxe; pessoas introvertidas, pelos esportes individuais.
• Na hipótese 2, o esporte é um fator de socialização. A atividade esportiva influencia a personalidade e o seu

desenvolvimento de forma específica. Altera, por exemplo, a motivação para o treinamento, o


comportamento agressivo, a liderança e a comunicação social.

• Na hipótese 3, há uma reciprocidade entre os processos de seleção e de socialização. Por exemplo, o


boxeador agressivo por natureza torna-se ainda mais agressivo com a prática desse esporte; o atleta de alto
nível melhora seu desempenho ao praticar esportes competitivos; o atleta de esportes coletivos torna-se

mais extrovertido ao praticá-los.


Para medir a personalidade, Weinberg e Gould (2017) indicam que uma abordagem interacional deva avaliar

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os traços psicológicos (estilo de comportamento de uma pessoa) e os estados (efeitos da situação nos

comportamentos). Para os autores, embora escalas de personalidade forneçam alguma informação útil sobre
estados e traços de personalidade, medidas específicas à situação (por exemplo, lance livre numa final de
jogo de basquete) podem prever comportamentos com mais confiabilidade.

Como a neurociência estuda o controle das funções sensoriais, dos comportamentos e dos processos
cognitivos, tem, portanto, uma importante área de interface com a psicologia do esporte e do exercício.

Yarrow, Brow e Krakauer (2009), sugerem que técnicas e tecnologias, desenvolvidas no âmbito das
neurociências, têm permitido medir importantes funções partindo da interação humana com estímulos
disponíveis no contexto esportivo, destacando-se as capacidades de estimativa do ambiente externo,

processos de tomada de decisão, habilidades de resolução de problemas, atenção espacial, modelos de


representação interna, entre outros.

PERSONALIDADE E A NEUROCIÊNCIA

De acordo com Bara Filho e Ribeiro (2005, p. 104), as pesquisas na área da personalidade

buscam determinar diferenças em variáveis psicológicas de um determinado grupo de atletas,


especificamente, o perfil do atleta competitivo, as semelhanças e diferenças entre atletas de

diferentes níveis de performance, entre atletas dos sexos masculino e feminino, entre atletas de
diferentes posições no campo de jogo, entre grupos de atletas de esportes coletivos e individuais e

entre atletas e não atletas.

Deve-se considerar ainda, a dimensão social que o esporte atingiu nos últimos anos, tornando a

responsabilidade, influência e o papel social dos atletas cada vez maior, afetando, direta ou indiretamente o
rendimento do atleta, de forma positiva ou negativa.

Os objetivos da avaliação de aspectos psicológicos no esporte de alto rendimento e na atividade física e do


lazer são bem distintas.

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No esporte de alto rendimento qualifica e quantifica os estados emocionais em situações de
competição e treinamento, os níveis de processos psíquicos, as relações interpessoais, a

otimização de trabalhos em equipe etc. Na atividade física e do lazer, com foco na análise da
qualidade de vida, busca de desafios pessoais, saúde mental, entre outros objetivos.

Essas avaliações estão pautadas em procedimentos de observação, entrevistas, experimentos pedagógicos e


em laboratório e testes psicológicos. Incorporar qualquer uma nos processos de treinamento físico e nas

questões relacionadas à saúde populacional, otimizar o conhecimento sobre as capacidades e as limitações e,


consequentemente, verificar os efeitos do esporte e do exercício na vida do praticante (RÚBIO; RABELO;
CRUZ, 2018).

Equipamentos e tecnologia também podem auxiliar no processo das avaliações psicológicas, como filmagem,
fotografia, tecnologia específica para tomada de medida, cronometragem, procedimentos estatísticos e

outras metodologias que registrem ações em condições naturais de atividade esportiva. A análise dos dados
produzirá indicadores que servirão de base para direcionamentos de novas ações, por exemplo, intensidade
e estabilidade das reações emocionais, motivos para à prática esportiva, o sentido de coletividade, entre

outros (RÚBIO; RABELO; CRUZ, 2018).


A neurociência está, a cada dia, fazendo parte do esporte e da rotina das equipes, contribuindo com as

ciências do esporte, para melhorar o desempenho do esporte de alto rendimento. Uma técnica adotada é a
de estimulação cerebral (neuromodulação), que busca melhorar o nível de concentração, a rapidez na
tomada de decisão e a ajudar os atletas a se recuperarem do estresse provocado pelos jogos e pelas

cobranças.
O Clube de Regatas do Flamengo tem empregado métodos de neurociências ao futebol, ao introduzir o
sistema de biofeedback, para o desenvolvimento e a manutenção de estados de concentração e autocontrole.
A equipe de vôlei masculina de Campinas utiliza em seus treinamentos um óculos, bloqueando a visão parcial

ou total do atleta, enquanto realiza fundamentos de passe e recepção, para melhorar a leitura do jogo e a
antecipação de jogadas.
O neurofeedback foi utilizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro em atletas no tiro esportivo nos Jogos do Rio –
2016, modalidade que requer altíssimo nível de concentração. A técnica utiliza um aparelho de
eletroencefalografia conectado à testa do atleta e por meio de um software, mapeia as reações cerebrais.

