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ESCATOLOGIA

ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS (do grego):


“éescatos”, último,
" logos " estudo.

Há distinção entre a escatologia individual (futuro pessoal selado na hora da morte de cada um) e a escatologia
cósmica (futuro da raça humana, sobre todas as pessoas num evento cósmico).

A Escatologia Nos Evangelhos


O Senhor Jesus no Monte das Oliveiras (Mt 24:3; Mc.l3:l-2; Lc. 21:5-36) proferiu o Sermão Profético (ou
escatológico), respondendo às interrogações dos discípulos, acerca do fim do templo e da cidade santa Mt 24:1-2

Há três eventos escatológicos no Sermão.


1° Destruição do Templo e da cidade santa
2° A volta do Senhor.
3° O fim do mundo.

1.º Aos judeus, a grande tribulação referia-se a um sentido histórico. Quando os romanos sitiaram, e no ano 70 de dC
invadiram e destruíram a cidade e o templo de Jerusalém. A destruição do templo é uma figura do juízo de Deus no fim
do mundo.

2.º A expectativa da volta de Jesus antecede uma solene advertência (Mt 24:4-14 “Que ninguém vos engane... o
Evangelho pregado a todas as nações então...) seguida de uma minuciosa sinalização do fim.
Será precedida pelo aparecimento do Anticristo, pela Grande Tribulação e pela Ressurreição dos salvos A
exemplo dos sinais messiânicos, da ressurreição de Lázaro e do filho da viúva de Naim, o corpo há de experimentar a
ressurreição corpórea.
Prometida aos que crêem. No Antigo Testamento: Isaías 26:19. Daniel 12:2.
No NT. Jesus adverte aos saduceus, os quais negavam a ressurreição, de errarem por desconhecerem as
Escrituras e o poder de Deus (Mc.12:24). Jesus fala da ressurreição dos justos em Lc. 14:14.

3º A volta de Jesus (2ª) resultará no grande juízo final. O final deste mundo, desta era.
Está definido que ocorrerá após a Segunda vinda. O Senhor Jesus, sentar-se-á num trono glorioso e julgará
todas as nações cf. Mt. 25: 31-33 (ovelhas serão separadas dos bodes). Deus delegou a autoridade de juiz ao Filho
conforme João 5:22,27. Serão julgados de acordo com sua vida terrena, serviço prestado a Jesus ou deixado de prestar
a Jesus, não é mera caridade (prática das boas obras) conforme Mt. 25:31-46. Jesus disse: "porque o Filho do homem
há de vir na gloria de seu Pai, com os seus anjos, e, então retribuirá cada um conforme as suas obras” (Mt. 16.27).
Lembrar que crer em Cristo é a maior ação pela qual o homem confirma o eterno propósito de Deus, e as boas obras
que o seguem são atestados de que são filhos de Deus.
A decisão do juízo será eterna (permanente irrevogável) ou "para o castigo eterno", ou "para a vida eterna”
conforme Mt.25:46. Mas haverá “menos rigor para... Sodoma” do que para Cafarnaum. Conforme Mt. 11:24.

O destino final Será habitação definitiva.

ESCATOLOGIA NO QUARTO EVANGELHO


Enquanto nos Evangelhos sinópticos a centralidade temática é o reino de Deus, no de João o reino é mencionado
apenas duas vezes, e a mensagem central é a vida eterna, a qual é oferecida aos homens já nesta era (presente).
No lugar do sermão profético encontra-se o sermão transmitido no cenáculo (caps. 13-16) com a imediata
vinda do paracleto, mas também faz menção da parousia real de Jesus no cap. 14.2-3, (pode ser para buscar
individualmente o crente na hora da morte pela atuação de anjos, talvez, mas indica muito mais o dia da reunião final com
ele) conforme declarou Jesus em 21.22 que através da morte o crente segue ao seu encontro — e este é o ensino do
NT.
C H Dodd indica que a escatologia neotestamentária apresenta a proclamação da mensagem de Jesus como
uma irrupção do mundo eterno no mundo temporal. Através de sua morte, ressurreição, exaltação e parousia o reino de
Deus irrompeu na História, e trouxe esperança aos que crêem, pela ressurreição prometida, na certeza da experiência
presente de Cristo por meio do paracleto.
T. A. T. Robinson defende o ponto de vista de que a escatologia não apocalíptica de João, está mais próxima do
ensino de Jesus que dos Sinópticos, que teriam sido influenciados pela mentalidade apocalíptica futurista. Assim também
concorda Ladd, ao dizer que “...João sublimou de modo tão completo a escatologia no misticismo (i. é., na habitação de
Cristo no crente), em termos do dualismo platônico, que concebe uma ordem eterna de existência, em que a ordem
fenomenal satírica é sombra e símbolo, de tal forma que a vida eterna já ‘não é mais uma esperança para o último dia’.
No pensamento Joanino, ‘tudo quanto a Igreja esperou, com relação à segunda vinda de Cristo, já lhe foi concedido
através de sua experiência presente de Cristo através do Espírito’. Dessa forma, o Quarto Evangelho, que na cronologia
é o mais distante de Jesus, em seu significado, é o que se encontra mais próximo dele.” (Ladd, p. 284-285).

