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S.A FORMAÇÕES

ALUNO(A): CRISTIANE PINTO


FORMADOR: CARLOS TEXEIRA

A EXAUSTÃO EMOCIONAL DO CUIDADOR DO DOENTE TERMINAL

SÃO PEDRO DO SUL – PORTUGAL


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2022
ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO __________________________________________________03-04
2 – DESENVOLVIMENTO ___________________________________________04-06
3 - CONCLUSÃO ____________________________________________________06-07
4 – REFERÊNCIAS __________________________________________________07
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1. INTRODUÇÃO

Assim como o paciente oncológico terminal, a família do doente também passa por
várias transformações e pelo enfrentamento da morte, logo essa interação entre o paciente e
sua família é uma relação complexa, onde o doente sofre com as alterações da família e a
família sofre com as do doente, e com estas alterações, surgem necessidades do paciente e de
seus familiares, surgem os cuidados paliativos, definidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), como cuidados ativos e integrais ao paciente sem possibilidades de cura, visando o
controle da dor e dos demais. A antecipação das situações de crise é uma das grandes
estratégias para alcançar esse objetivo. O trabalho em Cuidados Paliativos é fundamentado em
princípios claros, tendo sido publicados pela OMS primeiramente em 1986 e reafirmados em
2002.

Essa prática pode contar com uma equipe especializada, ou se concentrar em um


cuidador, que pode ser um parente ou amigo, denominado cuidador informal. Esse cuidador
na maior parte dos casos é escolhido por desejo do paciente, por falta de opção entre os
familiares ou por falta de uma equipe especializada. O cuidador abre mão de muitas coisas
para estar com o doente, motivado pela busca de cura, mas afetado por desilusões,
sofrimentos e carga de trabalho dispensada ao paciente. Essas situações se intensificarão com
o avanço da doença, com medo de que algo ruim ocorra em sua ausência ou mesmo pela
preocupação com a falta de companhia do paciente, o cuidador tende ao isolamento social,
restringindo suas atividades e rotinas habituais, tornando-se prisioneiro de seu lar.

Geralmente, o cuidador informal não se sente preparado e não tem conhecimento


suficiente para desempenhar essa função, o que aumenta a sua exaustão e o leva a deixar de
lado suas próprias necessidades de saúde. Por outro lado, aqueles que se sentem mais
preparados para essa atividade sofrem menos. É difícil para o cuidador prover o cuidado no
domicílio por não contar com ajuda ou por falta de competência técnica quando o paciente
utiliza dispositivos médicos para a manutenção de algumas de suas necessidades fisiológicas
básicas.

Muitas vezes, o paciente no estado avançado da doença necessita de dieta e o cuidador


precisa aprender a prepará-las. Vivenciar o sofrimento do paciente pode ser uma tarefa difícil
e que requer do cuidador um preparo para esse enfrentamento, nem sempre presente. O
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cuidador na fase terminal do doente precisa conviver com a situação da dor de difícil controle
e o definhamento da pessoa sem que possa interromper esse processo, além da ameaça
constante da morte a qualquer instante.

Faz parte do desenvolvimento espiritual de cada indivíduo compreender a dor do


outro, sentir compaixão e conseguir passar por essas experiências sem sentir a dor pelo outro.
Isto é importante, pois só assim o cuidador terá forças para levar adiante a missão tão difícil
de assistir o outro a morrer e permitir que o paciente se sinta à vontade em falar sobre a morte,
o que não é fácil, por isso é importante ter apoio. O apoio da equipe de saúde permitirá ao
cuidador sentir-se acolhido para expressar seus sentimentos e angústias e possibilitará que
continue a exercer seu papel com o menor sofrimento possível até a morte do paciente.

2. DESENVOLVIMENTO

A Organização Mundial de Saúde define os Cuidados Paliativos como uma


abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de
situações que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento.
Para tal, requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outras
situações angustiantes de natureza física, psicossocial e/ou espiritual. Um dos pilares dos
Cuidados Paliativos é o trabalho multiprofissional e interdisciplinar.

2.1 DOS CUIDADOS PALIATIVOS.

É de fundamental importância destacar os princípios dos Cuidados Paliativos, já que


são extrema importância para o tratamento de diversas doenças. Entre os principais estão:
Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; Não acelerar nem adiar a morte;
Cuidar das pessoas com o máximo de dignidade, ética e profissionalismo; Integrar os aspetos
psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; Não existe cuidados paliativos sem equipe
multiprofissional; Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão
ativamente quanto possível.

Comoo podemos ver, os cuidados paliativos exercem um papel de extrema


importância pois cuida das complicações, tratando problemas agudos, cuidando da família,
reabilitando e principalmente auxiliando para que o tratamento curativo seja o mais suportável
possível. Promovendo o alívio da dor e outros sintomas estressantes reafirmar a vida e encarar
a morte como um processo natural não pretender antecipar ou adiar a morte integrar aspetos
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psicossociais e espirituais ao cuidado oferecer um sistema de suporte que possibilite ao


paciente viver tão ativamente quanto possível.

2.2 DA EXAUSTÃO PSICOLÓGICA E EMOCIONAL DO CUIDADOR

Cuidar de um paciente terminal pode trazer sobrecarga emocional, estresse, medo,


exaustão, ansiedade e menor satisfação com a vida. O fato de sentir-se frustrado na obtenção
de resultados positivos do cuidar no que concerne à manutenção da vida e do bem-estar do
paciente terminal mobiliza sentimentos negativos de auto-desvalorização e de impotência.

