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As duas vertentes das mídias sociais e sua influência

As mídias sociais estão presentes em nossas vidas a todo momento, seja para
registrar uma foto em família, procurar o local de destino para sua próxima viagem,
encontrar um novo amor, buscar informações sobre os melhores produtos ou
serviços e acompanhar as tendências do momento ou estilos de vida. Elas nos
possibilitam transitar por diversos assuntos e é quase impossível conhecer alguém
que não esteja presente nesses meios. As mídias podem influenciar no consumo,
vida pessoal e na tomada de decisões.Você sabe qual o nível de influência que as
mídias sociais têm na sua vida?
Mas será que todas as influências são boas? As mídias sociais têm um impacto
significativo na sociedade, e esse impacto pode ser tanto positivo quanto negativo.

De acordo com levantamento realizado pela Comscore em 2023, o Brasil é


considerado o terceiro país do mundo que mais consome redes sociais com cerca
de 131,5 milhões de usuários, ficando atrás apenas da Índia e da Indonésia. As
redes sociais mais consumidas por nós brasileiros são o Youtube com alcance de
96,4%, Facebook com 85,1% e Instagram com 81,4%. Nesse contexto, podemos
observar que as redes sociais estão presentes na vida de praticamente um terço da
população brasileira, podendo nos influenciar diariamente.

As mídias sociais tem um lado positivo em diversos aspectos de nossas vidas, como
por exemplo em nosso acesso rápido e prático à informação sobre produtos e
serviços, na facilidade de se comunicar com pessoas e ao redor do mundo, na
praticidade de se inteirar sobre assuntos e dicas que são de nosso interesse, na
oportunidade de mostrarmos nosso trabalho e hobbies, entre outras milhares de
possibilidades.

Alguma vez você já procurou por um produto ou serviço nas redes sociais por meio
de influenciadores antes de comprá-lo? Se a resposta for sim, saiba que você não
está sozinho, um estudo feito pela Youpix, especialista no mercado de criadores de
conteúdo, relatou que a maioria dos jovens brasileiros já tiveram contato com
alguma marca por meio de influenciadores. Segundo a pesquisa, 64% dos jovens de
18 a 34 anos já usaram influenciadores digitais como uma fonte para conhecer uma
marca ou produto. Ainda de acordo com a pesquisa, 48% dos jovens já fecharam
uma compra levando em consideração as dicas e impressões compartilhadas pelos
criadores de conteúdo. Victoria Fabri, estudante de publicidade e propaganda da
PUCPR utiliza as mídias sociais e os influencers para se informar antes de comprar
roupas, produtos de maquiagem e produtos para o cabelo, principalmente quando o
produto possui um valor alto. A estudante prefere procurar conteúdo de
influenciadores com poucos seguidores, porque acha que eles passam mais
credibilidade do que os grandes influencers por mostrarem o que de fato consomem
em seu dia a dia e produtos que eles consideram bons, diferente dos grandes que
são patrocinados e podem mentir ou não utilizar de fato os produtos que mostram
em suas redes sociais.

Em contrapartida, a internet e as mídias sociais também possuem seu lado


negativo. Você já parou para pensar nos malefícios que as redes sociais podem nos
trazer? De acordo com o psicólogo Marcelo Parazzi, em seu blog, as redes sociais
podem causar 6 danos para seus usuários, sendo o principal deles o incentivo a
compras compulsivas. Seguindo o pensamento de Parazzi, algumas pessoas ao se
depararem com a grande quantidade de propagandas e produtos nas redes sociais
acabam sendo influenciadas a comprarem cada vez mais, gerando problemas de
consumismo. Para Marcelo, navegar nas redes sociais é como ir ao supermercado
quando se está faminto: você compra tudo o que vê e, como a fome não passa,
compra mais e mais. Outro fato que também gera o consumismo é a vida “perfeita”
mostrada por influenciadores nas mídias sociais que gera em seu público a vontade
de ter uma vida igual e para alcançar essa vida eles buscam consumirem as
mesmas coisas mesmo não havendo necessidade.

Outro problema seria a baixa autoestima causada pelas redes sociais. Conforme
relatado pela estudante Victoria Fabri, as mídias sociais influenciam diretamente em
sua vida e autoestima em momentos que ela está mais “para baixo”. Ver
influenciadores com suas vidas perfeitas tendo a mesma idade que ela a abalam
mais do que corpos perfeitos. Também sobre a influência que as mídias sociais
causam na autoestima, a maquiadora Isabelle Karoline relata que “sim sou
influenciada, pois quando posto uma foto, um story e vejo as curtidas e comentários,
isso ajuda a melhorar minha autoestima, porém quando vejo qual seria o padrão de
beleza imposto pela sociedade e pela mídia social, vejo que não me enquadro e
isso faz com que a minha autoestima diminua. Em relação a outros jovens, acredito
que passam a mesma coisa que eu em relação a mídia social e sua influência em
nossa autoestima”.