Principais diferenças com relação aos sinóticos:


Escatologia realizada X Escatologia futurista: Alguns eruditos como Bultmann, analisam a escatologia joanina como
sendo de ênfase diferente dos Sinóticos (que centralizam-se na escatologia futurista), denominando-se escatologia
realizada. Kummel, um dos que refutam as idéias de Bultmamm, argumenta que uma escatologia futurista era essencial
na estrutura do pensamento joanino, a qual expressava a esperança não em termos apocalípticos, mas em atendimento
místico às expectativas do indivíduo e não do povo de Deus como um todo (o todo era, o centro da escatologia futurista
dos sinóticos). Já que o propósito não era de suplementar os sinópticos, mas afirmar seu verdadeiro significado. A glória
de Deus estava presente em Jesus, pois veio da eternidade, como enviado de Deus à era presente. Concordam com a
argumentação de Kummel: W.F. Howard, autor de uma das melhores pesquisas feitas sobre a escatologia de João; C.
K. Barret o qual afirma que não há conflito entre o "místico e o escatológico".
Portanto, a escatologia realizada, no Quarto Evangelho é correlacionada a nível individual e portanto não está
em substituição da escatologia futurista, precisa ser entendida apenas como correlativa.

Sobre vida eterna, Reino de Deus, Parousia e ressurreição:


Se os Sinópticos reconhecem um dualismo vertical, mas dão ênfase ao escatológico, João reconhece o
escatológico mas dá ênfase ao vertical.
Nos Sinópticos, a vida eterna é o reino de Deus, e pertence à Era Porvir (Mc. 10.17-40). Sob ênfase no
dualismo vertical, como também um dualismo escatológico. O céu é uma realidade superior, onde os filhos de Deus
podem entesourar recompensas (Mt 5.12; 6.1,20).
No Quarto Evangelho, a vida eterna é uma realidade presente, e pertence ao agora, sendo uma qualificação
para entrar no Reino de Deus no futuro (uma bênção escatológica) conforme cap. 3.3,5,16 (equivalente a Mc 10.15.
Além do mais, os Sinópticos consideram aqueles que recebem o reino como filhos de Deus Mt 5.9,45). A ênfase primária
em João é o dualismo vertical, sem perder de vista o dualismo escatológico: as duas vidas (12.25), os dois membros,
satanás e o mundo do qual é o príncipe (12.31 ).
Langston defende que no pensamento de João, somente quatro ou cinco passagens se referem diretamente à
segunda vinda de Jesus: Jo 14.3; 21.22; I Jo 2.28.
O pensamento joanino acerca da parousia reflete o pensamento da igreja primitiva que nutria a esperança de
uma breve segunda vinda de Jesus, da qual só Deus sabe o dia.
No Quarto Evangelho, a vida ressurreta (11.25-26), tanto futura quanto presente, está em Cristo, mesmo aos
que passarem pela morte física, viverão de novo; e aqueles que desfrutam a bênção presente da vida espiritual em Cristo,
mediante a fé nEle, irão entrar um dia na existência imortal (Jo 5.25,26).

A ressurreição futura do corpo aparece em:


(6.39-40) Que a vontade de Deus é que nenhum dos que crêem se perca, mas seja ressuscitados no último dia
(6.44) Que ninguém pode vir a Jesus, se o Pai não o trouxer; e esse será ressuscitado no último dia.
(6.54) Que a pessoa que come (participa) a carne e bebe o sangue de Jesus tem a vida eterna; e será ressuscitado no
último dia.
Um marco da realidade espiritual da ressurreição está em:
(5.28,29) "Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e
sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do
juízo.”
Jesus após a ressurreição (a primícia da ressurreição) trazia as marcas da crucificação (20.25-27). Quem o rejeita agora,
será rejeitado na sua vinda (5.21-30 conforme Mt. 7.22 “... em teu nome fizemos.. muitos milagres...".

O KERIGMA ESCATOLÓGICO DA IGREJA PRIMITIVA


O kerygma (Proclamação, pregação de um mensageiro real) da igreja primitiva, anunciou que Jesus era o
Messias aguardado (Atos 5.42; 8.5; 9.22). Introduzindo e utilizando o título “Cristo” não tanto como um nome próprio de
Jesus, mas como uma construção formal da mensagem.
O título Senhor é encontrado pelo menos 20 vezes no Kerygma primitivo, em combinações como: "O Senhor
Jesus", "O Senhor Jesus Cristo", "nosso Senhor Jesus Cristo”. Em Atos kyrios é usado tanto para Deus como para Jesus
exaltado. Jesus tornou-se Senhor (2.36,39).
• Jesus como Senhor exerce atribuições divinas.
✓ Ele é objeto de fé (2.21;3.16);
✓ Ele derrama o Espírito (2.33);
✓ Ele é o autor da vida (3.15);
✓ Ele é santo (4.27);
✓ Ele é o mediador da oração (4.29);
✓ Ele dá arrependimento e perdão (5.31);
✓ Ele está assentado à destra de Deus para receber o espirito do primeiro mártir (7.55,59).
✓ Ele será o juiz do mundo (10.42);

