Você está na página 1de 67

Escola de Capacitação Bíblica

Cursos bíblicos para os obreiros da Seara de Cristo

www.escolabiblicaecb.com
E-mail: iba-contatos@hotmail.com

Antropologia
A

Bíblica
(A Doutrina do Homem)
ECB 1

Escola de Capacitação Bíblica

Sobre o uso desta obra


É proibido disponibilizar esta obra para downloads em Grupos de
WhatsApp, Facebook, Sites e Blogs!

Nem uma Escola Bíblica poderá usar esta matéria, sem


autorização, como parte da grade curricular de seus cursos.

Editor Geral: Ev. Jair Alves


Obs. Fundador Presidente da ECB.
ECB – Escola de Capacitação Bíblica
Site: www.escolabiblicaecb.com
E-mail: iba-contatos@hotmail.com
Disciplina: Antropologia Bíblica
ECB 2

Escola de Capacitação Bíblica

SUMÁRIO
Introdução ................................................................................. 3

Capítulo 1 - Diferentes Antropologias ............................................ 4

Capítulo 2 - A Origem do Homem ................................................. 7

Capítulo 3 - A Origem do Homem e a Unidade da Raça.................. 14

Capítulo 4 - A natureza do Homem ............................................. 27

Capítulo 5 - Síntese da Constituição do Homem............................ 34

Capítulo 6 - O Homem diante da Morte e da Eternidade................. 47

Capítulo 7 - O Destino do Homem............................................... 55

Capítulo 8 - A Divisão dos seres Humanos ................................... 58

Capítulo 9 - As dimensões da Imago Dei ..................................... 61

Referências Bibliográficas .......................................................... 65


ECB 3

Escola de Capacitação Bíblica

Introdução
Nesta matéria usamos o manual do criador, a bíblia, para
estudarmos a cerca do homem. A bíblia é o único livro que conta a
história do Homem sem erros e sem esconder os seus fracassos,
derrotas e vitórias.

A nossa antropologia – aqui -, não é científica, é religiosa e


fundamentada na Palavra de Deus. Esta antropologia é a
abordagem do ser humano sob o prisma da revelação divina.

A Antropologia Religiosa entende que o homem não é apenas um


ser vivo (animal, vegetal, Biologia), mas que o homem é um ser
Espiritual, é assim deve ser estudado de forma física-espiritual, o
que chamamos de Antropologia Religiosa.
ECB 4

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 1 - Diferentes
Antropologias

1. Definindo Antropologia
A antropologia, por definição, é o estudo do homem. A Palavra
Antropologia é uma composição Grega formada de:

ANTROPOS = Homem
LOGOS = Estudo

Entretanto a Antropologia bíblica - Religiosa difere-se da


Antropologia científica em fundamento, abordagem e propósito:

 Fundamento: encontra-se exclusivamente na Revelação


Especial de Deus ao homem.

 Abordagem: feita a partir da visão bíblica do homem, e


não, como propõe a antropologia científica, do homem
pelo homem.
A Antropologia Bíblica fundamenta-se na Palavra de Deus, que
afirma categoricamente: “No princípio, criou Deus os céus e a
terra... E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança” (Gn 1.1; 1.26a).

 Propósito: demonstrar a postura privilegiada do homem


em relação às demais criaturas, bem como sua atual
deficiência moral diante de Deus.

2. Tipos de antropologia

Além da antropologia bíblica – religiosa, existem outros


tipos de antropologias, tais quais:

2. 1 Antropologia Cientifica.
O estudo da espécie humana em seus aspectos biológicos
(origem, evolução, características distintivas, distribuição de
subgrupos e variedades) e comportamentais (especialmente os
referentes a costumes, técnicas e modos de vida de grupos e
ECB 5

Escola de Capacitação Bíblica


coletividades). É Reflexão filosófica, de caráter abrangente e
sistemático, acerca da natureza humana.

2. 2 Antropologia biológica.
Estudo da constituição biológica da espécie humana em sua
evolução pré-histórica e em suas expressões e modificações
históricas, incluindo as características corporais e genéticas das
diversas populações, e suas relações com os modos de vida, de
comportamento e de organização coletiva.

2. 3 Antropologia cultural.
O mesmo que antropologia social, quando a ênfase é na noção
de cultura como conjunto de processos e práticas, simbólicos,
próprios de determinados grupos sociais.

2. 4 Antropologia física.
O mesmo que antropologia biológica, quando envolve o estudo
de material paleontológico e arqueológico (ossos, artefatos
etc.).

2.5 Antropologia social.


Estudo antropológico dos aspectos e expressões coletivos da
condição humana, através de métodos de observação empírica
dos modos de vida ou das realizações culturais e materiais
(costumes, instituições, técnicas) dos diferentes povos,
sociedades, grupos e populações, e considerado como parte das
ciências sociais, em conjunto com a sociologia, a história, a
geografia humana, a economia, a linguística etc.; antropologia
cultural.

Já G. Durand, na Enciclopédia Universal, no verbete


Antropologia oferece a seguinte divisão:

 Antropologia biológica, que se subdivide em:


- física (ou anatômica)
- fisiológica (conservação e crescimento do homem)
- patológica (sua origem, sintomas e natureza)
- zoológica (relação entre o homem e os animais: ponto de vista
rejeitado pelo cristianismo em geral)
- paleontológica (estudo dos fósseis: humanos, vegetais e
animais).
ECB 6

Escola de Capacitação Bíblica


 Antropologia mental, que se subdivide em:
- psicologia (estudo da alma)
- sociologia (analisa o homem como um ser social).
Este ramo da antropologia mental é também chamado de
“sociologia cultural”.
ECB 7

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 2 - A Origem do Homem

Ao contrário do que dizem os cientistas materialistas, em sua


presunção e vanglória, o mundo e o homem não surgiram por
acaso, como lemos em Atos 17.24-26:
O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do
céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de
homens. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como
que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a
todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de um só fez
toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da
terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites
da sua habitação.
Diz, ainda, a Palavra de Deus, em Salmos 33.6-9:
Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército
deles, pelo espirito da sua boca. Ele ajunta as águas do mar
como num montão; põe os abismos em tesouros. Tema toda a
terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo.
Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu.
Continuando nossa observação acerca do relato da criação,
verificaremos que a criação do homem foi diferenciada da de
todos os outros seres e elementos da natureza. Ele não foi feito
a partir do nada, mas a partir das substâncias já existentes,
como frisamos a seguir, e de um modo distinto da criação dos
outros seres e das coisas.
A criação do homem. Ainda no dia sexto da criação Deus
disse:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves
dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo
réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E
Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos,
e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar,
e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move
sobre a terra (Gn 1.26-28).
ECB 8

Escola de Capacitação Bíblica


Enquanto os outros seres foram criados sob o impacto do fiat
(“faça-se”) de Deus, o homem teve criação de modo bem
diferente. Deus — hb. Elohim, expressão plural de El —
concretizou o seu projeto para criar um ser especial, de forma
especial, nos atos da criação. Assim, Ele, em conjunto com os
outros componentes de sua Unidade, que se consubstanciam na
Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), de modo solene e
majestático, disse: “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança” (v.24).
A criação do homem foi o coroamento da criação de Deus:
Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados.
E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha
feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha
feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele
descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera (Gn 2.1-
3).
Deus, então, “descansou”, isto é, terminou a sua obra, a criação
de todas as coisas.

1. O Deus da criação

Deus se revela na Bíblia como um ser infinito, eterno, auto


existente e como a Causa Primária de tudo o que existe. Nunca
houve um momento em que Deus não existisse. Conforme
afirma Moisés: “Antes que os montes nascessem, ou que tu
formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade,
tu és Deus” (Sl 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e
infinitamente antes de criar o universo finito. Ele é anterior a
toda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela
(ver 1Tm 6.16; Cl 1.16).

Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva “à


sua imagem” (1.27; 1.26).

Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam


comunicar-se com Ele, e também com Ele ter comunhão de
modo amoroso e pessoal.

Deus também se revela como um ser moral que criou tudo bom
e, portanto, sem pecado. Ao terminar Deus a obra da criação,
contemplou tudo o que fizera e observou que era “muito bom”
ECB 9

Escola de Capacitação Bíblica


(1.31). Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e
semelhança de Deus, eles também não tinham pecado (1.26).

O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada


pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9).

2. A atividade da criação

a) Deus criou todas as coisas em “os céus e a terra” (Gn 1.1;


Is40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap
10.6).
O verbo “criar” (hb. “bara”) é usado exclusivamente em
referência a uma atividade que somente Deus pode realizar.
Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e
a substância, que antes nunca existiram (Gn1. 3).

b) A Bíblia diz que no princípio da criação a terra estava


informe, vazia e coberta de trevas (Gn 1.2).
Naquele tempo o universo não tinha a forma ordenada que tem
agora. O mundo estava vazio, sem nenhum ser vivente e
destituído do mínimo vestígio de luz. Passada essa etapa inicial,
Deus criou a luz para dissipar as trevas (Gn1. 3-5), deu forma
ao universo (Gn1. 6-13) e encheu a terra de seres viventes
(1.20-28).

c) O método que Deus usou na criação foi o poder da sua


palavra. Repetidas vezes está declarado: “E disse Deus...” (1.3,
6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus falou e os
céus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora de
Deus, eles não existiam (Sl 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17;
Hb 11.3).

3. A criação do Homem difere das outras


criações

Quando Deus criou os animas, os peixes as estrelas, o sol e a


lua, Deus utilizou o verbo, a palavra para criar tudo no universo
infinito e na terra, exemplo: E disse Deus haja luz. E disse Deus
haja um firmamento no meio das águas. E Disse Deus haja
luminares no firmamento do céu. Gênesis 1.3, 7, 14. , mas na
criação do homem Deus utilizou de material já existente para
ECB 10

Escola de Capacitação Bíblica


fazer o corpo físico, e na parte espiritual soprou em suas
narinas, e o homem tornou-se alma vivente. Gênesis 27.

a) O homem foi criado superior aos outros seres vivos

Quando Deus criou o homem, ele já havia criado todos os


outros seres vivos, as plantas, os peixes, os animais, e por isso
Deus fez o homem superior a tudo o que existia até então, e os
deu ao homem, e disse dominai sobre os peixes do mar, sobre
todas as aves do céu, e sobre todos os animais que se arrastam
sobre a terra.

Gênesis 1.28, o homem desde a sua criação já era superior a


tudo na terra, entre o homem e as demais criaturas existiam
uma grande diferença, o homem possuía um nível muito
elevado intelectual, moral e religioso. Gênesis 1.31, 2.19-20,
Salmo 8. 4 a 8.

b) O propósito e o alvo da criação

Deus tinha razões específicas para criar o mundo.

 Deus criou os céus e a terra como manifestação da


sua glória, majestade e poder. Davi diz: “Os céus
manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos”
(Sl 19.1; 8.1). Ao olharmos a totalidade do cosmos criado —
desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da
natureza — ficamos tomados de temor reverente ante a
majestade do Senhor Deus, nosso Criador.

 Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a


honra que lhe são devidas. Todos os elementos da
natureza — o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e
a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas,
os animais e as aves — rendem louvores ao Deus que os
criou (Sl 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus
deseja e espera receber glória e louvor dos seres
humanos!

 Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu


propósito e alvos para a humanidade fossem
cumpridos.
ECB 11

Escola de Capacitação Bíblica


 Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para
comunhão amorável e pessoal com o ser humano por toda
a eternidade. Deus projetou o ser humano como um ser
trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente,
emoção e vontade, para que possa comunicar-se
espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-
lo com fé, lealdade e gratidão.

 Deus desejou de tal maneira esse relacionamento


com a raça humana que, quando Satanás conseguiu
tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e
desobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviar um
Salvador para redimir a humanidade das consequências do
pecado (Gn3. 15). Daí Deus teria um povo para sua
própria possessão, cujo prazer estaria nEle, que o
glorificaria, e que viveria em retidão e santidade diante
dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11,12; 1Pe 2.9).

 A culminação do propósito de Deus na criação está


no livro do Apocalipse, onde João descreve o fim da
história com estas palavras: “... com eles habitará, e eles
serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será
o seu Deus” (Ap 21.3).

4. Criação e evolução

A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela


comunidade científica e educacional do mundo atual, em se
tratando da origem da vida e do universo.

Do ponto de vista divino de observação, a Bíblia ensina


claramente o princípio de uma criação especial. Isto significa
que Deus fez cada variedade segundo a sua espécie (Gn 1.21).
Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar para estas quatro
observações a respeito da evolução.

a) A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a


origem e o desenvolvimento do universo.
Tal intento começa com a pressuposição de que não existe
nenhum Criador pessoal e divino que criou e formou o mundo;
pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série de
ECB 12

Escola de Capacitação Bíblica


acontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de bilhões
de anos. Os postulantes da evolução alegam possuir dados
científicos que apoiam a sua hipótese.

b) O ensino evolucionista não é realmente científico.


Segundo o método científico, toda conclusão deve basear-se em
evidências incontestáveis, oriundas de experiências que podem
ser reproduzidas em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma
experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e
comprovar teorias em torno da origem da matéria a partir de
um hipotético “grande estrondo”, ou do desenvolvimento
gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às
mais complexas.

Por conseguinte, a evolução é uma hipótese sem “evidência”


científica, e somente quem crê em teorias humanas é que pode
aceitá-la. A fé do povo de Deus, pelo contrário, firma-se no
Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é
quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3).

c) É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem


em várias espécies de seres viventes. Por exemplo:
algumas variedades dentro de várias espécies estão se
extinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças
surgindo dentre algumas das espécies.

Não há, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro


geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já
evoluiu doutro tipo. Pelo contrário, as evidências existentes
apoiam a declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura
vivente “conforme a sua espécie” (1.21,24, 25).

d) Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria


da chamada evolução teísta. Essa teoria aceita a maioria das
conclusões da evolução naturalista; apenas acrescenta que
Deus deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega a
revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em todos os
aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em
Genesis 1 têm Deus como seu sujeito, a não ser em 1.12 (que
cumpre o mandamento de Deus no v. 11) e a frase repetida “E
foi a tarde e a manhã”.
ECB 13

Escola de Capacitação Bíblica


Deus não é um supervisor indiferente, de um processo
evolutivo; pelo contrário, é o Criador ativo de todas as coisas
(Cl 1.16).

A criação é apresentada como fato histórico em muitos lugares


das Escrituras (Êx 20; Sl 8; Mt 19; Hb 4).