Conforme um estudo feito pela Royal Society for Public Health (RSPH), em parceria
com o Movimento de Saúde Jovem, as redes sociais provocam efeitos positivos ou
nocivos à saúde humana, dependendo de como são utilizadas. Em seus aspectos
negativos, ela pode causar problemas como ansiedade relacionada a vida
“perfeita”das pessoas na internet já relatada anteriormente que gera um sentimento
de comparação, sensação de isolamento pois “com a facilidade de encontrar
pessoas com interesses idênticos e construir amizades nas redes sociais, o
indivíduo acaba concentrando muito tempo de sua vida na internet. Este excesso de
interações virtuais pode aumentar a sensação de solidão, fazendo com que o
indivíduo se isole socialmente cada vez mais para viver as “relações virtuais
perfeitas”, pressão e esgotamento e obsessão com o corpo causado por pessoas
que normalmente possuem diversos procedimentos estéticos criando um padrão
impossível para a maioria das pessoas.
Jovens criam!

É visível a forte presença dos jovens nas mídias sociais e a sua influência que
abrange várias áreas, desde cultura até políticas. Quando falamos de tendências,
não podemos negar que eles estão ligados nesse assunto, já que temos uma
capacidade única de moldar a cultura contemporânea por meio da criatividade e
paixão pela inovação. Quase todos os jovens seguem as tendências do momento, já
que seguir essas tendências é uma forma de estar mais perto do que as mídias
impõem. A popularização de muitas redes sociais também podem ser
responsabilidade dos jovens, como exemplo o TikTok. Essa plataforma se tornou
uma febre entre a comunidade jovem, lá eles fazem dublagens, dão dicas de beleza
e moda, fazem desafios, divulgam produtos, mostram o seu dia a dia e fazem
dancinhas. Já ouviu falar sobre o “get already with me” ou melhor, “arrume-se
comigo”? É um quadro no tiktok que ficou popular na plataforma por volta de 2022 e
que deu visibilidade para muitos influenciadores jovens, no nicho da moda, que
conhecemos hoje. Essa trend popularizou-se em todos os tipos de públicos, mas
teve inicio com os jovens que tinham o intuito de mostrar as opções de peças que
eles tinham para compor um look para uma tal ocasião. Outro fato marcante do
tiktok são as dancinhas, quem consome os conteúdos dessa plataforma deve
conhecer os grandes influenciadores do momento que tiverem seu reconhecimento
através das dancinhas. Esses influencers criam as danças das músicas que estão
em alta, os seguidores gostam, reproduzem e a dancinha vira trend do momento.

Conserve sua saúde mental

As mídias sociais podem ser nossas aliadas, mas o uso excessivo dessas
plataformas podem prejudicar nossa saúde mental. De acordo com o IG saúde, uma
pesquisa feita pela McAfee revelou dados sobre o uso e comportamento de crianças
e jovens ao redor do mundo na internet. No Brasil, 95% das crianças de 10 a 14
anos já usam o dispositivo móvel (celular), enquanto a média em outros países é de
76%. Entre jovens de 17 a 18 anos, esse índice sobe para 99%, o que também é
6% acima da média global. Esse uso excessivo e a falta de discernimento de saber
separar as redes sociais da realidade, é um fator que atinge a saúde mental de
muitos jovens e adolescentes. Segundo o Jornal USP, um estudo feito pela entidade
de saúde pública do Reino Unido afirma que o Instagram foi a rede social eleita a
mais tóxica para a saúde mental de seus usuários, e de acordo com dados da Pew
Research Center, 64% das pessoas entre 18 a 29 possuem perfil na rede. Nessa
plataforma, influenciadores ou outras pessoas exibem suas vidas e rotinas fora da
realidade de muitos dos seus seguidores, e entre os principais problemas conforme
relatado no estudo pelos usuários estão a ansiedade, depressão, solidão, baixa
qualidade de sono, autoestima e dificuldade de relacionamento fora das redes
sociais. A professora Henriette Tognetti Penha de Morato, do Departamento de
Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento da Personalidade do Instituto de
Psicologia da USP, em uma entrevista para o Jornal USP relatou que as redes
sociais suga os usuários e leva a uma elaboração ficcional da realidade, e que nas
redes sociais, mas pessoas buscam alterar virtualmente o que não consideram
satisfatório na vida real. “Cada um tenta dizer as coisas da maneira como vê e
às vezes provoca para ver como é que vão reagir. É uma distorção criada
para modificar a própria realidade com a qual não se está satisfeito ou criada
para provocar alguma coisa”.

Mas como eu consigo manter uma saúde mental boa dentro das redes sociais? Aqui
estão algumas dicas de como conservar sua saúde mental mesmo estando
diariamente no mundo digital. .
1- limitando o tempo gasto nas redes sociais, ajudando a viver o presente.
2- consumir conteúdo de qualidade, tornando o uso das redes sociais mais
vantajoso.
3- Não se comparar com outras pessoas, ajudando a prevenir quadros de
depressão e distorção de imagem.
4- Não acessar as redes sociais durante o período em que está se preparando para
dormir, evitando a baixa qualidade de sono.
5- Ter um olhar crítico sobre o que é postado nas redes: as fotos ou vídeos nem
sempre mostram a realidade de alguém, isso evita a comparação.
6- Buscar praticar atividade e encontrar pessoas fora do mundo virtual, a fim de
ajudar em uma possível dificuldade de se relacionar fora das redes sociais.
7- Olhar mais para você e não para os outros. Entender a sua realidade e seus
limites.

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