O significado de Kyrios, foi plenamente desenvolvido nos escritos paulinos, reforçando o que no Kerigma
escatológico primitivo fundamentou a edificação da Igreja (Eklesía): A confissão cristã primitiva consistiu em declarar o
Senhorio de Jesus. O salvo era aquele que confessava Jesus como Senhor (Rm. 10.9), conforme (apenas) a
capacitação do Espírito Santo (I Co.l2.3). Tal confissão tinha o significa de reconhecer que Deus exaltou a Jesus e
conseqüentemente o cristão aceitava-o e se submetia pessoalmente ao Seu Senhorio.

Ladd refuta a conclusão de muitos eruditos modernos que negam este tipo de cristologia, como tendo suas
raízes na igreja primitiva (para eles a igreja primitiva não pensou em Jesus como kyrios, mas apenas como o Messias
escatológico ou Filho do Homem celestial. Acreditam que só com a expansão do evangelho aos gentios é que começou-
se a pensar em Jesus como Senhor.). Afirmando que na oração de Paulo em 1 Co 16.22 encontra-se “O calcanhar de
Aquiles” (ponto fraco) para estes teóricos, pois ali Paulo utilizou a palavra aramaica “Maranata” (“Mar” significa Senhor) e
isto prova que Jesus exaltado é o Senhor.

A exaltação de Jesus significa que ele é Senhor (kyrios), como também é o Messias. "Deus o fez Senhor e
Cristo" (At.2.36). Pedro ao testemunhar sinaliza que a vida e obra de Jesus ainda estavam bem presentes na memória
do povo (At.2.22ss); no dizer de Ladd "A impressão mais vívida que se tem é a de um homem poderosamente dotado da
parte de Deus" (p. 313).

Dodd diz que a pregação primitiva acerca do kerygma terminava sempre apelando ao arrependimento com o
anúncio do perdão gratuito e a promessa de salvação (At.2.38,39) e do Espírito Santo.
A partir do advento da ressurreição de Jesus e sua exaltação, a Igreja rompeu com o judaísmo (cf. Lucas), ainda
em pequeno agrupamento (120 crentes), conclamava ao restante de Israel ao arrependimento e a crer no Cristo
crucificado, como verdadeiro Messias exaltado à destra de Deus, isto é, entronizado como Rei Messiânico (At.2.36). Cf.
At.2.30 anunciado a Davi.
O Reino de Deus foi o tema central da pregação de Jesus. Lucas, em Atos l.3, registra que Jesus após sua
ressurreição, continuou instruindo seus dïscipulos acerca do reino de Deus., visto que eles ainda tinham idéias teocráticas
e nacionalistas acerca do Reino cf. 1.6. Posteriormente, os apóstolos testemunharam os feitos poderosos do Senhor (At.
10.38,39) toda a terra de Israel.
Foi com esta mensagem que a Igreja também expandiu o kerygma escatológico por todo mundo mediterrâneo,
ao anunciar que O Senhor Jesus Cristo voltará como Senhor dos senhores e Rei dos rei, para um juízo final.

O Kerigma anuncia: Jesus retomará, como Messias, não como o Filho do Homem (servo sofredor), para trazer
tempos de refrigério ao seu povo e completar a restauração de todas as coisas anunciadas pelos profetas (3.19-21), e
para entregar o reino ao Pai pela consumação escatológica anunciada (At.3.l9ss).

A ESCATOLOGIA NAS EPÍSTOLAS PAULINAS

Paulo acrescenta acerca da transformação que ocorrerá na vinda de Cristo. Quando a glória que há por vir,
será revelada em nós, justiça, paz e alegria no Espírito Santo: (Rm 8.18;14:17).
Em Filipenses 3.11 este acontecimento tem o sentido literal de “ressurreição para fora dos mortos', indicando
que os outros mortos somente ressurgirão depois (cf . Ap. 20.6).
Nas páginas do Novo Testamento está prevista a conversão de Israel como nação (“remanescente” Rm 11:15-
32.), porém, nem Jesus (embora revelou no sermão escatológico que Jerusalém será controlada ( “pisada” ) por Gentios
até o tempo determinado cf. Lc. 21.24), nem Paulo, anunciou o reestabelecimento político de Israel. O Israel espiritual
deve orar constantemente pela conversão de Israel (judeus espalhados por todo o mundo), porque o evento futuro mais
importante para a Igreja está dependente da rendição de Israel ao senhorio de Jesus Cristo. Ao ecoar a última trombeta,
os mortos ressuscitarão e os cristão vivos serão transformados num piscar de olhos, recebendo do Senhor corpos
glorificados. A ordem cronológica da ressurreição será a seguinte: primeiro Cristo, as primícias; depois os que são de
Cristo, na sua vinda (1ª Co 15.23). Então ( "depois" ) Ele entregará o reino ao Deus e Pai, após ter literalmente sujeitado
todos os poderes da oposição satânica e humana, debaixo dos seus pés (1ª Co 15.24).