Qual é a origem das diferentes raças? A Bíblia não dá


explicitamente nos a origem das diferentes "raças" ou cores de
pele da humanidade. Na realidade, só existe uma raça - a raça
humana. Dentro da raça humana, há grande diversidade na cor
da pele e outras características físicas.

Nota:

Os escritores bíblicos não tinham absolutamente preocupação


com a raça, como distinção entre cor e textura dos cabelos, cor
da pele e dos olhos, estatura, proporções físicas e coisas
semelhantes. M. K. Mayers conclui: "A Bíblia não se refere ao
termo 'raça'; e nenhum conceito de raça é desenvolvido na
Bíblia". Por isso, os mitos raciais de que a maldição de Caim
trouxe ao mundo a raça negra, ou que a maldição de Cam era
ficar com a pele escura, devem ser rejeitados. Ao invés, Gênesis
3.20 simplesmente declara: "E chamou Adão o nome de sua
mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes".
ECB 14

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 3 - A Origem do Homem


e a Unidade da Raça

1. Testemunho escriturísticos da unidade da


raça
A Escritura ensina que a humanidade toda descente de um
único par. Este é o sentido óbvio dos capítulos iniciais de
Gênesis. Deus criou Adão e Eva como os iniciantes da espécie
humana, e lhes ordenou que fossem fecundos e se
multiplicassem e enchessem a terra. Alem disso, a narrativa
subseqüente em Gênesis mostra claramente que as gerações
seguintes, até ao tempo do dilúvio, estiveram em ininterrupta
relação genética com o primeiro casal, de sorte que araçá
humana constitui, não somente uma unidade especifica, uma
unidade no sentido de que todos os homens compartem a
mesma natureza humana, mas também uma unidade genética
ou genealógica. Isso é ensinado também por Paulo em At 17.26,
“de um só fez toda raça humana para habitar sobre a face da
terra”.

A mesma verdade é básica para a unidade orgânica da raça


humana na primeira transgressão, e da provisão para a
salvação da raça em Cristo, Rm 5.12, 19; 1 Co 15.21, 22. Não
se deve entender esta unidade de raça realisticamente, como o
faz Shedd, que diz: “A natureza humana é uma substância
especifica ou geral criada nos primeiros indivíduos de uma
espécie humana e com eles, não ainda individualizada, mas,
pela geração ordinária, subdividida em partes, formando estas
partes distintas e separados indivíduos da espécie.

A substancia una e especifica é, pela programação,


metamorfoseada em milhões de substâncias individuais, ou
pessoas. Um indivíduo é uma parte fracionaria da natureza
humana separada da massa comum e constitui uma pessoa
particular, tendo todas as propriedades essenciais da natureza
humana”.1 As objeções a esse conceito serão noutro contexto.

1 Dogm. Theol. II, p. 72.


ECB 15

Escola de Capacitação Bíblica

2. Testemunho da ciência em favor da unidade


da raça
De varias maneiras a ciência confirma o testemunho da
Escritura em prol da unidade da raça humana. Nem sempre os
homens de mentalidade cientifica acreditam nisto.

Os antigos gregos tinham a sua teoria do autoctonismo,


segundo a qual os homens brotaram da terra por uma espécie
de geração espontânea, uma teoria que não tem nenhum
suporte sólido, visto que a espécie de geração espontânea
jamais foi comprovada, mas, antes, desacreditada. Agassiz
propôs a teoria dos coadamitas, que presume que houve
diferentes centros de criação. Já em 1655 Peyrerius*
desenvolve teoria dos pré-adamitas, que parte do pressuposto
de que havia homens antes de Adão ser criado. Essa teoria foi
revivida por Winchell, que não negava a unidade da raça, mas
considerava Adão como o primeiro antepassado dos judeus, e
não chefe da raça humana. Em anos recentes, Fleming, sem ser
dogmático na matéria, disse haver razoes para supor-se que
existiam raças de homens inferiores antes de Adão aparecer em
cena por volta de 5500 a.C.

Embora inferiores aos adamitas, já tinham capacidades


diferentes das dos animais. O homem adâmico posterior foi
dotado de capacidades maiores e mais nobres, e provavelmente
foi destinado a levar toda a outra humanidade existente à
obediência ao Criador. Ele fracassou, não preservando a sua
própria fidelidade a Deus e, portanto, Deus providenciou a vinda
de um descendente humano e, contudo, muito mais que
humano, para que pudesse realizar o que Adão não conseguiu.

O conceito que Fleming foi levado a defender é “que o ramo


inquestionavelmente caucasiano é tão somente a derivação,
pela geração normal, da raça adâmica, a saber, dos membros
da raça adâmica que serviam a Deus e que sobreviveram ao
dilúvio – Noé e seus filhos e filhas”.2 Mas essas teorias, todas e
cada uma delas, não acham apoio na Escritura, e são contrárias
a At 17.26 e a tudo quanto a Bíblia ensina com referência à
apostasia e à libertação do homem. Além disso, a ciência

* Peyrerius ou Perreyre, Isac de la, apregoava que houve raças humanas antes de Adão. Nota do tradutor.
2 Cf. The Origen of mankind, capítulos VI e VII
ECB 16

Escola de Capacitação Bíblica


apresenta diversos argumentos em favor da unidade da raça
humana, como os seguintes:

a. O argumento da história.

As tradições da raça dos homens apontam decisivamente para


uma origem e uma linhagem comuns na Ásia Central. A historia
das migrações do homem tende a mostrar que houve uma
distribuição partindo de um único centro.

b. O argumento da filosofia.

O estudo das línguas da humanidade indica uma origem


comum. As línguas indo-germânicas* têm em suas raízes um
idioma primitivo comum, um velho remanescente do qual ainda
existe no sânscrito. Alem disso, há prova que mostra que o
antigo idioma egípcio é o elo de ligação entre a língua indo-
européia e a semítica.

c. O argumento da psicologia.

A alma é a parte mais importante da natureza constitucional do


homem, e a psicologia revela claramente o fato de que as almas
dos homens, quaisquer que sejam as tribos ou nações a que
pertençam, são essencialmente idênticas. Têm em comum os
mesmos apetites, instintos e paixões animais, as mesmas
tendências e capacidade, e, acima de tudo, as mesmas
qualidades superiores, as características morais e mentais que
pertencem exclusivamente ao homem.

d. O argumento das ciências naturais ou da fisiologia.

É agora opinião comum dos especialistas em fisiologia


comparada, que a raça humana constitui tão somente uma
única espécie. As diferenças que existem entre as varias
famílias da humanidade são consideradas simplesmente como
variedades dessa espécie única. A ciência não assevera
positivamente que a raça humana descende de um único par,
mas, não obstante, demonstra que pode muito bem ter sido
este o caso, e que provavelmente é.

3. Conservação da Espécie Humana

* Línguas indo-européias, chamadas indo-germânicas pelo filólogos alemães. Nota do tradutor.


ECB 17

Escola de Capacitação Bíblica


Segundo informes arqueológicos e outras fontes de
informações, após a expulsão do homem e sua mulher do
Jardim do Éden (Gn 3.23), Adão e sua esposa foram fixar
residência na cidade de “A-dai-Mieh”, a 30 quilômetros do rio
Jaboque. Evidentemente, dali partiram as famílias adâmicas até
Noé, onde essas famílias são destruídas pelo Dilúvio e através
dos três filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé), têm novamente uma
expansão das famílias na face de toda a Terra.

Observemos o que nos informa o doutor Wilhelm Gesenius,


notável erudito hebreu do Século XIX, em seu “Rastro
Genealógico das Nações”, (21) descrito no Léxico Hebraico:

a) As tradições mais antigas da raça humana apontam


decididamente para o fato de que os homens tiveram uma
origem comum. A história das migrações tendem a
demonstrar que tem havido uma distribuição de populações
primitivas partindo de um só centro, isto é, de um mesmo lugar.
Os estudiosos têm descoberto que estudos feitos em torno das
línguas da humanidade indicam que elas tiveram origem
comum. Por exemplo, as línguas indogermânicas encontram sua
origem em uma língua primitivamente comum, da qual existem
relíquias na língua sânscrita.

Também há evidências que demonstram que o antigo Egito é o


“ELO” de união entre as línguas indo-européias e as semíticas.

b) De acordo com as informações bíblicas, os três filhos


de Noé tiveram o seguinte destino:

Cam emigrou para a África (Gn 10.6) e parte de seus


descendentes para a Ásia (Gn 10.6-20). Sem emigrou para a
Ásia (Gn 10.21,32) e Jafé emigrou para a Europa (Gri 10.2 e
ss). Sobre isso devemos ter em mente a profecia de Noé
concernente aos seus três filhos (Gn 9.24-27).

O doutor W. Pinnock(22) descreve que esta profecia de Noé


sobre seus filhos se cumpriu no tempo e no espaço:

“Estas profecias cumpriram-se maravilhosamente”. Concernente


à descendência de Cam: Os egípcios foram castigados com
diversas e duras pragas; a terra de Canaã foi entregue por
Deus, 800 anos mais tarde, aos israelitas (Semitas) sob Josué,
que destruiu muitos e obrigou o resto a fugir, alguns para a
ECB 18

Escola de Capacitação Bíblica


África e outros para vários países. As condições atuais do povo
africano todos nós conhecemos.

c) Com respeito a Jafé, está dito: “...Alargue Deus a Jafé”


(Gn 9.27) - cumpriu-se fielmente no extenso e vasto território
possuído por ele - todos os países e ilhas do oeste europeu; e
depois, quando os gregos (Javã) e romanos subjugaram a Ásia
e a África, eles então “ocuparam ...as moradas de Sem e de
Canaã”, como vaticinara a profecia do velho Noé (Gn 9.27).

d) Com respeito a Sem, o primeiro filho de Noé, disse:


“Bendito seja o Senhor Deus de Sem...” Isto é, ele e a sua
descendência morariam nas tendas do Continente Asiático. Dele
surgiria o Messias, e a adoração do verdadeiro Deus seria
preservada entre a sua descendência, sendo os judeus a
posteridade de Sem.

4. O décimo capítulo de Gênesis

O décimo capítulo de Gênesis é, com efeito, um documento


único. Sustenta-se que nenhuma compilação igual se encontrou
jamais na literatura de qualquer outro povo antigo. Seu sentido
fundamental ainda está sendo verificado através do mundo
inteiro, atualmente. Procura provar esse capítulo de Gênesis que
as nações tiveram uma origem comum e que todos os homens
são irmãos, com uma unidade humana que tem sua raiz em
Deus.

a) Há nele um propósito religioso, uma séria tentativa para


mostrar que a humanidade tem uma origem comum e que,
embora sejamos povos e raças separados, somos um povo e
uma raça só aos olhos do nosso Criador. A crença nesta verdade
moral e sua prática elevam a civilização ocidental muito acima
do paganismo e oferecem a promessa de paz universal.

b) Fora seus valores religiosos e morais, o décimo capítulo de


Gênesis está se revelando um quadro extremamente fidedigno
de nações, povos, e os descendentes dos filhos de Noé, o mais
velho dos quais era Sem, seguido de Cam e de Jafé.

Os descendentes de Cam e Jafé receberam na Bíblia muito


menos atenção do que os de Sem, entre os quais se encontrava
o grande patriarca Abrão, ou Abraão.
ECB 19

Escola de Capacitação Bíblica


c) Os filhos de Jafé são enumerados em Gênesis 10.2, e seus
nomes mostram ser os daqueles povos indo-europeus que
habitavam a Ásia ocidental nos primeiros tempos do Antigo
Testamento. Gômer indubitavelmente designa um povo, os
“kimmerioi”, de Homero, uma tribo obscura que vivia na
Península da Criméia. O nome Magogue é o de um povo que
vivia para os lados do “norte”, cuja terra foi perfeitamente
identificada. Não pode haver muita dúvida de que Mandai
significa os medos, que viviam na região montanhosa, entre o
mar Cáspio e o golfo Pérsico.

De Javã vem o termo Jônio, que quer dizer gregos, e


especialmente aquele ramo que habitava as ilhas egienses e o
ocidente da Ásia Menor. Tubal e Meseque talvez tenham
povoado parte da Ásia Menor, ao passo que Tiras muito
provavelmente se transformou nos trácios.

d) Os descendentes do filho mais velho do Gômer,


Asquenaz, parece que foram os citas, que, segundo Jeremias
51.27, viviam nas proximidades do Monte Arará e adjacências.
Á tribo poderá ter avançado até a Europa: na literatura judaica
posterior o nome Asquenaz denota os povos germânicos. Rifa e
Togarma, filhos de Gômer, eram povos da Ásia Menor e que
depois emigraram para parte da Europa.

e) Os quatro filhos de Javã foram Elisa e Quitim, cujos


descendentes viveram na Ilha de Chipre, Társis, que viveu na
Espanha, e Dodanim, cujos descendentes provavelmente
habitaram Rodes e as ilhas vizinhas do mar Egeu.

f) Cuxe, filho de Cam, deu seu nome ao que conhecemos hoje


como Etiópia, enquanto que Mizraim é um nome comum do
Egito. Pute significa Líbia, e Canaã deu seu nome primeiro às
planícies marítimas da Palestina e depois a toda a terra situada
a oeste do rio Jordão.

Os filhos de Cuxe (Gn 10.7) povoaram a parte mais meridional


da Península da Arábia, ao longo do mar Vermelho e do oceano
Indico. Entre seus descendentes destacou-se o povo de Sabá,
cuja famosa rainha mais tarde fez uma visita muito conhecida a
Salomão (1 Rs 10.1 e ss).
ECB 20

Escola de Capacitação Bíblica


Ninrode (Gn 10.8-12) também merece menção, pois este
“poderoso caçador foi fundador da vigorosa civilização
babilónica.” (25) Portanto, as Escrituras são proféticas e se
combinam entre si em cada detalhe!

5. Síntese sobre a Unidade da Raça

5.1 As Escrituras ensinam que a raça humana toda descende


de um só casal.

 Gn. 1.27,28 - “E criou Deus o homem à sua imagem; à


imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus
lhes abençoou e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos e
enchei a terra e sujeitai-a”;
 2.7 - “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e
soprou nos seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito
alma vivente”;
 22 - “E da costela que o Senhor Deus tomou do homem
formou uma mulher; e trouxe-a a Adão”;
 3.20 - “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto
ela era mãe de todos os viventes”.

5.2 Esta verdade se encontra no fundamento da doutrina de


Paulo sobre a unidade orgânica da humanidade na primeira
transgressão e da provisão da salvação para a raça em Cristo.

