Você está na página 1de 30

Escatologia Bíblica 1

Escatologia Bíblica
A escatologia bíblica é um estudo de grande importância, pois ela nos conduz a
conhecer a Palavra Profética, a evangelizar os homens, a viver em pureza e a defender a
nossa esperança (2 Pe 1.19-21; 2 Co 15.10,11; 1 Jo 3.3; 1 Pe 3.15).

I – PROLEGÔMENOS

1. Etimologia e Conceito

1.1. O termo ESCATOLOGIA é derivado da palavra grega ÉSCHATON (último, fim, últimas
coisas, fim de uma era) e LOGIA (estudo ou exposição de ideias). Portanto, Escatologia
significa “o estudo das últimas coisas” ou “ensino dos últimos acontecimentos”.
1.2. Teologicamente, refere-se ao o estudo dos eventos finais que vão acontecer ao ser
humano (Escatologia Individual) e ao mundo (Escatologia Geral) nos tempos da história
humana e da história eterna, segundo as revelações proféticas da Bíblia.

2. História da Escatologia

Desde o início, o cristianismo foi marcado por uma intensa expectativa com
relação à era presente e à chegada do governo final de Deus. O primeiro sermão de Jesus
declarou que o reino do céu estava próximo (Mt 4.17). Os cristãos primitivos saudavam-se
uns aos outros com a palavra “Maranata”, “Vem Senhor!” A igreja pós-apostólica
universalmente afirmou a segunda vinda de Jesus Cristo. Esse item de fé foi incorporado
ao Credo dos Apóstolos: “Ele voltará para julgar os vivos e os mortos”.

A história da doutrina das últimas coisas desenvolveu-se ao longo de duas


linhas. A primeira é a escatologia pessoal, o ensino sobre o destino final dos indivíduos. A
segunda é a escatologia coletiva, o ensino sobre os propósitos de Deus para a
humanidade como um todo e a consumação de todas as coisas.

A discussão sobre o “estado intermediário” entre a morte e a ressurreição já


havia começado nos tempos do Novo Testamento (1 Ts 4.13-18). No segundo século,
Justino Mártir disse: “A alma dos piedosos está em um lugar melhor, a dos injustos e
ímpios em um lugar pior, aguardando pelo tempo do juízo”. Tertuliano acreditava que
somente mártires que haviam morrido pela fé eram admitidos imediatamente no céu;
outros cristãos permaneciam em um lugar de espera provisório. Por fim, essa idéia se
desenvolveu no conceito de purgatório, um lugar ardente de preparação para o estado
final da bem-aventurança. Gregório, o Grande, tem sido chamado de “inventor do
purgatório” por causa de sua ênfase sobre ele. Dante deu a elaboração mais vívida dele
em A Divina Comédia. Todos os reformadores protestantes rejeitaram a doutrina sobre
esse lugar. Os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra referem-se a ele como “algo
irreal, inventado em vão e sem base nenhuma na Escritura”.

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 2

A maioria dos cristãos crê que a alma fica viva e consciente entre a morte e a
ressurreição, mas alguns sustentam que ela está adormecida ou até mesmo morta neste
intervalo. Durante a Reforma, algumas formas de doutrina do sono da alma foram
sugeridas por Lutero e por muitos reformadores radicais. No entanto, o primeiro tratado
teológico de Calvino, Psychopannychia (1534), foi uma refutação dessa idéia. A doutrina
da imortalidade condicional ou da crença de que a imortalidade é dom de Deus, e não um
talento natural para todos, tem sido afirmada por grupos religiosos recentes, como os
adventistas do sétimo dia e os Testemunhas de Jeová.

Talvez o aspecto mais controverso da doutrina das últimas coisas seja a


interpretação do milênio, mencionado em Apocalipse 20. Três visões divergentes do
milênio têm sido apresentadas na história da Igreja. Alguns Pais da Igreja, entre eles
Papias, Irineu, Tertuliano e Lactâncio, interpretaram Apocalipse 20 como uma referencial
literal ao reino de mil anos de Cristo sobre a terra. Essa visão chamou-se quiliasmo (do
grego quilia, mil), ou pré-milenismo, e foi a crença escatológica dominante durante o
período de martírio e de perseguição. Agostinho ofereceu uma interpretação alegórica dos
mil anos que equiparou o milênio à presente era da Igreja. A posição de que não haverá
nenhum reino literal de Cristo sobre a terra antes ou depois de sua segunda vinda é
conhecida como amilenismo. Uma terceira alternativa, o pós-milenismo, afirma que a volta
de Cristo ocorrerá somente depois que o Reino de Deus for estabelecido pela Igreja. Essa
visão é representada por vários personagens, entre os quais John Wesley, Jonathan
Edwards e B. H. Carroll.

A doutrina das últimas coisas tem gerado interesse vigoroso em anos recentes.
Uma variante do pré-milenismo, conhecida como dispensacionalismo, ganhou ampla
aceitação em círculos evangélicos contemporâneos. J. N. Darby (1882), na Inglaterra, e a
Bíblia de Referência Scofield, nos Estados Unidos, contribuíram grandemente para
popularizar essa perspectiva. Na virada do século 19 para o século 20, Albert Schweitzer
destacou o contexto teológico radical da mensagem de Jesus. Mais recentemente,
teólogos como Wolfhart Pannenberg e Jürgen Moltmann tem enfatizado o futuro como
uma categoria teológica de grande importância. Seja como for que os detalhes do fim dos
tempos sejam compreendidos, a volta pessoal de Jesus Cristo, a ressurreição e o juízo
finais e a permanência do céu e do inferno pertencem à própria essência da fé bíblica.

II – ESCATOLOGIA INDIVIDUAL

1. A Morte

1.1. A palavra para morte no grego é “tanatos”, e significa “estar separado” (“Dormir”).
1.2. É um espírito criado? castigo pelo pecado (Gn 2.17; Hb 9.27); dissolução da união
existente entre o espírito e o corpo (Ec 12.7); e “o último inimigo a ser destruído” (Ap
21.4; I Co 15.26).
1.3. Tipologia da morte:
a) Morte física: separação entre o corpo, a alma e o espírito (Gn 3.19; Lc 19.19-31);
b) Morte espiritual: separação entre Deus, a alma e o espírito (Gn 2.17; 3.6, 7; Ef 2.1);

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 3

c) Morte eterna ou segunda morte: sofrimento final do corpo novamente unido à alma e
ao espírito, no caso do pecador não regenerado, ficando completamente separado de
Deus e dos remidos por toda a eternidade (Ap 20.11-15; 21.8).

2. O Estado Intermediário dos Mortos

2.1. É indicado por termos hebraicos, gregos e latinos: Sheol, Hades e Inferno (*Geena:
castigo eterno/Jr 7.32; Mt 23.15, 33; 25.41,46; Tártaro: 2 Pe 2.4 – anjos maus/abismo).
a) Sheol: Pode referir-se à sepultura (Jó 17.13; Sl 16.10; Is 38.10) e ao lugar para onde
vão os mortos (Gn 37.35; 42.38; Nm 16.33; Jó 14.13; Sl 55.15);
b) Hades: Tradução grega do hb. Sheol. Usado para descrever um lugar de castigo (Mt
11.23; Lc 10.15; 16.23) temporário, e que será lançado no Lago de Fogo (Ap 20.13,14);
c) Inferno: Termo latino usado para indicar o Hades (Lc 16.23).
2.2. Refere-se à existência consciente tanto do justo como do injusto depois da morte e
antes da ressurreição, em um lugar espiritual, extraterreno, temporário e escatológico,
correspondente à situação pré e pós-morte de cada ser humano em relação a Cristo, ou
seja, os que morreram em Cristo irão espiritualmente ao céu/paraíso (2 Co 12.1-4) e, os
que não morreram em Cristo, irão para o sheol ou hades.
2.3. Passou por mudanças depois da obra de Cristo na cruz (Ef 4.7-9) e passará por
mudanças escatológicas (Ap 9.1-3; 20.1-3,13,14).

3. A Ressurreição dos Mortos

3.1. Ressurreição: do gr. Anastasis e egeiró (“tornar à vida”, “levantar-se” etc.).


3.2. É a volta à existência, o ato de tornar a viver, acontecendo com alguém que já saiu
deste mundo por meio da morte. É o alvo de nossa carreira cristã, porque temos certeza
de que se formos alcançados pela morte física, ressuscitaremos quando Jesus vier buscar
os seus.
3.3. Tipologia da ressurreição:
a) Nacional (restauração da nação de Israel - Dt 4.23-30; 28.62-64; Ez 36.24,28);
b) Espiritual (renascimento ou vivificação espiritual - Ef 2.1);
c) Física (temporal e escatológica - 1 Rs 4.32-37; Jo 5.28,29);
d) A tipologia da ressurreição pode também ser caracterizada, de forma mais específica,
através das seguintes expressões:
(1) 1ª ressurreição (justos): vida eterna - Lc 14.14; Jo 5.28,29; Ap 20.4-6;
(2) 2ª ressurreição (injustos): morte eterna - Jo 5.28,29; Ap 20.5,6,11-14;
(3) Ressurreição “de” mortos (de pessoas que voltam a morrer);
(4) Ressurreição “dentre” os mortos (1ª ressurreição – justos);
(5) Ressurreição “dos” mortos (2ª ressurreição – injustos).
3.4. Tempo e etapas da ressurreição:
a) Ressurreição dos justos ou 1ª Ressurreição: Várias etapas antes do Milênio (Dn
12.2,13; Jo 6.39, 40,44; 1 Co 15.22,23; 1Ts 4.15,16; Ap 20.4-6). Vejamos abaixo as
várias etapas da 1ª ressurreição, propostas por vários estudiosos:

(1) A ressurreição de Cristo como as primícias dos muitos que serão ressuscitados (1 Co
15.20,23; Cl 1.18);

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 4

(2) A ressurreição dos santos depois da ressurreição de Cristo (Mt 27.50-53; cf. Lv 23.10-
12);
(3) A ressurreição dos mortos redimidos (da Igreja) em Cristo no Arrebatamento (1 Ts
4.16);
(4) O Arrebatamento propriamente dito, que segue ao primeiro grupo de ressuscitados (1
Ts 4.17);
(5) As duas testemunhas, que morrem durante a Grande Tribulação (Ap 11.11-12);
(6) A ressurreição dos mártires da Grande Tribulação (judeus e gentios/Ap 20.4,5);
(7) A ressurreição dos santos da Antiga Aliança, no fim da Grande Tribulação ou quando
Cristo vier para restabelecer o Milênio (Is 26.19; Dn 12.1, 2, 13).

b) Ressurreição dos injustos ou 2ª Ressurreição: Após o Milênio (Ap 20.5, 6, 11-15).


Haverá uma só etapa, que será constituída de todos aqueles que rejeitaram a Deus, que
fizeram o mal e não foram redimidos (Sl 9.17; Jo 5.29b). É chamada “ressurreição do
julgamento ou da condenação”. Esta se dará quando todos os mortos serão chamados do
sheol - hades, e seus espíritos unir-se-ão aos seus corpos, obtendo um corpo ressuscitado
de natureza corruptível (Gl 6.8).

3.4. Características dos corpos ressuscitados

a) Corpo do justo:
(1) Será um corpo redimido (Rm 8.23; Fp 3.21);
(2) Identificado com o corpo sepultado (Jó 19.25-27; Fp 3.20,21);
(3) Dado por Deus (1 Co 15.38; 2 Co 5.1-5);
(4) Semelhante ao corpo glorificado de Jesus (1 Jo 3.2);
(5) Corpo real, como o de Jesus (Lc 24.39);
(6) Corpo reconhecível, como o de Jesus Cristo (Lc 24.31; At 7.55,56; 1 Co 13.12);
(7) Livre das limitações terrenas (Jo 20.19).
b) Corpo do injusto:
(1) Será um corpo característico de morte, corrupto e adaptado à alma corrupta (Mt 5.29;
10.28; Gl 6.7,8; Ap 20.12,13; 21.8).