O arrebatamento é mencionado no Novo Testamento pela primeira vez por Paulo (1ª Ts 4.17). O apóstolo
ensinara aos novos convertidos, o Evangelho integral que agrada a Deus (1ª Ts 2.3-5) . 2ª Tessalonicenses foi escrita
para orientar e tranqüilizar aos que pensavam que a volta de Cristo ocorreria a qualquer instante. O primeiro sinal que
deve acontecer antes é o afastamento das igrejas (Católicas Romanas e Ortodoxas e outras do Santo Evangelho) cf. 2ª
Tes. 2.3. Depois Algo ou Alguém (no grego está no Neutro) impede que Ele se manifeste (2ª Ts. 2.6,7), dispensacionalistas
em geral identificam como sendo a Igreja ou o Espírito Santo, porém não existe apoio no NT para esta teoria. A conclusão
revelada, aponta aos tessalonicenses, que há dois eventos precedentes a Volta de Cristo: l) Apostasia Universal (mais
provável que o mercado religioso a provocará, por causa de múltiplos escândalos e decepções, o que impede pode ser o
papado, uma das cabeças do Império romano) e 2) Aparição do Anticristo (o homem da iniquidade (sem Lei - homem
do pecado) - 2ª Ts. 2.3, ou A Besta de Apocalipse).

Os crentes fiéis, amam a vinda do Senhor, como uma bendita esperança diz a Tito em 2.13, que os alimenta
espiritualmente ao contemplar a revelação visível do reino, por isto serão galardoados pelo Senhor (2ª Tm 4.1,8), daí,
proclamarem a parousia na evangelização mundial, dentro do mundo como sal e luz, em função do amor de Deus por
todos os homens e a sua vontade em salvá-los antes do dia final, pois aguardá-lo implica em santificação.

A ESCATOLOGIA NA EPÍSTOLA AOS HEBREUS


Aos Hebreus apresenta o ponto de vista característico do Novo Testamento, que o crente está unido a Cristo
pela fé e por isto já provou (teve contato) "os poderes do mundo vindouro" (6.5), e já estão livres do juízo horrível e do
fogo vingador que castigará os adversários (10.27), porque terão sido ressuscitados, isto é, aperfeiçoados num único e
santo povo de Deus, inclusive com todos os heróis da antiga dispensação cf. 11.40.
A ESCATOLOGIA NAS EPÍSTOLAS GERAIS
Nas Epístolas Gerais: Tiago reafirma que a vinda do Senhor está próxima (5.7-8). O apóstolo Pedro exorta os
crentes a louvar ao Senhor por causa da viva esperança que a ressurreição de Cristo outorgou (1ª Pd. 1.3). Crentes fiéis
são guardados por Deus mediante a fé para a redenção preparada para ser revelada no último dia (1.3-5) quando Jesus
será revelado (v.7). A Igreja sofrerá, sendo purificada pela perseguição, mas o mundo sofrerá o terrível juízo em
conseqüência do ódio e maldade praticados contra os santos.
Em 2ª Pedro o tema da Segunda Vinda aborda de forma séria e impressionante o surgimento de
escarnecedores por causa da “demora” ( evidência da longanimidade de Deus para com os pecadores ) da chegada do
fim, mas isto não anula a esperança da parousia, é um prenúncio do juízo de Deus a este mundo. Pedro como João
chamam a restituição dos céus e a terra de novos céus e nova terra. (cf 2ª Pd 3.1-13; Ap. 21 e 22; tb. Is 66:22, Compare
com a "regeneração" de Mt. 19.28; a "restauração de todas as coisas" em At 3.21, e a "redenção do nosso corpo/criação"
mencionada em Rm 8.23.
Em 1ª João os cristãos da Ásia foram alertados acerca de que o Anticristo virá (v. 2:18). E que na vinda de Cristo,
a sua manifestação nos tornará semelhantes a ele – em sua natureza e suas características "porque havemos de vê-lo
como ele é (3:2).

Resumo de detalhes escatológicos (importantes) encontrados nas epístolas:


1) A conversão da nação judaica – (Rm 11.15-32).
2) A redenção da criação após a remoção da maldição – (Rm 8.19-24, cf. Is. 65.20-25).
3) O arrebatamento da Igreja precedido pela ressurreição dos justos – (1ª Ts. 4.13-17).
4) A apostasia e o Anticristo precedem a parousia , ocasião em que este homem iníqüo será destruído pelo sopro da
boca de Cristo e pela manifestação da sua gloriosa vinda. – ( 2ª Ts. 2.8 ).
5) A Vinda do Senhor Jesus será para entregar o reino ao Pai, tendo todos os inimigos (domínios e autoridades)
subjugados, inclusive a desunião entre cristãos e a morte – (1ª Co 15.23-28).
6) O surgimento de novos céus e nova terra (desfeitos os presentes elementos) na vinda de Cristo. – ( 2ª Pd. 3.10-13).
7) Ao voltar Cristo será adorado por todos, inclusive anjos, homens e espíritos rebeldes – (Fp. 2.9-11; Ef.1.10; Cl.
1.20).