Conhecer o atleta e suas características psicológicas é necessário no contexto do esporte competitivo, porque
pode facilitar os relacionamentos entre técnicos e atletas, bem como direcionar ações práticas a serem
desenvolvidas.

VÍDEO RESUMO

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Neste vídeo você aprenderá sobre as características da personalidade de praticantes de esporte e de
exercícios e como seu comportamento pode ser alterado, dependendo de seus sentimentos, suas emoções e
as exigências do esporte e do exercício. E entenderá também como a neurociência aplicada ao esporte pode

beneficiar atletas em busca de melhoria no rendimento esportivo.


Conhecer o praticante e suas características psicológicas te dará suporte necessário para Direcionar ações
práticas a serem desenvolvidas, na busca de melhor desempenho.

 Saiba mais
Que tal conhecer algumas investigações relacionadas à neurociência, ensino-aprendizagem-treinamento
e ao esporte coletivo? Você verá que, quando aplicados à prática esportiva, os conhecimentos da
neurociência podem ser aplicados para manipular o ambiente de treino, de forma que permitam
enfatizar as funções executivas e modificar o comportamento técnico-tático dos atletas.

FLOR, F. K. S. et al. A importância da neurociência para o esporte coletivo: uma revisão narrativa. Rev Ed
Física / J Phys Ed, v. 86, n. 3, p. 230-238, 2017. Disponível em:
https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/267/pdf_97. Acesso em: 18 out.
2022.

Quer entender mais os fatores de personalidade que parecem exercer impactos, positivo ou negativo,
na saúde física das pessoas? Leia o artigo que trata da aplicabilidade de alguns métodos de avaliação de
aspectos psicológicos, a relação da personalidade ao comportamento e à saúde. Este artigo trata do
“Modelo dos Cinco Grandes Fatores”, considerado o mais importante para avaliar a personalidade
humana. Estude com atenção sobre ele, que será objeto de avaliação do conteúdo desta aula.

VENZON, C. T.; KERN, E. C. Personalidade, comportamentos de saúde e adesão ao tratamento a partir do


Modelo dos cinco grandes fatores: uma revisão de literatura.
Psicologia, Saúde e Doenças, v. 13, n. 1, p. 100-109, 2012. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/262748350_Personalidade_Comportamentos_de_saude_e_ade
sao_ao_tratamento_a_partir_do_modelo_dos_cinco_grandes_fatores_Uma_revisao_de_literatura. Acesso

em: 17 out. 2022.

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Aula 3

A MOTIVAÇÃO
Nesta aula, você aprenderá sobre os processos motivacionais, com enfoque nas teorias e bases da
motivação.

30 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Nesta aula, você aprenderá sobre os processos motivacionais, com enfoque nas teorias e
bases da motivação. Verá que a abordagem interacional de motivação (pessoa-situação) é a mais indicada
para a prática profissional, ajudando-o a entender a motivação em vários contextos de atividade física e
esporte.
Das teorias motivacionais que explicam a influência da motivação no rendimento e na competitividade de

uma pessoa e no seu comportamento, verá que a teoria das metas para realização tem demonstrado ser de
grande valia e aplicação para o esporte.
Compreenderá como os fatores pessoais e situacionais influenciam a motivação do participante, assim como
as instruções do técnico/professor e as dos pais. Entender por que algumas pessoas são dinâmicas enquanto
outras não são, te dará suporte para direcionar ações e aplicar estratégias que possam aumentar o nível de

motivação das pessoas.

CONCEITUANDO A MOTIVAÇÃO

Estudar motivação é importante para se entender as diversas ocorrências que envolvem e compõem a
prática esportiva e de exercícios físicos. Você já se perguntou o que motiva as pessoas a participarem de
determinadas atividades físicas e por que as realizam com determinada intensidade e persistência? Por que
uma pessoa se dedica a uma modalidade esportiva e treina duas ou três vezes por semana, enquanto uma

outra se dedica a uma modalidade na qual treina duas ou três vezes por dia?
Para Samulski (2009, p. 168), “a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a
uma meta, que depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais/situacionais
(extrínsecos)”. Portanto, a motivação advém de duas fontes: intrínseca, representada pelos fatores internos
que motivam a pessoa para a prática, e extrínseca, influenciada por fatores externos (punição, recompensa,

etc.) (MACHADO, 2006). Por exemplo, enquanto algumas pessoas praticam esportes por prazer, outras o
fazem para ganhar medalhas e reconhecimento.
Weinberg e Gould (2017, p. 47), definem a motivação como “a direção e a intensidade do esforço”. A direção

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do esforço refere-se ao fato de uma pessoa buscar, aproximar-se ou ser atraída por certas situações ou não.

