Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract: The article discusses key challenges brought about to early literacy
education by digital communication. Recent data on the use of digital
technologies by young children are presented and discussed and the
central ideas of the multiliteracies framework (NEW LONDON GROUP,
1996) are introduced in order to sustain the central idea defended in this
article. I argue for the need to reconceptualize early literacy education
in the digital age, identifying semiotic modes as learning contents and
highlighting the need for a pedagogical practice that situates such learning
in children’s digital culture and funds of knowledge (MOLL et al., 1992).
The article concludes by suggesting the need to rename the pedagogical
paradigm of early literacy education that seems to be emerging in the
21st century.
Key words: Initial literacy learning. Multiliteracies. Multimodality.
Situated practice. Funds of knowledge.
Por essas razões, a teoria das multiliteracias assume que são os recursos
multimodais de construção de sentido, cada um com as suas gramáticas,
potencialidades e limitações, que constituem o conteúdo das aprendizagens
O que me parece ser novo são as affordances multimodais que os media digitais
disponibilizam às crianças e a que elas facilmente acedem por serem construtoras (i)
natas de significados multimodais, assim como a reivindicação, sustentada pela teoria
das multiliteracias, de que a multimodalidade constitua conteúdo de aprendizagem na
área da literacia, assumindo que a chave para o jogo de construção digital de significação
é um complexo de recursos semióticos que vai para além de um entendimento restrito e
centrado no modo escrito da linguagem verbal, expandindo assim o conceito tradicional
de alfabetização. Essa é resposta que proponho para a primeira pergunta que antes
enunciei e que colocava em questão o lugar ocupado pela alfabetização tradicional
na definição de um currículo de literacia digital que promova o desenvolvimento das
capacidades de construção de sentido das crianças e a sua capacitação para se
assumirem como cidadãos capazes de fazer sentido pleno com informação digitalmente
representada.
Por seu lado, a resposta que proponho à segunda pergunta (Que didática é necessário
construir para preparar as crianças para esse novo jogo de significação?) decorre do
cruzamento das ideias que acabo de discutir com o entendimento dos processos de
aprendizagem defendidos pela teoria das multiliteracias, acima sistematizado. Com
efeito, tratando-se de um saber complexo, o novo saber implicado na alfabetização terá
de ser experienciado, conceitualizado, analisado e aplicado pelos aprendentes. Trata-se
de permitir às crianças o uso integrado de diferentes modos culturalmente relevantes e
disponibilizados nos media digitais e de promover a sua aprendizagem consciente como
forma de promover o seu uso competente. Esse processo deve começar nos primeiros
anos de escolaridade.
Essa formulação simplista oculta duas grandes áreas críticas. Uma é a de que a
teorização necessária para o ensino das gramáticas dos modos de representação e
comunicação de informação está na infância do seu desenvolvimento – sendo o trabalho
de Kress e Van Leeweun (2006) uma notável exceção. A necessidade da construção de
uma metalinguagem da multimodalidade para os professores é uma total prioridade
(SERAFINI, 2014).
A outra área crítica é a do entendimento do experienciar que se considera fundacional
para a aprendizagem. Dyson (2013) defende que, quando as crianças se iniciam na
literacia, não o fazem para desenvolver uma habilidade técnica, mas, sim, para participar
nas práticas culturais que situam as suas vidas e para comunicar com os outros que
lhes são relevantes, do que decorre a defesa de que as experiências oferecidas às crianças
sejam instâncias dessas práticas, envolvendo agência, a existência de companheiros/
destinatários das práticas de comunicação e, crucialmente, de recursos de significação.
Mas o cabal entendimento do experienciar como processo de aprendizagem implica
convocar o conceito de fundos de saber (MOLL et al., 1992). Esse conceito chama a
atenção para a necessidade de situar qualquer aprendizagem cultural nos saberes,
experiências e capacidades informalmente desenvolvidas pelas crianças nas suas
famílias e comunidades, valorizando as suas identidades e a sua cultura (DYSON, 2013;
JENKINS, 2009). Quer isso dizer que a implementação pedagógica da expansão do
processo de alfabetização, que aqui defendo, exige que a escola não ignore os saberes e
competências multimodais digitais desenvolvidos pelas crianças nos contextos familiares,
antes os integrando ativamente nos processos pedagógicos. A investigação pioneira de
Levy (2009) mostra (entre outras conclusões) os efeitos negativos do fosso criado entre a
competência semiótica digital das crianças e a sua iniciação formal na literacia quando a
aprendizagem escolar não tem em conta os seus fundos multimodais e digitais de saber.