Exortações e advertências:
a) A parousia está vinculada ao cumprimento da missão da Igreja até os confins do mundo (At 1:8).
b) Através de "muitas tribulações entraremos no reino de Deus" (At 14.22). Cristãos sinceros não ficam perturbados
com as perseguições.
c) A vida do povo de Deus é um serviço ao Senhor de tal modo que não sofrerá vergonha quando ele voltar. Em Sua
vinda prestaremos contas diante do tribunal de Cristo (Rm 14.10; 2ª Co 5.10, 1ª Jo 2.28).

A ESCATOLOGIA EM APOCALIPSE
Apocalipse no grego (apokalupis) significa "desvendando", “revelando”. Assim como toda literatura apocalíptica
é escatológica, o livro revelado por João aborda a questão dos "tempos finais", será o término deste mundo conforme o
conhecemos, e como será o começo de uma nova era (novo ciclo/século), ou, em alguns casos, o estado eterno, será o
perfeito estabelecimento do Reino de Deus.
A declaração acerca da profecia diz que as coisas brevemente hão de acontecer (Ap. 1.2,3) O evento indica a
segunda vinda de Jesus Cristo, quando todos o verão (1.7).

Conteúdo e estrutura literária do Apocalipse (Ladd; p.573-574).

O esquema é indicado pela expressão "em espírito" ( 1.10; 4.2; 17.3; 21.10).

A primeira visão (1.9-3.22). Cristo exaltado e suas cartas às sete igrejas na Ásia Menor. Outras igrejas existiam na Ásia,
nessa época, estas sete são escolhidas para representarem toda a igreja. Nestas cartas, encontramos a mensagem de
Cristo para sua Igreja em todos os tempos.

A segunda visão (4.1-16.21). O trono celestial, um livro selado com sete selos na mão de Deus. Só o Leão da Tribo de
Judá —é o Cordeiro de Deus sacrificado (4.1-ll) poderá abrir o livro e revelar seus mistérios. O tema central é o conflito
entre Deus e Satanás, retratado, em figuras mitológicas, como um grande dragão vermelho (12.3,4).

A terceira visão (17.1-21.8) A grande prostituta, Babilônia (17.1-5), a grande cidade que será julgada e destruída, um
hino de louvor celebrará sua destruição (19.1-5). E finalmente a vitória de Deus sobre os poderes do mal.

A última visão (21.9-22.5) A Jerusalém celestial — a Noiva, a esposa do Cordeiro.

Epílogo (22.6-21), Convite da parte de Deus aos homens, a receberem de graça da água da vida (22.17).

Métodos de Interpretação (Shedd; p.39-40)

Há quatro escolas (métodos) de interpretação do livro do Apocalipse:

l. Preterista - entende o livro como uma descrição e exortação aos leitores originais nas sete igrejas da Ásia. Intérpretes
desta escola esclarecem a situação contemporânea no Império Romano. Poucas predições ainda restam para ser
cumpridas.

2. Histórica-contínua - interpreta o livro como uma predição (não muito detalhada ou óbvia) dos eventos que têm
transcorrido desde João até o fim da época. A história da Igreja é o tema do apocalipse partindo deste ponto de vista.

3. Idealista ou Espiritual - encara o livro como uma descricão não-histórica da luta entre o bem (Deus ) e o mal (forças
iníquas), e são apresentadas de forma, muito geral — sem pormenores. O elemento de predição de eventos específicos
é rejeitado.

4. Futurista - dá plena atenção ao fato que o livro deve ser encarado como profético. Descreve em linguagem
figurada, eventos que ocorrerão antes, durante e depois da vinda de Jesus Cristo. Esta escola está dividida entre
os dispensacionalistas (dois programas divinos distintos: um para Israel e um para Igreja) e os pré-milenistas
clássicos (crêem que Jesus voltará antes dos mil anos (milênio Ap 20:2-6) e reinará sobre o mundo que sobreviverá
à destruição e julgamento que serão visitados sobre a terra na grande tribulação).

Ladd (p.577-584) resume a mensagem central do livro em três partes:

1) O problema do mal - o Apocalipse prevê um terrível mal num curto período no fim da história humana, conforme Mt
24.15-22 e que será promovida conforme 2ª Ts 2.3-10 por um personagem que será preparado e ajudado por satanás,
num desafio blasfemo a Deus, quando exigirá que os homens o adorem, no lugar de Deus. Ser-lhe-á permitido
empreender uma guerra contra a Igreja, e ele exercerá poder sobre o mundo inteiro (Ap 13.1-10).

