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1. Cidade do Vaticano
“Quando a mídia do mundo digital torna-se onipresente não favorece o
desenvolvimento da capacidade de viver sabiamente, de pensar profundamente e de
amar com generosidade”, declara à agência missionária Fides o docente de teologia e
filosofia da Faculdade teológica Redemptoris Mater do Peru, professor Edy Rodríguez
Morel del la Prada, acrescentando que “o mundo digitalizado é um risco latente que leva
a viver da imagem projetada e, por conseguinte, a perder a dimensão real do encontro”.
2. Jovens entre 15 e 24 anos os mais conectados
Segundo o último estudo de “Crianças no mundo digital. Estado das Crianças no mundo
2017” realizado pelo Unicef, 1 entre cada 3 internautas no mundo inteiro é criança, e os
jovens entre os 15 e 24 anos representam a faixa etária mais conectada.
“O estudo chama a atenção para riscos como o isolamento, a dependência, a ansiedade
e a ruptura dos laços familiares e para os perigos relacionados às intimidações,
abusos, exploração e pornografia.” Sendo esta última um dos cânceres mais danosos
no que diz respeito à deformação da mente, do caráter e visão da dignidade da pessoa.
Diante desse contexto, o ministério da segurança social para a saúde do Peru adverte
que o abuso de redes sociais, videojogos, telefones celulares e televisão pode favorecer
problemas de dependência, isolamento e doenças mentais. E trazendo para o âmbito da
vida cristã, esta compulsão tecnológica, mata a capacidade para o silêncio e
consequentemente para a oração como nos adverte o Cardeal Robert Sarah: “Ao matar o
silêncio, o ser humano mata a Deus. Mas quem o ajudará a se calar? O celular toca
constantemente, e seus dedos e sua mente estão sempre ocupados enviando
mensagens... O gosto pela oração é, provavelmente, a primeira batalha da nossa
época”1. Podemos ainda acrescentar a ameaça à castidade, a pureza do coração, a falta
de concentração, a inquietude, a incapacidade para a reflexão e o estudo.
“Essa conexão excessiva pode trazer prejuízos físicos e emocionais” (Ana Lucia Spear),
à saber:
➢ Problemas na coluna cervical
➢ Cansaço na visão,
➢ Obesidade
➢ Depressão
➢ Ansiedade.
Há ainda pesquisas que associam o aumento dos casos de suicídios ao uso exagerado
das novas mídias:
1
R. SARAH & N. DIAT, A força do Silêncio: contra a ditadura do ruído, Fons Sapientiae, São Paulo, 20171.
2
G. CHOUCAIR, Qual é a hora de se desconectar?, in «REVISTA ENCONTRO», Ano VI, n. 63, p. 42-47.
estatísticas nacionais de mortes por suicídio de pessoas de 13 e 18 anos. ‘Adolescentes
que passaram mais tempo nas novas mídias eram propensos a reportar problemas de
saúde mental’, escreveram os autores. O risco de suicídio eleva-se no caso dos que
passam mais de duas horas por dia conectados (33%) e chega a ser 66% maior quando
se comparam jovens que ficam mais de cinco horas usando eletrônicos aos que passam
apenas uma hora. Os pesquisadores destacaram que mudanças nas relações sociais,
que deixaram de ser face a face para se tornarem virtuais, aumentam a sensação de
solidão, mas afirmam que são necessários mais estudos para se entender melhor essa
correlação”3.
3
P. OLIVETO, Estigma e despreparo, in «Correio Brasiliense» n. 20.123 (26.06.2018), p. 14.
4
Desconectado, longe, distante, fora.
4. A capela é o lugar dos mais inadequados para o uso do celular, seguida do refeitório,
sala de aula e momentos de descontração.
5. Não abale o seu humor com publicações virtuais nem acredite em tudo o que é
postado. Cuidado com o que você publica e vê na internet.
6. Procure realizar através das mídias sociais somente aquilo que não for possível fazer
por outros meios.
Outras observações:
Quando a tecnologia é a única fonte de prazer na vida, alguma coisa está errada”. E
os profissionais da saúde advertem que o tratamento de tais dependências não é simples,
ainda se está tateando no escuro. Então o melhor e prevenir enquanto é tempo. Aqui
vale lembrar que o uso compulsivo das novas mídias ativa no cérebro é a Dopamina, a
mesma que é ativada em caso do uso de entorpecentes. Logo o tratamento de tais
dependências implica uma complexidade talvez um pouco maior do que tratar um
dependente químico. Ademais os dependentes das novas tecnologias digitais “são mais
vulneráveis a doenças como depressão e ansiedade”. “Seria uma perda se nosso desejo
de estabelecer e desenvolver amizades online se concretizasse em detrimento da nossa
disponibilidade pela família, os vizinhos e aqueles que encontramos em nossa realidade
cotidiana”, conclui o Prof. Rodríguez.