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Proposta de Redação

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita
formal da língua portuguesa sobre o tema “O acesso à internet em questão no Brasil”,
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.

TEXTO I

EaD na educação pública ignora que 42% das casas não têm computador

Em um país em que 42% dos lares não possuem computador, a proposta de


governos estaduais e municipais de dar continuidade ao ano letivo da educação com
EaD (ensino a distância) é um prenúncio de ampliação das desigualdades sociais e
exclusão de grande parte dos estudantes do acesso às aulas. Pesquisa TIC Domicílios
2018, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade
da Informação, demonstra o que professores e pesquisadores da educação vêm
afirmando desde que essas iniciativas foram apresentadas devido à suspensão das aulas
em meio a pandemia de coronavírus.

São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal já estão organizando as atividades,


voltadas para todos os anos da educação básica, com exceção da creche e da pré-escola.
Os governos e prefeituras pretendem criar plataformas acessíveis pelo celular, tablet ou
computador. Os espaços terão conteúdos em texto, imagens e videoaulas.

“Nós estamos falando de uma realidade em que a gente acha que todo mundo
tem acesso à internet. Não é verdade. Nós temos pesquisas que apontam, aqui no
Distrito Federal, onde está a capital do país, 90% dos estudantes têm acesso e fazem uso
do WhatsApp. Que ele tenha uma internet, não significa que seja uma boa internet para
acessar a plataforma do EaD. Muitas famílias não têm sequer televisão em casa,
imagina ter uma boa internet”, argumenta a diretora da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Educação (CNTE) Rosilene Corrêa Lima.

A professora também lembra que o sucesso do Ead depende da capacidade do


estudante de acessar, compreender e interagir com os conteúdos. “Um aluno de
educação a distância precisa ter o mínimo de autonomia pedagógica. Preciso ter
disciplina e a faixa etária dos nossos estudantes da educação básica não atende a isso.
Outra coisa é que o Estado não pode oferecer a educação, que é sua obrigação
constitucional, apenas para uma parte dos seus alunos. E EaD, com os recursos
tecnológicos que eles estão tentando trabalhar agora, vai excluir uma parte significativa
dos nossos alunos”, explicou Rosilene.
Na mesma linha, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação também
destacou uma série de motivos pelos quais o EaD não deve ser aplicado como solução
para o ano letivo de 2020. “Oferecer a educação a distância na educação básica é rejeitar
o direito à educação, pois implementar a modalidade é algo impossível de se fazer sem
ampliar as desigualdades da educação brasileira, ainda que seja neste período de
exceção”, defende a organização.

Entre os motivos apontados pela Campanha, destaca-se, além da desigualdade já


apontada, o fato de que muitas escolas, sobretudo públicas, não possuem infraestrutura,
não dispõem de plataformas e professores com formação adequada para trabalhar com a
modalidade. A organização também aponta que o EaD não é adequado para o ensino
fundamental, pois a criança ainda precisa desenvolver autonomia, capacidade de
concentração e autodisciplina que a modalidade requer. E nem para o ensino médio,
pois exigiria uma estrutura complexa de adaptação, adequação pedagógica e condições
de apoio ao ensino-aprendizagem.

Para Rosilene, seria possível os sistemas educacionais municipais e estaduais


oferecerem apoio educacional aos estudantes de outras formas. “Acho que ninguém tem
condições de fazer previsão nenhuma. E não só para o calendário letivo, mas para a
vida. Nós trataremos quais serão as condições reais que nós teremos para reorganizar as
nossas vidas, no aspecto trabalhista, financeiro, emocional. As aulas deveriam ter
conteúdos voltados para a preservação da vida, orientar as famílias na superação desse
período”, ponderou.

Disponível em:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/doencas/epidemia.htm (Adaptado)

TEXTO II

Acesso à tecnologia: o novo indicador de desigualdade

Relatório da Unicef mostra como as enormes lacunas no acesso à internet na


infância afetam a educação e entrada no mercado de trabalho.

Por Patricia Pieró*

O mundo digital com todas as suas vantagens – como a infinidade de


informações ao alcance de um clique e a comunicação imediata – não chega a todos da
mesma forma. O acesso à internet pode marcar a diferença entre a exclusão social e a
igualdade de oportunidades. Se não forem adotadas soluções, aumentará a disparidade
existente entre os países mais desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. O alerta é
feito pelo Unicef em seu relatório Situação Mundial da Infância 2017: as crianças em
um mundo digital.

Na África, 60% das pessoas entre 15 e 24 anos não têm acesso à internet; na
Europa, essa porcentagem cai para 4%. Os países em que crianças e adolescentes têm
menos acesso estão no continente africano. A digitalização também é limitada em áreas
de conflito armado deflagrado ou recente, como Iêmen, Iraque e Afeganistão. “O
mundo tecnológico se move tão rápido que, se forem adotadas as medidas necessárias
para que o acesso chegue a todas partes, provavelmente esse será um dos campos em
que poderemos avançar mais depressa”, diz Blanca Carazo, diretora do Comitê
Espanhol de Programas do Unicef.

Promover estratégias de mercado que favoreçam a implantação de empresas de


tecnologia, o apoio por parte dos provedores a entidades locais e a implantação de
conexões públicas à internet são algumas das medidas propostas pelo Unicef para
reduzir o desnível. “O objetivo é muito claro: não deixar ninguém para trás nessa
corrida. É um mandato universal que concerne a todos: Governos, empresas e
universidades”, aponta Carazo. A organização identifica quatro benefícios derivados da
implantação maciça de novas tecnologias:

1. Melhora na qualidade da educação.

2. Possibilidade de acessar ferramentas e informação que permitam aos jovens


buscar novas soluções para seus problemas.

3. Nova economia com mais opções profissionais para os jovens.

4. Melhor atenção em caso de emergência.

No continente africano são muitas as amostras dos passos que vêm sendo dados
para a digitalização. Um exemplo citado no relatório vem do campo de refugiados de
Danamadja, no sul do Chade: na falta de uma biblioteca, as crianças utilizam seus
telefones celulares para fazer os deveres. Nos últimos anos também têm surgido
incubadoras de empresas; já existem numerosas plataformas digitais que melhoram o
desenvolvimento e fomentam a inovação, como a Ushahidi, e diversas tentativas de
modernizar o sistema de saúde em vários países. [...]

Alguns dados essenciais do relatório:

Em nível global, as pessoas com idade entre 15 e 24 anos são o grupo mais
conectado. Desse grupo, 71% têm o hábito de acessar a internet, contra 48% da
população total.
 Um terço dos menores de 18 anos acessa a internet no mundo.
 29% dos jovens entre 15 e 24 anos (346 milhões de pessoas) não têm
acesso à internet.
 Esse dado se acentua no continente africano, onde 60% dos jovens não
podem se conectar à internet. Na Europa essa percentagem cai para 4%.
 Entre 2012 e 2017, estima-se que 100 milhões de crianças tenham
acessado a internet pela primeira vez.

Disponível em: https://vermelho.org.br/2017/12/18/acesso-a-tecnologia-o-


novo-indicador-de-desigualdade/ (Adaptado)

TEXTO III

Disponível em: https://blogdoaftm.com.br/charge-634-milhoes-de-


brasileiros-nao-tem-acesso-internet/

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