2) A visitação da ira – O retorno de Cristo lançará pragas e flagelos semelhantes aos que Faraó recebeu no Egito, juízos
aos homens ao derramar das sete taças da ira de Deus. Simbolizam algum tipo de juízo ou dores que Deus lançará na
última hora da luta entre o Cordeiro e o Dragão. (16.1).

3) A vinda do Reino - é descrita em termos de uma guerra antiga, que resultará na destruição do mal e a bênção da vida
eterna. A Segunda vinda de Cristo, descrita em 19.11-16, aponta a destruição do mal. Cavalgando um cavalo de batalha
e usando vestes manchadas de sangue da batalha, Sua única arma é uma espada afiada, provinda de sua boca - Sua
palavra. A conquista não é militar, é Sua vitória sobre o mal no poder de sua palavra.
BIBLIOGRAFIA:

CHAMPLIN, R. N. & BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. volume I. 4. ed São Paulo: Candeia,
1997.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Trad. de Darci Dusilek e Jussara Mmindir Pinto Simões Árias.
3.ed. São Paulo: Exodus, 1997.

SHEDD, Russel Philip. A Escatologia do Novo Testamento. São Paulo, Vida Nova, 1991.

LANGSTON, A. B. Teologia Bíblica do Novo Testamento. 3. Ed . Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1955

GOPPELT, Leonhard. Teologia do Novo Testamento. Tradução de Ilson Kayser. São Leopoldo/RS: Sinodal, 1982

Concepções Milenistas
O reino milenar (20.1-10) Apocalipse 20.4-6:
 O capítulo 20 do Apocalipse tem sido interpretado de muitas modos contraditórias.
“Desde que o místico italiano Joaquim de Fiore, na Idade Média, anunciou o advento do reino milenar de
Cristo, afirmando que Jesus voltaria à terra para estabelecer seu reino com a duração de mil anos, até os
nossos dias muitos sistemas escatológicos são identificados pelo modo como abordam a questão do milênio.”
(EBD 4 TRI/92 JUERP Pr. João Ferreira Santos)

Uma questão chave para entendermos o milênio é reconhecer o Apocalipse como um gênero literário que
tem como fundamento a linguagem figurada.

- No presente momento, as escolas de interpretação bíblica que melhor se aproximam dessa posição são a Escola
Bíblica de Jerusalém que tem como fundamento os documentos bíblicos descobertos na região do Mar Morto a
partir de 1947, e a escola chamada História da Salvação.

- Van Den Born, integrante da Escola Bíblica de Jerusalém, afirma que uma interpretação sadia de Apocalipse 20.1-
10 terá de levar em conta o gênero literário desse livro. Não apenas o número mil, mas toda a descrição terá de
ser tomada em sentido simbólico, cabendo ao exegeta a descoberta do simbolismo ontem, para se entender a
mensagem do livro hoje.

- Segundo Hugo Vanni, integrante da Escola História da Salvação, o milênio deve ser entendido como uma
indicação de valor qualitativo e não cronológico. O milênio indica o tempo de Deus que não é medido como o nosso
tempo (2 Pd 3.8), é misterioso e incompreensível, mas tem uma plenitude que o qualifica. Portanto, o milênio deve
ser entendido como o tempo da manifestação de Deus, sem nenhuma base para cálculos precisos, visto que o
número aqui é simbólico e não matemático. Devemos entender que o número mil traduz a idéia do conjunto das
gerações e da perfeição da vida, o que só é possível através de Jesus Cristo.

A afirmação “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos” indica
uma maneira simbólica de dizer que seu poder e sua atividade foram reduzidos drasticamente. O fato de dizer que
Satanás está preso não significa dizer que seu poder foi anulado, mas somente que ele não pode enganar as nações
como fazia antes da ressurreição de Cristo. A prisão de Satanás aqui não representa sua punição, mas a limitação do
seu poder. A afirmação de que Satanás será solto por um pouco de tempo indica que o tempo que Satánas tem para
influir na vida das pessoas é limitado em relação ao tempo de Deus.

Na teologia cristã, ao longo dos anos, tem havido discussão considerável acerca da relação cronológica
entre a segunda vinda de Cristo em torno de dois assuntos principais. (1) Haverá um milênio, um reinado terreno
de Jesus Cristo; e, caso sim, a segunda vinda ocorrerá antes ou depois desse reinado?

A idéia de que não haverá reinado terreno de Cristo é denominada amilenismo. O ensino de que a
volta de Cristo inaugurará um milênio é denominado pré-milenismo. Enquanto a crença de que a segunda
vinda encerrará o milênio é o pós-milenismo. Cristo removerá a igreja do mundo antes da grande tribulação
(pré-tribulacionismo) ou ele só voltará após a tribulação (pós-tribulacionismo)?
O pós-milenismo
Basicamente, é uma concepção otimista.

➢ A crença de que a pregação do evangelho será tão bem-sucedida que o mundo se converterá.