Rm. 5.12 - “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no


mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, por isso que todos pecaram”; 19 - “Porque, como,
pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos
pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos
justos”; 1 Co. 15.21,22 - “Porque, assim como a morte veio por um
homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.
Porque assim como todos morrem em Adão, assim também todos
serão vivificados em Cristo”; Hb. 2.16 - “Porque, na verdade, ele
não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão”.

O Prof. D. G. Brinton, um dos mais eminentes etnólogos e


antropólogos, não muito antes da sua morte, disse que toda a
pesquisa científica e ensino tendem para a convicção de que a
humanidade descende de um casal.
ECB 21

Escola de Capacitação Bíblica


5.3 A descendência da humanidade de um só casal também
constitui a base da fraternidade natural com cada membro da
raça.

At. 17.26 - “E de um só fez toda a geração dos homens para habitar


sobre toda a face da terra” - aqui a Versão Rev. e Corrigida omite a
palavra “sangue” (“fez de um sangue” - Versão Autorizada). É
possível que a palavra compreendida seja “pai”, mas não a palavra
“corpo”; Hb. 2.11 - “Porque assim o que santifica como os que são
santificados, são todos de um (pai ou corpo); por cuja causa não se
envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: Anunciarei o teu nome
a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação”.

“O casamento entre irmãos e irmãs era inevitável no caso dos filhos


do primeiro homem, visto que a raça humana descendia de um só
casal e, por isso, pode-se justificar, em face da proibição mosaica
de tais casamentos baseados no fato de que os filhos e filhas de
Adão não representavam simplesmente a família, mas a espécie e
que isto se deu enquanto não surgiram diversas famílias com laços
fraternos e o amor conjugal tornou-se distinto de qualquer outro e
assumiu formas fixas e mutuamente exclusivas, cuja violação é
pecado”. Prof. W. H. Green: “Gn. 20.12 mostra que Sara era meio-
irmã de Abraão; ... as subsequentes regulamentações ordenadas
na lei mosaica ainda não tinham vigência”. G. H. Darwin, filho de
Charles Darwin, mostrou que o casamento entre primos é
inofensivo onde há diferença constitucional entre as partes. A
paleontologia moderna aceita como provável que, no começo da
raça, havia maior diferença entre irmãos e irmãs da mesma família
do que ultimamente.

Considerações tiradas da história e da ciência corroboram as


declarações da Escritura. Podem-se mencionar brevemente quatro
argumentos:

a) A partir da história.

Até onde se pode delinear a história das nações e tribos em ambos


os hemisférios, a evidência aponta para uma única origem e um só
ancestral na Ásia Central.
ECB 22

Escola de Capacitação Bíblica


Reconhece-se que as nações europeias vieram da Ásia em
sucessivas ondas migratórias. Os etnólogos modernos geralmente
concordam em que as raças de índios da América derivaram de
fontes mongólicas da Ásia Oriental, ou através da Polinésia ou
pelas Ilhas Aleutes. Bunsen, Philos. Of Universal History, 2.112 - a
origem asiática de todos os índios norte-americanos “é uma prova
completa da unidade da família entre eles”.

“Antes da época de Colombo, os polinésios faziam viagens de


canoa do Taiti ao Havaí a uma distância de 2300 milhas (3701,5
km). Keane, Man Past and Present, 1-15, 349-440, trata dos
aborígines americanos sob dois tipos primitivos: Os de cabeça
longa vindos da Europa e os de cabeça redonda vindos da Ásia.

Cada um dos grupos primários evoluiu em seu próprio habitat, mas


todos surgiram de um precursor pleistocênico há 100 000 anos. W.
T. Lopp, missionário entre os esquimós, em Porto Clarence, Alasca,
na parte americana do Estreito de Bering, escreve aos 31 de agosto
de 1892: “Nenhum degelo no inverno, e o gelo bloqueia o Estreito.
Isto sempre trouxe dúvidas aos baleeiros.

Os esquimós contaram- lhes que às vezes atravessavam o Estreito


sobre o gelo, mas nunca se acreditou neles. No último bimestre
março/abril nossos esquimós tinham necessidade premente de
tabaco. Dois grupos (de cinco homens) foram com cães que
tracionam trenós para o Cabo Oriental, na costa siberiana, e
negociavam um pouco de peles de castor, de lontra, de marta em
troca de tabaco russo e voltavam felizes. Só durante um inverno
ocasional é que eles faziam isso. Porém durante o verão eles
faziam várias viagens em seus botes de pele de lobo - com
quarenta pés (+ 13 m) de comprimento. Tais observações podem
lançar luz sobre a origem das raças pré-históricas da América”.

“As nações semicivilizadas de Java e de Sumatra possuem uma


civilização que, à primeira vista, mostra-se ter sido tomada de
empréstimo a fontes hindus e maometanas”. Per contra, contudo,
ver Prof. A. H. Sayce: “A evidência agora tende a mostrar que os
distritos na vizinhança do Báltico eram aqueles onde as línguas
arianas irradiaram e onde habitaram a raça ou raças que
originariamente as falavam. Os invasores arianos do noroeste da
índia só podiam ter sido um produto distante do grupo primitivo
rapidamente absorvido na população mais antiga à medida que
ECB 23

Escola de Capacitação Bíblica


avançavam para o sul; e falar dos ‘nossos irmãos índios’ é tão
absurdo e falso como reivindicar um relacionamento com os negros
dos Estados Unidos porque eles agora empregam uma língua
ariana”. Scribner, Where Did Life Begin? mais tarde adicionou
argumentos que provam que a vida na terra teve sua origem no
Pólo Norte e o Prof. Asa Gray favorece este ponto de vista.

O Dr. J. L. Wortman, no YaleAlumni Weekly, 14 de janeiro de


1903.129
- “O aparecimento de todos os primatas da América do Norte foi
muito abrupta no começo do segundo estágio do eocênico. E é uma
coincidência marcante que quase as mesmas formas aparecem nos
leitos da era exatamente correspondente na Europa. Nem este
sincronismo termina nos macacos. Ele se aplica a quase todos os
outros tipos de mamíferos eocênicos do Hemisfério Norte e assim
também à flora contemporânea.

Estes fatos podem ser explicados somente com base na hipótese


de que havia um centro comum do qual estas plantas e animais
foram distribuídos. Considerando mais tarde que as atuais massas
eram essencialmente as mesmas no período eocênico como o são
agora e que a região do Pólo Norte então gozava de um clima
subtropical como as plantas fósseis o provam, somos forçados a
concluir que este centro comum de dispersão fica aproximadamente
dentro do Círculo Ártico. ... A origem da espécie humana não ocorre
no Hemisfério Ocidental”.

b) A partir da língua.
A filologia comparativa aponta para uma origem comum de todas as
mais importantes línguas e não fornece nenhuma evidência de que
as menos importantes também não sejam derivadas.

Sobre o sânscrito como elo de conexão entre as línguas indo-


germânicas, ver Max Müller, Science of Language, 1.146-165, 326-
342, que defende que todas as línguas passam por três estágios :
monossilábico, aglutinante, inflexiva; e que nada necessita a
admissão de diferentes começos independentes tanto para os
elementos materiais como para os formais dos ramos da fala:
turânico, semítico e ariano. As mudanças da linguagem
frequentemente são rápidas. O Latim converteu-se nas línguas
romances e o saxão e o normando se unificaram no Inglês em três
ECB 24

Escola de Capacitação Bíblica


séculos. O Chinês pode ter-se separado do seu primitivo local de
moradia enquanto a sua língua se conservava monossilábica.

As crianças são as construtoras de todas as línguas, distintas da


língua”. O exemplo da súbita aquisição da linguagem é de Helen
Keller, proferindo publicamente uma longa peça só três semanas
depois que pela primeira vez começou a imitar os movimentos dos
lábios.

G. F. Wright, Man andthe Glacial Períod, 242-301 - “Recentes


investigações mostram que as crianças, quando por qualquer causa
isoladas em uma época bem inicial produzirão frequentemente uma
linguagem de novo. Assim de modo algum pareceria improvável
que várias línguas na América e talvez as mais antigas do mundo
possam ter surgido em um curto tempo onde as condições eram
tais que uma família de crianças pequenas poderia ter mantido a
existência quando por qualquer causa elas fossem privadas dos
cuidados paternos ou de qualquer tutor... Dois ou três mil anos de
pré-história é talvez o exigível para produzir a diversificação das
línguas que aparecem no decorrer da história. ... O estágio pré-
histórico da Europa terminou menos do que mil anos antes da Era
Cristã”.

Em um povo cuja fala não se tem fixado por ter sido incumbido de
escrever, a fala de uma criança é uma grande fonte de corrupção
linguística e as mudanças são muito rápidas. Humboldt recolheu o
vocabulário de uma tribo da América do Sul e, depois de quinze
anos de ausência achou a sua linguagem tão mudada que parecia
uma língua diferente.

Um filólogo francês afirma ter interpretado o Yh Kirtg, o mais antigo


e mais ininteligível escrito monumental do chinês, considerando-o
uma deformação do assírio antigo ou caracteres cuneiformes
acádicos e semelhante aos silabários, aos vocabulários e tábuas
bilíngües contidas nas ruínas das bibliotecas da Assíria e da
Babilônia; ver Terrien de Lacouperie, The Oldest Book of the
Chirtese and its Authors e seus The Language of China before the
Chinese, 11, nota; ele defende a “elemento não indígena da
civilização chinesa e sua derivação do foco cultural caldaico-
babilônico através da Susiana”. A evidência mostrará que o chinês
(língua) veio para a China originado da Susiana no século XXIll
A.C..
ECB 25

Escola de Capacitação Bíblica


O G inicial se emprega na época com o som de Y. Muitas palavras
que em chinês começam com Y encontram-se no acádico com G,
como o chinês Ye, ‘noite’, corresponde ao acádico Ge, com o
mesmo sentido. Parece que a ordem de desenvolvimento é a
seguinte:
 a escrita pictórica;
 a escrita silábica;
 a escrita alfabética.

Semelhantemente, há evidência de que os egípcios do tempo dos


faraós eram imigrantes de outra terra, a saber, da Babilônia.
Hommel deriva os hieróglifos egípcios das figuras de que se
desenvolveram os caracteres cuneiformes e mostra que os
elementos da própria língua egípcia estão contidos nessa fala
mesclada da Babilônia que se originou da fusão de sumerianos e
semitas.

O Osíris do Egito é o Asari dos sumerianos. O sepultamento em


túmulos de tijolos nas duas primeiras dinastias egípcias é uma
sobrevivência da Babilônia, como o são os selos cilíndricos
impressos na argila. Sobre as relações entre as línguas ariana e
semítica, ver Whitney, Comp. Philology, Enciclopédia Britânica; Vida
e Desenvolvimento da Linguagem, 269 e Estudo da Linguagem,
307,308 - “A língua fornece algumas indicações de valor duvidoso,
que, tomadas com algumas outras considerações etnológicas,
também de questionável pertinência, fornecem base para suspeitar
de um relacionamento último.... Talvez se possa contar com a
esperança de que a mais completa compreensão da história da fala
semítica nos capacitará a determinar tal relação última, embora não
se espere com confiança”.

“A coloração da pele parece jazer nas influências climáticas.


Cremos na unidade da raça porque isto apresenta as menores
dificuldades. Caso contrário, não saberíamos como interpretar
Paulo em Rm. 5”.

c) A partir da psicologia.

A existência de características mentais e morais comuns entre as


famílias da humanidade evidenciadas em máximas comuns,
tendências e capacidades na predominância de tradições
semelhantes e na aplicabilidade universal de uma filosofia e religião
ECB 26

Escola de Capacitação Bíblica


explica-se mais facilmente com apoio na teoria de uma origem
comum.

Entre as tradições amplamente prevalecentes pode ser mencionada


a de moldar o mundo e o homem, de um primitivo jardim, de uma
inocência e felicidade originais, de uma árvore do conhecimento, de
uma serpente, de uma tentação e queda, de uma divisão do tempo
em semanas, de um dilúvio, de sacrifício. É possível, senão
provável, que alguns mitos, comuns a muitas nações, podem ter
sido transmitidos a partir de um tempo quando as famílias da raça
ainda não estivessem separadas.

d) A partir da fisiologia.

 É juízo comum dos fisiólogos que o homem é uma só espécie.


As diferenças que existem entre as variadas famílias da
humanidade devem ser consideradas como variedades desta
espécie. Como prova destas afirmações argumentamos:

 As inumeráveis gradações intermediárias que estabelecem


conexão entre as assim chamadas raças umas com as outras,

 A identidade essencial de todas as raças nas características


cranianas, osteológicas e dentais.

 A fertilidade de uniões entre indivíduos dos mais diversos


tipos e a continuada fertilidade do produto destas uniões.

“Sou um dos que creem que atualmente não há nenhuma evidência


para dizer que a humanidade surgiu originariamente de mais de que
um só casal; devo dizer que não posso ver uma boa base, seja qual
for, ou qualquer evidência sustentável para crer que há mais de
uma espécie de ser humano”.

