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ANO: 5º ano ETAPA: 3ª

DISCIPLINA: PORTUGUÊS SEGMENTO: EF – ANOS INICIAIS


TIPO DE MATERIAL: REPORTAGEM DATA:

TEMA: Seguidores e curtidas: Até onde a opinião do outro importa?

Um espaço para além de curtidas, comentários e seguidores

A plataforma do Instagram seduz com narrativas de felicidade, beleza e consumo. Precisamos


mesmo de tudo isso?

Stories, hashtags, curtidas, comentários e seguidores. Por que isso importa tanto? A geração que
nasceu mergulhada em um mundo com informações cada vez mais aceleradas é também a geração
que percebeu nas redes sociais a possibilidade de construir e manifestar sua identidade.
Novas formas de sociabilização se estabeleceram favorecendo questões sobre o tempo ideal de
uso das redes sociais, o material que pode ser publicado e como o conteúdo encontrado nessas
plataformas afeta a vida dos usuários. No Brasil, o Instagram, aplicativo que permite o
compartilhamento de fotos, é utilizado por cerca de 50 milhões de pessoas por mês, sendo a segunda
maior base de usuários da plataforma no mundo.
O aplicativo cresceu exponencialmente desde seu lançamento em outubro de 2010,
principalmente após sua compra pelo Facebook em 2012 e adição do Instagram Stories em 2016.
Conseguindo 100 milhões de usuários entre abril de 2012 e março de 2014, a rede social já
contabilizava cerca de 700 milhões de usuários até abril de 2017.
A ideia de um espaço onde se possa construir uma narrativa totalmente personalizada sobre
sua vida é atraente. Você elabora um perfil e, a partir dele, se torna apto para interagir com pessoas
diversas, de lugares diversos, mostrando somente o que acha relevante para que as pessoas conheçam
você, sob seu ângulo favorito.
Dentre as vantagens apresentadas pelo aplicativo, está a oportunidade de pertencer a um espaço
virtual onde ideias, gostos e opiniões se cruzam. A possibilidade de dividir momentos com amigos,
familiares ou pessoas que fazem parte do mesmo círculo social, retrata a já sabida necessidade
humana de agregar contatos.

Cada intervalo é um deslizar de tela

Estudante de Farmácia na Universidade Federal do Ceará (UFC), Davi Mesquita, 24 anos,


pertence ao grupo de usuários assíduos do aplicativo. Apesar de afirmar que não tem muita
preocupação quanto à exposição, admite que às vezes percebe uma sensação negativa após o uso
quando constata que perdeu boa parte de seu tempo conectado. Davi calcula passar cerca de 6 horas
por dia na rede social e reconhece que houve sérias mudanças no seu comportamento desde que
começou a utilizá-la. “Quando não tem nada de interessante para postar, coloco alguma besteira
mesmo”, conta.
No que se refere ao consumo, afirma perceber a influência da exposição à publicidade na sua
forma de vestir, demonstrando assim a força do aplicativo em lançar tendências e comportamentos.
Seguidores e likes têm bastante importância para ele, de forma que fica preocupado quando não é
seguido de volta por outro usuário.
O aplicativo permite que o usuário se sinta confortável em expressar-se das mais variadas
formas: fotos bem produzidas ou espontâneas, textos, vídeos engraçados, memes ou até mesmo
utilizar a rede social para fins comerciais — a lista é imensa.
Igor Alves, 23 anos, é categórico ao dizer que utiliza o aplicativo com bastante frequência.
Entretanto, seu uso está mais voltado para um caráter empreendedor do que pessoal, já que o
estudante de Administração na Universidade de Fortaleza (Unifor) mantém um perfil comercial da sua
editora de livros. É por lá que se comunica de forma mais eficiente com seus clientes.
O jovem afirma que no seu perfil pessoal, configurado como conta privada, costuma seguir
somente amigos mais próximos e família, não acrescenta fotos ou stories com frequência, mas,
quando o faz, tem bastante cuidado para não expor nada tão íntimo. Sobre likes e número de
seguidores, o universitário foi incisivo: “essas coisas não me importam em nada”. Contudo, no perfil
profissional, disse que costuma seguir bastante pessoas. Dessa forma, tem um bom número de
visualizações, o que é ótimo para seu trabalho.