Para concluir
Referências
CHAUDRON Stephane; DI GIOIA, Rosanna; GEMO, Monica. Young children (0-8) and digital
technology, a qualitative study across Europe. Publications Office of the European Union:
EUR – Scientific and Technical Research Reports, 2018.
COMMON SENSE MEDIA. The Common Sense Census: Media Use by Kids Age Zero to Eight
2017. São Francisco, CA: 2017. Disponível em: https://www.commonsensemedia.org/
research/the-common-sense-census-media-use-by-kids-age-zero-to-eight-2017.
Acesso em: 18 nov. 2018.
UNITED NATION – HUMAN RIGHTS. Convention of the righst of the child- (https://www.
ohchr.org/en/professionalinterest/pages/crc.aspx). 1990. Acesso em: 10 nov. 2018.
DE CASTELL, Susan; Luke, ALAN. Defining ‘literacy’ in North American schools: Social
and historical conditions and consequences. Journal of Curriculum Studies, v. 15, n. 4,
p. 373-389, 1983.
DEWEY, John. Democracy and Education. New York: MacMillan Publishing Inc., 1916.
DEWEY, John. Experience and education. New York: Collier Books, 1938.
COPE, Bill; KALANTZIS, Mary. “Multiliteracies”: New literacies, new learning. Pedagogies,
v. 4, n. 3, p. 164-195, 2009.
DYSON, Anne. Donkey Kong in Little Bear country: A first grader’s composing development
in the media spolight. Elementary school journal, v. 101, n. 4, p 417-433, 2001.
DYSON, Anne, ReWriting the basics. Literacy learning in children’s cultures. New York:
Teachers College Press, 2013.
FLEWITT, Rosie. Multimodal Perspectives on Early Childhood Literacies. In: LARSON,
Joanne; MARSH, Jackie (eds.). The SAGE Handbook of Early Childhood Literacy. London:
SAGE, 2013, p. 295-310.
GHAZANFAR, Asif; SCHROEDER, Charles. Is neocortex essentially multisensory? Trends
in Cognitive Sciences, v. 10, n. 6, p 278-285, 2006.
JENKINS, Henry. Confronting the challenges of participatory cultire: Media education for
the 21st century. Cambridge, MA: MIT Press, 2009.
KALANTZIS, Mary; COPE, Bill. New Learning: Elements of a science of education, second
edition. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
KONTOVOURKI, Stravoula; SIEGEL, Marjorie. Discipline and play with/in a mandated
literacy curriculum. Language Arts, v. 87, n. 1. p. 30-38, 2009.
KRESS, Günther. Before Writing: Rethinking the Paths to Literacy. Londres e Nova York:
Routledge, 1997.
KRESS, Günther. Multimodality. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (eds.). Multiliteracies: lite-
racy learning and the design of soial futures. Londres: Routledge, 2000.
KRESS, Günther. Multimodality. A Social Semiotic Approach to Contemporary Communi-
cation. Londres e Nova York: Routledge, 2010.
KRESS, Günther. Perspectives on making meaning: The differential principles and means
of adults and children. In: LARSON, Joanne; MARSH, Jackie (eds.). The SAGE Handbook
of Early Childhood Literacy. 2. ed. Londres: SAGE, 2013, p. 329-344.
KRESS, Günther; VAN LEWEUUN, Theo. Reading images. The grammar of visual design.
2. ed. Oxon: Routledge, 2006.
KUCIRKOVA, Natalia et al. Children’s Writing With and On Screen(s): A Narrative Literature
Review. COST ACTION ISI1410 DigiLitEY, 2017 Disponível em: http://digilitey.eu/wp-
-content/uploads/2017/01/WG-3-LR-Oct-2017.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.
LEMKE, Jay. Introduction: language and other semiotic systems in education. Linguistics
and Education, v. 10, n. 3, p. 307-334, 2000.
LEVY, Rachael.‘You have to understand words … but not read them’: young children beco-
ming readers in a digital age. Journal of Research in Reading, v. 32, n. 1, p. 75-91, 2009.