Owen, citado por Burgess, Ant. and Unity of Race, 185 - “O homem
forma apenas uma espécie. As diferenças são apenas indicações
de variedade. Tais variações aparecem de umas para com as
outras através de gradações fáceis”. Alexandre von Humboldt: “As
diferentes raças de homens são formas de uma única espécie; não
são diferentes espécies de um gênero”.
ECB 27

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 4 - A natureza do Homem

O conceito corrente da constituição dos seres humanos é dualista:


alma e corpo. Segundo este conceito, a alma é a parte interior
espiritual invisível, enquanto que o corpo é a parte corporal externa
visível. Embora haja algo de certo nisto, contudo, é inexato. Esta
opinião vem de homens caídos, não de Deus. Além da revelação de
Deus não há nenhum conceito seguro. Que o corpo é a cobertura
externa do homem é, sem dúvida alguma, correto, mas a Bíblia
jamais confunde o espírito e a alma como se fossem a mesma
coisa. Não só são diferentes em condições, mas também suas
naturezas diferem uma de outra. A Palavra de Deus não divide o
homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o
homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo.
1 Tessalonicenses 5.23, 24 diz:
“E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso
espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o
que vos chama, e ele também o fará...”
Este versículo mostra claramente que o homem está dividido em
três partes. O apóstolo Paulo se refere aqui à santificação total dos
crentes: “vos santifique completamente”. Segundo o apóstolo, como
se santifica uma pessoa por completo? Guardando seu espírito,
alma e corpo.
Com isso, é fácil compreender que o conjunto da pessoa
compreende estas três partes.
Este versículo também faz uma distinção entre espírito e alma, pois
de outro modo Paulo teria dito simplesmente “sua alma”. Posto que
Deus distinguiu o espírito humano da alma humana, concluímos
que o homem está composto, não de dois, mas sim de três partes:
espírito, alma e corpo.
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e
espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
ECB 28

Escola de Capacitação Bíblica


Neste versículo, o escritor divide os elementos não corporais do
homem em duas partes, “alma e espírito”. Aqui se menciona a parte
corporal através das juntas e das medulas — órgãos motores e
sensoriais. Quando o sacerdote utiliza a faca para cortar e dividir
totalmente o sacrifício, não pode ficar nada oculto. Inclusive se
separam as juntas e as medulas (tutanos). Da mesma maneira o
Senhor Jesus usa a Palavra de Deus sobre seu povo para separá-lo
todo, para penetrar inclusive até a divisão do espiritual, o anímico e
o físico. E daqui se deduz que, posto que se pode dividir a alma e o
espírito, devem ser diferentes em sua natureza. Assim, é evidente
aqui que o homem é um composto de três partes.
"Que é o homem?" (Sl 8.4).
Essa pergunta do salmista tem sido alvo de muitas pesquisas,
através de todos os tempos, da parte de filósofos, cientistas,
teólogos e outros. Quando o rei Davi meditou sobre esse problema,
disse: "Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso
fui formado" (Sl 139.14). É realmente um assunto interessante
estudar o que a Bíblia ensina a respeito do homem.
A Bíblia subdivide o homem em duas partes: "o homem exterior",
que é o seu corpo, e "o homem interior', que é composto da alma e
do espírito (2 Co 4.16; Ef 3.16). A parte exterior do homem é visível
e mortal, enquanto a parte interior é imaterial, invisível e imortal.
1. O CORPO DO HOMEM
A) Sua criação:
Gênesis 2.7 e 3.19

B) Suas designações:
Corpo Mt 6.22
Carne Gl 2.20
Corpo de humilhação Fp 3.21
Vaso de barro 2Co 4.7
Templo do Espírito Santo 1Co 6.19

C) Seu futuro:
Todos os homens serão ressuscitados dos mortos (Jo 5.28,29). Os
não-redimidos serão ressuscitados para uma existência eterna no
lago de fogo (Ap 20.12,15), e os remidos, no céu (Fp3. 20,21).
ECB 29

Escola de Capacitação Bíblica


O corpo do homem foi formado por Deus do pó da terra (Gn 2.7),
isto é, da mesma terra que temos hoje sob os nossos pés. Através
de análise química, sabemos que o corpo humano consiste de
vários compostos, como ferro, glicose, sal, carbono, iodo, fósforo,
cálcio etc.

O valor real do corpo está em sua alta finalidade de ser a morada


da alma e do espírito do homem (2 Pe 1.14,15; 2 Co 5.1,4; Jó
14.22; 32.8; Zc 12.1).

O corpo humano conserva a vida enquanto o espírito e a alma nele


permanecem. Quando o espírito (Ec 12.7; Tg 2.26; Lc 8.54,55) e a
alma (cf. At 20.9,10; 1 Rs 17.20-22; Gn 35.18) deixam o corpo, este
morre. Por ser um produto feito à semelhança de Deus, o corpo não
será aniquilado, mas ressuscitará (Jó 19.26). Outra afirmação de
importância é que o corpo foi determinado para ser templo do
Espírito Santo (1 Co 6.20).
O corpo propriamente dito, que é (foi) formado do pó da terra, tem
em si “18” elementos, e estes são integrantes dos mais variados
elementos específicos que compõem a substância do universo
físico. Estes elementos são essenciais à vida do homem.
Vejamos quais são:
“Mais ou menos 72% de oxigênio, 14% de carbono, 9% de
hidrogênio, 5% de nitrogênio; os restantes 3,5% se compõem de
pelo menos mais 15 elementos como cálcio, fósforo, potássio,
enxofre, sódio, cloro e vestígios de iodo, cobre, zinco, etc”.
Não existe no corpo humano qualquer elemento químico que
também não possa ser encontrado na terra. Eis a razão por que
disse o Criador: “...até que te tornes à terra; porque dela foste
tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás” (Gn 3.19b). Somente
o oxigênio se encontra no corpo em sua condição elementar; os
demais elementos estão em combinação com outros e é impossível
separá-los.
2. A ALMA DO HOMEM
A) Sua origem: Gn 2.7
Aristóteles, Jerônimo e Pelágio, consideram que Deus criou
imediatamente a alma de cada ser humano e uniu-a ao corpo ou na
concepção, ou no nascimento, ou num período entre ambos. Os
ECB 30

Escola de Capacitação Bíblica


defensores desta teoria apresentam em seu favor certos trechos da
Escritura, referindo-se a Deus como o Criador do espírito humano,
juntamente com o fato de que há marcante individualidade na
criança, que não pode ser explicada como simples reprodução das
qualidades existentes nos pais.

Jerônimo diz que Deus “faz almas diariamente”.


As passagens frequentemente apoiadas pelos criacionistas são:
 Ec. 12.7 - "o espírito volta a Deus que o deu”;
 Is. 57.16 - “as almas que eu fiz”;
 Zc. 12.1 - “o Senhor que forma o espírito do homem dentro
dele”;
 Hb. 12.9 - “Pai dos espíritos”. Mas com igual clareza afirma-se
que Deus forma o corpo do homem: Sl. 139.13,14 - “Tu
formaste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha
mãe. Graças dou, visto que por modo assombrosamente
maravilhoso me formaste; as tuas obras são maravilhosas”;
 Jr. 1.5 - “Antes que eu te formasse no ventre materno”.
O criacionismo considera o pai terreno gerando apenas o corpo de
seu filho - certamente não como o pai da parte mais elevada dele.

B) Sua característica:
“Imagem e semelhança de Deus”. O estado original de Adão era de
santidade recebida, mas não confirmada. Ele perdeu este estado
com a queda, mas o homem ainda retém vestígios da imagem e
semelhança de Deus. (1Co 11.7; Tg 3.9).

2.1. O homem interior


A alma, junto com o espírito, formam o "homem interior", a parte
imaterial de todo ser humano. Embora a alma e o espírito estejam
inseparavelmente unidos, tanto dentro como fora do corpo, existe
uma diferença entre eles.
A Bíblia diz que "a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais
penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma, e do espirito" (Hb 4.12).
A alma diz respeito à vida pessoal, ao indivíduo. Tem emoções (Jr
31.25) e guerreia contra as paixões da carne (1 Pe 2.11).
2.2. Função da alma e do espírito
ECB 31

Escola de Capacitação Bíblica


A alma é a parte que orienta a vida do corpo, e estabelece o contato
com o mundo em redor, enquanto o espírito é a parte do homem
que lhe oferece a possibilidade de relacionamento com Deus.
2.3. A alma é a sede do sentimento
A Bíblia diz: "A minha alma tem sede de Deus" (Sl 42.2); "a minha
alma se alegrará no Senhor" (Sl 35.9); "a minha alma esta
quebrantada de desejar os teus juízos" (Sl 119.20). É com a alma
que podemos amar a Deus (Mt 22.37). A alma também sente-se
aborrecida (2 Sm 5.8; Jr 14.19; Gn 42.21), ficando triste e
amargurada (2 Rs 4.27).
2.4. A inteligência reside na alma
A alma é a sede do intelecto com todas as suas faculdades:
pensamento, entendimento e saber (Sl 139.14; Pv 19.2). A vontade
tem também na alma a sua sede. É a alma que centraliza o querer:
"O que a sua alma quiser, isso fará" (Jó 23.13).
A alma também é o centro do temperamento, pois nela habita a
índole. À alma pertencem também os desejos e as paixões em
relação à vida natural e física (Lc 12.19; Ap 18.14).
2.5. A alma do homem não está no sangue
Quando a Bíblia, em Levítico 17.11, afirma: "a alma da carne está
no sangue", a palavra "alma" está sendo usada como sinônimo de
"vida". Veja em Gênesis 9.4: "A carne, porém, com sua vida, isto é,
com seu sangue, não comereis".
A ideia de que o sangue significa a alma do homem abre a porta
para muitas contradições. Vejamos o texto de Apocalipse 6.9,10:
"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos
que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do
testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até
quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o
nosso sangue dos que habitam sobre a terra?"
Se a alma fosse a mesma coisa que o sangue, como então as
almas poderiam estar no Paraíso, debaixo do altar, uma vez que o
seu sangue havia sido derramado sobre a terra? Está bem claro
que o sangue faz parte do corpo, enquanto a alma é a parte
imaterial e imortal do homem. Se a alma fosse o sangue, uma
transfusão sanguínea seria, na realidade, uma transfusão de alma
ECB 32

Escola de Capacitação Bíblica


— receberíamos a alma de outra pessoa! Isso é doutrina espírita!
Um absurdo!
2.6. A alma pode ser salva
A Bíblia fala da salvação da alma (Tg 5.20) e pergunta: "Que daria o
homem pelo resgate da sua alma?" (Mc 8.37) e: "Que aproveitaria
ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" (Mc 8.36).
Devemos, portanto, encomendar as nossas almas a Deus, como ao
fiel Criador, fazendo o bem (1 Pe 4.19).
3. O ESPÍRITO DO HOMEM
3.1. O que é?
O espírito é a parte invisível do homem que, juntamente com a
alma, compõe o "homem interior". É aquela parte do homem que,
como uma janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a
realidade de Deus e da sua Palavra (1 Co 2.10,12). Eis o que
distingue o homem de qualquer outro ser: só ele foi criado à
imagem e semelhança de Deus. O espírito do homem é a sede das
suas relações com Deus. "O espírito do homem é a lâmpada do
Senhor" (Pv 20.27, Versão Revisada). Por esse motivo, a Bíblia
muitas vezes usa "coração" como sinônimo de "espírito": "Era um o
coração e a alma da multidão dos que criam" (At 4.32).
3.2. O não-crente
O espírito do homem não-crente é morto, inativo, isto é, separado
de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; Cl 2.13; 1 Tm 5.6). Ele é dominado
pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15), sem
possibilidade de ver a gloria de Deus (2 Co 4.4).
3.3. O espírito do homem no processo de salvação
Na salvação, o espírito do homem e vivificado (Ef 2.5; Cl 2.1 3). Um
despertamento começará no seu espírito (Ed 1.1) quando o Espírito
Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus
(Jo 16.8-10). Quando o homem aceita Jesus como Salvador, recebe
a vida eterna (Rm 6.23) e, então, "o mesmo Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.16).
Agora, "eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). O espírito do homem
vivificado pode, doravante, ver a glória de Deus, pois o véu que
antes o impedia foi tirado (2 Co 3.16). O seu coração tornou-se
limpo e pode ver a Deus (Mt 5.8), o Invisível (Hb 11.27). A luz
ECB 33

Escola de Capacitação Bíblica


resplandece em seu interior, para "iluminação do conhecimento da
glória de Deus". Agora ele pode comprovar que Deus é bom (Sl
34.8), e com o seu espírito adorar ao Senhor (Jo 4.23) e orar (1 Co
14.15,16), e o Todo-poderoso dará ao espírito do novo crente a
inspiração divina que o faz entendido (Jó 32.8).
Assim, podemos observar com clareza que "o espírito do homem"
não significa "o Espírito Santo operando no homem", mas que esse
espírito é um órgão do seu "homem interior", onde o Espírito Santo
opera, fazendo-o ouvir a voz de Deus (At 2.7).
3.4. A consciência
Uma das faculdades mais importantes do espírito humano é a
consciência (Rm 2.15,16), que é uma "janela" existente no homem,
pela qual Deus olha para o seu interior.
A consciência é um "espião" de Deus que persegue o homem
quando ele peca, mas que lhe fala com uma voz elogiosa quando
faz o bem.
A consciência é uma testemunha interior que foi afetada pela
Queda, mas que, apesar disso, pode ser um guia seguro
ocasionalmente (1 Pe 2.19; Hb 10.22).
ECB 34

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 5 - Síntese da
Constituição do Homem

A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM

Psyche Soma
Pneuma

O original do Novo testamento (o grego) usa as seguintes palavras


para se referir as três partes do homem:

1. SOMA. Significa corpo, um conjunto organizado, constituído de


partes e membros.
2. PSYCHE. Significa sopro.
3. PENEUMA. É o principio da vida residindo no homem, a entidade
não material do homem.

A alma é o ponto de encontro do espírito e do corpo, porque ali


estão os dois fundidos. A alma estar entre O CORPO E O
ESPÍRITO, unindo-os.

O espírito e a alma estão intimamente ligados que é difícil distingui-


los em detalhes. Porém isso não é motivo para pensarmos que o
espírito e alma é a mesma coisa. A alma sente (Jó 14.22). O
espírito sabe (1 Co 2.12).
ECB 35

Escola de Capacitação Bíblica


Quanto à constituição do ser humano, há duas correntes
de pensamento:

Temos na Teologia duas interpretações sobre a natureza metafísica


do homem. A primeira, denominada tricotomia, afirma ser o homem
constituído de três elementos: corpo, alma e espírito, não
necessariamente nessa ordem. A segunda, a dos dicotomistas,
sustenta que o homem possui apenas dois elementos constituintes:
corpo e alma.
Os dicotomistas ensinam que o homem se divide em duas partes,
quais sejam:
CORPO e ALMA.

Esta é uma teoria que ensina que só há dois elementos, ou partes


constitutivas do homem: a parte material e a imaterial. Seus
defensores insistem que não há diferença entre alma e espírito, e
que as duas palavras são utilizadas alternativamente com o mesmo
sentido, ou seja, são termos sinônimos e que não poderiam ter
significado oposto. Para o dicotomista, o homem é composto de
duas partes e ponto final.

Quanto ao corpo, não há problema, visto que é impossível negar a


existência do mesmo, na vida do ser humano, quanto à alma, há
vários versículos, que falam sobre a alma, referindo-se à parte
imaterial do ser humano, Mt 11.28-29; Tiago 5.20; 1 Pe 1.9; Ap 6.9,
20.4.

