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Stories, hashtags, curtidas, comentários e seguidores. Por que isso importa tanto? A geração que
nasceu mergulhada em um mundo com informações cada vez mais aceleradas é também a geração
que percebeu nas redes sociais a possibilidade de construir e manifestar sua identidade.
Novas formas de sociabilização se estabeleceram favorecendo questões sobre o tempo ideal de
uso das redes sociais, o material que pode ser publicado e como o conteúdo encontrado nessas
plataformas afeta a vida dos usuários. No Brasil, o Instagram, aplicativo que permite o
compartilhamento de fotos, é utilizado por cerca de 50 milhões de pessoas por mês, sendo a segunda
maior base de usuários da plataforma no mundo.
O aplicativo cresceu exponencialmente desde seu lançamento em outubro de 2010,
principalmente após sua compra pelo Facebook em 2012 e adição do Instagram Stories em 2016.
Conseguindo 100 milhões de usuários entre abril de 2012 e março de 2014, a rede social já
contabilizava cerca de 700 milhões de usuários até abril de 2017.
A ideia de um espaço onde se possa construir uma narrativa totalmente personalizada sobre
sua vida é atraente. Você elabora um perfil e, a partir dele, se torna apto para interagir com pessoas
diversas, de lugares diversos, mostrando somente o que acha relevante para que as pessoas conheçam
você, sob seu ângulo favorito.
Dentre as vantagens apresentadas pelo aplicativo, está a oportunidade de pertencer a um espaço
virtual onde ideias, gostos e opiniões se cruzam. A possibilidade de dividir momentos com amigos,
familiares ou pessoas que fazem parte do mesmo círculo social, retrata a já sabida necessidade
humana de agregar contatos.
Há também pessoas que não sentem tanta necessidade de se manterem conectadas, como Laura
Queiroz, 21 anos, estudante de Direito na UFC, e Robéria Maria, de 39 anos.
Laura, abordada durante um momento de estudo e sem nenhum celular por perto, relatou que
utiliza o Instagram com pouca frequência, atentando-se apenas às eventuais notificações. Disse que
seu critério para decidir quem segue na rede social é simples: pessoas que conhece ou já viu
pessoalmente, portais de notícias e contas que disponibilizam conteúdos referente ao seu curso.
Ela também discutiu sobre os cuidados que tem para não se expor a desconhecidos, como o de
postar fotos com a localização apenas momentos depois de deixar no local, e o de não expor crianças
ou filhos de amigos para não comprometer a sua privacidade. O hábito que desenvolveu com o uso da
rede social, segundo ela, foi o de buscar por promoções de produtos.
Robéria estava com sua família no momento da entrevista. Bem-humorada, respondeu que o uso
da rede social dificilmente afetava algo em seu dia-a-dia; comentou, inclusive, que chegava a se
esquecer de checá-la. A utilização de sua conta no Instagram restringe-se exclusivamente a registros
familiares, sem se preocupar em procurar por algo além disso.
Ela também se protege contra a exposição excessiva: seu perfil é privado, e apenas conhecidos
conseguem ter acesso. Acredita que a ferramenta é interessante, e até que gostaria de ter um pouco
mais de paciência para usufruí-la melhor. Quando o assunto é sobre a importância das curtidas e do
número de seguidores: “Não significam nada. Normal”, respondeu Robéria.
Há quem diga que não fazer parte desse ambiente é perder importantes momentos de interação
online. Essa assertiva reforça o entendimento de que práticas virtuais afetam ou mesmo definem as
experiências do “mundo real”.
De acordo com pesquisa realizada no Reino Unido, o Instagram foi considerado a pior rede
social para a saúde mental dos jovens. Visto que a sua utilização pode ser relacionada com
sentimentos de ansiedade, vulnerabilidade e de baixa autoestima. A necessidade de se encaixar em
“padrões” também traz prejuízos ao bem-estar.
Rochelly Holanda, psicóloga e mestranda, diz que o uso do Instagram está ligado ao ato de
idealizar a vida através de imagens. Fala, ainda, que na plataforma o visual se destaca deixando o
texto em segundo plano e os perfis passam a segmentar os assuntos abordados. Ao ser questionada
sobre o acesso a informações, afirma:
“A gente precisa de filtro para saber o que interessa e não necessariamente isso é respeitado
pelo feed de uma rede social. Então, essa quantidade de informações chega de uma maneira muito
atropelada.”