III - ESCATOLOGIA GERAL

1. A Segunda Vinda de Cristo

1.1. É uma profecia, um ensino bíblico e um evento futuro, real e visível: Gn 49.10,11; Dn
7; Zc 12-14; Mt 24; 25; At 1.11; Hb 9.28; Apocalipse.
1.2. É pré-milenial, ou seja, se concretizará antes do Milênio na terra (Zc 12-14; Hb 9.28;
Ap 19.11-20.1-6).
1.3. É constituída de duas etapas ou fases, ou seja, o Arrebatamento da Igreja (1ª fase) e
a Manifestação Gloriosa (2ª fase), tendo um evento escatológico entre elas que durará 7
anos, isto é, a Tribulação escatológica ou a 70ª semana profética de Daniel (Dn 9.24-27).
1.4. Termos gregos usados que tratam da Segunda Vinda e de suas duas fases distintas,
segundo seus contextos peculiares:

a) Harpazo: Arrastar, carregar para longe (1 Ts 4.17);

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 5

b) Episynagoge: Reunião, assembléia (2 Ts 2.1);


c) Allato: Mudar, transformar, trocar (1 Co 15.51,52);
d) Paralambano: Levar, receber para si (Jo 14.3);
e) Epifaneia: Manifestação, aparição (Tt 2.13);
f) Rhuomai: Atrair para si, resgatar, libertar (1 Ts 1.10);
g) Apocalypsis: Desvendamento, revelação (1 Pe 1.13);
h) Parousia: Presença, vinda, chegada (Tiago 5.7,8).
1.5. Referências e diferenças entre o Arrebatamento e a Manifestação Gloriosa
a) Arrebatamento:
(1) Referências: João 14.1-3; Romanos 8.19; 1 Coríntios 1.7,8; 15.51-53; 16.22;
Filipenses 3.20,21; 4.5; Colossenses 3.4; 1 Tessalonicenses 1.10; 2.19; 4.13-18; 5.9;
5.23; 2 Tessalonicenses 2.1; 1 Timóteo 6.14; 2 Timóteo 4.1; 4.8; Tito 2.13; Hebreus 9.28;
Tiago 5.7-9; 1 Pedro 1.7;13; 5.4; 1 João 2.28-3.2; Judas v.21; Apocalipse 2.25; 3.10.
(2) Diferenças: Translado de todos os crentes; os santos transformados vão para o céu; a
terra não é julgada; acontecimento iminente, a qualquer momento, sem sinais; não
mencionado no AT; Envolve apenas os crentes; antes do dia da ira; nenhuma referência a
satanás; Cristo vem para os seus; Ele vem nos ares; Ele toma para Si a Sua noiva;
somente os seus o vêem; começa a Tribulação.
b) Manifestação Gloriosa:
(1) Referências: Daniel 2.44,45; 7.9-14; 12.1-3; Zacarias 12.10; 14.1-15; Mateus 13.41;
24.15-31; 26.64; Marcos 13.14-27; 14.62; Lucas 21.25-28; Atos 1.9-11; 3.19-21; 1
Tessalonicenses 3.13; 2 Tessalonicenses 1.6-10; 2.8; 1 Pedro 4.12,13; 2 Pedro 3.1-14;
Judas vv.14,15; Apocalipse 1.7; 19.11-20.6; 22.7,12-20.
(2) Diferenças: Não há qualquer translado; os santos transformados voltam à terra; a
terra é julgada e a justiça é restabelecida; seguem-se os sinais preditos e definidos,
inclusive a Tribulação; predita várias vezes no AT; afeta todos os homens; conclui o dia da
ira; satanás é acorrentado; Cristo vem com os Seus; Ele vem até a terra; Ele vem com a
Sua noiva; todo olho O verá; começa o reino milenar.

2. O Arrebatamento da Igreja

O Arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-58; 1 Ts 4.13-17) é a 1ª fase da


Segunda Vinda de Cristo; o encontro da Igreja com Cristo nos ares (1 Ts 4.17); o
encontro de Cristo com sua Noiva (Ef 5.23,32; 2 Co 11.2); a bendita esperança da Igreja
(Fp 3.20,21; Tt 2.13; 1 Jo 3.2,3); a redenção citada por Lucas 21.18 (cf. Rm 8.20-23; Ef
4.30); a nossa reunião com Jesus (2 Ts 2.1). Nessa ocasião, os fiéis que constituem a
Igreja de Cristo serão arrebatados da Terra e levados para o céu, antes da Tribulação.
Será invisível (ou secreto) para o mundo e apenas os remidos poderão contemplar essa
maravilha. É iminente (ou súbito) em sua essência, portanto sem sinais que o precederão,
o que implica ser impossível indicar ou marcar o dia e a hora em que ele ocorrerá (Mt
24.36,44), além de nos motivar a uma vida de adoração (Hb 10.25); santidade (Fp
3.18,21; Cl 3.4,5; Tt 2.12,13); serviço (1 Ts 3.12,13; 1 Pe 5.2,4); perseverança (1 Jo 2.28;
Ap 3.11); e de consolação (Rm 8.22; 1 Co 15.51).

A palavra “arrebatamento” vem do latim raptus, sendo uma tradução da


palavra grega harpazõ, usada 14 vezes no NT. A idéia básica é “remover ou arrebatar

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 6

repentinamente” (Mt 11.12; 12.29; 13.19; Jo 6.15; 10.12,28-29; At 8.39; 23.10; Jd v.23).
No NT, o termo harpazõ indica o fato de sermos levados para o céu, ou seja, descreve a
experiência do “terceiro céu” de Paulo (2 Co 12.2,4) e a ascensão de Cristo ao céu (Ap
12.5). Portanto, harpazõ é uma palavra adequada para descrever Deus repentinamente
tomando a Igreja da terra e levando-a para o céu. Quanto ao texto de 1 Ts 4.13-15,
temos duas expressões importantes: “arrebatados” (gr. harpagesometha) que diz respeito
ao que com freqüência é chamado “Arrebatamento”, e “a encontrar o Senhor” (gr. eis
apantesin tou kuriou) pode ser traduzido por “para um encontro com o Senhor”. A palavra
“encontro” freqüentemente era usada como um termo técnico, que descrevia o povo
saindo ao encontro de um rei ou general à alguma distância da cidade para acompanhá-lo
até a entrada. Isto corresponde ao uso do vocábulo “parousia”, que significa
“manifestação, “vinda do Senhor”, o qual tem um status técnico quando se refere à volta
de Jesus e é, muitas vezes, usado para indicar o Arrebatamento.

Teologicamente, o Arrebatamento Pré-Tribulacional da Igreja é um ensino


bíblico, doutrinário e autoritativo. Vários textos o expressam, ora de forma explícita ora de
forma implícita. Dentre os principais, temos João 14.1-3; 1 Coríntios 15.51-54; 1 Ts 4.13-
17; 2 Ts 2.1-3; Tt 2.13; Ap 3.10. Quanto à sua história teológica, muitos estudiosos
contrários a este ensino dizem que ele não tem (ou não dar) base bíblica ou teológica;
que é oriundo dos EUA; que é fruto de um malabarismo exegético; que é uma idéia do
dispensacionalismo; que é um problema, pois a primeira geração de cristãos passou por
tribulações, e porque a última não vai passar? etc. Posições como estas, são muitas vezes
frutos de um sentimento desprovido de uma postura racional sem uma análise precisa dos
fatos bíblicos, históricos e hermenêuticos. Seria, pois, o ensino do Arrebatamento Pré-
Tribulacional da Igreja um ensino antigo ou recente?

A HISTÓRIA DO ENSINO DO ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULACIONAL DA IGREJA

Historicamente, o ensino bíblico-teológico acerca do Arrebatamento da Igreja


antes da Tribulação tem sido respaldado por muitos expoentes. Porém, alguns dizem que
o ensino em questão nunca foi ensinado nos primeiros dezoito séculos da História da
Igreja, indicando que ele é um ensino recente (de 1830 em diante) e fruto de uma
revelação oriunda de uma adolescente (Margaret Macdonald), estruturada e disseminada
por John N. Darby e pela Bíblia de Estudo Scofield, e que por isso, não tem validade
doutrinária para o cristão. Além disso, dizem que o termo “Arrebatamento” nunca foi
usado antes de 1830. Tal idéia, de que para um ensino ser aceito como bíblico e
normativo leva em conta, além da Bíblia, a História da Igreja como critério que autentica
algum ensino antigo ou recente como sendo doutrinário ou não. Isso nada mais é do que
dizer que a História tem a mesma autoridade da Bíblia, o que acaba ferindo o princípio do
Sola Scripture. Por outro lado, tal exposição contrária ao ensino do Arrebatamento Pré-
Tribulacional, ou mesmo do Arrebatamento da Igreja independente de quando o mesmo
ocorrerá, caracteriza-se como sendo infiel à História Eclesiástica, pois a idéia de que a
Igreja seria arrebatada, mesmo antes da Tribulação, foi exposta por muitos cristãos antes
de John N. Darby. Para medidas de comprovação, vejamos alguns relatos históricos do
referido ensino segundo os seus respectivos períodos:

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 7

a) Período Patrístico (100 d.C. – 590 d.C.): (1) Tim La Haye, no seu livro Sem medo da
tempestade, p.171, cita St. Victorino (270 d.C.), Bispo de Petau, que escreveu um
comentário do Apocalipse, onde ele diz o seguinte: “Vi outro grande e prodigioso sinal,
sete anjos com os sete últimos flagelos; pois neles se completa a indignação de Deus. A
ira de Deus sempre ataca os obstinados com nove pragas, ou seja, perfeitamente, como é
dito em Levítico, e elas virão no fim dos tempos, quando a igreja tiver saído do meio”.
Nota: O comentário em questão indica através das expressões “quando a Igreja tiver
saído do meio” das “pragas”, de forma clara, a idéia de um arrebatamento da Igreja (“do
meio”) e de uma situação calamitosa, ou seja, uma grande tribulação (“nove pragas”); (2)
Thomas Ice e Timothy Demy apresentam no seu livro Profecias de A a Z, p.159-161 o
seguinte comentário: “[...]. Como fonte histórica, Pseudo-Efraim é uma referência a um
sermão apocalíptico que contém duas declarações sobre o “proto-arrebatamento”, datadas
entre os séculos IV e VII d.C. Hoje em dia ela é conhecida como o “Sermão a respeito do
fim do mundo”. [...]. Algumas das palavras mais significativas no sermão são: “Portanto,
por que não rejeitam os cuidados com as coisas terrenas e se preparam para se encontrar
com o Senhor Jesus Cristo, para que assim Ele possa nos tirar dessa confusão que toma
conta do mundo?... Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da Tribulação
vindoura e serão levados à presença do Senhor, para que não vejam a confusão que se
apossa do mundo proveniente dos pecados da humanidade”. Nota: Pseudo-Efraim
acreditava que os cristãos estavam vivendo nos últimos dias e que em breve
experimentariam um ajuntamento ou arrebatamento de crentes que antecederia o período
de Tribulação de 42 meses, durante o qual o Anticristo reinaria. [...]. O sermão proclama a
expectativa de remoção dos cristãos da terra antes de um período específico de tribulação
– e fez isso há mais de 1.200 anos;

b) Período Medieval (590 d.C. – 1500 d.C.): (1) Tim La Haye e Thomas Ice, no livro
Glorioso Retorno, p.50 dizem: “Embora a igreja dos primeiros três séculos não usasse a
palavra arrebatamento para descrever essa ressurreição dos crentes que já haviam
morrido e o translado dos cristãos vivos, ela esperava ansiosamente o evento. Mesmo
durante a Idade das Trevas, quando a interpretação literal da Bíblia foi ofuscada, alguns
ainda aguardavam o translado iminente da igreja. Mais tarde, os santos cristãos, tais
como, Hugh Latimer (queimado na estaca, em 1555, por causa de sua fé) que expressou
sua segurança no arrebatamento: “Talvez aconteça em meus dias, velho como estou, ou
nos dias de meus filhos... os santos serão levados ao encontro com Cristo nos ares e
depois voltarão com Ele novamente”; (2) Thomas Ice e James Stitzinger (Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica, 2008, p.91-92) diz: “Um estudo recente do texto do século
XIV, A História do Irmão Dolcino, composto em 1316 por uma fonte anônima, revela outra
importante passagem tribulacional. Como líder dos Irmãos Apostólicos no norte da Itália, o
Irmão Dolcino conduziu o seu povo através de tempos de tremenda perseguição papal.
Uma pessoa deste grupo escreveu as seguintes palavras espantosas: O Anticristo estava
entrando neste mundo dentro dos limites do dito período de três anos e meio; e depois de
sua vinda, então ele [Dolcino] e seus seguidores seriam transferidos para o Paraíso, no
qual estão Enoque e Elias. E desse modo seriam preservados ilesos da perseguição do
Anticristo. [...] o escritor desta História acreditava que Dolcino e seus seguidores seriam
transferidos para o paraíso, expressando esta crença com a palavra latina transferrentur,
ou “transladação”, um sinônimo de arrebatamento. Dolcino e seus seguidores se retiraram

