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SENHORA DE FÁTIMA
SÍNTESE DOGMÁTICA:
ESCATOLOGIA
BRASÍLIA / DF
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 3
4. A morte ............................................................................................... 7
6. O INFERNO ......................................................................................... 9
8. O CÉU ............................................................................................... 13
3
2. DEFINIÇÃO E OBJETO DO TRATADO
2.1 Definição
2.2 Objeto
1 POZO, Candido, S.I. Teología del más allá. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid,
1992. 3 ed., p. 3, tradução nossa
2 FERNÀNDEZ, Aurelio. Teología dogmática: curso fundamental de la fe católica. Biblioteca de
Berkenbrok, Paulo Ferreira Valério, Vilmar Schneider]. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015, p. 365.
5 SCHNEIDER, Theodor. Manual de Dogmática. Vol II. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 343.
4
históricos e sua interpretação em fé, e esse Deus, que se tornou historicamente
concreto, é a razão da esperança”.6
Os aspectos escatológicos na Antiga Aliança vão se desenvolvendo
gradativamente conforme cresce também a compreensão do Deus que se revela
nas experiências concretas do povo. “Assim, vai-se formando uma escatologia
individual com a esperança na ressurreição dos mortos, uma escatologia
comunitária [...], e finalmente uma escatologia universal com a esperança em
uma nova criação do céu e da terra”.7
Essa realidade escatológica embrionária “inicia com uma promessa”8 em
Abraão, chamando-o a sair de sua terra e a colocar-se a caminho, por meio da
Aliança, e perpassando por Moisés até a descendência de Davi, mostrando-se
“uma história de esperança sempre mais abrangentes”.9
Primeiramente na promessa feita a Abraão “estão presentes as
promessas clássicas: terra, descendência e a dispensação de Deus”10;
posteriormente, na promessa de libertação do povo do Egito, excede a feita à
Abraão, descrevendo a terra prometida como “sedutoramente bela: uma terra
bonita, ampla, terra em que mana leite e mel”11; depois, à promessa da terra,
descendência e aliança, é acrescentada a promessa também de um reino em
Israel ligado a “a esperança de um homem que conta com a especial assistência
de Deus”.12
Em Isaías esse homem se transforma em “um novo príncipe da paz”, que
trará o “direito e a justiça” e uma paz que não terá fim13; e em Ezequiel (Cf. Ez.
36, 24) “a promessa política se une à promessa da renovação”14, com a
instauração do Reino de Deus no fim dos tempos pelo descendente de Davi (Cf.
IISm. 7, 12-16).
5
3.2 Novo Testamento
6
4. A MORTE
1995, p. 45.
25 Dz 1512 referido a Rm 5,12.
26 CIC 1007.
27 Ibidem, p. 477.
28 CIC 1861.
29 CIC 1009 -1011.
7
encontrada na concepção Paulina se apresenta em sentido positivo e não tem
nada a haver com a visão platônica (onde o corpo é mal, um cárcere da alma).
É um morrer no sentido de estar com Cristo, que carrega a noção de fazer
penitencia, de fazer morrer no homem as suas paixões.
5. O JUÍZO PARTICULAR
8
Essa noção de estado intermediário vai contra algumas concepções que
afirmam que alma depois da morte se encontrará em um estado profundo de
sono.35
Ademias, o documento do Concílio Vaticano II, Lumen Gentium reflete a
ênfase da Igreja Católica na importância da vigilância e preparação para a vida
eterna:
Mas, como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a
recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que no
termo da nossa vida sobre a terra, que é só uma (cfr. Hebr. 9,27),
mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados
entre os eleitos (cfr. Mt. 25, 51-46), e não sejamos lançados, como
servos maus e preguiçosos (cfr. M t. 25,26), no fogo eterno (cfr. Mt.
25,41), nas trevas exteriores, onde ‘haverá choro e ranger de dentes’
(Mt. 22,13; 25,30).36
6. O INFERNO
9
O inferno é a rejeição de Deus. O que a Teologia chama de perda de
dano, é estar privado da essência de Deus, e isso é um grande sofrimento, é
uma grande frustração. Não é só uma frustração psicológica, mas uma
desarmonia interior, no ser das pessoas. Todo o ser da pessoa vai estar
sofrendo, geralmente esse estado de sofrimento descrito como o fogo: “Quanto
ao servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.
(Mt. 25,30).
O Concílio de Latrão diz que Cada um será julgado pelas suas próprias
38
obras, boas ou más. A união com Deus requer uma escolha livre de amá-Lo,
e o homem não pode verdadeiramente amar a Deus se pecar gravemente contra
Ele, contra os outros ou contra ele mesmo.39
Muitas vezes as pessoas veem o inferno como uma ação de Deus. No
entanto, a realidade é exatamente o oposto: trata-se de uma escolha
autodeterminada e exclusiva, uma decisão pessoal. O não arrepender-se implica
em escolher permanecer distante de Deus.
