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É
fato que as tecnologias digitais têm diversas vantagens para a modernidade, como a facilidade
de comunicação, a desburocratização de processos e o aprimoramento da habilidade de
efetuar tarefas simultâneas. No entanto, tudo em excesso causa malefícios. É o caso da
dependência do meio digital, que se refere ao uso excessivo de computadores e aparelhos celulares
com intenção de permanecer sempre conectado à rede virtual.
Em casos mais graves, o uso pode ser patológico e relacionado com o vício em jogos eletrônicos e
redes sociais. Esse uso abusivo tem reflexo na vida pessoal, social e profissional da pessoa, como:
Logo, por ser uma questão tão ligada à saúde mental, é essencial discutir o assunto. Mas, afinal, como
isso ocorre dentro do contexto brasileiro?
A dependência digital é um drama dos tempos modernos e está presente, mesmo que em graus
diferentes, em praticamente todos os países. Um estudo de 2019, realizado pelo Programa de
Doutorado em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo 1, apontou que 1 em cada 4
adolescentes brasileiros é dependente da Internet. Entre uma das razões pelas quais os jovens
brasileiros estão tão dependentes do mundo virtual, de acordo com os especialistas, está a relação
com fase da vida em que estão vivendo, como a adolescência, período em que os jovens sentem
necessidade de aprovação e de reforçar a própria imagens e, talvez por isso, muitas pessoas que não
conseguem a “tão sonhada” popularidade nos ambientes de convivência, se estabelecem nas redes
sociais.
Nos parágrafos a seguir, vamos avaliar melhor os riscos que crianças e jovens podem enfrentar com
uma exposição intensa às telas e como a pandemia do covid-19 afetou os casos de dependência do
mundo virtual.
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Até dois anos: o ideal é que a criança não tenha contato com mídias digitais;
Entre dois e cinco anos: limitar o contato ao máximo uma hora por dia;
Entre seis e 10 anos: recomenda-se o uso de mídias digitais por no máximo duas horas por dia,
sempre com supervisão;
Entre 11 e 18 anos: a recomendação é restringir a duas ou três horas, com supervisão.
Um dos problemas mais recorrentes do uso excessivo de telas ocorre na visão. A oftalmologista
pediátrica Gabriela Eckert, membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), afirma que
aumentou muito o número de casos de crianças desenvolvendo ou aumentando o grau de miopia nesse
período de isolamento. Ela explica que, para enxergar aquilo que está mais perto, há maior esforço
acomodativo, o que significa mais força para focar a visão. A médica chama a atenção para o que
significa aumentar o grau da miopia.
Esse aumento (da miopia) tem relação principalmente com o uso de telas pequenas, como celular,
tablet e computador. Não tanto a TV, porque a visão é um pouco mais de longe. O problema
também está relacionado a um menor contato com a luminosidade dos ambientes externos.
Quanto mais alto o grau de miopia, mais chance tem de haver descolamento de retina no futuro,
de degeneração miópica, que são causas da perda de visão. A miopia costuma aumentar na
adolescência, e hoje a gente está vendo isso nas crianças menores.
Do mesmo jeito que você é obrigado a lavar as mãos constantemente, você também é obrigado a
mexer no celular constantemente, até pela sensação de proximidade, mas tirando a pandemia, se
você tiver um grau de dependência maior do que a questão pandêmica, significa que você
realmente tem uma compulsão.
Especificamente na atual situação de pandemia, o médico confessa que é de fato complicado separar o
uso em excesso da necessidade obrigatória, formando uma linha tênue entre as duas. As redes sociais
são um exemplo, já que o uso padronizado e repetitivo dos sites pode gerar transtornos obsessivos,
porém ela também é responsável pela aproximação de famílias e amigos em situação de quarentena, se
tornando um meio para socializar, mesmo que virtualmente.
Diante disso, o médico dá algumas dicas para que as pessoas consigam agir e lidar naturalmente
diante do uso diário da tecnologia, como aumentar “o espaço entre uma vista e outra no celular, desde
que não tenha nenhuma obrigatoriedade sua em ver” e “pontuar as necessidades profissionais das
necessidades pessoais”.
Repertório Sociocultural
Autores e obras
Pierre Lévy, filósofo e sociólogo contemporâneo, estudioso do impacto do mundo virtual na
sociedade (obra “Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea”): reflexões
sobre a cibercultura, o ciberespaço, a ciberdemocracia e a exclusão, o papel do professor na
educação,virtual etc;
Massimo Recalcati, psicanalista italiano, na obra “O homem sem inconsciente” (2010), trata de
como as redes sociais podem se configurar como uma espécie de nova droga extremamente
viciante, cuja ausência acarreta sintomas muito parecidos com crises de abstinência e aponta
para a dificuldade do sujeito de lidar com o desamparo;
Heidegger, já na obra “Ser e Tempo” (1927), abordava a ideia de que a tecnologia ameaçava tirar
do homem a sua capacidade de refletir sobre as coisas e poderia transformá-lo em um ser que
produz, muitas vezes, de maneira irrefletida;
Fatos históricos
Terceira Revolução Industrial (Revolução Técnico-Científica Informacional);
Quarta Revolução Industrial;
Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs);
Adam Alter, psicólogo | Frase dita em um entrevista ao jornal El País, 25 de abril de 2018. 4
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
A comunicação que se estabelece é só da tela para a criança. Da criança para a tela não há
resposta. Não há interação.
Fontes e referências