➢ O reinado de Cristo, que se localiza no coração dos homens, será completo e universal.

➢ A paz prevalecerá e o mal será virtualmente banido.

➢ Acreditam no triunfo final do evangelho. é, com freqüência, baseada menos em Apocalipse 20, em que se
mencionam o período de mil anos e a duas ressurreições, que em outras passagens das Escrituras.

➢ O milênio será um período extenso, mas não necessariamente de mil anos literais. Será um período prolongado
durante o qual Cristo, embora fisicamente ausente, reinará sobre a terra. Um aspecto essencial que distingue
o pós-milenismo de outras concepções milenistas é que este espera que as condições melhorem, e não piorem,
antes do retorno de Cristo. Assim, é uma concepção basicamente otimista.
“O pós-milenismo, portanto, foi mais popular nos períodos em que a igreja parecia estar
obtendo sucesso em sua tarefa de ganhar o mundo. Embora proposto no século IV por Ticônio e
adotada por Agostinho, ganhou popularidade especial no final do século XIX. Lembre-se de que esse
foi um período de grande eficiência em missões mundiais, bem como de interesse e progresso nas
condições sociais. Por conseguinte, parecia razoável pressupor que o mundo logo seria alcançado
para Cristo.” (Erickson, Millard J. Introdução à teologia sistemática)
“Os pós-milenistas convictos entendem que as condições desanimadoras do século XX são meras
flutuações no crescimento do reino. Eles afirmam que não estamos tão próximos da segunda vinda quanto
pensávamos. Esse argumento, porém, não tem persuadido grande número de teólogos, pastores e leigos.”
(Erickson,, p.511)

➢ Os pós-milenistas afirmam que Cristo só voltará à terra depois que a Igreja estabelecer o reino de Deus na história.
Então, quando o evangelho tiver produzido todo o efeito, Cristo retomará.

➢ A convicção principal do pós-milenismo é a difusão bem-sucedida do evangelho. (baseia-se em algumas passagens


das Escrituras. No Antigo Testamento, Salmos 47, 72 e 100; Isaías 45.22-25; e Oséias 2.23, Mt 24.14). Uma vez
que a Grande Comissão deve ser cumprida sob sua autoridade (Mt 28.18-20), está destinada ao sucesso. Muitas
vezes, a idéia da disseminação do evangelho inclui um efeito transformador nas condições sociais que se segue à
conversão de um número elevado de ouvintes.

No pós-milenismo, o reino de Deus é entendido como uma realidade presente, aqui e agora, não como um domínio
celestial futuro.

“As parábolas de Jesus em Mateus 13 nos dão uma idéia da natureza desse reino. É como o fermento, propaga-se
gradualmente, mas com certeza, pelo todo. Sua difusão será extensiva (irá difundir-se pelo mundo inteiro) e
intensiva (irá tornar-se dominante). Seu crescimento será tão gradual que o início do milênio mal pode ser percebido
por alguns. O progresso pode não ser uniforme, aliás, a vinda do reino bem pode ser precedida de uma série de
crises.” (Ibid., p.511)

Pós-milenismo
Milênio: Reinado de Retorno de
Cristo por meio da Cristo
difusão do evangelho
=
O pré-milenismo

Os pré-milenistas interpretam literalmente o capítulo 20 do Apocalipse, afirmando que, quando Cristo


voltar Satanás será amarrado, os santos ressuscitarão e juntos com Cristo reinarão aqui na terra, num reino
temporal, com a duração de mil anos, terminando com uma rebelião que resultará no juízo final.
O pré-milenismo admite um reinado terreno de Jesus Cristo, com duracão de cerca de mil anos (ou, pelo
menos, um período substancial de tempo).

Ao contrário do pós-milenismo, o pré-milenismo entende que Cristo estará fisicamente presente durante esse
tempo;

crê que Jesus retomará de forma pessoal e física, a fim de iniciar o milênio.

Sendo assim, o milênio deve ser considerado ainda futuro.

Pré-milenismo

Retorno de
Cristo Milênio: Governo
de Cristo com

= os santos

“É provável que o pré-milenismo tenha sido a concepção dominante nos três primeiros séculos da
igreja. Boa parte do milésimo desse período -muitas vezes denominado "quiliasmo", por causa da
palavra grega para "mil"- possuía um sabor um tanto hedonista. O milênio seria um tempo de grande
abundância e fertilidade, de renovação da terra e de construção de uma Jerusalém glorificada.
Na Idade Média o pré-milenismo tornou-se bem raro.
Em meados do século XlX, o pré-milenismo começou a ganhar popularidade em círculos conservadores. Em
parte, isso era causado pelo fato de que os liberais, embora adotassem uma concepção milenista, eram pós-
milenistas, e alguns conservadores consideravam suspeita qualquer associação com o liberalismo.