Já a dicotomia foi tomada por empréstimo da filosofia grega,


principalmente de Platão, por meio do neoplatonismo.
O Livro dos Começos da Bíblia Sagrada (Gênesis) afirma de forma
consistente que Deus criou os seres humanos com três partes
essenciais: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e
soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente", Gn 2.7. Nesta expressão bíblica, podem ser identificadas
genericamente as três partes que constituem o homem: “pó da
terra, o corpo; “sopro”, o espírito; e “alam vivente”, a alma.
Os escritores do Antigo Testamento utilizaram cerca de 14
vocábulos hebraicos de alguma maneira ligados ao corpo físico.
ECB 36

Escola de Capacitação Bíblica


A mais comum dessas palavras hebraicas é basar, que significa
"carne" e ocorre 260 vezes.
Porém, no Novo Testamento, encontramos o termo grego soma,
que significa "corpo" e é usado cerca de 130 vezes. E ainda há
sarks, que significa "carne" e é utilizado 136 vezes.
Esses termos indicam a parte material do homem, o corpo físico,
identificado como sendo o invólucro do espírito e da alma (Gn 2.21;
Zc 14.12;Mt 5.29; 16.17; e Ap 17.16).

1. ATRICOTOMIA BÍBLICA

A palavra tricotomia significa Divisão em três partes.

Os tricotomistas ensinam que o homem se divide em três partes, a


saber:

1. ESPÍRITO.
2. ALMA.
3. CORPO.

A tricotomia é sustentada, por exemplo, pelo texto de Génesis 2.7,


e pelo texto paulino de 1 Tessalonicenses 5.23; "E o próprio Deus
de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo".
E também pela afirmação em Hebreus 4.12: "Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de
dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas,
e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração".
Existem ainda outros textos bíblicos que confirmam a tricotomia, no
entanto os acima mencionados são os mais utilizados.
Textos bíblicos que apoiam o tricotomismo

Em 1 Coríntios 2.14-3.4, Paulo refere-se aos seres humanos como


sarkikos (literalmente: "carnal" 3.1,3), psuchikos (literalmente:
"segundo a alma", 2.14) e pneumatikos (literalmente: "espiritual",
ECB 37

Escola de Capacitação Bíblica


2.15). Esses dois textos demonstram de forma ostensiva três
componentes elementares.
Vários outros textos distingue alma e espírito (1 Co 15.44; Hb 4.12;
ITm5.23).

Entendendo Gêneses 2.7

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas


narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”(Gn.
2:7).

Formou o homem do pó da terra. Refere-se ao corpo do homem.


Soprou em seu nariz o fôlego de vida. Refere-se ao espírito do
homem ao vir de Deus; e O homem se tornou uma alma vivente se
refere à alma do homem quando o corpo foi avivado pelo espírito e
convertido em um homem vivo e consciente de si mesmo.
Um homem completo é uma trindade: composto de espírito, alma e
corpo.

 ESPÍRITO
O termo hebraico para espírito.
O termo hebraico para espírito é ruach, encontrado 387 vezes no
Antigo Testamento. Seu equivalente grego é pneuma, que aparece
370 vezes no Novo Testamento.
O significado dos termos pode ser "ar em movimento", "sopro",
"hálito", "vento" e ainda "consciência imaterial do home. Daqui
temos o conceito de que o espírito vincula o ser humano ao mundo
espiritual (Gn 2.7; Pv 16.32; Is 26.9; Mt 27.50; Lc 23.46 e At 7.59).

1 Coríntios 2.11 fala do espírito do homem que está «nele».


2 Coríntios 5.4 menciona «meu espírito».
Romanos 8.16 diz nosso espírito.
1 Coríntios 14.14 utiliza meu espírito.
1 Coríntios 14.32 fala dos espíritos dos profetas.
Provérbio 25.28 se refere a «seu próprio espírito».
Hebreus 12. 23 consigna os espíritos dos justos.
Zacarias 12.1 afirma que o Senhor... Formou o espírito do homem
dentro dele.
ECB 38

Escola de Capacitação Bíblica


Estes versículos demonstram claramente que os seres humanos
possuem, com efeito, um espírito humano. Este espírito não é
sinônimo de nossa alma nem é tampouco o Espírito Santo.

1. O espírito é a parte mediante a qual nos comunicamos com


Deus, e só por ela podemos perceber e adorar a Deus (João 4.24).
2. Mediante seu espírito o homem mantém relação com o mundo
espiritual e com o Espírito de Deus.

3. O espírito não pode atuar sobre o corpo por si mesmo, só fazê-lo


através e por intermédio da alma. Isto podemos ver em Lucas 1.46,
47:
Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu
espírito exulta em Deus meu Salvador.

Aqui a mudança do tempo verbal mostra que primeiro o espírito


produziu gozo em Deus, e então, comunicando-se com a alma, fez
que expressasse o sentimento por meio do órgão corporal.

(Earth'sEarliest Age, de Pember).

As três funções do espírito

O espírito tem três funções principais. Estas são a consciência, a


intuição e a comunhão.

Consciência. A consciência é o órgão que discerne; distingue o


bom e o mau.

Intuição. A intuição é o órgão sensitivo do espírito humano. O


conhecimento que nos chega sem nenhuma ajuda do pensamento,
da emoção ou da vontade é intuitivo.

Comunhão. Nossa adoração a Deus e as comunicações de Deus


conosco acontecem diretamente no espírito. Meu espírito exulta em
Deus meu Salvador (Lc. 1.47).

Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em


verdade (Jo. 4.23).
A quem sirvo em meu espírito (Rm. 1.9).
Servirmos... em novidade de espírito (Rm. 7.6).
ECB 39

Escola de Capacitação Bíblica


 A ALMA
O termo hebraico para alma.
Por sua vez, o termo hebraico para alma é nephesh, que ocorre 755
vezes no Antigo Testamento.
Esse termo significa "vida", "pessoa", "vontade", "desejo".
O termo equivalente em grego no Novo Testamento é psyche, que
ocorre 101 vezes.
Do pressuposto desses termos bíblicos é que conceituamos alma
como sendo a sede dos afetos, das sensações, dos desejos e,
portanto, das emoções, da vontade e do próprio eu (Gn 23.8; Dt
21.14; Js 2.13; 1 Rs 19.3; Jr 52.28; Mc 8.35 e Mt 22.37).

A alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo


humano, usando os sentidos físicos como seus agentes na
exploração das coisas materiais e os órgãos do corpo para se
expressar e comunicar-se com o mundo exterior.

 Sua alma o representa e expressa sua individualidade.


 A alma é formada pelo intelecto, que nos ajuda no presente
estado de existência, e as emoções, que procedem dos
sentidos.
 À vontade, intelecto e emoções do homem estão na alma. O
que constitui a personalidade do homem são as três
faculdades principais de vontade, pensamento e emoção.

A vontade é o instrumento de nossas decisões e revela nosso


poder de escolha. Expressa nosso consentimento ou nossa
negativa, nosso sim ou nosso não.

Intelecto. A mente, o instrumento de nossos pensamentos,


manifesta nosso poder intelectual. É a fonte da sabedoria, do
conhecimento e do raciocínio.

Emoção. O instrumento de nossas simpatias e antipatias é a


faculdade da emoção. Por meio dela podemos expressar amor ou
ódio e nos sentir alegres, zangados, tristes ou felizes.

A diferença da alma dos animais aves e do homem


ECB 40

Escola de Capacitação Bíblica


A diferença da alma dos animais aves e do homem é que a alma
dos homens não morre, em (Mateus 10.28) “E não temais os que
matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele
que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.
Os animais tem alma, mas elas são mortais porque eles não têm
espírito e o espírito é que torna a alma imortal.

Os animais cujas almas são a vida (sangue), são mortais, seus


conhecimentos são limitados.

A alma do homem o distingue dos irracionais. Estes possuem alma,


mas é alma terrena que vive somente enquanto durar o corpo. (Ecl.
3.21.) A alma do homem é de qualidade diferente sendo vivificada
pelo espírito humano.

Características da alma

 A alma sente sede de Deus, (Salmos 42.2) “A minha alma


tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me
apresentarei ante a face de Deus”.

 A alma pode buscar ao Senhor humilhando-se, (Salmos


35.13) “Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, a
minha veste era pano de saco; humilhava a minha alma com o
jejum, e a minha oração voltava para o meu seio”. (Salmos
42.5) “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te
perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na
salvação da sua presença”.

 A alma sente (Jó 14.22).

A alma do ser humano não é o sangue.

Examine o que diz em (1 Reis 17.17, 21 e 22) “E, depois destas


coisas, sucedeu que adoeceu o filho desta mulher, da dona da
casa; e a sua doença se agravou muito, até que nele nenhum
fôlego ficou. (...) Então, se mediu sobre o menino três vezes, e
clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que
torne a alma deste menino a entrar nele. (...) E o SENHOR ouviu a
voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu”.
ECB 41

Escola de Capacitação Bíblica


Se a alma fosse sangue como tornaria a entrar no menino se não
houvera saído?

OBS.: A palavra "alma" é, portanto, usada frequentemente no


sentido de "pessoa". Em Êx 1.5 "setenta almas" significa "setenta
pessoas". Em Rm. 13.1 "cada alma" significa "cada pessoa".
Atualmente dizemos, “não havia nem uma alma presente",
referindo-nos às pessoas.

 A origem da alma e do espírito humano

Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de


Deus ter soprado no homem o sopro de vida. Mas como chegaram
a existir as almas desde esse tempo?

Os estudantes da Bíblia se dividem em dois grupos de ideias


diferentes:
 Um grupo afirma que cada alma individual não vem
proveniente dos pais, mas sim pela criação Divina imediata.
Citam as seguintes escrituras: Is. 57.16; Ecl. 12.7; Hb. 12.9;
Zc. 12.1.
 Outros pensam que a alma é transmitida pelos pais. Apontam
o fato de que a transmissão da natureza pecaminosa de Adão
à posteridade milita contra a criação divina de cada alma;
também o fato de que as características dos pais se
transmitem à descendência. Citam as seguintes passagens:
João 1.13; 3.6; Rm. 5.12; 1 Cor. 15.22; Ef. 2.3; Hb. 7.10.

A origem da alma pode explicar-se pela cooperação tanto


do Criador como dos pais. No princípio duma nova vida, a Divina
criação e o uso criativo de meios agem em cooperação. O homem
gera o homem em cooperação com "o Pai dos espíritos". O poder
de Deus domina e permeia o mundo (Atos 17.28; Hb 1.3) de
maneira que todas as criaturas venham a ter existência segundo as
leis que ele ordenou. Portanto, os processos normais da reprodução
humana põem em execução as leis da vida fazendo com que a
alma nasça no mundo.

A alma e espírito é produto da criação de Deus, ou seja, para cada


criança que nasce Deus cria um espírito e uma alma para a mesma,
é como se Deus soprasse sobre cada criança a nascer, criando a
sua alma e espírito, isto baseado em Hebreus 12:9, Isaías 57:16
ECB 42

Escola de Capacitação Bíblica


Eclesiastes 12:7, e se Deus é o pai dos espíritos, somente ele pode
criar uma nova alma.

Nota:

As "cada alma individual deve ser considerada uma criação


imediata de Deus, que deve sua origem á um ato criador direto".
evidências bíblicas usadas para reforçá-la são os textos que
atribuem a Deus a criação da "alma" e do "espírito" (Nm 16.22; Ec
12.7; Is 57.16; Zc 12.1; Hb 12.9).

 CORPO

É por meio do corpo que o homem entra em contato com o mundo


material.

O corpo é a estrutura física do homem. Este foi criado por Deus


com um cuidado especial. Ao criar as demais coisas, Deus disse:
“Haja...” Quando, porém, criou o homem, formou-o do pó da terra e
soprou-lhe nas narinas dando assim o fôlego da vida (Gn 2.7). Davi
disse: “Eu te louvarei porque de um modo admirável e maravilhoso
fui formado.” (Sl 139.14).
 15 elementos químicos compõem seu corpo:
 72 partes de oxigênio;
 13,5 partes de carbono;
 9,1 partes de hidrogênio;
 2,5 partes de nitrogênio;
 1,3 partes de cálcio;
 1,15 partes de fósforo e pequenas quantidades de potássio,
enxofre, sódio, cloro, magnésio, ferro, silício, iodo e flúor.

 O QUE A BÍBLIA FALA DO NOSSO CORPO?

 Foi criado por Deus: Gn 1.26 e 28 - 2.7 e Sl 139.14.


 É templo do Espírito Santo: 1 Co 6.19 e 20.
 É usado como metáfora da Igreja: 1 Co 12.12-31.
 Podemos glorificar a Deus em nosso corpo (1 Co 6.20 e Fp
1.20), dedicando-o a Deus (Rm 12.1 e 2).

 DEVERES PARA COM O CORPO


ECB 43

Escola de Capacitação Bíblica


 Alimento saudável;
 Higiene do corpo, da casa e das roupas assim evitando
doenças;
 Visitas ao médico em caráter preventivo - vacinas, por
exemplo, exames preventivos, etc.;
 Descanso;
 Usar trajes santos;
 Lazer;
 Fugir da prostituição (1 Co 6.15-18, Cl 3.5);
 Não fazer uso dos inimigos do corpo: fumo, bebida e drogas.
Cuidar do nosso corpo é um dever. Deus escolheu fazer dele o seu
templo. Sendo assim, deve ser usado de acordo com a vontade de
Deus, que é boa, perfeita e agradável. Sabendo que o nosso corpo
não é nosso, mas de Deus.