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 8

para as montanhas do norte da Itália para aguardarem a sua remoção por ocasião do
aparecimento do Anticristo”;

c) Período Moderno (1500 d.C. – 2000...):

(1) Thomas Ice e James Stitzinger (2008) apresentam como o termo e o ensino do
Arrebatamento já eram usados antes de 1830 para indicar o arrebatamento da Igreja:
“Increase Mather (1639-1723), presidente do Harvad College (1685), foi um importante
puritano americano. No que diz respeito à futura vinda de Cristo, ele escreveu que os
santos “seriam apanhados nos ares” com antecedência, desse modo escapando da batalha
final. [...]. O reformador francês Peter Jurien [...] (1687), ensinou que Cristo viria nos ares
para arrebatar os santos e voltaria para o céu antes da batalha do Armagedom. Ele falou
de um arrebatamento secreto antes da sua vinda em glória e do juízo no Armagedom.
Ambos os comentários de Philip Doddridge sobre o NT (1738) e de John Gill (1748)
usaram o termo arrebatamento e falaram deste como iminente. [...]. James Macknight
(1763) e Thomas Scott (1792) ensinaram que os justos serão transportados para o céu,
onde estarão seguros até que o tempo do juízo termine. A mais clara referência [...] pré-
Darby, de um arrebatamento pré-tribulacional vem de Morgan Edwards (1722-1795), que
via um arrebatamento distinto ocorrer três anos e meio antes do início do Milênio. [...].
Edwards escreveu: “A distância entre a primeira e a segunda ressurreição será de pouco
mais de mil anos [...] devido ao fato de que os santos mortos serão ressuscitados, e os
vivos transformados na „manifestação‟ ou „aparecimento‟ de Cristo „nos ares‟ (1 Ts 4.17)””;

(2) Quanto ao período mais recente, que diz respeito principalmente a John N. Darby
(1800-1882) e à Bíblia de Estudo Scofield, o ensino acerca do Arrebatamento Pré-
Tribulacional foi intensamente estudado à luz de muitos estudiosos que criam e pregaram
o ensino de um arrebatamento como doutrina bíblica e esperança de vida eterna.
Lamentavelmente, os críticos dizem que este ensino é uma inverdade, pois é fruto de uma
revelação exposta por uma adolescente (Margareth Macdonald). Tal conclusão é fruto de
uma postura racional infiel à história do ensino e de não ser provida de análises
atenciosas, pois quando se lê o relato da revelação da mística adolescente Margareth
Macdonald, ver-se-á que tal revelação não ensina o arrebatamento pré-tribulacional da
Igreja, e sim, outra forma de arrebatamento. Vejamos o que diz o Dr. Charles C. Ryrie
(1997) a respeito: “A mística mencionada foi uma adolescente chamada Margaret
Macdonald [...], e que, segundo se alega, influenciou tanto os seguidores de Irving como
Darby, a respeito do Arrebatamento pré-tribulacionista. Esta acusação é feita por Dave
MacPherson no livro The Incredible Cover-Up (O Incrível Disfarce). [...]. Permita citar
alguns trechos do relato de MacPherson sobre os manuscritos de Margaret Macdonald a
respeito da sua revelação pré-tribulacionista, recebida em 1830, para que possamos ver
se ela de fato ensinou o Arrebatamento pré-tribulacionista: “...o templo espiritual deve ser
e será reerguido, e a plenitude de Cristo derramada em Seu corpo, e então nós seremos
tomados para encontrá-lO... A tribulação da Igreja vem do Anticristo. E será pela
plenitude do Espírito que nós seremos guardados... Oh! Não é conhecido o sinal do Filho
do homem... eu o vi, e era o próprio Senhor descendo do céu com grande vozeiro... Agora
o iníquo será revelado, com todo poder e sinais e maravilhas mentirosas, de tal forma
que, se fosse possível, os próprios eleitos seriam enganados – Esta é a dura tribulação

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 9

que virá tentar a todos nós”. Três coisas me preocupam aqui. 1. Essa adolescente fez
uma distinção entre crentes espirituais e outros crentes, e viu somente os espirituais
participando do Arrebatamento. MacPherson conclui erradamente, a partir desse fato, que
Macdonald quis ensinar a vinda secreta [de Cristo]. Na realidade, ela estava ensinando o
ponto de vista do arrebatamento parcial. 2. Ela viu a Igreja (“nós”) sendo purificada pelo
Anticristo. MacPherson entende isso como sendo que a Igreja será arrebatada antes que o
Anticristo surja, ignorando o “nós”. na verdade, Macdonald viu a Igreja suportando a
perseguição do Anticristo durante os dias da Tribulação. 3. Macdonald identificou o sinal
da vinda do Filho do Homem (Mt 24.30), o qual claramente aparece no fim da Tribulação,
como que acontecendo ao mesmo tempo que o Arrebatamento. MacPherson diz que
Macdonald cria ou em um período muito curto de Tribulação, ou, tal como ele, ela
entendeu que o sinal seria visto somente pelos crentes cheios do Espírito antes que o
iníquo fosse revelado. Na verdade, Macdonald se mostra totalmente confusa ao fazer tais
afirmações. No máximo, sua visão equacionaria o sinal do fim da Tribulação com o
Arrebatamento, o que dificilmente seria o ponto de vista pré-tribulacionista! Quanto a essa
jovem [...], temos que classificá-la como “uma defensora confusa do Arrebatamento”. Ela
defendeu elementos de Arrebatamento parcial, pós-, talvez midi-, mas nunca pré-
tribulacionista.”

O Arrebatamento Pré-Tribulacional da Igreja é terminantemente ensinado


desde os tempos mais antigos da História da Igreja e desenvolvido com mais claridade e
exatidão por outros expoentes ao longo de outros períodos históricos.

2.1. Características do Arrebatamento da Igreja

a) A descida de Cristo a partir dos céus para arrebatar a Igreja, se encontrar com ela nos
ares e estar para sempre com ela (Jo 14.1-3; 1 Ts 4.13-17);
b) A reunião da Igreja através do alarido, da voz do arcanjo e da trombeta de Deus;
c) Ressurreição dos mortos em Cristo (1 Co 15.23; 1 Ts 4.16);
d) Transformação dos vivos (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.17);
e) Os fiéis ressuscitados ou transformados terão um corpo como o corpo de Cristo (1 Jo
3.2): Real (Lc 24.39), reconhecível (Lc 24.31; At 7.55, 56) e livre das limitações terrenas
(Jo 20.19);
f) Todos os que foram arrebatados estarão sendo libertos do mundo apóstata (2 Ts 2.1-3)
que sofrerá o juízo divino da Tribulação de sete anos (Ap 3.10), e comparecerão ao
Tribunal de Cristo nos ares (2 Co 5.9,10) e, depois serão conduzidos às Bodas do Cordeiro
e à Ceia das Bodas (Ap 19.7-9).

2.2. Tribunal de Cristo

Logo após o Arrebatamento da Igreja, terá início (nos ares ou no céu?), o


TRIBUNAL DE CRISTO, com a finalidade de examinar as obras dos crentes (Rm 14.10,11;
1 Co 3.11-15; 4.5; 2 Co 5.9,10). Este Tribunal é chamado de “Bema” ou palanque do juiz
(como em uma pista de corridas), perante o qual os participantes ou “corredores” eram
reunidos para receber sua “coroa de louros” ou coroas de vitória. Este julgamento dos

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 10

crentes não será para condenação, mas para galardão, pois servirá para verificar “como
temos trabalhado” para o Senhor, durante nossa jornada nesta terra (Ap 22.12).

a) Características do Tribunal de Cristo:


(1) Julgamento das obras (1 Co 4.5; 1 Co 3.5-10): As obras realizadas para a glória de
Deus serão manifestas e aquelas que são frutos da sabedoria ou energia humanas e feitas
para atender à vaidade pessoal são as que se queimam;
(2) Julgamento da vida íntima (1 Co 11.31, 32; 2 Co 5.10): O procedimento do cristão por
meio do corpo e a disciplina do “eu” serão julgados;
(3) Julgamento do tratamento com o próximo (Rm 14.10; Gl 6.9, 10): Assim como as
nações serão julgadas quanto ao tratamento dispensado aos judeus, nós também o
seremos quanto ao tratamento dado aos nossos semelhantes (Rm 14.15). Do resultado
desse juízo os cristãos receberão galardões ou após esses acontecimentos, iniciar-se-ão
dois grandes períodos de grande contraste, com a duração de sete anos: As Bodas do
Cordeiro – No céu, tendo Cristo e a sua Igreja como participantes e a Tribulação de sete
(07) anos – Na Terra, com Satanás e os que ficaram.

b) Os galardões: A base desse julgamento, que visa o recebimento ou não de galardões e


envolverá exclusivamente os crentes, aparece no trecho de 1 Coríntios 3.11-15. Quantos
aos galardões, os que não terão suas obras queimadas (ouro, prata e pedras preciosas)
receberão as seguintes recompensas ou “coroas”:

(1) Coroa de gozo ou alegria: recompensa da evangelização (1 Ts 2.19,20; Fp 4.1);


(2) Coroa da justiça: recompensa para aqueles que amam a Sua vinda (2 Tm 4.7,8; Lc
12.35-37);
(3) Coroa da vida: recompensa pela fidelidade (Tg 1.12; Ap 2.10);
(4) Coroa incorruptível: recompensa para os que tem poder de auto-domínio (1 Pe 5.4);
(5) Coroa de glória: recompensa para os pastores e mestres fiéis (1 Pe 5.4; Hb 2.9);
c) Perdas: Haverá perda neste Tribunal – “a obra que se queima” (1 Co 3.13-15). Toda
obra que se tem feito por mera sabedoria terrena (Cl 3.22-24), estas obras são chamadas:
“palha, feno e madeira”.

A Palavra de Deus nos exorta para que não percamos o nosso galardão (2 Jo
v.8; Ap 3.11; 22.12; 1 Co 3.15). O galardão é a recompensa das obras dos salvos. Será
distribuído, no futuro, para a Igreja glorificada após o Arrebatamento. Pois todos os salvos
entram na posse da vida eterna sem nenhum mérito próprio, mas somente porque
aceitou, pela fé, o que Cristo já realizou. O cristão glorificado não perderá a salvação, mas
poderá perder o seu galardão.

2.3. As Bodas do Cordeiro e a Ceia das Bodas

As Bodas do Cordeiro é a gloriosa reunião de Cristo com os seus santos no


céu (Ap 19.1-8). Alguns estudiosos crêem que as Bodas do Cordeiro terão a duração de
sete anos, mas parece mais adequado pensar que ela seja realizada no final dos sete
anos, no céu (Ap 19.7,8). Os convidados nas Bodas do Cordeiro devem ser distinguidos da
Esposa. Os santos do Antigo Testamento, os anjos e outros serão os convidados ou

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 11

“amigos do esposo” que assistirão a tão insigne festa. Um dos atos posteriores dessa
maravilhosa festa é a celebração da Ceia do Senhor (Mt 8.10-12; Lc 22.16, 27-30).

Quanto a Ceia das Bodas (Ap 19.9), alguns especulam que esse evento
ocorrerá durante o intervalo de 75 dias (entre a volta gloriosa de Cristo e o início do
Milênio) mencionado em Daniel 12.11,12. No entanto, parece fazer mais sentido vermos a
ceia ocorrendo durante o Milênio (Lc 22.18).

