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Faculdade de Teologia
Escatologia –2013/2
Pe. Lindomar Rocha Mota
Álisson Alves de Almeida
11/09/2013
A escatologia veterotestamentária
A escatologia neotestamentária
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morte que tem seu “lugar” escatológico na pessoa do próprio Jesus: “Ainda hoje estarás
comigo no paraíso” (Lc 23,43).
A escatologia presente no texto de João refere-se aos conceitos de vida eterna, juízo e
ressurreição como elementos que dão corpo à sua mensagem escatológica. A vida eterna e o
juízo dependem da aceitação da realidade do Filho na pessoa do Verbo encarnado. Esta
presença de Jesus, ao ser rejeitada, faz o homem cair na condenação. A decisão de fé a favor
ou contra Jesus antecipam a vida eterna ou o juízo de condenação, mas não o fim, pois poderá
ser submetida a um juízo ulterior no futuro último de Deus. A plenitude da vida futura, porém,
está associada à escuta da palavra e à “manducação sacramental” do corpo e sangue de Cristo.
A escatologia paulina põe como seu eixo principal a ressurreição de Cristo, este é o
momento da irrupção do tempo escatológico na história presente. Assim, a ressurreição de
Cristo está no início de toda ressurreição como modelo e causa para os que creem. A vida
ressuscitada é já real no presente histórico, mas sua plenitude será no momento em que
partilharemos em nosso corpo da condição gloriosa do Ressuscitado. O proceder teológico de
Paulo tem em vista duas formas de existência cristã: a terrena (transitória) e a celeste
(duradoura, perfeita). A morte do crente é quem acaba com esta tensão, pois assim estará ele,
com Cristo, na morte, como uma real antecipação da existência gloriosa na ressurreição final
com o corpo celeste. A parusia é a definitiva libertação de tudo o que é passível de
condenação, onde os cristãos tomam parte na plenitude de vida inaugurada pela ressurreição
de Jesus Cristo.
Os demais escritos do NT orientam a escatologia da vida cristã em relação à
experiência de fé em Jesus Cristo. A procura de uma “cidade futura” é o novo estatuto
escatológico dos que não vivem mais segundo a promessa, mas que já podem gozar, pela, do
cumprimento da obra de Deus. Contudo, o acesso ao Pai só se tornou possível pela obediência
de Seu Filho, Jesus Cristo, no seu perfeito e eficaz sacrifício sacerdotal. As cartas católicas
concentram sua atenção no viver cristão como antecipação da parusia. Neste dia, o juízo
escatológico será revelado universalmente, em todo o seu alcance de decisão e de
discriminação. Os cristãos, porém, são chamados a viver como ressuscitados, na certeza de
que Deus garantirá sua promessa futura. A escatologia do Apocalipse remete-se sempre a
Jesus, “o primogênito dos mortos”, que oferece um sentido à história dos cristãos e determina
seu pleno cumprimento no futuro.
Por fim, a escatologia dos apocalipses cristãos busca a narração de todas aquelas
coisas que acontecerão no futuro do mundo e da humanidade. O apocalipse de são Pedro,
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relevante por ser o texto mais antigo que apresenta as ideias de céu e terra, traz os temas do
juízo, do destino final dos justos e ímpios e o lugar dos mesmos. No dia do juízo, da vinda do
Senhor, haverá a ressurreição dos mortos e, assim, a terra também será restituída e julgada;
um juízo com proporções cósmicas. O lugar será Jerusalém e cada um será julgado conforme
as suas obras. O destino dos ímpios é descrito com detalhes, uma espécie de sofrimento para
cada tipo de pecado, uma punição proporcional ao pecado e em lugares de onde não se pode
mais voltar. O destino final dos justos é “a eterna felicidade”. O lugar do prêmio é o “paraíso
aberto”, lugar provisório, destinado aos pais justos do AT e o “céu” reservado aos fiéis e
justos. O céu é um lugar de alegria, onde todas as almas engrandecem ao Senhor eternamente
ao lado dos anjos.
O apocalipse de Paulo é de caráter mais individual. Os elementos escatológicos
fundamentais deste escrito se dão de forma diversa à maneira do apocalipse de Pedro, não se
referindo a um fim da história, mas ao destino do indivíduo que se segue imediatamente
depois da morte. O destino da alma após a morte é o que dá todo o contorno do escrito. O
juízo de Deus será de misericórdia para a alma que usou de misericórdia e será levada ao céu;
a alma do pecador, porém, é destinada às trevas “onde há choro e estridor de dentes”. O
acento posto numa escatologia de perspectiva individual, marca a característica do juízo
particular e da consequente retribuição depois da morte de cada um. Assim, Paulo relatava,
com pormenores vivos e práticos, o futuro de cada homem. O lugar do prêmio é constituído
de várias regiões, mas o verdadeiro “paraíso” é a “Cidade de Cristo”, a qual tem no seu centro
o rei Davi, de rosto esplendoroso como o sol e dotado de grande poder. Segue-se, enfim, uma
descrição bastante sóbria do paraíso, mas um lugar cheio de delícias, onde abunda a vida.
Enquanto o inferno é bastante explicado, com demasiados pormenores que identifica e
qualifica os condenados.