Modo silêncio ativado

Há também pessoas que não sentem tanta necessidade de se manterem conectadas, como Laura
Queiroz, 21 anos, estudante de Direito na UFC, e Robéria Maria, de 39 anos.
Laura, abordada durante um momento de estudo e sem nenhum celular por perto, relatou que
utiliza o Instagram com pouca frequência, atentando-se apenas às eventuais notificações. Disse que
seu critério para decidir quem segue na rede social é simples: pessoas que conhece ou já viu
pessoalmente, portais de notícias e contas que disponibilizam conteúdos referente ao seu curso.
Ela também discutiu sobre os cuidados que tem para não se expor a desconhecidos, como o de
postar fotos com a localização apenas momentos depois de deixar no local, e o de não expor crianças
ou filhos de amigos para não comprometer a sua privacidade. O hábito que desenvolveu com o uso da
rede social, segundo ela, foi o de buscar por promoções de produtos.
Robéria estava com sua família no momento da entrevista. Bem-humorada, respondeu que o uso
da rede social dificilmente afetava algo em seu dia-a-dia; comentou, inclusive, que chegava a se
esquecer de checá-la. A utilização de sua conta no Instagram restringe-se exclusivamente a registros
familiares, sem se preocupar em procurar por algo além disso.
Ela também se protege contra a exposição excessiva: seu perfil é privado, e apenas conhecidos
conseguem ter acesso. Acredita que a ferramenta é interessante, e até que gostaria de ter um pouco
mais de paciência para usufruí-la melhor. Quando o assunto é sobre a importância das curtidas e do
número de seguidores: “Não significam nada. Normal”, respondeu Robéria.
Há quem diga que não fazer parte desse ambiente é perder importantes momentos de interação
online. Essa assertiva reforça o entendimento de que práticas virtuais afetam ou mesmo definem as
experiências do “mundo real”.

No Instagram se estabelece uma teia densa de fatores e circunstâncias

Refletindo sobre a popularidade do Instagram, a psicóloga Idilva Germano, Doutora em


Sociologia — UFC , destaca a rapidez em comunicar e a relevância dada ao visual em nossa
sociedade, sendo a plataforma uma ferramenta para ver e ser visto. Idilva cita também outras
práticas nas redes sociais, além da sociabilização, como os propósitos econômicos e políticos. O
consumo e o ativismo social, para ela, ganham força através da união de pessoas que compartilham de
vivências comuns.
Idilva fala, ainda, sobre os impactos negativos que podem surgir com uso de redes sociais
digitais, entre eles a percepção e atenção pulverizadas em função dos estímulos rápidos da navegação
nas plataformas. Há também prejuízos para o bem estar com a exposição a padrões normativos,
comumente disseminados, como o narcisismo, a felicidade compulsória ou competitividade e inveja.
Em contraponto, a especialista fala de aspectos positivos das plataformas como o ganho de
maior democratização e horizontalidade de informações e de mobilização social, ressaltando que, o
uso das redes sociais, assim como qualquer fenômeno psicossocial, é complexo e cheio de
tensões.
Quando questionada sobre como é a utilização de forma saudável, Idilva enfatiza a importância
de entender o contexto em que se estabelece a prática e afirma:
“A regra geral me parece ser respeitar o limite em que a pessoa consegue realizar, com liberdade,
responsabilidade e bem-estar, suas atividades normais. Ou seja, se me sinto obrigada a verificar meu
Instagram ao ponto de perder o sono, ou de atrasar uma tarefa ou coisa similar, é hora de rever o modo
de usar a rede.”

O que talvez você não saiba

De acordo com pesquisa realizada no Reino Unido, o Instagram foi considerado a pior rede
social para a saúde mental dos jovens. Visto que a sua utilização pode ser relacionada com
sentimentos de ansiedade, vulnerabilidade e de baixa autoestima. A necessidade de se encaixar em
“padrões” também traz prejuízos ao bem-estar.
Rochelly Holanda, psicóloga e mestranda, diz que o uso do Instagram está ligado ao ato de
idealizar a vida através de imagens. Fala, ainda, que na plataforma o visual se destaca deixando o
texto em segundo plano e os perfis passam a segmentar os assuntos abordados. Ao ser questionada
sobre o acesso a informações, afirma:
“A gente precisa de filtro para saber o que interessa e não necessariamente isso é respeitado
pelo feed de uma rede social. Então, essa quantidade de informações chega de uma maneira muito
atropelada.”

Disponível em: https://medium.com/midium/um-espa%C3%A7o-para-al%C3%A9m-de-curtidas-coment%C3%A1rios-e-


seguidores-cb43c5755d3d/Acesso em 27 de set.2021.

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