3. A Tribulação

A Tribulação (Jr 30.7; Dn 12.1; Mt 24.21; Mc 13.19; Lc 21.22) é um período de


sete anos no qual Deus derramará a Sua ira sobre a Terra. É a septuagésima semana
profética de Daniel 9.27. Grande parte do livro de Apocalipse é dedicada a ela (Ap 6 a 18).
Ela começa com uma batalha (Ez 38.39,22) e termina com outra (Zc 12.3; Ap 16.14), a do
Armagedom. E divide-se em dois períodos de três anos e meio cada. Cada metade desse
período é apresentada pelas expressões “42 meses” e “1.260 dias” (Ap 11.2,3); no primeiro,
Deus fala ao homem através dos 144.000 judeus salvos1; no segundo (Grande Tribulação),
através das duas testemunhas (Ap 7; 14.1-5; 11.1-3). Entre as descrições gerais da
Tribulação, destacamos as seguintes:

3.1. Ela será um período de juízo, conversão e restauração do povo de Israel (Dt 4.30; Dn
12.1,12).

1
A salvação dos 144.000 judeus, os milagres realizados pelas 2 Testemunhas e salvação de muitas
pessoas, serão obras realizadas pelo Espírito Santo que estará atuando no período da Tribulação. O Dr.
Charles C. Ryrie (1978) comenta o seguinte: “A Igreja será arrebatada da terra antes que comece a Grande
Tribulação. Este conceito do arrebatamento prévio à Tribulação inclui a retirada ao mesmo tempo daquele
que detém o anticristo (2 Ts 2.6-8). Ou seja, a garantida presença permanente do Espírito nos crentes fará
necessário a retirada do Espírito quando os cristãos serem arrebatados. Isto não significa, nem implica, que
a obra do Espírito chegue ao seu fim nesse momento. Como o Onipresente Espírito obrava em favor dos
homens nos tempos do AT, assim também continuará obrando depois do arrebatamento da Igreja, pois a
tarefa de edificar o Corpo de Cristo haverá terminado. Durante o período da tribulação se converterão
muitíssimas pessoas: a) No começo do período, Deus selará 144.000 judeus, e desse ato de serem
selados, compreende-se a salvação deles mesmos (Ap 7.4; 14.4); b) Durante a Tribulação, uma multidão
tão grande que não poderá ser contada se voltará ao Senhor “de todas as nações, tribos, povos e línguas”
(Ap 7.9). Se diz expressamente que este grupo de pessoas sairá da Grande Tribulação (Ap 7.14); c) Ao final
do tempo, os israelitas que viverão nesse momento e passarão pelo juízo, se converterão (Rm 11.25; Zc
13.1). Neste último caso, a obra do Espírito se relaciona com a salvação dos incrédulos no período da
Tribulação (Zc 12.10). Nos demais casos, não há indicação clara sobre a parte que terá o Espírito nas
conversões, se bem que não parecerá desacertado supor que terá sua parte nelas. Aparentemente a obra
do Espírito nos crentes durante o período da Tribulação seguirá o esquema de sua atividade nos tempos do
AT. Estará presente e ativo no mundo; virá a morar em seu povo e os dotará de poder; se valerá dos
crentes para o Testemunho do Cordeiro. São escassos os textos que provam isto concretamente, porque a
Bíblia fala muito pouco acerca do ministério do Espírito durante este período. Um texto que se pode usar é
Joel 2 em Atos 2, porque, qualquer que tenha sido o motivo pelo qual se citou no dia de Pentecostes,
resulta evidente que não se cumpriu cabalmente esse mesmo dia. Para o cumprimento completo há que se
esperar os dias da Tribulação, já que a passagem vincula expressamente o derramamento do Espírito com
a época em que o sol escurecerá e a lua se volverá em sangue. Estes acontecimentos terão lugar ao
término da Tribulação, imediatamente antes da 2ª fase da Segunda Vinda de Cristo (Mt 24.29,30). Outro
possível texto probatório é Apocalipse 11.3,4, que une o ministério das duas testemunhas durante a
Tribulação com o poder do Espírito (Zc 4.6). (Texto traduzido do livro em espanhol El Espiritu Santo –
Charles C. Ryrie).

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 12

3.2. Ela será um período do julgamento de Deus sobre o mundo. As três séries de juízos
descrevem esse julgamento (selos, Ap 6; trombetas, Ap 8-9; taças, Ap 16).
3.3. O Anticristo escatológico se manifestará e se tornará o governante do mundo (Ap 13).
3.4. Os judeus terão reconstruído o templo em Jerusalém (Is 66.1; Ap 11.1, 2) e aceitarão
um pacto de sete anos com o Anticristo (Dn 9.27 e Jo 5.43).
3.5. Após três anos e meio, o Anticristo trairá o pacto e revelará o seu verdadeiro caráter
(Dn 9.27; 2 Ts 2.3; Ap 11.7 e 13.1).
3.6. Começa a “Grande Tribulação” ou “Tempo da Angústia de Jacó” ou, ainda,
“Abominação da Desolação”, principalmente para os judeus (Ap 7.14; Jr 30.7; Mt 24.15).
3.7. As nações e os reis da Terra se reúnem contra Jerusalém (Zc 14.2) na batalha contra
o Senhor e Seu Ungido – Batalha do Armagedom (Ap 16.14, 16; 17.14; 19.19).
3.8. O Senhor sairá com os Seus santos a fim de destruir os inimigos e libertar o Seu povo
(Is 13.3-6; 26.21; Zc 12.9, 10; Mt 24.29ss).

Quanto ao Anticristo escatológico, vários nomes têm sido aplicados a ele: Besta
(Ap 13.1); Anticristo (1 Jo 2.18); O iníquo (2 Ts 2.8); o rei que faz conforme a sua
vontade (Dn 11.36); rei feroz (Dn 8.23); homem da iniqüidade (2 Ts 2.3); pastor inútil (Zc
11.17); chifre pequeno (Dn 7.8); o tirano (Is 51.13); o opressor (Is 16.4,5) etc. Seu
principal nome é “anticristo”, que significa “contra Cristo”, assim como substituição ou
oposição. No NT, a palavra aparece 5 vezes (1 Jo 2.18,22; 4.3; 2 Jo 7).

Sua personalidade, gênio e outros aspectos:

(1) Ele será diferente de todos os outros homens (Dn 7.24);


(2) Possuirá alta inteligência (Dn 7.8);
(3) Será grande orador (Dn 8.23);
(4) Será um político muito habilidoso (Dn 8.25);
(5) Terá forte aparência física (Dn 8.23);
(6) Maravilhará o mundo (Ap 13.3,4);
(7) Ele será a própria encarnação e consumação do pecado, orgulho, arrogância, rebelião
e ambição humana;
(8) Em religião, ele será um panteísta-materialista (Deus em todas as coisas, ou seja, cada
coisa existente no mundo tem um pedacinho de Deus, logo, o conjunto destas coisas é
que seria deus). Assim sendo, ele honra o deus das fortalezas (Dn 11.38);
(9) Será da tribo de Dã (?), um judeu (Gn 49.17). Por este motivo, a tribo de Dã não se
acha inscrita em Apocalipse 7 (?);
(10) Ele iniciará sua marcha “triunfal”, logo após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2.7,8;
Ap 6.1,2);
(11) Politicamente ele começará como uma pequena figura (Dn 7.8);
(12) Iniciará o seu poder com grande violência (Dn 7.20,24);
(13) Tornar-se-á a cabeça de uma confederação de dez poderes (Ap 13.1; 17.12,13);
(14) Estenderá seu poder sobre muitos países (Sl 110.6; Is 14.5,6);
(15) Reunirá os reis do norte e do sul com aparente sucesso;
(16) Finalmente atingirá o poder mundial (Ap 13.7);
(17) Empregará vários meios para sua elevação ao poder:
a) Condições mundiais caóticas – poderá ferir a terra com fome (Ap 6.3,8);

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 13

b) Terá grande habilidade pessoal (Ap 13.3,4). Ele será ferido e providenciará a sua
própria cura;
c) Durante os três anos e meio da grande tribulação, o anticristo terá o apoio da nação
judaica (Dn 9.27). Nesta época, os judeus estarão confusos, e olharão para o anticristo,
como o messias prometido;
d) Terá o poder de satanás (Ap 13.2). Grande poderio;
(18) Seu apogeu se dará nos últimos três anos e meio da Tribulação de sete anos, nos
quais se vários acontecimentos importantes se realizarão:
a) Quebra o seu tratado com os judeus e interrompe o sacrifício no templo (Dn 9.27);
b) Mata as Duas Testemunhas de Deus (Ap 11.3-7);
c) Tendo interrompido a adoração no templo, apresenta-se no mesmo e exige adoração e
honrarias divinas (2 Ts 2.4; Ap 13.14,15);
d) Essa adoração tornar-se-á quase universal (número/666 e marca da besta – Ap 13.8);
e) Visto que muitos judeus resistirão a ele, tornar-se-á seu perseguidor e prevalecerá
contra eles por três anos e meio (Dn 7.21,22,25; Ap 13.15; Mt 24.15,21);
f) Em seguida iniciará a destruição da igreja apóstata (Ap 17.16,17); e
g) Finalmente chegará ao apogeu de todos os poderes terrenos, religiosos, econômicos e
militares (Ap 13.18);
(19) Sua queda:
a) Seu reino e súditos serão consumidos no julgamento (Dn 7.25,26; Ap 16);
b) Sua cidade e seu sistema de comércio são destruídos (Ap 18.1);
c) Ele se levantará contra Cristo (Dn 8.25). Virá com um exército contra Cristo, porém será
lançado no lago de fogo, junto com o falso profeta (Ap 19.19).

4. A Batalha do Armagedom

Armagedom (Montanha de Megido) é o nome que se dá a um campo de


batalha profético, onde os reis de toda a Terra se reunirão para a batalha no grande dia
do Deus Todo-Poderoso (Ap 16.16). Esse local fica a sudoeste da Galiléia e tem sido
famoso como o campo de batalha, dado a importante posição estratégia que ocupa. Essa
batalha não deve ser confundida com a de Ez 38 e 39, que se dará nos três primeiros
anos e meio da Tribulação, enquanto que esta se dará no fim. Veja a diferença entre as
duas batalhas:

4.1. 1ª (Início da Tribulação): Ezequiel 38 e 39 – O bloco das nações do norte, liderado


pela Rússia, invadirá Israel (v.12) e será destruído por intervenção divina (v.20), através
de uma rebelião entre as próprias nações (v.21). Será grande o morticínio e os judeus e
as nações da Terra reconhecerão a presença de Deus. Ez 39.21, 22 – É a batalha das
Nações Confederadas.
4.2. 2ª (Fim da Tribulação): Batalha do Armagedom – Aqui, a Besta chefiando todas as
nações do mundo, investirá contra Israel (Ap 16.14; 19.19; Zc 12.3; 14.2). Os judeus,
cercados, clamarão pelo Messias que operará sobrenaturalmente entre os exércitos
atacantes. Os exércitos serão levados para Armagedom onde serão destruídos (Ap 19.21;
Zc 14.12, 13, 16; etc.).

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 14

5. A Manifestação Gloriosa de Jesus

A Manifestação Gloriosa ou a Volta Pessoal de Jesus diz respeito à 2ª fase da


Sua Segunda Vinda. Nesta Manifestação, Jesus Cristo virá novamente, após a Tribulação,
derrotar seus inimigos e reinar sobre a terra por mil anos (Ap 19.11-20.1-6).

Esta fase escatológica se processará quando as nações chefiadas pela Besta


(Anticristo) se reunirão contra Jerusalém (Zc 14.2). O remanescente fiel dos judeus volta-
se para o Senhor (Is 10.20, 21; Zc 13.9; etc.) e são cercados pelos reis da Terra para a
grande Batalha do Armagedom (Ap 16.14; 17.14; 19.19). Nesse exato momento, Israel
clamará a Deus (Is 64.8-12) e Jesus virá em seu socorro com os Seus santos e anjos (Is
14.3-6; 26.21; Jr 49.20-22; Joel 3.12,13; Zc 14.12-15; Mt 24.30; At 1.11; Ap 14.19,20).

A Manifestação gloriosa de Cristo contém os seguintes aspectos:

5.1. Cristo virá literal e visivelmente (At 1.11; 1 Jo 3.2; Ap 1.7).


5.2. Cristo virá com poder e glória (Mt 25.30,31).
5.3. Descerá sobre o Monte das Oliveiras (Zc 14.4, 5).
5.4. Será um grande sinal (Ap 16.17-21; etc.).
5.5. Virá corporalmente (At 1.11; Ap 1.13; 1 Tm 2.5).
5.6. Todo o olho o verá (Ap 1.7).

