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Uso Abusivo de Tecnologias
Veruska Santos

A definição de dependência de Internet é a falta de habilidade para


controlar o uso da internet no manejo do tempo gasto na Web gerando prejuízos
sociais, ocupacionais, acadêmicos, financeiros, psicológicos e até complicações
neurológicas.
A psicóloga norte americana Kimberly Young da Universidade da
Pensilvânia, foi a pioneira na área e em 1996 publicou o primeiro artigo científico
abordando essa realidade e seus prejuízos.
Ela divide a Dependência de Internet em 5 subtipos:
1. Dependentes de Sexo Virtual;
2. Dependentes de Relacionamentos Virtuais;
3. Compulsões Virtuais;
4. Sobrecarga de Informações;
5. Dependência de computador.

Importante ressaltar que o nome dependência de Internet abrange as


dependências que não precisam necessariamente da Internet como os jogos de
computador.
Aliás a controvérsia começa pelo nome pois a literatura apresenta muitos
nomes para designar uma mesma coisa: Internet Addiction, Problematic Internet
Use, uso abusivo de Internet e outros além de muitas escalas validadas para
mensurar o problema o que também acaba dividindo as publicações e fazendo
com que o reconhecimento de tal transtorno fique cada vez mais distante.
O DSM 5 reconhece no capítulo para futuros estudos o "Internet gaming
addiction" o que aponta para uma direção de reconhecimento da dependência
de jogos online como transtorno mental. A CID 11 já reconhece o Transtorno do
Jogo no setor de dependências comportamentais e acrescenta a definição de
distração passiva que é fazer com que a criança fique quietinha utilizando
eletrônicos como distratores (smartphones, tablets e outros)

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A definição do DSM 5 para o Transtorno do Jogo pela Internet (IGD) é o
uso persistente e recorrente da internet para engajamento em jogos, muitas
vezes com a participação de outros jogadores, causando prejuízo ou sofrimento
clinicamente significativos, como indicado por cinco (ou mais) dos nove critérios
apresentados a seguir no período de 12 meses: A) Preocupação com jogos na
internet; B) Sintomas de abstinência quando o jogo é interrompido; C) Tolerância;
D) Insucesso para controlar a participação nos jogos; E) Perda de interesse em
passatempos e entretenimentos por conta dos jogos na internet; F) Continuidade
do uso excessivo de jogos na Internet, apesar do conhecimento dos problemas
psicossociais; G) Mentir para familiares ou outros em relação à quantidade do
jogo pela internet; H) Uso de jogos na internet para escapar ou aliviar humor
negativo; I)Perda de relação significativa, emprego ou educacional ou
profissional em função dos jogos na internet (APA,2014).
Pesquisas mostram prejuízos significativos em fala, linguagem, memória,
atenção, foco, tomada de decisão e controle emocional em crianças que usam
abusivamente tecnologia. (Lin et al., 2012).
A avaliação é feita através de entrevista clínica sobre o padrão de uso e
sobre os impactos e prejuízos na vida da criança e adolescente. Uma escala com
20 itens desenvolvida pela psicóloga Kimberly Young aborda os critérios
diagnósticos e pode ser usada para rastreio, o teste de dependência de Internet.
Nessa escala temos sondagem de uso leve, moderado ou grave de tecnologia
indicando problemas ou não.
A Sociedade Brasileira de Pediatria lançou um manual chamado Saúde
na era digital em dezembro de 2019 com muitas recomendações aos pais,
educadores e profissionais de saúde. Uma orientação muito importante em
relação ao tempo de exposição às telas que gera muita dúvida e de acordo com
a Sociedade Brasileira de Pediatria deve ser:

1. Crianças com menos de 2 anos de idade não devem ter nenhum acesso às
telas digitais;
2. Crianças entre 2 e 5 anos, devem ter no máximo, 1 hora por dia de exposição
às mídias digitais.

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3. Entre 6 aos 12 anos de idade, limitar o tempo de uso das telas para, no
máximo, duas horas por dia
4. A partir dos 13 anos, os cuidadores devem orientar sobre o uso e conversar
sobre as experiências no mundo digital e fora dele.
Importante administrar para que esse tempo de exposição não seja
noturno e, sempre evitar, o uso antes de dormir.
O tratamento cognitivo comportamental deve incluir um
automonitoramento para entendermos a relação do paciente com a tecnologia e
como o uso se dá. A automonitoria deve dar informação sobre o tempo gasto;
sobre os aplicativos e jogos utilizados, o local de utilização, como o paciente se
sente ao usar, pensamentos associados e como se sente após o uso.
Um segundo passo do tratamento é promover alguma quebra na relação
com a tecnologia. Uma modificação de comportamento para impactar o uso
compulsivo e trazer para o consciente essa utilização da tecnologia. Promover a
quebra de hábito no uso da Internet. Em um momento posterior reorganizar e
promover novos hábitos e um novo uso.
Levantar as crenças subjacentes ao uso compulsivo e reestruturá-las
trabalhando também distorções cognitivas.
O gerenciamento do tempo para que o paciente não destine muito tempo
à internet e a motivação para interações sociais reais também são partes
integrantes do tratamento. Desenvolver habilidades sociais e relações sociais
propondo novas atividades para substituir o uso abusivo da tecnologia. As
habilidades sociais a serem desenvolvidas são: Comunicação verbal,
Capacidade reforçadora, Assertividade, Empatia e Comunicação não verbal.
Importante também pensar em estratégias para prevenção de recaídas
onde o terapeuta identifica situações de risco e elabora com o paciente
estratégias de enfrentamento específicas para cada situação identificada.
Precisamos ter em mente que a Internet hoje é parte integrante da rotina
de todos. Portanto o aspecto mais importante do tratamento não é retirar a
Internet da vida do paciente pois isso não é mais possível nem desejável e sim
promover o uso consciente da tecnologia a fim de criar e sustentar uma relação
saudável.

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Muito importante também entender que no caso de crianças e
adolescentes o apoio da família é fundamental! Orientar os pais sobre seu
próprio uso muitas vezes se faz necessário pois os mesmos são modelos para
os filhos. Medidas como evitar telas durante as refeições e promover momentos
sem tecnologia na família como passeios e conversas sem celulares por perto
são medidas importantes para uma família que deseja implementar um uso
consciente de tecnologias.

Referências Bibliográficas

Cartilha de uso inteligente da Tecnologia- Reconecte- Ministério da


Mulher da Família e dos Direitos Humanos - Governo Federal, 2019.

DU, Y; Lin, F; Lei, H; Qin, L; Zhao, Z; Xu J; Zhou Y. Abnormal White Matter


Integrity in Adolescents with Internet Addiction Disorder: A Tract-Based
Spatial Statistics Study. Plos One; January 11, 2012

YOUNG, Kimberly S; ABREU, Cristiano Nabuco de. Dependência de Internet


em Crianças e Adolescentes: Fatores de Risco, Avaliação e Tratamento.
Editora Artmed

YOUNG, Kimberly S; ABREU, Cristiano Nabuco de; VERONESE, Maria


Adriana Veríssimo (Tradutor); Dependência de Internet: Manual e Guia de
Avaliação e Tratamento. Editora Artmed.

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