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Dependência Digital

Dr. Vinícius Xavier


Goiânia - GO
Junho de 2021.
Os sintomas de dependência digital mudam de acordo o
avanço da tecnologia (Young, 2014).

Não há um padrão capaz de definir suas características, mas


alguns tipos de comportamentos começam a ser identificados
como habituais:
uso compulsivo da internet,
estar sempre on-line,
dificuldade de se relacionar na vida pessoal ou profissional
com outras pessoas de forma presencial.
• Pesquisadores da Universidade de Maryland – EUA queriam
saber o que sentiam jovens espalhados por dez países, nos cinco
continentes, depois de passarem 24 horas longe do computador,
dos smartphones e tablets:
. “Fiquei me coçando
"Eu literalmente não sabia como um viciado porque
o que fazer comigo” não podia usar o celular”

“Me senti
morto”!
• As descrições, como se viu, são assombrosas. E representam
exatamente como sofrem os portadores de um transtorno
preocupante que tem avançado pelo mundo: o IAD (Internet
Addiction Disorder), sigla em inglês para distúrbio da
dependência em internet.

O que os entrevistados manifestaram são sintomas de abstinência, no mesmo


grau dos apresentados por quem é dependente de drogas ou de jogo, por
exemplo, quando privado do objeto de sua compulsão.

Estima-se que 10% dos brasileiros enfrentem o problema. Esse número pode
ser ainda maior dada a velocidade com que a internet chega aos lares nacionais.
Em outra busca de definição é considerada como a
incapacidade de controlar o próprio acesso à internet,
constando dificuldades em controlar as horas online,
prejuízos funcionais no bem-estar psicológico e social e
sintomas de tolerância e abstinência.

Seus componentes neuroquímicos se


assemelham as dependências de substâncias.
“Os usuários estão se distraindo com
facilidade e têm dificuldade de controlar
o tempo gasto com o aparelho”
(Cristiano Nabuco)

A IAD está instalada quando o indivíduo


começa a sofrer prejuízos na sua vida pessoal,
social ou profissional por causa do uso
excessivo do meio digital.
• A Dependência de Internet ainda não é reconhecida como um
transtorno no hemisfério ocidental, o que contribui para a falta ou
dificuldade de diagnóstico e tratamento.

• Não consta em manuais diagnósticos.

• As pesquisas ainda são escassas.

• Os tratamentos utilizados são baseados em patologias semelhantes,


como o jogo patológico.
Uma das pioneiras no tratamento da IAD é a psiquiatra americana Kimberley Young, reconhecida
autoridade na área e responsável, agora, por dirigir uma experiência mundial inédita: a primeira rehab
digital, aberta no mês passado.

O centro de reabilitação fica na Pensilvânia, como um anexo do Centro Médico Regional de Bradford.
O modelo é igual ao de programas de reabilitação de drogas. No local, o indivíduo passará por uma
internação de dez dias.