A intensidade do esforço refere-se à quantidade de empenho que uma pessoa coloca em determinada
situação.

A motivação para qualquer prática depende da interação entre a personalidade (fatores internos –
expectativas, motivos, necessidades, interesses) e os fatores ambientais (facilidades, tarefas atrativas,

desafios, influências sociais) (WEINBERG; GOULD, 2017). Ou seja, existem determinadas situações que
motivam um maior número de pessoas, em detrimento de outras situações que dependerão da

personalidade de cada um.


Os motivos que levam a pessoa a praticar uma ação, tendo como consequência um desempenho ótimo, por

exemplo, vai desde fazer parte de um grupo, ser aceito socialmente, diversão ou apenas a preocupação com
a saúde e manter a boa forma. Portanto, a motivação é um estado emocional que leva o indivíduo a
interessar-se por algo ou a praticar algo, mobilizando forças para atingir seus objetivos.

As pessoas são motivadas a se comportarem por diferentes fatores e agem conforme suas percepções
pessoais de motivação. Weinberg e Gould (2017) apontam três abordagens sobre a motivação:

• Abordagem centrada no traço, o comportamento é motivado em função das características de


personalidade do indivíduo, bem como de suas necessidades e seus objetivos próprios – a motivação está no

praticante.
• Abordagem centrada na situação, a motivação para o comportamento depende do momento e contexto,

independente das características individuais.


• Abordagem na interação, (mais útil para orientar a prática profissional), a motivação se origina da

associação participante – situação. Portanto, além dos fatores internos (características individuais), fatores
externos (como influência de outras pessoas, saúde, etc.) e situacionais também influenciam sobre a

participação em atividades físicas ou esportivas.


Partindo do entendimento de que, todo comportamento é determinado por suas motivações, a maneira de
agir supõe que a ação é determinada pelas expectativas e avaliações dos resultados e suas consequências. Os

esforços da pessoa em completar uma atividade, atingir excelência, superar obstáculos e aperfeiçoar seu
desempenho, define-se como motivação de realização – responsável pela motivação em situações de

rendimento e competição (WEINBERG; GOULD, 2017). Assim, a motivação pode ser orientadora e condutora à
realização de aspirações, fazendo o praticante persistir nas tarefas e sentir-se orgulhoso ao alcançar os

objetivos.

MOTIVAÇÃO E AS PRÁTICAS ESPORTIVA E DE EXERCÍCIO

A motivação para realização no esporte, popularmente chamada de competitividade, é definida como “uma

disposição para lutar por satisfação ao se comparar com algum padrão de excelência na presença de
avaliadores” (WEINBERG; GOULD, 2017, p. 56). É um comportamento voltado à realização em um contexto
competitivo, com a avaliação social. Portanto, o nível de motivação para realização acarreta a auto

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competição, enquanto o nível de competitividade influencia o comportamento em situações avaliadas

socialmente.
Veja como a competitividade e a motivação para a realização de uma pessoa influenciam numa variedade de

comportamentos, pensamentos e sentimentos (WEINBERG; GOULD, 2017):


• Na escolha da atividade (por exemplo: buscar adversários de igual capacidade, maior ou menor, para

competir/jogar contra eles).


• No esforço na busca de objetivos (por exemplo: a frequência com que se pratica).

• Na intensidade do esforço na busca de objetivos (por exemplo: a intensidade dedicada a um treinamento).


7 Na persistência diante o fracasso e adversidade (por exemplo: quando as exigências se tornam mais árduas,

se esforça mais ou relaxa?).


Quatro teorias surgiram para explicar o que motiva as pessoas a agir: teoria da necessidade de realização,
teoria da atribuição, teoria das metas de realização e teoria da motivação para competência.

Figura 1 | Teorias de motivação para realização

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Fonte: adaptada de Samulski (2009, p. 170-182); Weinberg e Gould (2017, p. 57-64).

Juntas, essas teorias sugerem que atletas com altos e baixos níveis de realização podem ser diferenciados por

motivos, pelas tarefas que escolhem para serem avaliados, pelo esforço que exercem durante a competição,
pela persistência e pelo desempenho (WEINBERG; GOULD, 2017):

• Atletas com altos níveis de realização geralmente escolhem tarefas desafiadoras, têm percepções elevadas
de sua capacidade e seu controle e têm melhor desempenho quando são avaliados. Atribuem o sucesso a

fatores estáveis e internos, como alta capacidade, e atribuem o fracasso a fatores instáveis e controláveis,
como baixo esforço.

