Você está na página 1de 5

2.

DESENVOLVIMENTO

Na atual conjuntura social, as redes sociais têm ocupado grande parte do tempo
de vida das pessoas. Seu crescimento vem aumentando exponencialmente com o passar
dos anos, infiltrando-se cada vez mais em nossa rotina, sendo quase impossível
encontrar alguém sem pelo menos uma rede social, como Instagram, Facebook, Twitter
(antigo), Tik Tok, Snapchat ou o já esquecido Orkut. As redes sociais desempenham um
grande papel frente a sociedade moderna, trazendo entretenimento, informações
relevantes, diversão e uma grande quantidade de dopamina, que é uma aliada importante
da saúde mental.

Tendo isso em mente, sabe-se que a saúde mental é de extrema importância para
a vida de todos os indivíduos, já que sem ela não se tem a capacidade de lidar com os
estresses rotineiros ou ser produtivos diariamente. Ela impacta diretamente no bem-estar
geral do ser, incluindo emoções, raciocínio, comportamento e relacionamentos.

De acordo com os estudos realizados pela Secretaria de Saúde do Paraná, a


saúde mental de um indivíduo está diretamente relacionada à forma como ele reage aos
desafios da vida e como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e
emoções. Ter saúde mental significa estar bem consigo mesmo e com os outros ao seu
redor. Desse modo, é pertinente cuidar da saúde mental através de consultas com
profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, terapeutas, entre outros. Em
alguns casos, após avaliações médicas, o profissional realiza testes padronizados para
identificar se a pessoa possui algum transtorno, como ansiedade, depressão ou
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), pelo menos 350 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão. A
Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 apresentou prevalência de depressão em 7,6% da
população adulta brasileira.

Hoje em dia, esses transtornos podem ser causados pela grande influência que as
redes sociais exercem sobre os usuários. Evidentemente, nem todos os casos são
relacionados a isso. O bom uso das redes pode trazer pontos positivos para quem as
utiliza. Entretanto, os malefícios também estão em alta, trazendo a todos os problemas
mencionados anteriormente. As interações nocivas das redes sociais podem causar
problemas na vida pessoal e emocional do usuário. Comunicações que podem afetar a
saúde mental incluem o cyberbullying, pressão social, comparação social, entre outros.

O cyberbullying é o bullying através das redes sociais, manifestado como


insultos, difamação, ameaças e humilhação a outras pessoas. Esses insultos não são
feitos sem pudor algum; os usuários que praticam o cyberbullying não se importam com
os sentimentos ou o bem-estar da pessoa que está sendo vítima de sua difamação. Outro
ponto relacionado ao cyberbullying é a falta de respeito pelas opiniões alheias, com
discussões e ataques verbais contra aqueles que têm opiniões divergentes. Em
discussões, frequentemente observamos práticas mencionadas anteriormente, visando
prejudicar o bem-estar do outro.

Além disso, um dos elementos que deterioram a saúde mental de uma pessoa é a
grande pressão social exercida sobre um único indivíduo. A pressão social nas redes
sociais refere-se à influência que outros membros de uma comunidade online têm sobre
um indivíduo, levando-o a conformar-se a determinados padrões, comportamentos ou
expectativas dentro dessa comunidade. Essa pressão pode ser tanto positiva quanto
negativa, afetando a forma como as pessoas se comportam, pensam ou se percebem.

Os usuários sofrem pressão ao tentar se encaixar nos padrões de aparência


impostos pela mídia, já que muitos postam fotos e vídeos de uma vida idealizada ou
"perfeita". Isso faz com que pessoas que navegam por essas redes tentem se encaixar
nesse estilo de vida. Além disso, a pressão ocorre ao tentar entrar em um grupo online,
onde muitas vezes os integrantes exigem que a pessoa que deseja ingressar no grupo
siga algumas regras ou faça algo para comprovar sua adequação ao grupo, que em
outras palavras, seria uma busca por inserção de acordo com os moldes propostos,
sendo muitas vezes apelado através de curtidas, comentários e compartilhamentos.

Para obter aprovação, as pessoas podem moldar seu comportamento e conteúdo


para atrair aceitação social. Isso pode levar à dependência da validação online para a
autoestima. A dependência desses fatores pode levar à ansiedade em busca de melhor
aceitação pelo público que consome o conteúdo.

A aceitação está interligada com a comparação social, na qual usuários


comparam-se com corpos "perfeitos" e vidas "perfeitas" exibidas nas redes, que muitas
vezes são apenas ilusões criadas para a busca pela aprovação mencionada
anteriormente.
A comparação pode acarretar uma série de problemas, como baixa autoestima e
insegurança. Ao comparar-se constantemente com outras pessoas nas redes, o usuário
pode sentir-se inadequado, especialmente se a pessoa acredita que não se encaixa nos
padrões da sociedade ou nos sucessos que são apresentados.