A Manifestação Gloriosa é, por essência, um evento de resgate, pois marca o


momento que Cristo retornará à terra, descendo triunfante para derrotar o Anticristo e
julgar todas as nações, no trono da Sua glória (Mt 25.41-46).

6. O Juízo das Nações

Após a batalha do Armagedom, Cristo se assentará no trono da Sua Glória e


reunirá as nações em torno de Si (Mt 25.31, 32). A base do juízo será o trato dispensado
aos judeus (Mt 25.41-43; Gn 12.3). Os acontecimentos dos v. 35 a 44 só podem referir-se
aos judeus (v.45). Nesse julgamento, se determinará quais as nações que participarão do
Milênio. Nele, três classes de pessoas serão tratadas:

6.1. Ovelhas: Aquelas que trataram os judeus com benevolência (Mt 25.35, 36);
6.2. Bodes: Aquelas que maltrataram ou perseguiram os judeus (Mt 25.41-45); e
6.3. Irmãos: Os judeus que reconheceram a Cristo como o seu Messias (Is 4.1-3).

As nações “bodes” serão destituídas do seu poderio e passarão por uma


assolação (Joel 3.12, 19). Esse juízo não deve ser confundido com o de Ap 20.11-15.

Além do Tribunal de Cristo e do Juízo das Nações, dois outros juízos futuros de
grande expressão irão ser realizados, um antes do Milênio (Juízo de Israel) e outro, depois
do Milênio (Juízo Final). Quanto ao Juízo de Israel, Kepler Nigh (1998, p.144) diz o
seguinte: “...Este juízo acontecerá no final da tribulação. Cristo fará com que os judeus
sejam reunidos e julgados...” (Ez 20.33-38; Mt 19.28).

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 15

7. O Milênio

O Milênio é um período de mil anos, inaugurado com a 2ª Vinda de Cristo à


Terra, tendo Jesus como Rei (Gn 49.10; Ap 20.4-6), e que terá começo por uma série de
juízos. É a última dispensação da história da humanidade (1ª - Inocência; 2ª -
Consciência; 3ª - Governo Humano; 4ª - Promessa; 5ª - Lei; 6ª - Graça; 7ª - Milênio).
Alguns títulos usados na Palavra de Deus em referência ao Milênio:

(1) O Reino dos Céus – Lc 1.32, 33; Mt 6.10.


(2) A Regeneração (Mt 19.28).
(3) Tempos de Refrigério (At 3.19, 20, 21).
(4) Dispensação da Plenitude dos Tempos (Ef 1.10).
(5) O “século dos séculos” (no original grego - Ef 3.21).
(6) O Reino de Cristo (Ap 11.15).
(7) Os “mil anos” (reino mediatório ou temporário – Ap 20.4-6; 1 Co 15.24-28).

O termo “milênio” vem do latim Millennium, e do grego Chilliad. Ambos querem


dizer “mil anos”, e são empregados em referências a um futuro período de governo justo
sobre a terra, que se prolongará por mil anos. Nas Escrituras Sagradas não aparece a
palavra “milênio”, como também são omitidas as palavras Bíblia e Trindade. Contudo, há
referências claras que mostram que este reinado será literal e terreno, além de se
desenvolver por 1.000 anos (At 1.6,7; Ap 20.4-6; 1 Co 15.24-28).

7.1. Aspectos gerais do Reino Milenial

a) Jesus Cristo será o Governante no Milênio (Jr 23.5; Lc 1.31-33; Ap 11.15; 19.6);
b) Quanto ao caráter do governo de Cristo, as Escrituras nos ensinam que será na
plenitude do Espírito (Is 11.2-5), que será em equidade e justiça (Jr 23.5-6), que o pecado
será castigado (Salmo 2.9; 72.1-4; Is 65.20; Zc 14.16-21), que será próspero e glorioso
(Jr 23.5; Is 24.23), e que será um reinado de paz (Is 2.4; 11.5-9; 65.25; Mq 4.3);
c) O centro do governo no Milênio será Jerusalém (Is 2.3). Jerusalém será um lugar santo
(Is 4.3-5); um lugar de grande glória (Is 24.23); o local do futuro templo (Is 33.20);
reconstruída (Jr 31.38-40); o centro espiritual de toda a terra (Is 62.1-7); e o regozijo de
toda a terra (Sl 48.2);
d) Três grupos de pessoas serão relacionados com o governo milenial:
(1) Israel: Será reunido e restaurado pelo Senhor em sua salvação, exaltado, abençoado e
favorecido através deste período.
(2) Nações: As nações serão súditos do Rei durante o Milênio (Sl 72.11; 86.9; Dn 7.13,14;
Mq 4.2; Zc 8.22).
(3) Igreja: A Igreja (glorificada) reinará com Cristo, não como súdita do Rei, e sim, como
uma que de direito compartilhará o reino, ou seja, como a rainha do Rei dos reis (2 Tm
2.12; Ap 5.10; 20.6).

7.2. Aspectos específicos do Reino Milenial

a) Paz universal (Lc 2.14; Sl 85.10; Is 9.6).


b) Era de bênçãos sem par (Is 11.6-9; 55.12, 13; 35.1; Mq 4.3).

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 16

c) A glória de Deus manifestada (Is 24.23);


d) Longevidade (Is 65.22);
e) Plenitude de Poder (Jl 2.28);
f) Salvação (Jl 2.32);
g) O Tabernáculo (Ez 37.26, 27);
h) O Templo (Ez 40-44; Zc 6.12): A Bíblia ensina em Ezequiel 40-48 que haverá um quarto
templo. Esse último templo será o centro da adoração a Jesus Cristo durante o Milênio.
Destinado a ser o edifício mais belo e magnífico na história humana, o quarto templo (ou
templo do Milênio) é descrito em Ezequiel 40.5-43.27. O Antigo Testamento também se
refere aos sacrifícios que acontecerão no templo do Milênio nas seguintes passagens:
Isaías 56.7; 60.7,13; 66.20-23; Jeremias 33.15-22; Zacarias 14.16-21. O templo milenar
será o centro da adoração a Jesus Cristo durante o Milênio. Ele existirá em Jerusalém
durante todo o reinado de mil anos de Cristo. Israel e o Templo serão o centro dos rituais
e ofertas sacerdotais que guiarão a adoração a Jesus, o Messias. Já que o Milênio será um
tempo em que Israel será exaltado e Cristo governará o mundo através de uma teocracia
a partir de Jerusalém, realmente será uma época maravilhosa: a glória do Senhor voltará
ao templo enquanto Israel cumprirá sua vocação como nação (Ezequiel 43.1-5);
i) Conhecimento do Senhor (Is 11.9; Hc 2.14);
j) Abundância de Saúde (Is 33.24; 35.5, 6);
k) Gêneros alimentícios em abundância (Jr 31.12; Is 30.23).
l) O pecado será uma realidade restrita (Is 65.20; Zc 14.17-19).
m) Não haverá morte como hoje (Is 65.20).

7.3. A revolta de Satanás

No fim do Milênio, Satanás será solto e sairá a enganar as nações (Ap 20.7-10).
Por que satanás será solto novamente? É bom saber que:

a) Muitos nascerão no Milênio e terão de ser evangelizados e ensinados sobre Cristo, sua
obra e seu reinado;
b) Depois de mil anos de bênçãos na Terra, os homens terão de ser “testados” quanto à
sua obediência para com Cristo.

Essa revolta será de caráter mundial e o destino das nações rebeladas (Gogue e
Magogue – Ap 20.8) será a morte, a ressurreição para o juízo e o lago de fogo (Ap 20.11-
15).

8. O Juízo Final

É o último juízo escatológico ensinado na Bíblia, sendo conhecido como


“julgamento do grande trono branco”, onde todos os mortos incrédulos ou todos os
ímpios, tanto anjos como homens, serão julgados e condenados (Dn 7.10; 1 Co 6.1-3; Ap
20.11-15). Sua realização se dará depois dos mil anos do reinado de Cristo sobre a terra
e, especificamente após a revolta de satanás (Ap 20.7-10). Seu local será onde o Grande
Trono Branco estiver, num tempo em que a Terra e os céus estiverem sendo destruídos

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 17

pelo fogo (2 Pe 3.10-12). O juiz será o Senhor Jesus Cristo (Jo 5.22, 27; At 17.31; 2 Tm
4.1), que será auxiliado pela Igreja glorificada (1 Co 6.1-3).

Os réus serão todos os “mortos, grandes e pequenos, postos diante do trono”.


Os “grandes” parece ser uma referência aos anjos maus, e os “pequenos” refere-se aos
homens ímpios ressuscitados após o Milênio (Jo 5.29; Ap 20.5; 21.8). Estes ímpios são
todos os que se recusaram a obedecer ao Evangelho, rejeitando a Cristo como Salvador e
Senhor (1 Pe 4.17,18; 2 Ts 1.8,9; Jo 3.35; 6.28,29; At 17.30,31). Os que morreram sem
conhecer o Evangelho, Deus saberá, de forma justa e verdadeira, aplicar o julgamento
correspondente (Rm 2.2; Ap 16.9; 2 Tm 4.8).

O propósito do juízo é exclusivamente para aplicação da sentença de


condenação (Jo 3.18), mediante o que está escrito nos livros, que denunciarão todas as
obras exercidas pelos ímpios (Ap 20.12):

8.1. Consciência (Rm 2.15; 9.1).


8.2. Natureza (Jó 12.7-9; Rm 1.20; Sl 19.1-4).
8.3. Lei (Rm 2.12; 3.20).
8.4. Evangelho (Jo 12.48; Rm 2.16).
8.5. Memória (Lc 16.25).
8.6. Atos dos Homens (Mt 12.36; Lc 12.7; Ap 20.12).
8.7. Livro da vida (Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12; Sl 69.28; Lc 10.20; Fp 4.3): A presença do
Livro da Vida no juízo final terá a finalidade provar aos ímpios que seus nomes não estão
nele (Mt 7.22, 23).

O local do castigo dos condenados é chamado de “lago de fogo” (Ap 19.20;


20.10,14,15; 21.8), também como “segunda morte” (Ap 2.11; 21.8). É um lugar real,
preparado para o diabo e seus anjos, e que é constituído de fogo e enxofre, que nunca se
apagará (Mt 3.12; 25.41; Ap 20.10), ou seja, o castigo será eterno! Além disto, haverá
diferentes graus de punição sobre os condenados (Lc 12.46-48), e nele serão lançados a
morte e o inferno (ou estado intermediário dos mortos) (Ap 20.13; 1 Co 15.26).

8. O Estado Eterno

8.1. Características gerais

a) Refere-se ao “dia de Deus” (2 Pe 3.12), ou seja, o tempo de Deus, a história e a


cronologia de Deus;
b) É a base substancial e existencial dos novos céus e da nova terra, pois estes se
constituem em realidades físicas, através das quais o Estado Eterno se desenvolverá;
c) Especificamente, indica a própria “eternidade”, que é um tempo sem limites (Sl 90.2; Pv
8.23; Ec 3.11);
d) Sendo o dia de Deus, se concretizará depois do “dia do Senhor” (1 Ts 5.1-3; Is 2.12; 2
Pe 3.10), que abrangerá três grandes eventos escatológicos (Tribulação, Manifestação
Gloriosa e Milênio) antes do dia de Deus ou eternidade (futura), a qual será inaugurada
quando novos céus e uma nova terra começarem a existir (Ap 21.1);

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 18

e) O Estado Eterno ou o dia de Deus é a sujeição de todas as coisas sob o domínio de


Deus, através do qual Ele será “tudo em todos” (1 Co 15.28), ou seja, tudo será criado de
novo por Ele, tudo será dEle e tudo é para Ele, eternamente (Rm 11.36).