• Atletas com baixos níveis de realização, costumam ter baixa percepção de capacidade e controle, julgam-se
mais em relação a objetivos voltados ao resultado, evitam tarefas desafiadoras e atribuem o sucesso à sorte

ou à facilidade da tarefa (fatores externos, incontroláveis). Atribuem o fracasso à baixa capacidade (um
atributo interno, estável).
A motivação para realização e a competitividade desenvolvem-se por estágios que incluem um estágio

autônomo em que a pessoa se concentra no domínio de seu ambiente, um estágio de comparação social, em
que ela se compara com outros e um estágio integrado, em que a pessoa se concentra tanto na própria

melhora como usa a comparação social (WEINBERG; GOULD, 2017). Esses estágios são sequenciais e a idade

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na qual cada estágio é alcançado varia consideravelmente.

Perceba como o desenvolvimento da motivação e os fatores internos e externos motivam o ser humano em
seu dia a dia. Aderir à prática da natação, por exemplo, está ligada às motivações intrínsecas, como querer

aprender os quatro nados e suas viradas, ou conseguir fazer uma travessia aquática. Por outro lado, quando
se executa a natação por fatores externos, como a indicação dos pais, por estética, por recompensas, há

maior probabilidade de se abandonar essa prática e realizá-la com menor eficiência, do que quando se
pratica por prazer e com autonomia, ou seja, motivado intrinsecamente (WEINBERG; GOULD, 2017).

O PROCESSO MOTIVACIONAL

O processo motivacional é determinante para que a pessoa se envolva plenamente com a prática, em
qualquer situação que envolva sua dedicação em busca de uma meta, não somente no âmbito esportivo
(GOUVÊA; PRESOTO; MACHADO, 2008). As pessoas se comportam e atingem seus objetivos sem muitas vezes

ter consciência dos motivos que as influenciaram a ter determinado comportamento. Às vezes, elas se
engajam em determinadas atividades motivadas por um somatório de fatores intrínsecos e recompensas

externas.
Exemplificando: no início da carreira, o atleta é impulsionado por motivos internos, pois geralmente treina

sem receber nenhum tipo de recompensa externa e compete por muito tempo sem alcançar uma colocação
significativa. À medida que ele adquire mais experiência e melhores resultados, começa a obter recompensas

externas como patrocínio, salário, medalhas, etc. Às vezes, essas recompensas externas somam-se a
motivação interna de forma positiva e, em outros casos, essas recompensas acabam substituindo a

motivação interna do atleta, influenciando negativamente no seu desempenho e na sua carreira


(FIGUEIREDO, 2000).

Falhas ou fracassos poderão acontecer durante a carreira de um atleta, gerando dúvidas com relação às suas
capacidades técnicas, físicas e táticas, que geram quedas de autoeficácia e autoconfiança, que influem na
motivação do atleta. Por isso, Machado (2006) recomenda que se trabalhe de forma adequada a capacidade

de resistência e de manutenção das percepções de autoeficácia e das capacidades pessoais.


Neste sentido, Samulski (2009) e Weinberg e Gould (2017), apontam algumas diretrizes para a prática do

treinador/professor, derivadas da visão interacional, a serem consideradas para desenvolver a motivação nos
atletas/alunos:

• Os participantes são motivados por traços internos e pelas situações.


• Importante identificar os motivos dos participantes para o envolvimento.

• Estruturar as situações para satisfazer às necessidades dos participantes.


• Usar a modificação de comportamento para alterar motivações indesejáveis do participante.

• Outros fatores não relacionados à motivação influenciam o desempenho e o comportamento no esporte.


• Avaliar se os fatores motivacionais podem ser rapidamente mudados.
O papel mais importante desempenhado pelo treinador/professor é o de motivador. Sua sensibilidade lhe

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dará consciência das necessidades de seus atletas/alunos, devendo conhecer técnicas motivacionais e achar a

combinação ideal para resultados produtivos. As atitudes do treinador devem se ajustar a cada pessoa, pois
os conceitos de incentivo e desempenho ótimo são subjetivos e particulares.

O atleta/praticante para manter-se motivado e focado nos seus objetivos traçados inicialmente, pode utilizar
de algumas técnicas de automotivação, assumindo o controle sobre seu comportamento, e regular seu nível

de motivação (SAMULSKI, 2009):


• Mentalização das próprias capacidades. Exemplo: “Eu consigo fazer isso”; “Eu me preparei para isso”.

• Mentalização de metas concretas. Exemplo: “Eu quero emagrecer cinco quilos até a temporada começar”;
“Vou subir no pódio”.

• Determinação e variação de metas. Exemplo: Iniciar um jogo treino com placar em vantagem para o
adversário.
• Reforço positivo após boas ações. Exemplo: “Estou feliz com meu rendimento”; “Eu joguei muito bem”.

Uma boa relação entre técnico e atleta é condição elementar para o desenvolvimento de uma motivação
estável e de longo prazo durante a rotina de treinamento e competições. Assim como, as estratégias de

motivação devem atender as necessidades dos praticantes, com as finalidades de aumentar a permanência
dessas pessoas nas modalidades esportivas e de exercícios, melhorar seu desempenho e usufruir cada vez

mais dos benefícios proporcionados por estas práticas.