O tratamento terá como base a terapia cognitivo-


comportamental, cujo objetivo é substituir hábitos nocivos
por outros saudáveis, além de sessões em grupo, individuais e
intervenção medicamentosa consensual, se necessária, em
situações extremas. “Há uma crescente demanda para esse
tipo de serviço”,
disse Kimberley à ISTOÉ.
Questionário elaborado por Kimberly Young (2011) para detectar dependência de Internet
1. Passa mais tempo na internet do que pretendia?
2. Abandona as tarefas domésticas para passar mais tempo na web?
3. Prefere a emoção da internet à intimidade com seu parceiro?
4. Cria relacionamentos com novos amigos na internet?
5. Ouve outras pessoas em sua vida se queixando sobre a quantidade de tempo que você passa
on-line?
6. Suas notas na escola pioram por causa da quantidade de tempo que você passa na web?
7. Acessa seu e-mail antes de qualquer outra coisa que você precise fazer?
8. Seu desempenho ou produtividade no trabalho piora por causa da internet?
9. Fica na defensiva ou guarda segredo quando alguém lhe pergunta o que você faz on-line?
10. Bloqueia pensamentos perturbadores sobre sua vida pensando em conectar-se para se
acalmar?
Questionário elaborado por Kimberly Young (2011) para detectar dependência de Internet
11. Se pega pensando quando você vai entrar na internet novamente?
12. Teme que a vida sem a internet seria chata, vazia e sem graça?
13. Explode, grita ou se mostra irritado se alguém lhe incomoda enquanto você está conectado?
14. Você dorme pouco por ficar on-line até tarde da noite?
15. Sente-se preocupando com a internet quando está desconectado, imaginando que poderia
estar conectado?
16. Se pega dizendo “só mais alguns minutos” quando está na web?
17. Tenta diminuir a quantidade de tempo que fica na internet e não consegue?
18. Esconde quanto tempo você está na internet?
19. Opta por passar mais tempo on-line em vez de sair com outras pessoas?
20. Sente-se deprimido (a), mal humorado (a) ou nervoso(a) quando está offline e esse
sentimento vai embora assim que você volta a se conectar à internet?
Escala de respostas
Sempre 5 Resultados possíveis
Em geral 4 0 a 20 Raramente usa o computador ou Não
Frequentemente 3 não gosta de usá-lo dependente
Algumas vezes 2 21 a 49 Não mostra sintomas de Mediano
dependência, mas de vês em
Raramente 1 quando passa muito tempo na web
Não se aplica 0 50 a 79 Tem problemas com o tempo gasto Preocupante
na internet com impacto
considerável
80 a 100 Uso da internet está causando Dependente
problemas, procure assistência
especializada
Critérios diagnósticos para dependência de Internet
1) preocupação demasiada com a internet;
2) Necessidade de maior tempo conectado para obter a mesma satisfação;
3) grande esforço para diminuir o tempo na internet, sem sucesso;
4) presença de depressão e/ou irritabilidade com suspensão do uso;
5) internet se apresenta como forma de regulação emocional, onde a restrição do seu
uso gera labilidade emocional;
6) permanecer mais tempo conectado do que o programado;
7) prejuízo no trabalho e relações sociais;
8) mentiras associadas a quantidade de horas na internet.

Como as demais dependências, a DI pode ser caracterizada pela compulsão habitual


a utilizar de forma abusiva certa substância ou realizar alguma atividade que
proporcione prazer, apesar das consequências negativas que este uso resulte,
podendo ser físico, financeiro, social ou psicológico.
Prejuízos
•mau relacionamento com familiares,
•isolamento
•déficits nas habilidades sociais (HS).

HS são as “diferentes classes de comportamentos sociais do repertório de um


indivíduo, que contribuem para a competência social, favorecendo um
relacionamento saudável e produtivo com as demais pessoas”
(Del Prette & Del Prette 2005)
• O Treinamento de Habilidades Sociais (THS)
pode ser utilizado como alternativa de
intervenção para DI, a partir do momento em
que existe relação entre a DI e a inabilidade
social.
Quanto menor é a capacidade de auto apresentação do
indivíduo, maior será sua preferência por interações sociais
virtuais consequentemente ao uso compulsivo de internet.
(Caplan & High,2011)

A falta de assertividade, se apresenta como um fato


associado ao comportamento de abuso, especialmente à
falta de comunicação e na incapacidade de resolução de
problema e conflitos no contexto familiar.
 Passar muitas horas conectado proporciona o abandono
e declínio da vida social;

 Gera interferência nas relações familiares;

 Diminuição das atividades de conversação.

 Presença marcada de solidão e perca de interesse da


comunicação com as pessoas.
 A DI prejudica as HS, os maiores prejuízos são apontados
na habilidade de percepção das emoções e seu
entendimento, podendo gerar falta de empatia devido ao
afastamento do convívio social e problemas de comunicação.

“ existe um padrão claro e consistente na literatura indicando


que a preferência por interações sociais virtuais está
associada à solidão, Depressão, Ansiedade Social e poucas
habilidades sociais”

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