 O CUIDADO DO CORPO

Temos a responsabilidade de cuidar bem do nosso corpo, que deve


ser instrumento útil no serviço do Senhor. Paulo exorta, em
Romanos 12.1: “Rogo vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de
Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus”.
Paulo descreve essa dedicação como um ato de “culto racional”.
Isso quer dizer que devemos fazer tudo para manter o nosso corpo
em bom estado!
Precisamos seguir o exemplo de Paulo em 1 Coríntios 9.27: “Mas
esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo
pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.
Enquanto existem pessoas que gastam muito tempo e dinheiro
cuidando do corpo, há crentes que negligenciam o seu corpo.
Para poder servir bem ao Senhor, precisamos ter corpo saudável, e
para mantê-lo saudável, temos que discipliná-lo!
1. Controle no comer e no beber – Precisamos ter uma
alimentação sadia – bastantes verduras e frutas. Devemos evitar
ingerir coisas que vão prejudicar o corpo – os fast foods, batata frita
a toda hora, etc.
2. Controle da vida sedentária – Precisamos exercitar o corpo.
Antigamente, no dia a dia, as pessoas andavam a pé, mas hoje
ECB 44

Escola de Capacitação Bíblica


estamos desacostumados a andar. Ao assistir a TV ou ouvir um CD,
nem precisamos mais nos levantar para mudar de canal – é só
manter o controle remoto por perto! A vida sedentária prejudica
muito o corpo.
3. Controle no vestir – A Bíblia tem uma palavra, em I Timóteo 2.9
que bem remata a respeito do vestir, especialmente para as
mulheres cristãs que devem se vestir “em traje decente”. A moda
hoje não pensa em decência, e sim em sensualidade. Também a
moda dita que temos que expor o corpo ao máximo. Mas a mulher
cristã deve lembrar que a Bíblia diz como ela deve se vestir: com
modéstia e também com bom senso.
4. Manter o Corpo em ordem - Se queremos servir ao Senhor, é
claro que temos que manter o nosso corpo em ordem, cuidando da
saúde física, porque quando ficamos doentes ficamos limitados no
serviço do Senhor.
5. Controle da vida sexual – Se queremos apresentar o nosso
corpo a Deus, então, é lógico que vamos zelar pela pureza do
corpo.
Não importa o que o mundo aceita como padrão normal. O padrão
do crente tem que ser diferente. O padrão bíblico é claro: “Pois esta
é a vontade de Deus: a vossa santificação. que vos abstenhais da
prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em
santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios
que não conhecem a Deus” I Tessalonicenses 4.3,5. Em outras
palavras, o crente deve evitar relações sexuais antes do casamento
e fora do casamento.
6. Aparência e Essência - Será que compensa arriscar a vida para
se submeter aos padrões estéticos “impostos” por alguns
segmentos da nossa sociedade? A quem isso interessa?
Até quando o “parecer” prevalecerá ‘sobre o “ser”? A aparência
sobre a essência?

Diante de Deus, a essência sempre prevalecerá ante a aparência


“Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua
aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o
SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém
o SENHOR, o coração.” (1 Sm 16.7), Ver também Mt. 23.25-28.
ECB 45

Escola de Capacitação Bíblica


O nosso corpo deve ser usado de modo que glorifique o nome
do Senhor.
1 Coríntios 6.20: “Porque fostes comprados por bom preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus”.

Não devemos fazer mal uso do nosso corpo, pois é morada do


Espírito de Deus.

1 Coríntios 6.19: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do


Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos”?

 PECADOS CONTRA O CORPO:

Pecamos através do corpo e contra o corpo. Entre os pecados que


cometemos contra o corpo, podemos citar:

 “Prostituição” (gr. pornéia), i.e., imoralidade sexual de todas


as formas (adultério, fornicação, homossexualidade,
lesbianismo, etc.). Isto inclui, também, gostar de quadros,
filmes ou publicações pornográficos (Mt 5.32; 19.9; At
15.20,29; 21.25; 1 Co 5.1).
 “Impureza” (gr. akatharsia), i.e., pecados sexuais, atos
pecaminosos e vícios, inclusive maus pensamentos e desejos
do coração; inclui vida devassa e atos impuros (Ef 5.3; Cl 3.5).
 “Bebedices” (gr. methe), i.e., descontrole das faculdades
físicas e mentais por meio de bebida embriagante.
Intoxicação, embriaguez.

 “Glutonarias” (gr. Komos), i.e., diversões, festas com comida


e bebida de modo extravagante e desenfreado, envolvendo
drogas, sexo e coisas semelhantes. Bíblia On-line: “procissão
noturna e luxuriosa de pessoas bêbadas e galhofeiras que
após um jantar desfilavam pelas ruas com tochas e músicas
em honra a Baco ou algum outro deus, e cantavam e tocavam
diante das casas de amigos e amigas; por isso usado
geralmente para festas e reuniões para beber que se prolonga
até tarde e que favorece a folia”.

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa


qualquer, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co 10.31).”
ECB 46

Escola de Capacitação Bíblica

O corpo é a tenda na qual a alma do homem, qual peregrina, mora


durante sua viagem do tempo para a eternidade. À morte, desarma-
se a barraca e a alma parte. ( Is. 38:12: 2 Pe 1.13, 14).
 A IMPORTÂNCIA DA TRICOTOMIA
Assim, visto que o homem é espírito, ele é capaz de ter consciência
de Deus, de comunicar-se com Deus (Jó 32.8; SI 18.28 e Pv 20.27);
e posto que o homem é alma, tem consciência de si mesmo (SI
13.3; 42.5,6,11); e posto que o homem é corpo, mediante os seus
sentidos toma consciência do mundo (Gn 1.26).
Deste modo, admitimos que alma e espírito são inseparáveis e
imortais, com funções distintas no corpo.
Pearlman declara: "A alma sobrevive à morte porque é energizada
pelo espírito, mas alma e espírito são inseparáveis porque o espírito
está entretecido na própria textura da alma. São fundidos e
caldeados numa só substância". Portanto, de acordo com os
pressupostos da tricotomia, alma e espírito não se separam após a
morte.
ECB 47

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 6 - O Homem diante da


Morte e da Eternidade

O materialismo não aceita a doutrina da Bíblia a respeito de uma


vida após a morte. A Bíblia diz, porém, que é um prejuízo
inestimável o homem não pensar no seu fim (Lm 1.9), e, por isso,
nos ensina a orar: "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal
maneira que alcancemos coração sábio" (SI 90.12; Dt 32.29). Jesus
veio para trazer à luz "a vida e a incorrupção" (2 Tm 1.10). Portanto,
temos na Bíblia a única fonte que nos dá uma verdadeira luz sobre
a vida após a morte. É bem verdade que muitas coisas sobre essa
vida não estão reveladas. Porém, "as reveladas são para nós e
para os nossos filhos, para sempre" (Dt 29.29). Essas coisas
reveladas sobre a Vida além do véu da carne é que vamos procurar
conhecer.
"Aos homens está ordenado morrerem uma vez" (Hb 9.27)
 A morte entrou no mundo pelo pecado (Rm 5.12)
A morte entrou no mundo no momento em que Deus pronunciou a
sentença sobre o pecado: "Até que tornes à terra; porque dela foste
tomado, porquanto es pó e ao pó tornarás" (Gn 3.19). Assim, a
morte atingiu a todos os homens (Rm 5.12). Uma única exceção a
essa regra infalível acontecerá na vinda de Jesus — aqueles que
estiverem preparados serão transformados e arrebatados (1 Ts
1.14-17), sendo revestidos de imortalidade (1 Co 15.53). Desse
acontecimento temos dois exemplos no Antigo Testamento: Enoque
(Gn 5.24; Hb 11.5) e Elias (2 Rs 2.11) — eles não viram a morte.
 A certeza da morte faz a vida instável e passageira
A Bíblia usa várias figuras para mostrar a instabilidade da vida.
Meditemos nos seguintes exemplos: a vida é como uma "corrente
de água", "um sono" ou "uma erva" (SI 90.5; 103.15; Is 40.6,7; Tg
1.10,11); como um "conto ligeiro" (SI 90.9), "uma sombra" (SI
102.11; 144.4); como "navios veleiros" ou "águia que se lança à
comida" (Jó 9.26).
ECB 48

Escola de Capacitação Bíblica


 O que acontece na hora da morte com o corpo, a
alma e o espírito?
1. MORTE É SEPARAÇÃO
A morte significa sempre separação. A Bíblia fala de morte em
vários sentidos, mas sempre a separação é o significado principal.
• A morte no sentido espiritual é o estado de uma pessoa que
vive sem Deus, cujo espírito está morto, isto é, separado de Deus
(Ef 2.1).
• A morte física significa não somente que a pessoa que morreu
foi separada dos seus entes queridos, mas, principalmente, que o
seu espírito e a sua alma deixaram o corpo que já morreu (Tg 2.26).
• A Bíblia fala também da "segunda morte" (cf. Ap 2.11; 20.6),
que significa uma eterna separação de Deus.
2. QUE ACONTECE COM O CORPO NA HORA DA
MORTE?
Com a saída da alma (At 20.9,10; 1 Rs 17.21; Gn 35.18,19) e do
espírito (Tg 2.26; Lc 8.54,55; Ec 12.7), o corpo morre e volta ao pó
(Ec 12.7; Gn 3.19), ou seja, é sepultado e encontra a corrupção.
Porém, sendo o corpo uma obra de Deus, feito à sua imagem e
semelhança (Gn 1.26), não será aniquilado, mas ressuscitará (1 Co
15.35,38) com uma forma imortal (1 Co 15.53) e espiritual (1 Co
15.44,46).
Quando a Bíblia, ao falar da morte, usa a palavra "dormir", refere-se
ao corpo e nunca à alma ou ao espírito (At 13.36; 1 Ts 4.13,15; Mt
27.52; 1 Co 11.30; 15.51; Dn 12.2). É o corpo que dorme o sono da
morte até a manhã da ressurreição, quando todos ouvirão a voz de
Deus e se levantarão dos seus sepulcros (Dn 12.2; Jo 5.28,29; At.
24.15).
3. QUE ACONTECE COM A ALMA E O ESPÍRITO NA
HORA DA MORTE?
Quando a Bíblia fala do espírito do homem, jamais se refere ao
fôlego (respiração) que se extingue na morte, conforme algumas
doutrinas materialistas querem afirmar. Com isso querem eles
"provar" a inexistência de uma vida real após a morte. Como uma
ECB 49

Escola de Capacitação Bíblica


"prova" dessa sua afirmativa, dizem que a palavra "espírito" ou
"alma" simplesmente quer dizer "fôlego".
A Bíblia mostra claramente que "espírito" e "alma" são coisas
inteiramente distintas do fôlego do homem. Ela registra: "Assim diz
Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terra
e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está
e o espírito, aos que andam nela" (Is 42.5), e ainda: "Se ele
pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu
espírito e o seu folego" (Jó 34.14).
O erro da afirmativa que "espirito", "alma" e "fôlego" na Bíblia
significam a mesma coisa fica patente, de modo palpável e drástico,
se na leitura das seguintes passagens for substituída a palavra
"alma" pela palavra "fôlego". Leia e compare, assim, os seguintes
textos: Atos 23.8; 1 Coríntios 5.5; Gálatas 6.18; 2 Coríntios 7.1;
Mateus 10.28; Lucas 12.19 e Tiago 5.20. Vamos transcrever uma
dessas passagens: "Seja entregue a Satanás para destruição da
carne, para que o espírito [substitua por fôlego] seja salvo no Dia do
Senhor Jesus" (1 Co 5.5).
A alma e o espírito que deixam o corpo voltam a Deus que os deu
(Ec 12.7), isto é, ficam à disposição de Deus para serem
encaminhados ao lugar que corresponda à relação que tiveram com
o Senhor na hora da morte para ali aguardarem o dia da
ressurreição. Existe uma "casa de ajuntamento" destinada a todos
os viventes (Jó 30.23), onde mais que qualquer outro lugar, vê-se "a
diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que
não o serve" (Ml 3.18). Logo, "rendendo o homem o espírito, então,
onde está?" (Jó 14.10).
• O espírito-alma do justo irá para o Paraíso (Lc 23.43; 2 Co
5.8), onde gozarão descanso (cf. Ap 14.13), consolação e felicidade
(cf. Lc 16.23,25). Por esse motivo "é preciosa, à vista do Senhor, a
morte dos seus santos" (Sl 116.15).
• Os espíritos dos injustos irão para o Hades, um lugar de
tormentos, onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final
(Lc 16.22,23; Ap 20.11,12). Esse lugar é de sofrimento e angústia.
Foi para lá que foi Coré com os seus companheiros de rebelião,
quando a terra se abriu e os engoliu vivos (Nm 16.31-34).
4. COMO SERÁ O ESTADO INTERMEDIÁRIO DO
ESPÍRITO E DA ALMA APÓS A MORTE?
ECB 50

Escola de Capacitação Bíblica


 Os espíritos são imortais
Existe uma doutrina materialista que prega a aniquilação dos que
morreram. Porém, a Bíblia afirma que coisa alguma será aniquilada
no homem que foi criado à imagem de Deus. A alma (Mt 10.28) e o
espírito (1 Pe 3.4) jamais morrerão. Quanto ao corpo, pela morte
transforma-se em pó (Gn 3.19). Todavia, levantar-se-á do pó na
ressurreição para viver eternamente (Dn 12.2). Os defensores
daquela doutrina dizem que determinados versículos da Bíblia
"provam" as suas afirmativas. Comparemos.
• Afirmam que a palavra grega oltheros ("eterna perdição"),
utilizada em 2 Tessalonicenses 1.9, significa uma real aniquilação;
porém, a mesma palavra é empregada em 1 Timóteo 6.9; 1
Tessalonicenses 5.3 e 1 Coríntios 5.5, onde não se trata de
aniquilação!
• Dizem que a palavra grega analisko ("se desfará"),
empregada em 2 Tessalonicenses 2.8, significa uma completa
aniquilação. Pode-se comparar a mesma palavra em Gálatas 5.15 e
Lucas 9.54, onde não possui esse sentido,
• Dizem que a palavra grega karego ("aniquilará"), encontrada
em 1 Tessalonicenses 2.8, significa extinção. Observe-se que o
Anticristo, conforme esse versículo, é "aniquilado" pelo "esplendor
da sua vinda" e lançado no lago de fogo (Ap 19.20). Mas a
"aniquilação” dele não significa extinção, uma vez que após mil
anos, quando Satanás for lançado no mesmo lago de fogo, ali
estará ainda o Anticristo (Ap 20.10), e ambos serão atormentados
eternamente. "Aniquilado” nessa passagem, significa ficar sem
efeito, sem ação”. A mesma palavra também é usada em Hebreus
2.14, Romanos 6.6 e 1 Coríntios 6.13.
• Ainda explicam que a palavra apolluns (“perecer”.), em 2
Tessalonicenses 2.10, teria o sentido de “extinção"; porém, a
mesma palavra é usada em Mateus 8.25, Lucas 15.17 e 1 Pedro
1.7.
 Os espíritos dos mortos terão uma existência real
e consciente
Existem doutrinas antibíblicas que afirmam que os espíritos dos
mortos se acham em um estado inconsciente, uma espécie de sono
eterno. Porém, a Bíblia mostra que o estado de inconsciência
ECB 51