VÍDEO RESUMO

Nesta aula, você aprenderá sobre os processos motivacionais, com enfoque nas teorias e bases da

motivação. Aprenderá como os fatores pessoais e situacionais influenciam a motivação do praticante, assim
como as instruções do técnico/professor e as dos pais.

Portanto, compreender a razão de algumas pessoas serem dinâmicas enquanto outras não são, te dará
suporte para direcionar ações e aplicar estratégias que possam aumentar o nível de motivação das pessoas
para práticas esportivas e de exercícios.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre as fontes de motivação? A Teoria da autodeterminação (TDA) traz as fontes

intrínseca e extrínseca e, a fonte motivação, um estado emocional que também afeta os


comportamentos das pessoas. Leia o artigo que trata desta teoria, seus indicadores de motivação e
paixão pela prática esportiva em atletas brasileiros.

PEIXOTO, E. M. et al. Indicadores de motivação e paixão para prática esportiva em atletas brasileiros: um
estudo sob a ótica da autodeterminação. Psicologia Revista, v. 27, p. 563–589, 2019. Disponível em:

https://revistas.pucsp.br/psicorevista/article/view/37845. Acesso em: 23 dez. 2022.

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Quer compreender como a motivação influenciou na permanência de uma atleta em um esporte de alto

rendimento? Conheça a história da ginasta brasileira Rebeca Andrade, que superou três lesões no joelho
e conquistou medalha de ouro e prata. Leia a entrevista concedida ao portal Olimpíada Todo Dia – OTD,

em que Rebeca falou sobre superação, reconhecimento e como concilia a nova agenda com o sonho de
Paris.

ANDRADE, R. Após ano brilhante, Rebeca Andrade celebra superação e garante foco em Paris.
Entrevista concedida a Fernanda Zalcman. Portal Olimpíada Todo Dia, em 16 de novembro de 2021.

Disponível em: https://www.olimpiadatododia.com.br/ginasticaartistica/394465-rebeca-andrade-celebra-


superacao-e-garante-foco-em-paris/. Acesso em: 23 dez. 2022.

Aula 4

ANSIEDADE, ESTRESSE E ATIVAÇÃO


Nesta última aula, que ainda se trata sobre os participantes de esporte e de exercícios físicos, você
conhecerá a definição e os tipos de ansiedade, bem como o que está́ envolvido no processo de estresse.

30 minutos

INTRODUÇÃO

Nesta última aula, que ainda se trata sobre os participantes de esporte e de exercícios físicos, você conhecerá

a definição e os tipos de ansiedade, bem como o que está́ envolvido no processo de estresse. Compreenderá
por que alunos e atletas ficam tensos e como a ansiedade e a ativação influenciam o desempenho. Você

também aprenderá a identificar fontes importantes de estresse que afetam os praticantes de esportes e de
exercícios.

Entender por que a ativação afeta o desempenho pode ajudar o atleta em como regulá-la, a fim de que
alcance um nível ideal de ansiedade e o máximo de rendimento. Assim como saber a frequência e em que

situações um atleta tem ansiedade, te ajudará, enquanto técnico, a escolher determinados jogadores para
atuarem em certas situações e na escolha de técnicas que favoreçam a autoconfiança. Vamos lá!

DEFININDO ANSIEDADE, ATIVAÇÃO E ESTRESSE

No universo esportivo, cada modalidade tem suas exigências técnicas, táticas, físicas e psicológicas para o

alcance de resultados satisfatórios. Múltiplas variáveis influenciam o desempenho de um esportista,


destacando-se as psicológicas. Algumas situações despertam diferentes tipos de reações, como ativação,

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:
ansiedade e estresse.

Por ativação, Weinberg e Gould (2017, p. 71), apontam que “é uma combinação de atividades fisiológicas e
psicológica em uma pessoa e se refere às dimensões de intensidade de motivação em um determinado

momento”. Indivíduos altamente ativados são mental e fisicamente excitáveis; têm os batimentos cardíacos, a
respiração e a sudorese aumentados. A ativação não está automaticamente associada a eventos agradáveis

ou desagradáveis.
Uma das reações emocionais de maior relevância para a atuação esportiva, a ansiedade é vista como um

estado subjetivo de inquietação ou desordem, decorrente de uma situação antecipada de ameaça real ou
imaginária. “É um sentimento de insegurança causado por uma expectativa de algum perigo ou desafio

existente” (MACHADO, 2006, p. 111), portanto, provocada pelo medo diante de uma situação de perigo ou
inesperada e um traço da personalidade.
Segundo Weinberg e Gould (2017), a ansiedade pode ser dividida em cognitiva – que se refere à parte mental

da ansiedade e tem um componente de pensamento e, em somática – que se refere à parte física da


ansiedade e tem um componente que é o grau de ativação máxima percebida.