8.2. Dimensões físicas (Novos Céus, Nova Terra e Nova Jerusalém)

a) A expressão “Novos Céus” é usada no plural, na maioria das vezes que é citada quanto
ao fato de ser uma nova criação (Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13; Hb 1.10-12; Sl
102.25,26;), o que implica ser uma nova referência a todo o universo, ou seja, todo o
Cosmo celestial ou espaço sideral com suas galáxias, planetas e demais astros serão
destruídos e desaparecerão, sendo substituído por outro melhor;
b) O termo hebraico usado para céus está no plural (Shamayim – quer dizer “as alturas”).
Já o termo grego usado é “ouranos”, que significa “o que está elevado”. São termos
usados por mais de 700 vezes na Bíblia e, em geral, referem-se a três diferentes locais:
atmosfera (nosso céu), ao universo (espaço sideral) e à morada de Deus (2 Co 12.1-4);
c) Os céus abaixo do céu de Deus (a atmosfera terreno-celestial e o universo) serão
destruídos, pelos seguintes motivos:
(1) Eles não são mais puros à vista de Deus, pois se tornaram pecaminosos (pecado dos
anjos e dos homens – Jd v.6; Rm 8.18-23; Gn 3);
(2) Se tornaram um campo de batalha espiritual (Jó 1.6-12; 2.1-6; 15.15; Ef 2.2; 6.10-12;
Ap 12.7-9);
(3) Estes céus (e a terra), de agora, são uma habitação inadequada para o Estado Eterno
ser concretizado;
(4) Eles serão destruídos (tanto os céus de hoje como a terra) não em termos de
renovação, e sim, no sentido de serem extintos ou desintegrados. A Bíblia usa expressões
como “passarão”, “mudados” e “guardados” e “guardados para o fogo” (serão queimados
com grande estrondo, o que resultará num desaparecimento total dos atuais céus e terra
e de tudo o que eles contém (2 Pe 3.10-12).
d) A Nova Terra será um novo planeta, onde habitará justiça em todos os aspectos, sejam
eles geográficos (não haverá mais mar; novos pontos cardeais serão implantados),
políticos (o trono de Deus estará na Nova Terra), climáticos (não haverá mais sol, noite
etc.) e ético-espirituais (não haverá pecado) (2 Pe 3.10-13; Ap 21 e 22).
e) Nova Jerusalém: A Nova Jerusalém será a principal cidade do Estado Eterno, pois nela
estará o trono de Deus e do Cordeiro. Ela é uma cidade literal, construída por Deus (Hb
11.10,16), através de materiais celestiais e com uma arquitetura igual em comprimento,
altura e largura, tendo moradas suficientes para todos os seus moradores (Jo 14.1-3).
Será uma realidade visível apenas no Estado Eterno (Ap 21;22), proporcionando muitas
bênçãos para os seus moradores e para os povos e nações da Nova Terra, através,
principalmente do fruto da árvore da vida (Ap 22.1-5). Segundo alguns teólogos, a Nova
Jerusalém terá 8.000.000 (oito milhões) de avenidas, com o comprimento de 2.200 km
(dois mil e duzentos quilômetros) cada uma, segundo as medidas apresentadas em
Apocalipse 21.9-17.

 Razões da Nova Jerusalém ser uma cidade literal: (1) Jesus voltou ao céu para
preparar um lugar ou cidade para a Igreja (João 14.2,3); (2) Ela foi arquitetada e
construída por Deus com sólidos alicerces celestiais (Hebreus 11.10); (3) Os heróis

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 19

da fé desejavam uma cidade celestial, a qual foi preparada por Deus (Hebreus
11.16); (4) A Nova Jerusalém ora preparada para a Igreja, pertence a Deus
(Hebreus 12.22). Ao aceitarmos a Cristo, nos aproximamos da Nova Jerusalém
como futuros moradores dela; (5) Hebreus 13.14 diz que não temos na terra uma
cidade ou morada fixa, pois vivemos em busca de uma cidade que foi preparada,
prometida e que virá aos moradores que lhe buscam; (6) A Igreja é cidadã do céu,
apesar de morar na terra. Mas, do céu ela aguarda vir a sua cidade ou morada
preparada por Deus, que é o Senhor Jesus, que ao voltar glorificará o nosso corpo
terreno em um celestial, semelhante ao Seu, adaptando-nos assim, à Jerusalém
celestial (Filipenses 3.20,21; Hebreus 12.22); (7) A Nova Jerusalém é o nome da
cidade construída por Deus. Apocalipse 3.12 diz que o nome dela vai ser gravado
na vida de todo membro da Igreja que será reconhecido como vencedor; (8) A
"Jerusalém do alto", como Paulo a identifica (Gálatas 4.26) ou "a nova Jerusalém,
que desce do céu" como João a nomeia (Apocalipse 3.12), é contrastada por Paulo
com um cidade real, ou seja, a Jerusalém atual (Gálatas 4.25). Assim, é lógico dizer
que a Nova Jerusalém é uma cidade real ou literal, e não um símbolo da Igreja; (9)
O apóstolo Paulo trata simbolicamente a nova Jerusalém de "a nossa mãe", tendo
em vista, ensinar que somos (a Igreja) gerados e acolhidos por ela. Tal expressão
de Paulo assemelha-se à expressão "minha cidade natal", que indica que você não
é cidade, mas tem uma cidade; (10) Os capítulos 21 e 22 de Apocalipse a
descrevem com tantos detalhes de arquitetura e de construção, que, pelo bom
senso hermenêutico, é mais adequado reconhecer que é uma cidade literal do que
um símbolo da Igreja ou da nova criação. O uso de inúmeros símbolos ou imagens
terrenas tencionam destacar (de forma aproximada) sua grandeza
arquitetonicamente celestial.

8.3. A vida no Estado Eterno

a) Deus e o Cordeiro governarão a nova terra e os novos céus a partir da Nova Jerusalém
(Ap 22.3,5);
b) A nova vida se concentrará em conviver com Deus, servi-lo com adoração e reinar
junto com Ele, sem ter lembranças das coisas antigas (Ap 22.3-5; Is 65.17,18);
c) Os santos glorificados da Igreja e da antiga Aliança morarão na Nova Jerusalém e
governarão a Terra sob Cristo (Dn 7.18, 27; Ap 22.1-5);
d) Os salvos oriundos do Milênio (povos e nações) viverão para sempre na Terra,
mediante a árvore da vida (Ap 2.7) e não pela ressurreição (Ap 22.1-5).

IV – SISTEMAS ESCATOLÓGICOS

1. Sobre o Plano Divino e a História da Salvação

1.1. Dispensacionalismo

O termo “dispensacionalismo” deriva seu nome de sua compreensão acerca da


existência de uma série de “dispensações” (palavra que deriva do grego oikonomia) na
história da salvação. O movimento (quanto à sua fase moderna) foi aprimorado
sistematicamente na Inglaterra, por John Nelson Darby (1800-1882). E foi popularizado,

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 20

especialmente nos Estados Unidos, sob a influência de C. I. Scofield (1843-1921), cuja


Scofield Reference Bible [Bíblia de referência Scofield] (1909) tornou-se um marco no
pensamento dispensacionalista.

A visão dispensacionalista de interpretação literal (coerente) defende uma visão


futurista; isto é, muitas passagens bíblicas ainda têm um cumprimento futuro. A distinção
entre Israel e a Igreja é importante porque a Igreja, como entidade distinta no plano de
Deus, provê a base teológica para o arrebatamento pré-tribulacional. Já as promessas do
Antigo Testamento para Israel serão cumpridas literalmente no futuro, o que requer uma
compreensão detalhada e aprimorada da profecia das Escrituras.

A característica mais marcante no dispensacionalismo é a forma como divide a


história em períodos. Scofield dividiu a história da salvação em sete períodos ou
“dispensações”, cada qual representando uma aliança diferente entre Deus e seu povo. Os
períodos ou dispensações são os seguintes:

a) Dispensação da Inocência, que ocorreu entre a criação e a queda;


b) Dispensação da Consciência, que ocorreu entre a queda e o dilúvio;
c) Dispensação do Governo Humano, que ocorreu entre o dilúvio e o chamado de Abraão;
d) Dispensação da Promessa, que ocorreu entre o chamado de Abraão e Moisés;
e) Dispensação da Lei, que ocorreu entre Moisés e a morte de Cristo;
f) Dispensação da Graça ou da Igreja, que ocorreu entre a ressurreição e o tempo
presente;
g) Dispensação do Milênio.

Uma das características clássicas do dispensacionalismo de maior relevância diz


respeito à sua interpretação da palavra “Israel”. Para alguns como Scofield e Charles C.
Ryrie, Israel sempre designa o povo judeu e nunca representa a Igreja cristã. Israel e a
Igreja são duas entidades distintas, cada qual com sua própria história e destino. “Israel”
refere-se a um povo cuja esperança se concentra em um reino terreno; “a Igreja”, por
outro lado, é um termo que se refere a um povo celeste cujo destino encontra-se além
desse mundo.

Assim, os dispensacionalistas apresentaram um interesse particular pela história


(e pelo desenvolvimento do plano de Deus nessa história) moderna da nação de Israel
(criada em 1948), vendo esse fato histórico como o cumprimento das visões proféticas do
AT. É importante destacar que os escritores dispensacionalistas mais recentes tendem a
amenizar essa diferença entre Israel e a Igreja (Dispensacionalismo Progressivo).

O “arrebatamento” e a “tribulação” são duas noções centrais e características


do dispensacionalismo. A primeira diz respeito à expectativa do cristão de ser arrebatado
“com ele nas nuvens” para encontrar a Cristo quando ele voltar (1 Ts 4.15-17). A segunda
baseia-se nas visões proféticas do livro de Daniel (Dn 9.24-27) e é entendida como um
período de sete anos de juízo divino sobre o mundo. Os escritores dispensacionalistas
ainda se dividem quanto ao fato do arrebatamento ser visto como pré-tribulacional (de
acordo com o qual os cristãos serão capazes de escapar do sofrimento da tribulação) ou

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 21

pós-tribulacional (de acordo com o qual os cristãos deverão passar pela tribulação, porém
com a certeza de que se juntarão posteriormente a Cristo).

1.2. Teologia das Alianças

A teologia das alianças é um sistema teológico baseado em duas alianças


abstratas, numa tentativa de organizar as Escrituras.

Ela propõe a idéia de que as Escrituras podem ser divididas em duas alianças:
1) Aliança das Obras e 2) a Aliança da Graça. Os participantes da primeira aliança eram
Deus e Adão. A promessa da aliança era a vida. O requisito era a total obediência de
Adão. Caso não fosse cumprida, a penalidade seria a morte. Para salvar o homem da
penalidade de sua desobediência, uma segunda aliança, feita para toda a eternidade,
passou a ser usada, ou seja, a Aliança da Graça.

A Aliança da Graça é tratada sobre dois aspectos. O primeiro diz respeito a


Deus, por isso algumas vezes ela chamada de Aliança da Redenção. Os participantes,
nesse caso, são Deus e Cristo; a exigência era a total obediência do Filho, a ponto de
sofrer a penalidade da desobediência humana, ou seja, a morte. A promessa era a
salvação para todos os crentes. No segundo aspecto, os participantes eram Deus e o
crente, a promessa era a vida eterna e a exigência era a fé em Jesus Cristo como a única
“obra” necessária do crente (Jo 6.29).

A teologia das alianças tem muitos aspectos maravilhosos, por exemplo, a


ênfase na graça de Deus. No entanto, essa perspectiva não permite que o único decreto
ou plano divino possa operar na história através de múltiplas maneiras, como o
tratamento distinto dado à Igreja e a Israel. Essa teologia reduz o plano multifacetado de
Deus a apenas um – os que serão salvos por toda a eternidade. A teologia das alianças
muitas vezes é contrária a um entendimento literal e futurista das profecias.

2. Sobre o Livro de Apocalipse

2.1. Preterismo

O preterismo tenta responder à pergunta: “Quando é que uma profecia será


cumprida na história?” Ele é uma das quatro possíveis interpretações sobre os tempos
finais na profecia bíblica. Os quatro pontos de vista refletem as únicas possibilidades em
relação ao tempo: passado (preterismo), presente (historicismo), futuro (futurismo) e
atemporal (idealismo).