Escola de Capacitação Bíblica


refere-se só ao corpo, pois na sepultura "não há obra, nem
indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma" (Ec 9.10). É por isso
que os mortos "não sabem coisa nenhuma" (Ec 9.5). "Mas nós
bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre [eternamente]"
(Sl 115.18). As almas dos crentes louvarão ao Senhor no Paraíso.
Contando a história do homem rico e Lázaro, Jesus provou que o
espírito e a alma de crentes ou de descrentes têm uma existência
consciente no estado intermediário entre a morte e a ressurreição
(Lc 16.19-31).
Convém salientar que essa história não é uma parábola, mas fato
verídico que Jesus conhecia. Em uma parábola, Jesus não dava
nomes aos personagens. A história de Lázaro e do homem rico é
verídica e levanta o véu sobre a existência da morte.
Vejamos os testemunhos de alguns personagens na Bíblia sobre o
estado consciente da alma-espírito após a morte:
• Abraão. Deus disse a Abraão: "E tu irás a teus pais em paz;
em boa velhice serás sepultado" (Gn 15.15). Quando Abraão
morreu, o seu corpo foi sepultado na cova de Macpela (Gn 25.9). Ali
não estavam os "pais", mas somente a esposa que fora sepultada
anos antes (Gn 23.19). Foi o seu espírito que entrou na eternidade.
Deus afirmou, 330 anos depois da morte de Abraão, ser "o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó" (Êx 3.15), e 1.500
anos depois, Jesus explicou essa mesma palavra, acrescentando:
"Deus não é Deus de mortos, mas de vivos" (Lc 20.38). Abraão
ainda existia! Jesus disse que quando os crentes chegarem ao céu,
verão Abraão, Isaque e Jacó assentados à mesa do Senhor (cf. Mt
8.11).
• Moisés. Deus disse a Moisés: "E morre no monte, ao qual
subirás; e recolhe-te ao teu povo" (Dt 32.50). No monte Nebo, onde
Deus sepultou o corpo de Moisés, não havia "povos" aos quais ele
pudesse se recolher. O seu corpo realmente foi sepultado,
enquanto o seu espírito entrava na eternidade, em uma existência
tão real que, 1.500 anos depois, manifestou-se a Jesus no monte
da transfiguração (cf. Mt 17.3).
• Davi. Quando sua criança morreu, Davi afirmou: "Eu irei a
ela, porém ela não voltará para mim" (2 Sm 12.23). Davi tinha
certeza de uma vida após a morte.
ECB 52

Escola de Capacitação Bíblica


• Paulo. Ele testifica: "Desejamos, antes, deixar este corpo,
para habitar com o Senhor" (2 Co 5.8), para "estar com Cristo,
porque isto é ainda muito melhor" (Fp 1.23).
 Os mortos não possuem missão a cumprir em
favor dos que habitam na terra
Sem exceção, todo o serviço a Deus é feito somente por meio do
corpo (2 Co 5.10). A Bíblia diz: "Bem aventurados os mortos que,
desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que
descansem dos seus trabalhos e as suas obras os sigam" (Ap
14.13). Com a morte vem a noite, quando ninguém mais pode
trabalhar (Jo 9.4). Por isso o apóstolo Paulo julgava mais
necessário, por amor aos filipenses, permanecer vivo, "para
proveito vosso e gozo da fé" (Fp 1.25). É somente pelo corpo que o
crente pode glorificar a Cristo, seja pela vida ou pela morte (Fp
1.20; Jo 21.19). Os espíritos dos mortos são Imateriais e não
podem tler contato com a matéria. Eles não podem interceder ou
orar pelos que vivem aqui na terra, porque no céu há somente um
mediador (1 Tm 2.5), e é Ele que Intercede por nós (Hb 7.25; Rm
8.34). Tampouco poderão ser portadores de recados, ou
evangelizar os que permanecem no mundo. O pedido do homem
rico, de que Lázaro fosse enviado para advertir seus irmãos, não foi
atendido, pois: "Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos" (Lc
16.29). A única missão que os mortos terão no Paraíso será louvar
a Deus e atender aquilo que Deus lhes ordenar (Ap 5.10; 7.15 e
20.6).
 O estado espiritual do homem não sofre
alterações após a morte
Da maneira como o homem entrar na eternidade, assim
permanecerá para sempre. Aquele que entrar como crente jamais
cairá, e quem não for crente, jamais salvar-se-á. A Bíblia diz:
"Caindo à árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a
árvore cair, ali ficará" (Ec 11.3). Por que não existe possibilidade
para salvação após a morte? Vejamos:
• "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar" (Is 55.6), isto é,
no "tempo que se chama Hoje" (Hb 3.13). É somente enquanto o
homem ainda "acompanha com todos os vivos" que há esperança
(Ec 9.4). O Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar
ECB 53

Escola de Capacitação Bíblica


pecados (Mc 2.10) e, por isso, é aqui o tempo aceitável, o dia da
salvação (2 Co 6.2).
• “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo,
depois disso, o juízo" (Hb 9.27). Quando o pecador estiver no
Hades, aguardando a ressurreição para a condenação (Lc 16.23; Jo
5.29), jamais poderá sair de lá, pois existe um grande abismo (cf. Lc
16.26) que o separa dos salvos.
• A salvação do pecador após a morte é também impossível
porque o Espírito Santo, então, não mais entrará em ação. Para um
homem ser salvo nesta vida, é indispensável a operação do Espírito
Santo (Jo 6.44,65), tanto na sua chamada (Ap 22.17) como na sua
regeneração (Jo 3.8).
Quando o Espírito Santo, após a morte, não mais operar, nenhum
pecador sentirá desejo de salvação. Poderá sentir remorso pelo
prejuízo terrível que o pecado lhe causou, porém não desejará a
salvação. O homem rico, no Hades, não pediu perdão, mas
somente água para refrescar a língua (Lc 16.26). Os perdidos
citados em Apocalipse 6.16, não pediram salvação, mas que os
montes e rochedos os escondessem do rosto daquEle que estava
sentado sobre o trono.
• O ensino sobre um "purgatório", onde as almas não
preparadas podem ser perdoadas através de sofrimentos e castigos
atrozes, não tem apoio na Bíblia. Como consequência dessa
doutrina, aparece uma outra prática — o esforço de, por meio de
votos, missas, orações, e esmolas em favor dos mortos, procurar
aliviar as penas do pecador. Porém, o único "lucro" dessa doutrina é
aquilo que entra nos cofres daqueles que a promovem. Para os
pecadores, nenhum proveito tem. As duas passagens bíblicas que
estão sendo usadas para "testificar" tal doutrina, nada provam.
A primeira encontra-se em 1 Coríntios 3.15: "O tal será salvo,
todavia como pelo fogo". Essa frase refere-se, exclusivamente, à
prova de avaliação das obras que os crentes realizaram por meio
do corpo (1 Co 3.12-15; 2 Co 5 10). A segunda está registrada em
Lucas 12.59: "Não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro
ceitil". Aí é demonstrada a impossibilidade de sair "da prisão” se a
reconciliação não tiver sido feita "no caminho”, pois a porta se
fechou (Lc 13.24,25).
ECB 54

Escola de Capacitação Bíblica


• A profecia sobre a "restauração de tudo", conforme Atos 3.21,
tem sido interpretada por alguns como prova de que os pecadores
também serão "restaurados" Porém, essa profecia fala "da
restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os
seus santos profetas, desde o princípio" (At 3.21). E profeta
nenhum falou de salvação de pecadores após morte, pelo contrário,
profetizaram sobre o castigo eterno deles (Ap 20.11-15).
• A expressão "Todo joelho dos que estão nos céus, e na terra,
e debaixo da terra" (Fp 2.10), tem sido usada como uma "prova" de
que há salvação após a morte para os que estão "debaixo da terra",
pois afirma que eles confessarão que Jesus é o Cristo. Porém, na
Bíblia há muitos exemplos de que um reconhecimento da glória de
Deus não é sinal de salvação (Js 7.19; Lc 5.25,26; 23.47; Jo 9.24;
Sl 106.12-16).
• É certo manter contato com os espíritos dos mortos? As
religiões pagãs têm procurado manter essa forma de contato.
Porém, a Bíblia a proíbe terminantemente (Êx 22.18; Lv 19.31;
20.6,7; Dt 18.10-12; Is 8.19 e 19.3), pois todos os mortos estão sob
a responsabilidade de Deus (Ec 12.7). Jesus tem a chave da morte
e do inferno (Ap 1.18). Quando alguém procura contato com o
espírito dos mortos, é enganado pelo demônio, pois só ele aparece
como um espírito de mentira (1 Rs 22.22): imita aquele cujo espírito
está sendo invocado, conforme a doutrina dos demônios (1 Tm 4.1).
Essas invocações constituem "as profundezas de Satanás" (Ap
2.24) e fazem com que os homens creiam na mentira (2 Ts 2.11).
Foi isso que aconteceu quando o rei Saul procurou à feiticeira,
pedindo que ela chamasse o espírito de Samuel. O demônio o
enganou, fazendo com que cresse que Samuel havia aparecido (cf.
1 Sm 28.10-19), o que não foi verdade. A Bíblia afirma que nenhum
encantamento contra Israel tem valor (Nm 23.23), e afirma que
"Saul não buscou ao Senhor" (1 Cr 10.14). Se Samuel tivesse
realmente aparecido, Saul teria buscado ao Senhor. E ele morreu
por ter buscado a feiticeira (1 Cr 10.1 3) ao invés do Senhor.
ECB 55

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 7 - O Destino do Homem


Dentre os diversos livros que mencionam a história da humanidade,
Antropologia, etc..., a bíblia é a única que contem a origem do
homem, de onde ele veio, como foi criado, o objetivo pelo qual foi
criado, e ainda diz para onde ele vai, a bíblia é chamada de o livro
completo, pois contem o passado, presente e futuro do homem.

Na sociedade em geral existem pensamentos variados sobre esta


questão, as diversas religiões, os diversos níveis de conhecimento
bíblico, as diversas classes sociais, a cultura diferenciada de cada
região, fazem com que existam linhas de pensamentos dos mais
variáveis possíveis, e assim daremos alguns dentre eles.

1. O DESTINO DO CORPO FÍSICO

Nesta questão não há muito a discutir ou a ensinar, o corpo


humano, a carne, no momento da morte do homem, o corpo
começa a se decompor, e sem vida a parte física conhece o sentido
literal da palavra morte, de acordo com Eclesiastes 12.7, o corpo
volta ao pó, de onde foi criado.

O costume de enterrar o corpo após a morte do homem é um


costume muito antigo, já aconteceu com os primeiros habitantes
deste mundo, Abraão, Sara, Jacó, Raquel, etc..., todos foram
sepultados Gênesis 23.4, 35.20, 49.30-31, 50.5, e este costume se
estende até os nossos dias.

Ao contrario do que pensam muitas pessoas, não é o corpo que


poderá ser lançado no inferno, ou mesmo ser salvo, pois o corpo
não tem poder de decisão, e assim não se pode julga-lo, condena-
lo, é a alma que comanda o corpo, e não o corpo que comanda a
alma, a condenação do corpo é a morte física do homem, mas isto
já é o suficiente, esta morte física é uma punição pelo pecado que
Adão e Eva cometeram, e não a punição da alma do individuo.

2. A IMORTALIDADE DA ALMA

A alma possui natureza espiritual, é muito conhecido como a


consciência do homem, e por isso entendemos que a alma é eterna,
ECB 56

Escola de Capacitação Bíblica


não existe extinção da alma, o pensamento mais popular que diz
“Morreu, acabou”, 1 Coríntios 15.32, não é a expressão da verdade,
pois não se pode matar a alma, a alma pode se separar do corpo no
momento da morte física, mais matar a alma, isto é impossível. Em
Apocalipse 20.4 fala sobre a alma daqueles que foram degolados
por amor a Cristo, o corpo foi degolado, mas a alma ainda vive.
A alma é a parte intelectual do homem, é a alma que possui os
poderes de decisão dentro do corpo, é ela que obedece ou não a
Deus, é ela que decide consagrar se a Deus, ou menosprezar os
conselhos do Espírito, e por esta razão a alma receberá julgamento
pelos atos e decisões que tomou enquanto ainda vivia o corpo.

Na bíblia encontramos o exemplo do Rico e Lazaro em São Lucas


16.19 a 31, ambos viviam no mesmo mundo, e na mesma época,
eram separados pela classe social em que viviam, e pela fé que
possuíam, e quando morreram, ambos continuaram separados, o
corpo se desfez, mas a alma continuou a viver fora do corpo, não
neste mundo, mas num mundo espiritual, notemos agora alguns
pontos nesta passagem bíblica:

3. APÓS A MORTE DO CORPO A ALMA CONTINUA A


VIVER

Após a morte do Rico e de Lazaro, ambos ainda podiam pensar,


apreciar, viver bem ou mal, Lazaro de acordo com os ensinamentos
bíblicos, tanto Lazaro como rico, estavam bem conscientes, tinham
lembranças de suas vidas antes da morte, sabiam onde estavam, o
rico demonstrou conhecer a Abraão e também a Lazaro, e também
demonstrou arrependimento.

4. A ALMA NÃO PODE VOLTAR AO CORPO

Esta historia mostra que a alma é imortal, mesmo havendo a morte


do corpo, o homem continua a possuir o poder de pensar, enxergar,
conversar, falar, arrepender, porém mesmo havendo
arrependimento a alma não tem o poder de voltar a viver no corpo,
mesmo que seja em um outro corpo qualquer, isto não lhe é
possível, o Rico pediu a Abraão que lhe permitisse voltar à vida,
que ressuscitasse, afim de que pudesse avisar seus irmãos para
não cometem o mesmo erro que ele, porém isto não é possível à
alma.
ECB 57

Escola de Capacitação Bíblica


5. O DESTINO DA ALMA

Enquanto Lázaro estava no seio de Abraão, o paraíso de Deus, que


também Jesus prometeu ao ladrão na cruz, São Lucas 23.43, o
Rico que neste mundo teve uma vida em desobediência, estava no
Hades, um lugar de tormento, de angustia, e de muita dor, lá a sede
é imensa, e as lembranças dos erros desta vida são constantes, o
desejo de voltar ao passado estão ao todo momento, porém isto
não é possível.

Existem dois destinos para a alma, um para os salvos em Cristo, e


outro para aqueles que rejeitaram o amor de Cristo.

6. O DESTINO DAS ALMAS QUE ACEITARAM O AMOR


DE CRISTO

O homem enquanto vive neste mundo, antes da morte física, ele


tem a escolha de aceitar ou não o amor de Cristo, se ele o aceita,
estará aceitando ir morar com Cristo, estar ao lado de Jesus, São
João 17.24, 3.16 a 21, assim a alma daqueles que aceitam a Cristo
estarão na luz para sempre, no momento da morte física, no mesmo
instante vão para o paraíso, São Lucas 23.43, um lugar de gozo
espiritual, um lugar de alegria.