38 Dz 801
39 CIC 1033
40 CIC 1036
41 CIC 1037
10
deste género. Em tais indivíduos, não haveria nada de remediável e a
destruição do bem seria irrevogável: é já isto que se indica com a
palavra inferno.
11
Na Sagradas Escrituras, há evidências da existência do Purgatório, por
exemplo, são encontradas relatos no livro de Macabeus, onde os Macabeus
rezam e oferecem sacrifícios em busca do perdão dos pecados daqueles que já
faleceram (cf. 2 Mac. 12, 38-45).
No Evangelho de Mateus, há também elementos presentes do purgatório,
o fogo representa um processo de purificação e sofrimento com o objetivo de
expurgar os pecados e preparar a alma para a reconciliação com Deus. Nesse
caso a condenação não é eterna, e o fogo é um sofrimento de purificação (cf. Mt
5, 22. 25-26).
46 CIC 1031.
47 CIC 1032.
12
Portanto, o purgatório está presente tanto nas Sagradas Escrituras quanto
na tradição da Igreja. A existência do Purgatório é fundamentada no
ensinamento de que as almas podem passar por um estado de purificação após
a morte, a fim de serem purgadas de seus pecados e alcançarem a santidade
necessária para a comunhão plena com Deus.
8. O CÉU
48 CIC 1023.
13
mencionado que essa realidade vai além da compreensão e capacidade de
representação. Assim diz o Catecismo da Igreja:
Não se sabe mesmo como é essa realidade. São Tomás de Aquino diz
que o céu é um estado de plenitude, comunhão e bem-aventurança que
ultrapassa todas as nossas expectativas e supera qualquer descrição terrena.
Os fiéis são chamados a buscar a santidade durante sua vida terrena para
alcançar a bem-aventurança eterna no céu. “O céu é o fim último e a realização
das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e
definitiva”.50
Cada um vai receber no céu segundo a sua medida. Tem certa
desigualdade nos iluminados no grau de glória. Tal desigualdade é uma
afirmação da justiça divina, pois, o Filho retribuirá a cada um conforme o seu
comportamento.
Na passagem de 1 Cor 3,8, cada um receberá o seu próprio salário
segundo a medida do seu trabalho. Isto refere-se à recompensa que cada
pessoa receberá de acordo com a fidelidade e o zelo com que desempenharam
suas responsabilidades. Essa recompensa não deve ser entendida em termos
de um salário material, mas sim como uma recompensa espiritual e eterna.
Na vida eterna também haverá um aumento da glória e da graça.51 Isso é
justamente uma questão da dinamicidade, pois a santidade atrai mais o homem
a Deus. Assim, por exemplo no céu homens não terão o mesmo lugar do que o
de Nossa Senhora.
49 CIC 1027.
50 CIC 1024.
51 Dz 1582.
14
9. A PAROUSIA: a vinda futura do Senhor na glória
O temo grego parousia deriva do verbo pareimi, que significa chegar, estar
presente. Essa nomenclatura era utilizada no mundo grego – romano e
assinalava a vinda solene e majestosa de grandes personagens, como por
exemplo, a chegada de imperadores a algumas províncias.52
Desse modo, os autores do Novo Testamento fizeram uso desse termo
grego para anunciar a vinda de Jesus, com grande poder e majestade, no final
dos tempos.53 Os sinóticos reconhecem o anuncio de Jesus acerca de sua vinda
no Final dos tempos (cf. Mt 24,30; Mc 13,26; Lc 21,27).
Assim, dá-se o nome de Parousia a segunda vinda de Cristo. Segundo
Bettencourt o próprio cristo virá pela segunda vez e remeterá a obra iniciada (cf.