Outrossim, outro problema que pode surgir é a ansiedade ou até mesmo a


depressão. A grande exposição a corpos "perfeitos" e vidas aparentemente maravilhosas
pode levar o jovem a sentir ansiedade e depressão devido à constante comparação e
pressão para alcançar os mesmos resultados.

Os corpos "perfeitos" são um grande problema para a autoestima e saúde mental


de quem os vê. Para alcançar esse corpo perfeito, muitos desenvolvem distúrbios
alimentares. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Psiquiatria, mais de 70
milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas por algum tipo de transtorno
alimentar. Só no Brasil, esse número corresponde a 5% da população, afetando 10
milhões de brasileiros, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre os jovens, a incidência é maior, atingindo 10% do grupo no Brasil. Além disso,
outros recorrem a cirurgias estéticas ou dietas restritivas para se parecerem o máximo
possível com o padrão da mídia.

Os fatos mencionados anteriormente influenciam negativamente na saúde


mental, levando jovens a desenvolver principalmente a depressão. Pensamentos
negativos são constantes, trazendo ideias de autodestruição. Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao
suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes registradas. São registrados cerca de
12 mil suicídios todos os anos no Brasil. Trata-se de uma triste realidade, que registra
cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de
suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão,
seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Com esses números, o suicídio
encontra-se entre as três principais causas de morte em indivíduos com idade entre 15 e
29 anos no mundo.

Como referido anteriormente a pressão para se conformar a padrões ideais tem


consequências prejudiciais, incluindo a distorção da identidade pessoal à medida que as
mentiras se acumulam. Isso levanta a questão fundamental citada sobre a existência de
corpos "perfeitos". A influência da mídia na mente dos jovens e adultos, à medida que
tentam se integrar no cenário online, é cada vez mais notável.

Entretanto, existem também alguns benefícios, já que os malefícios são bastante


evidentes. Uma pessoa em sã consciência os distinguiria corretamente. Entendendo que
a capacidade de intensificar as formas como os jovens interagem, compartilham
informações, mostram atenção uns aos outros e se comparam. Elas permitem que os
jovens se concentrem nas coisas que sempre foram importantes nessa fase: segredos,
imagem, aparência e inseguranças.

Sem dúvida, um dos grandes benefícios das redes sociais é conseguir se


relacionar com maior facilidade e intensidade por meio de pessoas que você optou por
conviver: amigos, familiares, professores, todos eles têm perfis nas mais diferentes
redes sociais e podem ser seguidos por seus filhos. Essa praticidade pode fazer com que
a relação deles seja mais próxima e verdadeira, já que costumamos mostrar quem
realmente somos e o que pensamos em tudo aquilo que escrevemos nas redes sociais,
não é mesmo?

Sendo assim, cabe mensurar que a COVID-19 teve um impacto significativo na


socialização através das redes sociais. Durante a pandemia, as relações foram
encurtadas devido ao isolamento e a várias mudanças na vida das pessoas, algumas
positivas e outras não. Isso se resumiu a uma batalha invisível entre as pessoas e um
vírus. Infelizmente, houve uma grande perda de entes queridos, com cerca de 14,9
milhões de vidas perdidas em 2020 e 2021, de acordo com a OPAS/OMS | Organização
Pan-Americana da Saúde. Algumas pessoas também enfrentaram sequelas, mas é
importante notar que a vida continuou, apesar das dificuldades óbvias.

Para educação, internet pode ser considerada a mais completa, abrangente e


complexa ferramenta de aprendizado do mundo. Podemos, através dela, localizar fontes
de informação que virtualmente nos habilitam a estudar diferentes áreas do
conhecimento. Ela pode ser muito importante quando sabemos usar, mas infelizmente
nem todos os jovens reconhecem esse fator de querer aprender cada vez mais. Vários
têm preguiça de pesquisar ou às vezes só não têm o interesse em aprender, gerando a
grande dificuldade que a sociedade está enfrentando cada vez mais: jovens que entram
na sociedade das drogas ou no mundo alcoólatra.
Contudo, o avanço tecnológico é de suma importância para o conhecimento e
preparação da sociedade. Entretanto, a influência das mídias sociais pode comprometer
o entendimento da realidade da vida, principalmente para os adolescentes (DE SILVA
JUNIOR et al., 2022). Santrock (2014) afirma que, a partir da geração de 1980, os
indivíduos ficaram reféns da tecnologia, o que causa preocupação, visto que buscam
sempre ficar conectados ao mundo das redes sociais na perspectiva de diminuir o
sentimento de solidão.

Diante dos desafios apresentados pelas redes sociais, é crucial encontrar


maneiras de mitigar nossa vulnerabilidade a esse mundo digital complexo. Além disso,
praticar o equilíbrio digital é crucial para preservar nossa saúde mental e emocional.
Essas estratégias ajudam a reduzir nossa vulnerabilidade aos efeitos adversos das redes
sociais, proporcionando uma relação mais saudável com o mundo digital.

Você também pode gostar