O Paraíso é um lugar de espera até o arrebatamento da Igreja, pois


neste dia Jesus Cristo virá até as nuvens e todos os mortos que
morreram em Cristo, ressurgirão num corpo incorruptível, um corpo
glorioso, Filipenses 3.21, I Coríntios 15.12, e 51-52, e daí para
frente estarão para sempre junto do Senhor, seja no reinado de
Cristo no milênio Apocalipse 3.21 e 20.4, e na eternidade futura a
nova Jerusalém, Apocalipse 21.

7. O DESTINO DAS ALMAS DAQUELES QUE NÃO


ACEITARAM O AMOR DE CRISTO

Aqueles que rejeitam o amor de Cristo rejeitam a vida, a luz, a


salvação da alma, Cristo é a luz do mundo, é a única opção de vida
para a alma, e se alguém o rejeita, esta rejeitando a vida eterna,
São João 5.27 a 29, e 6.47.
Ap 20.15: E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da
vida, foi lançado no lago de fogo.
ECB 58

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 8 - A Divisão dos seres


Humanos

Leitura bíblica:
1Co 2.14,15 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-
las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é
espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”.

1. DIVISÃO BÁSICA DA RAÇA HUMANA

As Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas


classes.

a) O homem/mulher natural (gr. psuchikos, 2.14), denotando a


pessoa irregenerada, i.e., governada por seus próprios instintos
naturais (2 Pe 2.12). Tal pessoa não tem o Espírito Santo (Rm 8.9),
está sob o domínio de Satanás (At 26.18) e é escravo da carne com
suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao mundo, está em harmonia com
ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do Espírito (2.14).
A pessoa natural não consegue compreender a Deus, nem os seus
caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou emoções
humanas.

b) O homem/mulher espiritual (gr. pneumatikos, 2.15; 3.1),


denota a pessoa regenerada, i.e., que tem o Espírito Santo. Essa
pessoa tem mentalidade espiritual, conhece os pensamentos de
Deus (2.11-13) e vive pelo Espírito de Deus (Rm 8.4-17; Gl 5.16-
26).
Tal pessoa crê em Jesus Cristo, esforça-se para seguir a orientação
do Espírito que nela habita e resiste aos desejos sensuais e ao
domínio do pecado (Rm 8.13,14).

Como tornar-se um crente espiritual? Aceitando pela fé a salvação


em Cristo, a pessoa é regenerada; o Espírito Santo lhe confere uma
nova natureza mediante a concessão da vida divina (2Pe 1.4).
Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5, 7), é renovada (Rm 12.2),
torna-se nova criatura (2Co 5.17) e obtém a justiça de Deus
mediante a fé em Cristo (Fp 3.9).
ECB 59

Escola de Capacitação Bíblica


2. UMA DISTINÇÃO ENTRE OS CRENTES

Embora o crente nascido de novo receba a nova vida do Espírito,


ele tem residente em si à natureza pecaminosa, com suas
perversas inclinações (Gl 5.16-21). A natureza pecaminosa que no
crente existe, não pode ser mudada em boa; precisa ser mortificada
e vencida pelo poder e graça do Espírito Santo (Rm 8.13).

O crente obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente (Mt


16.24; Rm 8.13; Tt 2.11,12), deixando todo impedimento ou pecado
(Hb 12.1), e resistindo a todas as inclinações pecaminosas (Rm
13.14; Gl 5.16; 1 Pe 2.11). Pelo poder do Espírito Santo, o próprio
crente guerreia contra a natureza pecaminosa e diariamente a
crucifica (Gl 5.16-18,24; Rm 8.13,14) e a mortifica (Cl 3.5). Pela
abnegação e submissão à obra santificadora do Espírito Santo em
sua vida, o crente em Cristo experimenta a libertação do poder da
sua natureza pecaminosa e vive como um crente espiritual (Rm
6.13; Gl 5.16).

Nem todo crente se esforça como devia para vencer plenamente


sua natureza pecaminosa. Ao escrever aos coríntios, Paulo mostra
(3.1,3) que alguns deles viviam como carnais (gr. sarkikos), i.e., ao
invés de resistirem com firmeza às inclinações da sua natureza
pecaminosa, entregavam-se a algumas delas. Embora não
vivessem em contínua desobediência, estavam em parceria com o
mundo, a carne e o diabo em certas áreas das suas vidas, e mesmo
assim querendo permanecer como povo de Deus (10.21; 2Co 6.14-
18; 11.3; 13.5).

a) A figura do crente carnal


Embora os crentes de Corinto não vivessem em total carnalidade e
rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e iniquidade, que os
separaria do reino de Deus (6.9-11; Gl 5.21; Ef 5.5), estavam
vivendo de tal maneira que já não cresciam na graça, e agiam como
recém-convertidos, sem divisar o pleno alcance da salvação em
Cristo (13.1,2).
A carnalidade deles era vista na “inveja e contendas” (3.3). Não se
afligiam com a imoralidade dentro da igreja (5.1-13; 6.13-20). Não
levavam a sério a Palavra de Deus, nem os ministros do Senhor
(4.18,19). Moviam ação judicial, irmãos contra irmãos, por razões
triviais (6.6-8).
ECB 60

Escola de Capacitação Bíblica


Observe-se que aos crentes coríntios que estavam vivendo em
imoralidade sexual ou pecados semelhantes, Paulo os têm como
excluídos da salvação em Cristo (5.1,9-11; 6.9,10).

b) Perigos para os cristãos carnais. Os cristãos carnais de


Corinto corriam o perigo de se desviarem da pura e sincera
devoção a Cristo (2 Co 11.3) e de se conformarem cada vez mais
com o mundo (2 Co 6.14-18). Caso isso continuasse, seriam
castigados e julgados pelo Senhor, e se continuassem a viver
segundo o mundo, acabariam sendo excluídos do reino de Deus
(6.9,10; 11.31,32). Realmente, alguns deles já estavam mortos
espiritualmente, por viverem em pecados que levam a isso (ver 1Jo
3.15 nota; 5.17 nota; Rm 8.13; 1Co 5.5; 2 Co 12.21; 13.5).

c) Advertências aos cristãos carnais.

 Se um crente carnal não tomar a resolução de se purificar de


tudo quanto desagrada a Deus (Rm 6.14-16; 1 Co 6.9,10; 2
Co 11.3; Gl 6.7-9; Tg 1.12-16), ele corre o risco de abandonar
a fé.

 Devem tomar como exemplo o fato trágico dos filhos de Israel,


que foram destruídos por Deus por causa de seus pecados
(10.5-12).

 Devem entender que é impossível participar das coisas do


Senhor e das coisas de Satanás ao mesmo tempo (Mt 6.24; 1
Co 10.21).

 Devem separar-se completamente do mundo (2 Co 6.14 18) e


se purificar de tudo quanto contamina o corpo e o espírito,
aperfeiçoando a sua santificação no temor do Senhor (2 Co
7.1).
ECB 61

Escola de Capacitação Bíblica

Capítulo 9 - As dimensões da
Imago Dei

A imagem de Deus no ser humano foi distorcida, mas não eliminada


(Gn 9.6; 1 Co 11.7; Tg 3.9).

1. DIMENSÃO RACIONAL

O ser humano recebeu a responsabilidade de exercer domínio


sobre a terra (Gn 1.26-28; SI 8.4-9).
Adão foi instruído a cuidar do jardim.
Adão deu nome aos animais (Gn 2.19-20)
Adão reconheceu que a mulher lhe era uma ajudadora idônea (Gn
2.22-24; ver 2.20).

2. DIMENSÃO ESPIRITUAL
Deus deu a Adão e Eva uma ordem moral (Gn 2.17).
Adão e Eva possuíam um sentido de retidão moral (Gn 2.25).
Adão e Eva reconheceram-se culpados logo após a sua
transgressão (Gn 3.7)
Isto parece indicar que a imagem incluía a justiça original (Gn 1.31;
Ec 7.29).

3. DIMENSÃO SOCIAL
Adão e Eva [presumivelmente] falavam um ao outro (Gn 2.18,23;
3.6-8; 4.1).

4. CONCEPÇÕES SOBRE A NATUREZA DA IMAGO DEI

Concepção Apoio Problemas


Concepção Imagem (tselem) em Este conceito define
Substantiva Gênesis 1.26 pode ser Deus ao definir o ser
A imagem de Deus traduzida por “estátua”; humano.
consiste em uma assim, a passagem Deus é espírito (ver Jo
característica específica pode dizer: “Façamos o 4.24). Em que sentido,
física, psicológica e/ou homem parecido então, o nosso corpo
espiritual existente na conosco.” Em João físico representa a
ECB 62

Escola de Capacitação Bíblica


natureza humana. 1.14-18 (e outros Deus? Além disso, os
lugares) fica claro que pássaros e outros
Jesus era Deus e que animais têm corpos
ele tinha um corpo físicos mas não se diz
humano. que foram feitos à
imagem de Deus (ver Gn
1.20-23).
Concepção Funcional Gênesis 1.26-28 diz Gênesis 1.27 indica que
A imagem de Deus claramente que o ser Deus criou o ser humano
consiste no que o ser humano deve governar à sua imagem antes de
humano faz. ou ter domínio sobre o lhe dar o domínio.
restante da criação. Portanto, a Imago Dei
Deus claramente pode ser algo diferente
governa. da capacidade de
dominar.
Concepção Relacional Deus criou o “homem” Gênesis 9.6 e Tiago 3.9
Somente quando temos macho e fêmea (Gn tornam claro que o ser
fé (isto é, “interagimos”) 1.26- 27), indicando o humano não regenerado
em Jesus Cristo nós aspecto relacional de também foi criado à
possuímos plenamente Deus na humanidade. imagem de Deus.
a imagem de Deus. Êxodo 20; Marcos
12.28-31 e Lucas 10.26-
27 também sugerem as
dimensões relacionais
de Deus e da
humanidade.
Toda a Palavra de Deus
registra a natureza
relacional de Deus.
Concepção Reformada Parte da imagem de Gênesis 1.26-28 não se
A imagem de Deus no Deus no ser humano refere a divisões da
homem são as está no ser espiritual, imagem de Deus; antes
tendências conscientes moral e imortal do fala de uma única
do ser humano e o homem, que foi imagem de Deus.
conhecimento “mutilado mas não
verdadeiro do ser apagado.” (Ver Gn 8.15
humano. - 9.7; SI 8.4-9; 1 Co
Parte da imagem de 11.7; 15.49; Tiago 3.9;
Deus no homem (isto é, Hb 2.5-8).
a sua “imagem natural”) O conhecimento da
foi obscurecida mas não justiça e da santidade
destruída pelo pecado, e por parte do ser humano
ECB 63

Escola de Capacitação Bíblica


parte da “imagem moral” foi perdido por causa do
de Deus foi perdida pelo pecado e é restaurado
ser humano em por Cristo. (Ver Ef 4.22-
consequência do 25; Cl 3.9-10).
pecado, mas é Deus é consciente e
restaurada por Cristo. possui verdadeiro
conhecimento.

5. A NATUREZA HUMANA À IMAGEM DE DEUS


(1) A Bíblia ensina claramente que Deus, mediante decisão
especial criou a raça humana, à sua imagem e semelhança (Gn
1.26,27).

Portanto, nem Adão nem Eva são produtos de evolução (Gn


1.27; Mt 19.4; Mc 10.6;).

Por terem sido criados à semelhança de Deus. Adão e Eva


podiam comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele e
espelhar o seu amor, glória e santidade.

5.1 O Homem é a Imagem de Deus

A imagem de Deus não é uma semelhança física. A Bíblia


declara que Deus, que é Espírito onipresente, não pode ser
limitado a um corpo físico (Jo 1.18; 4.24; Rm 1.20; Cl 1.15; 1
Tm 1.17; 6.16).

O homem e a mulher, igualmente, foram criados à imagem e


semelhança de Deus. À base dessa imagem, podiam comunicar
se com Deus, ter comunhão com Ele e expressar de modo
incomparável o seu amor, glória e santidade. Eles fariam isso
conhecendo a Deus e obedecendo-o (2.15-17).

a) Eles tinham semelhança moral com Deus, pois não tinham


pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e
o poder de decisão para fazer o que era certo (Ef 4.24).

Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia


obediência moral (Gn 2.16,17) e plena comunhão. Quando Adão
e Eva pecaram, sua semelhança moral com Deus foi desvirtuada
(Gn 6.5). Na redenção, os crentes devem ser renovados
segundo a semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl 3.10).
ECB 64

Escola de Capacitação Bíblica


b) Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus. Foram
criados como seres pessoais tendo espírito, mente, emoções,
autoconsciência e livre arbítrio (Gn 2.19,20; 3.6,7; 9.6).

 Quando Adão e Eva pecaram, essa imagem de Deus


neles, foi seriamente danificada, mas não totalmente
destruída.

Inevitavelmente, a semelhança moral de Deus, no homem, ficou


arruinada quando Adão e Eva pecaram (Gn 6.5); deixaram de
ser perfeitos e santos e passaram a ser propensos ao pecado;
propensão esta, ou tendência que transmitiram aos filhos (Gn
4.; Rm 5.12 ).

O Novo Testamento confirma o estrago da imagem de Deus no


homem, quando declara que o crente redimido deve ser
renovado segundo a semelhança moral de Deus (Ef 4.22,24; Cl
3.10); e

Apesar de o ser humano ser pecador como é, ainda retém uma


porção elevada da semelhança de Deus, na sua inteligência, e
na capacidade de comunhão e comunicação com Ele (Gn 3.8-
19; At 17.27,28).
ECB 65

Escola de Capacitação Bíblica

Referências Bibliográficas
- Apontamentos de Obras de Watchman Nee

- Bergstén, Eurico. A Santa Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo - CPAD

- Bíblia Anotada

- Bíblia Dake, CPAD

- Bíblia de Estudo Palavra Chave, CPAD

- Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD

- Champlin, R. N. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia - Hagnos

- Horton, M. Stanley. Teologia Sitemática – CPAD

- luizantoniooliveira.wordpress.com

- Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Vida

- SILVA, Severino Pedro da. O Homem: O homem: corpo, alma e espírito.

Edição de 1988. CPAD

- Teologia Cristã em Quadros - H. WAYNE HOUSE – Ed. Vida

- www.bepeli.com.br

- www.ebdweb.com.br

- www.palavraqueliberta.com.br
ECB 66

Escola de Capacitação Bíblica

Você também pode gostar