Os preteristas ensinam que a maioria, se não todas as profecias, já foram


cumpridas. Eles alegam que porções proféticas importantes da Bíblia (como o Sermão
Profético e o livro de Apocalipse) foram cumpridas nos eventos associados à destruição de
Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. Eles acreditam que são impelidos a ter essa
perspectiva porque Mateus 24.34 e suas passagens paralelas dizem: “Em verdade vos digo
que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça”. Eles afirmam que isso
significa que essas coisas precisavam ser cumpridas no primeiro século. Para os

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 22

preteristas, Apocalipse refere-se a algo similar quando afirma que Cristo vem “em breve” e
que seu retorno está próximo. Após terem concluído que essas profecias precisavam ter se
cumprido no século I, eles passaram a argumentar que estão agindo corretamente ao
crerem que todas as passagens referem-se ao cumprimento local (Jerusalém), ao invés de
tratar-se de um cumprimento mundial.

Existem três tipos de preteristas, ou seja, os parciais, os moderados e os


extremistas.

Os preteristas parciais ensinam que o cumprimento passado ocorreu durante os


primeiros três séculos, enquanto Deus estimulava a guerra contra os dois inimigos
terrenos da Igreja: Israel e Roma. Israel foi derrotado em 70 e Roma no século IV.

Já os preteristas moderados acreditam que quase todas as profecias bíblicas


foram cumpridas no evento do ano 70, mas também pensam que algumas passagens
ensinam sobre uma Segunda Vinda futura (At 1.9-11; 1 Co 15.51-53; 1 Ts 4.16,17).

Por sua vez, os preteristas extremistas ou consistentes, como eles preferem ser
chamados, acreditam que toda a profecia bíblica foi cumprida na destruição de Jerusalém,
em 70 d. C. Eles acreditam que, existe uma Segunda Vinda futura, mas a Bíblia não fala
sobre ela.

2.2. Historicismo

O historicismo é uma das quatro possíveis interpretações do tempo na profecia


bíblica. Ele iguala a atual era da Igreja ao período da Tribulação utilizando-se da teoria
dia/ano. Essa teoria dia/ano toma literalmente números como 2.300 dias (Dn 8.14) e
1.290 dias (Dn 12.11) e afirma que tratam-se de anos. Então, se alguém encontrar o ano
inicial certo, basta apenas acrescentar 2.300 ou 1.290 anos para descobrir a data da volta
de Cristo. Além disso, os historicistas também relacionam os juízos dos selos, das
trombetas, e das traças a importantes eventos históricos nos últimos 2.000 anos. Por
exemplo, o quinto selo em Apocalipse 6 é identificado com o martírio sob o imperador
romano Diocleciano (284-304). Se isso for verdade, então pode-se imaginar que a
Revolução Francesa foi um dos cinco primeiros julgamentos das taças de Apocalipse 16.
Esta abordagem, juntamente com a teoria dia/ano, naturalmente leva os historicistas a
marcar datas.

Essa teoria foi defendida quase unanimemente pelos protestantes da Reforma


até quase 100 anos atrás, sendo também a teoria adotada por muitas seitas que tiveram
início no século 19, como os mórmons, os adventistas do sétimo dia e as testemunhas de
Jeová.

Outra teoria do historicismo é a equivalência da Igreja Católica Romana e seus


papas com o Anticristo. Por isso fica fácil entender o porquê desse ponto de vista
seguidamente ser chamado de “protestante”. A maioria dos esquemas elaborados pelos
historicistas se concentra na história da Europa, mas existe um segmento que substitui a

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 23

Europa pelos Estados Unidos. Algumas dessas pessoas acham que o EUA estão cumprindo
as profecias referentes à Babilônia.

2.3. Futurismo

O futurismo defende a idéia de que todos os eventos proféticos só ocorrerão


depois de encerrada a era da Igreja em que vivemos, alegando que eles ocorrerão na
Tribulação, na Segunda Vinda e no Milênio vindouros. Dos quatro pontos de vista, o único
que apóia de maneira lógica e histórica o pré-tribulacionismo é o futurismo. Isso ocorre
porque o tempo em que ocorrerá o Arrebatamento está relacionado com o momento
histórico em que ocorrerá a Tribulação. O preterismo declara que a Tribulação já ocorreu.
O historicismo afirma que a Tribulação começou no século IV com os eventos relacionados
com a cristianização do Império Romano iniciada por Constantino e que ela continuará até
a Segunda Vinda. O idealismo nega que seja possível estabelecer a data desses eventos.
Portanto, apenas o futurismo permite a aplicação do método de interpretação literal.

É possível desenvolver uma defesa do futurismo a partir da Bíblia, contrastando


e comparando o futurismo com as outras três abordagens interpretativas. Por exemplo, é
possível mostrar que o futurismo é preferível ao preterismo, demonstrando que textos
específicos da Escritura indicam que o termo “vinda”, nas passagens debatidas, refere-se
a uma volta corporal de Cristo à terra, não uma vinda mística mediada pelo exército
romano (como dizem os preteristas). Uma área que dá vantagem ao futurismo sobre o
historicismo é a demonstração de que os números que se relacionam a dias, meses e anos
devem ser aceitos literalmente. Não há base bíblica para que dias sejam interpretados
como anos. Um argumento principal que dá vantagem ao futurismo sobre o idealismo é o
fato de que os números são importantes. Em outras palavras, por qual razão Deus
forneceria centenas de indicadores cronológicos e temporais na Bíblia se não tivesse a
intenção de cumpri-los?

Somente o futurista pode interpretar toda a Bíblia de maneira literal e, depois


de fazê-lo, harmonizar suas conclusões num sistema teológico coerente. Assim como
pessoas, lugares e tempos devem ser entendidos literalmente em Gênesis 1-11, também
os textos relacionados ao tempo do fim devem ser entendidos da mesma forma. Dias
significam dias; anos significam anos; meses significam meses. Assim, a única maneira
pela qual o livro do Apocalipse e outras porções proféticas da Bíblia farão qualquer
sentido, é se forem entendidas de forma literal. Isso significa que a maior parte delas
ainda não aconteceu, sendo, portanto, futuras.

Cerca de um terço da Bíblia consiste de profecia, e a maior parte dessa profecia


versa sobre o futuro. Uma vez que uma abordagem coerentemente literal de toda a Bíblia,
inclusive das partes proféticas, principalmente do Apocalipse, é a maneira correta de
entender a revelação de Deus ao homem, a abordagem futurista é a maneira mais
adequada de considerar a cronologia da profecia bíblica.

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 24

2.4. Idealismo

O idealismo é uma das outras quatro possíveis interpretações do tempo na


profecia bíblia. Apesar das muitas declarações da profecia bíblia que parecem tratar do
cumprimento temporal de um evento em relação a outro, os idealistas não crêem que a
Bíblia indique qualquer cronologia de eventos e nem que possamos determinar
antecipadamente o tempo de sua ocorrência. Os idealistas pensam que as passagens
proféticas ensinam principalmente grandes idéias ou verdades sobre Deus e a vida cristã,
por isso podem ser aplicadas como princípios atemporais. O idealismo nega que haja uma
cronologia dos eventos. Para os idealistas a cronologia (se é que ela existe) é um mistério
não revelado.

A abordagem não-literal da profecia raramente é adotada por conservadores e


evangélicos. Muitos liberais, que não crêem em um Deus sobrenatural que pode prever o
futuro, apóiam esse ponto de vista por seu potencial de fazer com que o texto diga
virtualmente qualquer coisa.

3. Sobre o Arrebatamento da Igreja

3.1. Pré-Tribulacionismo

O pré-tribulacionismo ensina que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que


comece o período de sete anos da Tribulação e da revelação do Anticristo. Dessa maneira,
a Igreja não passará pela Tribulação.

Quatro aspectos principais caracterizam o Pré-Tribulacionismo:

a) A Igreja tem a promessa de ser guardada da hora da provação. Os crentes ficarão


livres do período da Tribulação que virá sobre toda a Terra (Ap 3.10);
b) A Igreja será removida da Terra como habitação do Espírito Santo. A remoção dos
crentes se dará no Arrebatamento da Igreja (2 Ts 2);
c) A Tribulação é um período de derramamento da ira de Deus, da qual a Igreja estará
isenta. Os crentes estarão livres quando a angústia e a tribulação se manifestarem com o
início do Dia do Senhor (Ap 6.17; cf. 1 Ts 1.10; 5.9);
d) O Arrebatamento da Igreja só pode ser iminente, se for pré-tribulacional. O
Arrebatamento ocorrerá antes que ocorram as tribulações do Grande Dia do Senhor (1 Ts
5.6).

O Pré-Tribulacionismo declara que a Igreja não provará qualquer parte dos sete
anos da Tribulação, visto que estará com o Senhor. Ele chega a esta posição mantendo
uma clara distinção entre o modo de Deus lidar com a Igreja de Cristo e o tratamento
divino para com a nação de Israel. Os que apóiam este ponto de vista crêem que Deus
retirará a Igreja do mundo e, então, Sua atenção voltará a Israel e às alianças que fez
com a nação no Antigo Testamento. Além do mais, pré-tribulacionistas concluem que,
visto que a Igreja está isenta da ira de Deus (1 Ts 1.9,10; 5.9), ela não estará na terra
durante aqueles sete anos da Tribulação. Este ponto de vista também mantém o conceito
da iminência (“a qualquer momento”) do retorno do Senhor Jesus para retirar a Igreja do

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 25

mundo, significando que não há sinais ou eventos que precisem ocorrer antes do
Arrebatamento.

3.2. Mid-Tribulacionismo ou Mesotribulacionismo

O Mid-Tribulacionismo ensina que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá durante


a Tribulação, depois de o Anticristo ter subido ao poder, mas antes dos julgamentos
severos que preparam o caminho para a volta de Cristo, que virá a fim de estabelecer o
seu reino na terra.

A posição mid-tribulacionista se fundamenta em três pensamentos destacáveis:

a) O Arrebatamento da Igreja ocorre em Apocalipse 11.11,12. As Duas Testemunhas são


descritas nesse capítulo como a igreja dando testemunho na primeira metade da
Tribulação. O martírio das testemunhas, que são depois ressuscitadas e levadas ao céu,
simboliza o Arrebatamento da Igreja. Assim, o Arrebatamento da Igreja terá lugar no meio
da Tribulação;
b) A sétima trombeta de Apocalipse 11.15 diz respeito a última trombeta de 1 Coríntios
15.52. A última trombeta de 1 Coríntios 15.52 é a sétima trombeta de Apocalipse 11.15,
que soa na metade da Tribulação;
c) A Grande Tribulação ou o tempo da ira refere-se aos últimos três anos e meio. A
Grande Tribulação é composta apenas dos últimos três anos e meio da septuagésima
semana da profecia de Daniel 9.24-27, e a promessa de libertação da Igreja só se aplica a
esse período (Ap 11.2; 12.6). A Igreja será purificada ao passar pelos três anos e meio
preliminares da Tribulação.

3.3. Pós-Tribulacionismo

O Pós-Tribulacionismo ensina que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá ao final


da Tribulação, e que será removida no fim do período quando Cristo voltar em poder. O
arrebatamento é distinto da Segunda Vinda, embora seja separado dela por um pequeno
intervalo de tempo. A Igreja permanecerá na terra durante todo o período da Tribulação.

É uma teoria comum a praticamente todos os amilenistas e pós-milenistas. É


seguida por muitos protestantes conservadores, assim como liberais modernos. Pelo
menos quatro escolas diferentes de pensamento prevalecem entre os pós-tribulacionistas
no que diz respeito à sua interpretação da Tribulação: (1) Pós-Tribulacionismo clássico;
(2) Pós-Tribulacionismo semiclássico; (3) Pós-Tribulacionismo futurista; e (4) Pós-
Tribulacionismo dispensacional.

Seus principais postulados são:

a) O Arrebatamento e a Segunda Vinda. O Arrebatamento da Igreja e a Segunda vinda


são descritos pelas mesmas palavras: epifania, manifestação, revelação, parusia, o dia, o
dia de Jesus Cristo, o dia do Senhor Jesus e o dia do Senhor. Portanto, dizem respeito ao
mesmo evento e não a dois eventos separados. Em geral, nega o retorno iminente de
Cristo;

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 26

b) Preservação da ira. Preservação da ira significa proteção sobrenatural para os crentes


durante a Tribulação, na libertação por ausência, assim como Israel permaneceu no Egito
durante as pragas, mas foi protegido de seus efeitos. A Igreja é avisada nas Escrituras
para aguardar perseguição e tribulação, e que não deve esperar estar isenta do período
da Tribulação;
c) Santos na terra. Durante a Tribulação haverá santos na terra, e como a Igreja é
constituída de santos, portanto, ela passará pela Tribulação (Mt 24.22). Quanto a estes
santos, não faz uma distinção clara ente a Igreja e a nação de Israel.