Outra diferenciação importante a saber é entre a ansiedade-estado e ansiedade-traço. Ansiedade-estado é


um estado emocional temporário, em constante variação, com sentimentos de nervosismo, preocupação,

apreensão e tensão conscientemente percebidos, associados com a ativação do sistema nervoso autônomo;
ansiedade-traço é uma tendência comportamental de perceber como ameaçadoras circunstâncias que

objetivamente não são perigosas e de responder a elas com estado de ansiedade desproporcional. As
pessoas com um elevado traço de ansiedade geralmente têm mais estados de ansiedade em situações de

avaliação e em situações altamente competitivas, do que as pessoas com um traço de ansiedade mais baixo
(WEINBERG; GOULD, 2017).

A ansiedade é uma resposta psicofisiológica a uma situação interpretada como estressante, variando de
pessoa para pessoa, como o tipo de situação que é considerada estressante, o quão estressante é aquela
situação e como a pessoa lida com a ansiedade, fenômeno este típico do estresse.

O estresse é definido como um “desequilíbrio substancial entre a demanda física ou psicológica e a


capacidade de resposta, sob condições em que a falha em satisfazer aquela demanda tenha importantes

consequências” (WEINBERG; GOULD, 2017, p. 76). É um processo, uma sequência de eventos que levará a um
determinado fim.

O estresse pode ser causado por qualquer situação ou sensação que o faz se sentir frustrado, irritado ou
ansioso. O processo do estresse é geralmente iniciado por situações (estressores) que são percebidas como

perigosas ou ameaçadoras. Independentemente da presença de um perigo objetivo, uma reação emocional


(ansiedade) é provocada (SAMULSKI, 2009).

Sendo assim, a intensidade da ansiedade-estado será proporcional à importância que a pessoa dá em relação
à situação e à incerteza do resultado da situação. Por exemplo, para um atleta, uma derrota em uma

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semifinal é muito mais importante do que a derrota durante a primeira fase do campeonato. Durante sua

avaliação da situação, o atleta se sente limitado, e consequentemente surge o medo de errar ou da derrota,
sentimentos que atraem o estresse e a ansiedade (MACHADO, 2006).

O PROCESSO DO ESTRESSE

O processo de estresse tem inúmeras implicações para a prática e os diversos fatores podem causar estresse
e afetar a saúde física e mental (WEINBERG; GOULD, 2017). Em atletas, os estressores incluem preocupação

com o desempenho das capacidades, percepção de situações ameaçadoras, baixa autoestima, custos
financeiros e tempo necessário para treinamento, inseguranças com relação ao talento e aos

relacionamentos e experiências traumáticas, podem se enquadrar tanto pela categoria situacional, como pela
personalidade (SAMULSKI, 2009).
O estresse está relacionado ao nível de complexidade da tarefa (maior que os recursos do praticante), à

pressão exercida por fontes externas, à definição irreal de objetivos e ao nível de expectativa exagerado
(pessoal e dos outros) em relação ao desempenho (ROSE JUNIOR, 2009). De acordo com Weinberg e Gould,

(2017), o estresse consiste em quatro estágios inter-relacionados: demanda ambiental, percepção da


demanda, resposta ao estresse e consequências comportamentais.

O estresse é um aspecto do esporte vivenciado antes, durante ou após as competições, ocorrendo


independentemente da idade, do sexo, da posição específica ou do nível competitivo dos atletas. Pode ser

positivo, quando representado por uma necessidade de alcançar ou de manter uma ativação ótima, antes e
durante o evento, levando o atleta a mobilizar energias para alcançar seus objetivos (BARBOSA; CRUZ, 1997).

Mas, na maioria das vezes, é negativo, especialmente quando derivado de pressões externas ou do próprio
praticante, tornando a situação uma ameaça ao seu bem-estar ou a autoestima.

As emoções relacionadas à ativação, como os estados de ansiedade cognitiva e somática, influenciam o


desempenho, induzindo mudanças na atenção, na concentração e na exploração visual, aumentando a
tensão muscular, fadiga e dificuldade de coordenação. Diferentes teorias explicam a relação entre ativação e

ansiedade no desempenho (WEINBERG; GOULD, 2017):


• Teoria do impulso considera a relação como direta e linear e à medida que a ativação ou o estado de

ansiedade de um indivíduo aumenta, também aumenta o seu desempenho. Quanto mais alerta um atleta
ficar, melhor atuará.

• Teoria do U invertido, explica que baixos níveis de ativação deixam os atletas ou praticantes
despreparados para a atuação. As tarefas esportivas podem ser localizadas num continuum, de baixa a

elevada ansiedade, dependendo das exigências motoras.


• Teoria IZOF – Zona individual de desempenho ideal considera que o nível de ansiedade varia de um

indivíduo para outro e em larga faixa, por isso técnicos e professores devem ajudar os participantes a
identificar e atingir a zona ideal própria de ansiedade.
• Teoria da ansiedade multidimensional considera que o aumento do estado de ansiedade cognitivo leva à

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diminuição do desempenho e, os aumentos da ansiedade somática facilitam o desempenho até um nível

ideal, após este nível o desempenho começa a declinar.