O nível de tensão emocional do cuidador é maior do que na população em geral. O


desespero é apontado como um sintoma que acompanha a depressão e que se apresenta em
situações de sobrecarga psíquica com aumento da ansiedade do cuidador acompanhar o
doente em seu sofrimento gera no cuidador um sentimento de desespero e uma dificuldade em
continuar acompanhando o paciente nesse processo de morrer.

O desânimo e a tristeza também permeiam o cotidiano do cuidador; Alguns estudos


mostram que a sobrecarga advinda dos cuidados, associada a fatores como a visão negativa do
cuidador sobre a doença, a ausência de uma rede de suporte social e a relação difícil com o
paciente, aumentam consideravelmente os sentimentos de desanimo e tristeza. Esses fatores
desenvolvem no cuidador uma menor satisfação com a vida a expressão da tristeza pode ter
duas fontes: uma no enfrentamento da finitude da vida e outra na perda de “sua própria vida”.

Na maioria das vezes as ações de cuidar ocupam todo o tempo do indivíduo que não
tem mais um momento para cuidar de si e escutar suas próprias necessidades sejam físicas,
afetivas, familiares ou sociais.

Mergulhado nas tarefas do cuidado, geralmente em período integral, o cuidador pode


se isolar do relacionamento com outras pessoas, não tendo com quem conversar e dividir seu
sofrimento. O cuidador pode se sentir na obrigação de conter suas emoções, por acreditar que
o paciente sentir-se-á ainda pior se perceber seu sofrimento e sua sobrecarga, Sem demonstrar
suas emoções e longe do convívio social, o sentimento de solidão se torna cada vez mais
presente, e pode se manifestar sob a forma de raiva e impaciência no cuidado.

Além de todos esses sentimentos e sensações existem também a pressão social pois em
relação ao cuidado, a mulher pode sentir-se pressionada a assumir o papel de cuidadora, e
pode ser vista como responsável por esses cuidados, devido às construções sociais de gênero.
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Socialmente, cabe a mulher assumir os cuidados dos familiares no caso de doença por
se pressupor que tenha maior disponibilidade. Por não haver outro cuidador ou alternativa
para o cuidado do paciente terminal, o indivíduo permanece nessa função por obrigação e com
sofrimento por agir contra sua vontade. Estabelece-se assim um conflito interno entre a
necessidade de cuidar por questões morais e éticas e a aversão pelo cuidado ou o
enfrentamento da morte.

Mas o que pode ser feito para enfrentar todo esse conjunto de sentimentos, sensações e
dificuldades da profissão? De que maneira pode ser reduzida o estresse do cuidador? Ao invés
de olhar para o futuro e antecipar o que a doença pode fazer, se concentre no que você precisa
fazer hojr, pois olhar para o quadro inteiro pode ser esmagador, então é necessário ter foco e
viver um dia de cada vez.

3. CONCLUSÃO

Cuidar do outro pode ser gratificante, mas exige tempo, paciência e leva a muitas
mudanças na rotina. O cuidador, muitas vezes, fica responsável pela higiene pessoal, por levar
ao médico, ficar de olho nas medicações e preparar a alimentação de um familiar idoso ou
pessoa incapacitada por algum problema de saúde.

Como nem sempre a família tem condições de arcar com um profissional, é comum
que essa função seja realizada por alguém que tenha um vínculo afetivo com quem está sendo
assistido.

Essa situação envolve muita dedicação —às vezes até integral e por longos anos—
causando um desgaste físico e até mesmo mental do cuidador. É comum que desenvolvam
uma condição conhecida como estresse do cuidador, ou seja, uma tensão emocional
decorrente do cuidado.

Muitos cuidadores deixam de realizar suas atividades do dia a dia como trabalhar, não
se alimentam corretamente, dormem pouco e passam por muito estresse para cuidar de um
ente querido que está impossibilitado.

O cuidador ou a cuidadora se sente sozinho, desprotegido, com insônia, apresenta


perda ou excesso de apetite e, em alguns casos, forte depressão. É comum relatarem um
cansaço que não passa, descuidam da aparência e não tem tempo para si.

É Fundamental dividir as tarefas e admitir que precisa de ajuda para dar apoio à pessoa
assistida. Outra questão é conseguir ter tempo para o lazer e evitar o isolamento. É
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fundamental manter relacionamentos com outras pessoas, não apenas com quem é assistido.
Geralmente, os cuidadores passam longas horas cuidando do outro e esquecem que precisam
de pausas ou de realizar atividades que tragam prazer como leitura ou assistir um filme. É
necessário também manter a atividade física, tentar realizar um alimentação equilibrada e
dormir bem.

Em alguns momentos, o cuidador percebe que está no seu limite. Muitos sentem uma
depressão intensa e/ou mudam de comportamento, ficando mais irritados ou propensos a
agressões ou desrespeito ao idoso ou pessoa doente. Desse forma, é muito importante cuidar de
quem cuida. O cuidador pode perder a capacidade de lidar com essa situação. E é necessário
averiguar se a pessoa não precisa buscar uma institucionalização para que o idoso ou doente
tenha mais atenção e os cuidados necessários.

4. REFERÊNCIAS
https://www.oficinadepsicologia.com/um-cuidado-maior-cuidar-ate-a-exaustao/
https://www.sbgg-sp.com.br/voce-esta-caminhando-para-burnout-do-cuidador/
https://www.cuidador.pt/blogue/188-burnout-ou-o-sindrome-do-cuidador
https://cenie.eu/pt/blog/desgaste-do-cuidador-atento-aos-sintomas
https://www.abrale.org.br/informacoes/cuidados-paliativos/
http://www.oncoguia.org.br/mobile/conteudo/cuidados-paliativos/137/50/

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