3.4. Teoria do Arrebatamento Parcial

Ensina que somente os que foram fiéis na Igreja serão arrebatados no início da
Tribulação. Somente os crentes considerados dignos serão arrebatados antes da ira de
Deus ser derramada sobre a Terra; os que não tiverem sido fiéis permanecerão na Terra
durante a Tribulação.

3.5. Teoria do Arrebatamento Pré-Ira

Esta é a interpretação mais recente acerca do Arrebatamento da Igreja. Ensina


que a Igreja é isenta da ira de Deus, mas limita o tempo da ira a um curto período de
tempo antes do final da Tribulação, talvez durante apenas um ano e meio. Os que
sustentam este ponto de vista crêem que o Arrebatamento se dará depois de
transcorridos cerca de três quartos do período de sete anos da Tribulação.

4. Sobre o Milênio

4.1. Pré-Milenismo

O Pré-Milenismo é uma das três principais perspectivas da profecia bíblica (as


outras são o amilenismo e o pós-milenismo). O pré-milenismo ensina que a Segunda
Vinda de Cristo à terra ocorrerá antes do estabelecimento do seu reino de mil anos
descrito em Apocalipse 20.1-7.

O pré-milenismo, ou quilialismo, como era conhecido na Igreja primitiva, foi o


mais antigo dos sistemas de interpretação do Milênio. Durante a Idade Média, o milenismo
foi praticamente (mas não totalmente) abandonado no Ocidente, até que os puritanos e
outros protestantes começaram a reavivá-lo no final do século XVII. Esse é o ponto de
vista da maioria dos são conservadores em sua maneira de interpretar a Bíblia.

Há diversas formas de pré-milenismo, que diferem quanto ao momento em que


ocorrerá o Arrebatamento com relação à Tribulação, mas todos ensinam que o Milênio vai
durar mil anos e seguirá ao Segundo Advento de Cristo. Quanto a estas formas, duas
delas se destacam:

a) Pré-Milenismo Histórico ou Clássico. Este ponto de vista expressa os seguintes ensinos:

(1) A volta de Jesus se dará antes do Milênio, mas não reconhece a existência das
dispensações;
Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus
Escatologia Bíblica 27

(2) O reinado de Cristo é literal e de mil anos aqui na terra;


(3) Antes da vinda de Cristo acontecerá a evangelização das nações, a grande tribulação,
a grande apostasia e a manifestação do Anticristo escatológico;
(4) Quando Cristo voltar, os crentes que estiverem vivos serão transformados e os que
estiverem mortos serão ressuscitados;
(5) Com a vinda de Cristo, o Anticristo será exterminado. Nessa época haverá a conversão
da maior parte dos judeus;
(6) Jesus Cristo reinará na terra por mil anos. Seu trono e sede do reinado será em
Jerusalém, de onde governará todo o universo. O Templo de Jerusalém e o sacerdócio do
AT serão novamente restaurados;
(7) O Milênio não é visto como um estado final, já que depois dele ainda haverá um novo
Céu e o Inferno; (8) A ressurreição das pessoas não-salvas só se dará no final do Milênio,
após a vitória final de Cristo sobre satanás.

b) Pré-Milenismo Dispensacionalista. Esta forma refere-se ao Dispensacionalismo.


Caracteriza-se pelos seguintes aspectos:

(1) Essa linha de interpretação de interpretação profética é pré-milenista porque crê que a
volta de Cristo se dará antes do Milênio (Ap 20.4-6);
(2) Esta forma chama-se dispensacionalista por dividir a história humana em grandes
dispensações. Uma dispensação normalmente é entendida como um período de tempo
caracterizado por um modo distinto de Deus se relacionar com o ser humano;
(3) Faz distinção fundamental e permanente entre Israel e a Igreja, Deus tem, então, dois
povos com os quais lida ainda nos dias de hoje;
(4) O Antigo Testamento ensina que haverá um reino futuro, milenar e terreno;
(5) O reino seria dado aos judeus quando Cristo veio pela 1ª vez, e nesse tempo se
cumpriria a Septuagésima Semana de Daniel 9. Mas quando os judeus rejeitaram e
crucificaram Jesus, essa semana foi adiada e, conseqüentemente, o reino foi transferido
para o futuro;
(6) O tempo entre a semana 69 e 70 de Daniel é chamado de Era da Igreja, sendo
encarado como um parêntese na história e no plano divino. Isso faz com que seja
necessário arrebatar a Igreja da terra para que os propósitos de Deus se cumpram em
Israel;
(7) A volta de Cristo se dará em duas fases: Primeiro, Ele virá buscar sua Igreja; e depois
de um curto período (7 anos), voltará para reinar no Milênio. Entre o Arrebatamento da
Igreja e o Milênio acontecerá a Grande Tribulação;
(8) Jesus Cristo reinará na terra por mil anos. Seu trono e sede do reinado será Jerusalém,
de onde governará todo o Universo. O Templo de Jerusalém e o sacerdócio do Antigo
Testamento serão novamente restaurados.

4.2. Amilenismo

De acordo com o Amilenismo não haverá no futuro um período de mil anos no


qual Cristo reinará sobre a terra; ele ensina que existe uma presença espiritual do reino na
terra desde a 1ª vinda de Cristo até à 2ª vinda. O termo escatológico usado em português
é formado de três partes diferentes: o prefixo a, que quer dizer “não”; as palavras latinas

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 28

mille, que significa “mil” [chilias em grego], e annus, que significa “ano” [etos em grego].
Portanto, amilenismo significa “não mil anos”. Outros títulos: milenismo simbólico,
milenismo realizado etc.

O Amilenismo não estava presente na Igreja primitiva. [Pelo menos não há


registro de sua existência]. Aparentemente ele se desenvolveu como resultado da
oposição ao literalismo pré-milenista e depois evoluiu até tornar-se um sistema positivo.
Ele chegou a dominar a Igreja quando Agostinho (354-430), um grande pai da Igreja e
teólogo, abandonou o pré-milenismo e adotou o amilenismo. Provavelmente seria correto
dizer que o Amilenismo foi a posição mais aceita durante grande parte da história da
Igreja, inclusive pela maioria dos reformadores protestantes dos séculos XV e XVI.

Seus principais ensinos são:

a) O milênio já real no meio da humanidade. Os crentes mortos já reinam com Cristo no


céu;
b) O milênio não é literal e nem terreno. É figurado e espiritual ou celestial;
c) Cristo já está governando seu povo através da sua Escritura e de seu Espírito, e irá
governar de forma visível na Nova Terra e no Novo Céu;
d) Até o fim do mundo deve-se esperar que o pecado e o mal continuem a existir;
e) O estado final, para todos os seres, só se dará com a Segunda Vinda de Jesus;
d) Antes da volta de Cristo a apostasia se intensificará, bem como a Tribulação. Haverá
também a manifestação de um Anticristo pessoal;
e) A Segunda Vinda de Cristo é um evento único, seguido imediatamente da ressurreição
geral de crentes e incrédulos;
f) Os crentes que estiverem vivos quando Cristo voltar serão transformados e glorificados.

4.3. Pós-Milenismo

O Pós-Milenismo ensina que o reino de Cristo está se estendendo agora em


todo o mundo através da pregação do Evangelho. Segundo essa visão, a maioria das
pessoas se converterá a Cristo, o que resultaria na cristianização da sociedade mundial
atual. Como o nome indica, segundo essa visão, Cristo voltará à terra “depois dos mil
anos”.

O Pós-Milenismo só se desenvolveu em um sistema distinto de escatologia


depois da Reforma. Antes disso, consistia de vários elementos que depois foram incluídos
na mistura teológica do pós-milenismo moderno. Mas é correto dizer que o pós-milenismo
foi a última grande posição teológica a ser criada acerca do Milênio. Na América, o pós-
milenismo foi a principal concepção do Milênio durante grande parte do século dezenove,
mas foi praticamente extinto até a década de 1960. Nos últimos 25 anos houve um
ressurgimento do pós-milenismo em algumas arenas conservadoras através do movimento
chamado Reconstrucionismo Cristão.

Há dois tipos principais de pós-milenismo: (1) um tipo bíblico que tira seu
material da Bíblia e seu poder de Deus; (2) e o tipo evolucionário ou teológico-liberal que
baseia-se na confiança de que o homem pode alcançar progresso através de meios

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 29

naturais. Esses dois sistemas muito diferentes entre si têm uma coisa em comum: a idéia
de progresso e da solução definitiva das dificuldades atuais.

O Pós-Milenismo caracteriza-se pelas seguintes idéias:

a) O milênio não será literalmente um período de tempo de mil anos;


b) O reino de Deus está, desde a ressurreição de Jesus até os dias de hoje, sendo
estendido no mundo através da pregação do Evangelho e da obra salvadora do Espírito
Santo nos corações dos crentes;
c) O mundo, por fim, será cristianizado, o que resultará num longo período de justiça e
paz, que precederá a volta de Jesus;
d) A Segunda Vinda de Jesus será imediatamente seguida pela ressurreição geral, o juízo
geral e a conseqüente entrada no céu ou inferno;
e) A história mundial vai melhorando cada vez mais até estar preparada para a
inauguração, imperceptível, do Milênio.

Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!!!

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus


Escatologia Bíblica 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLISON, Haroldo B. A doutrina das últimas coisas. São Paulo: IBR, 2002.
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de estudo do discípulo. Santo André: Geográfica, 2010.
CLARK, David S. Compêndio de teologia sistemática. São Paulo: CEP, 1988.
COENEM, Lothar e BROWN, Colin. Dicionário internacional de teologia do Novo
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000.
ERICKSON, Millard J. Opções contemporâneas na escatologia. São Paulo: Vida Nova,
1982 (*Título atual: Escatologia: a polêmica em torno do milênio).
GILBERTO, Antônio. O calendário da profecia. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
GONÇALVES, Antonio. Do Éden ao juízo final. São Paulo: Logos Gráfica e Editora Ltda., 1981.
HORTON, Stanley M. O ensino bíblico das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
HOUSE, H. Wayne. Teologia cristã em quadros. São Paulo: Vida, 1999.
ICE, Thomas e DEMY, Timothy. Profecias de A a Z. Porto Alegre: Actual Edições, 2003.
LAHAYE, Tim (ed.). Bíblia de estudo profética. São Paulo: Hagnos, 2005.
LAHAYE, Tim e HINDSON, Ed (eds.). Enciclopédia popular de profecia bíblica. Rio de
Janeiro: CPAD, 2008.
LAHAYE, Tim e ICE, Thomas. Glorioso retorno. São Paulo: Abba Press, 2004.
LAHAYE, Tim. Sem medo da tempestade. São Paulo: Quadrangular, 1995.
LARKIN, Clarence. The second coming of Christ. Glenside, USA: Rev. Clarence Larkin
Estate, 1922.
McGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à
teologia cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
MIRANDA, Valtair Afonso. O que é escatologia?. Rio de Janeiro: MK, 2004.
NIGH, Kepler. Manual de estudos proféticos. São Paulo: Vida, 1998.
PENTECOST, J. Dwight. Profecias para el mundo moderno. Miami: Unilit/Logoi, 1990.
PINHEIRO, Isaque Nunes. Doutrinas bíblicas. Rio de Janeiro: Maanaim, 1997.
RYRIE, Charles C. El Espiritu Santo. Chicago: The Moody Bible Institute, 1978.
RYRIE, Charles C. Vem depressa, Senhor Jesus. Porto Alegre: Chamada da Meia-Noite,
1997.
ROLDÁN, Alberto Fernando. Do terror à esperança: paradigma para uma escatologia
integral. Londrina: Descoberta, 2001.
SHEDD, Russell e PIERATT, Alan. Imortalidade. São Paulo: Vida Nova, 1992.
TEIXEIRA, Alfredo Borges. Maranata. São Paulo: Missão Brasileira Messiânica, 1971.
WALVOORD, John F. Todas as profecias da Bíblia. São Paulo: Vida, 2000.

Escatologia Bíblica – Prof. Israel de Jesus

Você também pode gostar