• Teoria da catástrofe sustenta que, sob alta ansiedade cognitiva, altos níveis de autoconfiança permitem

tolerar níveis mais elevados de ativação, antes de atingirem o ponto em que sofrem queda de desempenho.
• Teoria da inversão considera que, a forma como uma atividade é interpretada, a ativação pode influenciar

sua performance. Para um melhor desempenho, atletas devem interpretar suas ativações como uma
excitação agradável e não como uma ansiedade desagradável.

A combinação ideal de emoções necessárias para o desempenho máximo não ocorre necessariamente no
ponto médio do continuum de ativação-ansiedade e a relação entre ativação e desempenho depende do nível

de ansiedade cognitiva que a pessoa demonstra.

RELACIONANDO ATIVAÇÃO E ANSIEDADE COM DESEMPENHO

O esporte é um meio no qual se vivenciam as emoções com muita intensidade. Os processos emocionais
podem acompanhar, regular e apoiar a ação esportiva, mas também podem perturbá-la ou até impedi-la,

alterando o estado de ansiedade (MACHADO, 2006).


A ansiedade está presente em momentos que antecedem, durante e após as competições. Veja o exemplo: o

atleta entra em estado de ansiedade por não saber o que acontecerá na competição; no decorrer, esta
ansiedade se transforma em certo relaxamento e após o término, seu nível volta a oscilar, pela expectativa da

repercussão do resultado. Futuramente, este estado final voltará a interferir no evento, pois será o ponto de
partida para uma nova preparação e disputa, podendo alterar o desempenho do atleta, positiva ou

negativamente.
Sendo um agente altamente estressor, a ansiedade está relacionada às emoções desagradáveis, como

preocupação, apreensão, tensão e medo, ocorrendo diante de situações ameaçadoras e estressantes.


Machado (2006) aponta que a ansiedade se estabelece por meio de quatro sintomas: fisiológicos e somáticos;
cognitivos; comportamental; emocionais e psicológicos.

Algumas situações produzem mais estado de ansiedade e ativação do que outras (por exemplo, eventos
importantes cujo resultado é incerto). O estresse também é influenciado por disposições de personalidade

(por exemplo, traço de ansiedade e autoestima). Indivíduos com alto traço de ansiedade, baixa autoestima e
alta ansiedade física social, experimentam níveis mais elevados de estado de ansiedade do que outros.

A maioria dos atletas sofrem pressão, medo e ansiedade, mas aqueles que percebem sua ansiedade como
facilitadora do desempenho tendem a apresentar níveis elevados de autoconfiança; da mesma forma,

interpretações positivas dos sintomas de ansiedade cognitiva e somática aumentam a frequência de


autoconfiança. O aumento da autoconfiança pode maximizar o desempenho dos atletas (FERNANDES et al.,

2013; FORTES et al., 2016).


Por meio do modelo interacional de motivação, Weinberg e Gould (2017), sugerem a professores e técnicos,
para ajudar alunos e atletas a controlarem a ativação e a ansiedade, criar um ambiente positivo e uma

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orientação produtiva em relação a erros e derrotas, como forma efetiva de controlar o estresse, além de:

• Identificar a combinação ideal de emoções relacionadas à ativação necessária para o melhor desempenho.
Estratégias de metalização e rotinas pré-desempenho (induzir emoções como raiva e alegria podem fazer

aumentar o desempenho).
• Reconhecer como os fatores pessoais e situacionais interagem para influenciar a ativação, a ansiedade e o

desempenho (importância dada ao evento; pressão recebida).


• Identificar os sinais elevados de ativação e de ansiedade em praticantes de esporte e de exercícios, como

exemplo, sintomas fisiológicos e somáticos.


• Adaptar as práticas de treino e instrução aos indivíduos, reduzindo a ativação e o estado de ansiedade,

outras vezes mantendo-as e, outras ainda, facilitando-as.


• Desenvolver a confiança e a percepção de controle nos participantes, para ajudá-los a lidar com o aumento
do estresse e da ansiedade. Oferecer estímulos frequentes e sinceros, orientação positiva e produtiva para os

erros e até mesmo para as derrotas.


Por fim, conhecer os motivos prévios que alteram a ansiedade possibilita um manejo maior e mais eficiente

de técnicas adequadas para amenizar seu efeito em situações específicas. Assim como, conhecer os
estressores ambientais e o nível de ativação ideal, na adoção de postura para solucionar a situação de

estresse.

VÍDEO RESUMO

Nesta última videoaula, você conhecerá a definição e os tipos de ansiedade, bem como o que está envolvido

no processo de estresse. Compreenderá por que alunos e atletas ficam tensos e como a ansiedade e a
ativação influenciam o desempenho. Você também aprenderá a identificar fontes importantes de estresse

que afetam os praticantes de esportes e de exercícios.