MALAGUZZI, Loris. The Hundred Languages of Children: catalogue of the exhibition. Reggio
Emilia: Reggio Emilia Children, 1986.
MARSH, Jackie. Early Childhood Literacy and Popular Culture. In: LARSON, Joanne;
MARSH, Jackie (eds.). The SAGE Handbook of Early Childhood Literacy. Londres: SAGE,
2013, p. 207-222.
MARSH, Jackie et al. Digital Beginnings: Young Children’s Use of Popular Culture, Media
and New Technologies. Sheffield: University of Sheffield, 2005.
MARSH, Jackie et al. Young children’s initiation into family literacy practices in the digital
age. Journal of Early Childhood Research. v. 15, n. 1, p. 47-60, 2015.
MOLL, Luis et al. Funds of knowledge for teaching: Using a qualitative approach to connect
homes and classrooms. Theory into Practice, v. 31, n. 2, p. 132-141, 1992.
NEW LONDON GROUP. A pedagogy of multiliteracies: Designing social futures. Harvard
Educational Review, v. 66, n. 1, 1996.
OFCOM. Children and parents: media use and attitudes report 2017. Londres: Ofcom, 2017.
Disponível em: https://www.ofcom.org.uk/research-and-data/media-literacy-
-research/childrens/children-parents-2017. Acesso em: 18 nov. 2018.
ROWSELL, Jennifer et al. The Social Practice of Multimodal Reading: A New Literacy Stu-
dies – Multimodal Perspective on Reading. In: ALVERMANN, D.E.; UNRAU, N. J.; RUDDEL,
R. B. (eds.). Theoretical Models and Processes of Reading. 6. ed. Newark, DE: International
Reading Association, 2013, p. 1182-1207.
SERAFINI, Frank. Reading the Visual: An Introduction to Teaching Multimodal Literacy.
New York: Teachers College Press, 2014.
SIMPSON, Alyson; WALSH, Mauren. Mobile Literacies: Moving from the Word to the World.
In: BURNETT, C. et al (eds.). The Case of the iPad. Singapura: Springer, 2017, p. 257-265.
STEIN, Pippa. Multimodal Pedagogies in Diverse Classrooms. Representations, rights and
resources. Londres: Routledge, 2008.
VYGOTSKY, Lev. El desarrollo de los procesos psicológicos superiores. Barcelona: Crítica,
1979.
VYGOTSKY, Lev. Thought and language. Cambridge, MA: MIT Press, 1986.
WALSH, Mauren. Pedagogic Potentials of Multimodal Literacy. In: WEE HIN, L. T.; SU-
BRAMANIAM, R. (eds.). Handbook of Research on New Media Literacy at the K-12 Level.
Hershey, PN: IGI Global, 2009, p. 32-47.
WALSH, Mauren; SIMPSON, Alyson. Touching, tapping... thinking? Examining the dynamic
materiality of touch pad devices for literacy learning. Australian Journal of Language and
Literacy, v. 36, n. 3) p. 148-158, 2013.
WALSH, Mauren; SIMPSON, Alyson. Exploring literacies through touch pad technologies:
The dynamic materiality of modal interactions. Australian Journal of Language and Lite-
racy, v. 37, , n. 2, p. 96-106, 2014.
WELLS-ROWE, Deborah. Recent Trends in Research on Young Children’s Authoring. In:
LARSON, Joanne; MARSH, Jackie (eds.). The SAGE Handbook of Early Childhood Literacy.
Londres: SAGE, 2013, p. 423-447.
WOHLWEND, Karen. Early adopters: Playing new literacies and pretending new
technologies in print-centric classrooms. Journal of Early Childhood Literacy, v. 9, n. 2,
p. 117-40, 2009.
YELLAND, Nicola. iPlay, iLearn, iGrow. In: GARVIES, S.; LEMON, N. (eds.). Understanding
Digital Technologies and Young Children. Londres e Nova York: Routledge, 2015, p. 122-138.
YELLAND, Nicola; GILBERT, Caja. iPlay, iLearn, iGrow. Research report presented to
IBM, 2013. Disponível em: http://www.ipadsforeducation.vic.edu.au/planning/
ipads-for-learning/docs/IBM%20Report%20iPlay,%20iLearn%20&%20iGrow.
pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.