Gal 4, 4; Ef 1, 10; Mc 1, 15) em Sua vinda anterior (Encarnação), pondo um fecho
definitivo a toda a História.54
Acerca da vinda gloriosa de Cristo no final dos tempos, a tradição da Igreja
a professou principalmente nos primeiros símbolos da fé. A centralidade de
cristo culmina com sua vinda glorioso no final dos tempos, como coroa e glória
da criação e da redenção. Os primeiros símbolos recorrem muito prontamente a
formula “virá para julgar os vivos e os mortos” que se repete em todos os
credos.55
Duas coisas precisam estar bem claras acerca da vinda de Cristo: 1) não
se pode marcar a data do Dia da vinda do Senhor, pois, o dia da sua vinda será
um dia fora dos dias, meses e anos; já não pertencerá ao tempo dos homens; 2)
Não se pode descrever o que ocorrerá neste Dia, pois, este dia já pertence a
eternidade, e não pode ser descrito nem comparado a nada neste mundo.56
Sobre esses dois pontos complementa Dom Henrique soares que “querer
descrever o final dos tempos é fundamentalismo tolo; é rebaixar o Dia eterno aos
nossos pobres dias!”.57 O Comentário de Dom Henrique é justo e pode evitar
15
muitos pensamentos errôneos, como alguns que surgiram ao longo do tempo,
tais como o milenarismo.58
Outro ponto importante a ressaltar é que a vinda de Cristo será também a
glorificação e a realização plena de sua Igreja. Pois, se a Igreja é o corpo místico
de Cristo, a Glória da cabeça, Cristo, glorificará plenamente todo o corpo.59
Embora o senhor não tenha revelado aos homens quando seria a sua
volta, a Sagrada Escritura indica alguns sinais que acompanharão e precederão
a sua segunda vinda. O primeiro sinal é a pregação do evangelho no mundo
inteiro (cf. Mt 24,14; Mc 13,10). O segundo são as perseguições, a grande
apostasia da fé, a considerável diminuição da caridade (cf. Mt 24,12; Lc 18,8) e
o anticristo.60
10. A RESSURREIÇÃO
58 O milenarismo é um termo que se origina do temo milenário que significa “mil anos”. Esse
pensamento cristão é a heresia que sustenta que, entre o final do mundo e a parusia, medirá
um período de mil anos, onde a humanidade viverá de novo uma espécie de existência
paradisíaca. (Fernàndez, Aurelio. Op. cit. p. 1061, tradução nossa).
59 COSTA, Dom Henrique Soares da, op. cit., p. 23.
60 BETTENCOURT, op. cit., p. 166 -170.
61 CIC 997.
62 CIC 998.
63 TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. sup. q. 76, a. 1
16
Ressurreição. Ademais, o Aquinate complementa dizendo que o próprio Cristo
efetuará a ressurreição dos corpos, uma vez que antes Ele mesmo morreu e
ressuscitou64.
Antes de mais nada, deve-se entender que a ressurreição de Jesus foi um
evento histórico, mas que ao mesmo tempo transcende a história.65 Sua
ressurreição é historicamente verificável por causa do túmulo vazio e das várias
aparições. Se o túmulo está vazio significa que o corpo faz parte da
ressurreição.66
A comunidade dos apóstolos ao viram o Cristo ressuscitado e perceberam
que se tratava de um acontecimento miraculoso e transcendente.67 A experiência
da cruz foi chocante e dolorosa para os apóstolos. E a ressureição foi tão forte
que acreditar na ressurreição também foi uma graça.68
O estado da humanidade ressuscitada de Cristo é de um corpo real e
autêntico, mas é um corpo glorioso, um corpo real que está com as marcas da
paixão. Jesus come com os apóstolos; eles tocam as suas chagas.69 Desse
modo percebe-se, que para entender a ressurreição do homem é preciso ter
como fundamento primeiro a ressurreição de Cristo.
17
10.3 As causas da Ressurreição
18
Os corpos gloriosos serão dotados de impassibilidade, sutileza, agilidade
e claridade. A impassibilidade é que no domínio e senhorio absolutos da alma
sobre o corpo, em virtude dos quais o corpo, sob a tutela da alma, estará isento
e livre de toda debilidade e padecimento79.
A sutileza consiste da união e sujeição do corpo glorioso à alma
glorificada, onde o corpo sem perder a sua qualidade de verdadeiro corpo, sem
transformar-se em corpo aéreo ou fantástico, se tornará puros e etéreo, sem
coisa alguma das que agora o faz tosco e espesso80.
A agilidade é uma qualidade que consiste em sujeitar os corpos de modo
pleno e absoluto aos impulsos motores da alma, que os obedecerão com uma
prontidão e rapidez maravilhosa.81 A claridade se diz que o resplendor das almas
glorificadas comunicará e infiltrará nos corpos uma claridade que os tornará
luminosos e radiantes como o sol.82
Ainda sobre os corpos dos ressuscitados é preciso ter duas noções bem
claras:
Um corpo espiritualizado: Uma perfeita harmonia entre corpo e espirito.
Plenamente integrado na pessoa. Não haverá mais essa divisão entre
corpo e alma. O homem escatológico estará livre dessa oposição. A perfeição
aqui não é só no sentido moral, mas no sentido de integração. Não é uma pessoa
sem corpo. Tem muita gente que fala de uma ressureição apenas
fantasmagórica.
A divinização: participação na vida divina de modo pleno. Comunhão
plena. A divinização não vai destruir a subjetividade do homem, mas vai leva-la
a sua plenitude.
A diferença entre espiritualização e divinização: A espiritualização se
diz respeito ao ser do homem, na relação interna do ser. A divinização é a sua
relação na participação na vida divina.
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11. JUIZO UNIVERSAL
20
matéria, de sorte que na vida futura nada fique de material, mas apenas
subsistam puros espíritos, seja anátema.85
21
13. CONCLUSÃO
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14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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