Vamos aprender um pouco mais?

 Saiba mais
Aprofunde-se mais sobre as técnicas de controle do estresse para auxiliar atletas e praticantes a
melhorar seu desempenho diante da prática esportiva. Assim como outras variáveis determinantes do

rendimento esportivo, os sintomas do estresse, quando diagnosticados e controlados, por meio de


técnicas de treinamento psicorregulativo e medidas sistemáticas de recuperação, podem fazer reduzir
os efeitos negativos do estresse, de forma que venha a favorecer o rendimento esportivo. Leia o capítulo

11, especificamente as páginas 246 a 261, que trata sobre o estresse no esporte e as técnicas de
controle de seus sintomas.

SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: um manual para educação física, psicologia e fisioterapia. Barueri:

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Página 24 de 27
:
Manole, 2009. Cap. 11: Estresse, p. 231-264. Disponível em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520442494/pageid/262. Acesso em: 23 dez.


2022.

Que tal conhecer como o nível de ansiedade tem impactado a vida de atletas de alto rendimento e o que
é possível fazer para minimizar os efeitos negativos em seu desempenho esportivo? Leia a matéria

publicada no portal da CNN Brasil, que trata sobre a pressão psicológica exercida sobre os atletas de
alto rendimento e quanto isso afeta seus desempenhos.

ROCHA, L. Saúde mental: como a pressão psicológica pode prejudicar o desempenho de atletas. CNN
Brasil, São Paulo, jul. 2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/saude-mental-como-a-

pressao-psicologica-pode-prejudicar-o-desempenho-de-atletas/. Acesso em: 23 dez. 2022.

REFERÊNCIAS
12 minutos

Aula 1

CARVALHO, C. A. A psicologia do esporte no Brasil como ciência do esporte e do exercício. In: CONDE, E. (org)
et al. Psicologia do esporte e do exercício: modelos teóricos, pesquisa e intervenção. São Paulo: Pasavento,
2019. Cap 1, p. 15-32.
CONDE, E. (org) et al. Psicologia do esporte e do exercício: modelos teóricos, pesquisa e intervenção. São

Paulo: Pasavento, 2019. Cap 1, p. 15-32.


RUBIO, K. Psicologia do esporte: teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

RUBIO, K. Da psicologia do esporte que temos à psicologia do esporte que queremos. Revista Brasileira de
Psicologia do Esporte, v. 1, n. 1, 2007. Disponível em: da psicologia do esporte que temos à psicologia do

esporte que queremos. Acesso em: 5 out. 2022.


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Acesso em: 5 out. 2022.

SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. Barueri: Manole, 2009.


WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.

Aula 2

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BARA FILHO, M. G.; RIBEIRO, L. C. S. Personalidade e esporte: uma revisão. Revista Brasileira de Ciência e

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PERVIN, L. A.; JOHN, O. P. Personalidade. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Cap. 7: Abordagens de traços à

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SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. Barueri: Manole, 2009.

YARROW, K.; BROWN, P.; KRAKAUER, J. Inside the brain of an elite athlete: The neural processes that support
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Artmed, 2017.

Aula 3

FIGUEIREDO, S. H. Variáveis que interferem no desempenho do atleta de alto rendimento. In: RÚBIO, K.
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GOUVÊA, F. C.; PRESOTO, D.; MACHADO, A. A. Motivação no esporte. In: BRANDÃO, M. R. F.; MACHADO, A. A.
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do exercício. v. 2. Cap. 3, p. 65-81.


MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: da educação física escolar ao esporte de alto nível. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2006.


SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: um manual para educação física, psicologia e fisioterapia. Barueri:

Manole, 2009.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4. ed. Porto Alegre:

Artmed, 2017.

Aula 4

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handebol de alta competição. Psicologia: teoria e investigação prática. São Paulo, v. 2, p. 523-48, 1997.
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FORTES, L. S. et al. O treinamento mental gera efeito positivo na ansiedade competitiva de jovens nadadores?
Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 18, n. 3, p. 353-361, 2016. Disponível

em: https://www.scielo.br/j/rbcdh/a/JyZFjLxqHyTds6qDm5kNqmR/?lang=en#. Acesso em: 23 dez. 2022.


MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: da educação física escolar ao esporte de alto nível. Rio de Janeiro:

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ROSE JUNIOR, D. Esporte, competição e estresse: implicações na infância e na adolescência. In: ROSE JUNIOR,
D. Esporte e atividades física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto

Alegre: Artmed, 2009. p. 100-111.


SAMULSKI, D. Estresse. In: SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: um manual para educação física, psicologia e

fisioterapia. Barueri: Manole, 2009. p. 231-264.


WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Ativação, estresse e ansiedade. In: WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da

psicologia do esporte e do exercício. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. p. 71-94.

Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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