A crescente popularidade do sistema dispensacionalista de interpretação e escatologia também deu ímpeto


ao pré-milenismo. Essa concepção possui um número considerável de adeptos entre batistas
conservadores, grupos pentecostais e igrejas fundamentalistas independentes”. (Ibid., p. 512)
➢ A passagem básica do pré-milenismo é Apocalipse 20.4-6:

➢ Os pré-milenistas observam que haverá duas ressurreições, uma no início e outra no fim do milênio.

➢ Os pré-milenistas insistem numa interpretação literal e coerente dessa passagem.

➢ A natureza do milênio: imaginam um evento repentino, cataclísmico.

➢ Na concepção pré-milenista, o governo de Jesus Cristo será completo desde o início do milênio.

➢ O mal estará virtualmente eliminado.

➢ Haverá uma ruptura bem marcante em relação às condições conforme as encontramos agora. Por exemplo, haverá
paz mundial. Isso está muito distante de nossa situação presente, em que a paz mundial é, de fato, rara e a tendência
não parece ser para melhor. A harmonia universal não ficará restrita aos homens. A natureza, que "geme e suporta
angústias", aguardando sua redenção, será libertada da maldição da queda (Rm 8.19-23). Até os animais viverão em
harmonia uns com os outros (Is 11.6,7; 65.25), e as forças destrutivas da natureza serão acalmadas.

➢ Os santos governarão junto com Cristo nesse milênio.

➢ Também sustentam que no milênio haverá uma mudança tremenda em relação à situação imediatamente anterior, ou
seja, a grande tribulação. A tribulação será um tempo de dificuldades e convulsões sem precedentes, incluindo
distúrbios cósmicos, perseguição e grande sofrimento — o milênio um período de paz e justiça. Embora os pré-
milenistas se dividam quanto à presença ou não da igreja durante a tribulação,

O dispensacionalismo é uma abordagem específica do pré-milenismo “apesar de ser


relativamente nova como corrente teológica ortodoxa, tem exercido influência considerável nos
círculos conservadores.” (Erickson, 514)

➢ dispensacionalismo é um esquema interpretativo unificado. Isto é, cada dispensação (parte ou princípio


específico) está virtualmente interligada às outras. Assim, as várias conclusões da escatologia decorrem umas
das outras.

➢ "dispensações" ou economias são estágios sucessivos na revelação divina de seus propósitos, sob as quais ele
conduziu o mundo.

➢ é primeiro e acima de tudo, um sistema, um método de interpretação das Escrituras.

➢ Em sua essência, são convictos de que as Escrituras devem ser interpretadas literalmente.

➢ O dispensacionalismo encontra, na Palavra de Deus, provas de uma série de dispensações, mas Isso não implica
meios diferentes de salvação, pois o meio de salvação vem sendo o mesmo em todos os tempos, a saber, a graça
por intermédio da fé.

➢ Há alguma discordância quanto ao número de dispensações, sendo que o número mais comum é sete.

➢ Destacam que é crucial reconhecer a que dispensação se aplica dada passagem das Escrituras.

➢ O milênio, portanto, assume um significado especial no dispensacionalismo. Nessa ocasião, Deus retomará seu
relacionamento com Israel, algum tempo depois que a igreja tiver sido tirada do mundo ou "arrebatada" (logo antes
da grande tribulação).
“Os dispensacionalistas também dão grande valor à distinção entre Israel e a igreja. Alguns sustentam que Deus
fez uma aliança incondicional com Israel; ou seja, suas promessas a eles não dependem do fato de cumprirem
certas exigências. Israel continuará sendo seu povo especial e, por fim, receberá sua bênção. Israel, como etnia,
nação e unidade política, jamais deve ser confundido com a igreja, nem se deve entender que as promessas
feitas a Israel aplicam-se à igreja, sendo nela cumpridas. São duas entidades distintas " Digamos que Deus
interrompeu seu tratamento especial dispensado a Israel, mas o retomará em algum ponto no futuro. Profecias
não cumpridas acerca de Israel serão cumpridas na própria nação, não na igreja. Aliás, a igreja não é
mencionada nas profecias do Antigo Testamento. A igreja é virtualmente um parêntese dentro do plano geral de
Deus em seu relacionamento com Israel.´ (Ibid., 514)

➢ milênio, por conseguinte, terá um caráter notavelmente judaico. As, profecias não cumpridas acerca de Israel serão
cumpridas nessa ocasião.
O amilenismo
Os amilenistas afirmam que o período de mil anos não é literal, na história. É
apenas um número simbólico que coincide com a história da Igreja na terra, entre a
ressurreição e a Segunda vinda de Cristo.
O grande julgamento final seguir-se-á imediatamente à segunda vinda e resultará de
pronto nos estados finais dos justos e dos ímpios .
“Por causa dos problemas encontrados ao se tentar compreender o amilenismo, é difícil traçar sua história. É
possível que o pós-milenismo e o amilenismo simplesmente não tenham sido diferenciados durante boa parte dos
dezenove primeiros séculos da igreja. No século XX, quando o pós-milenismo começou a perder popularidade, foi
em geral substituído pelo amilenismo, já que este é mais próximo do pós-milenismo que o pré-milenismo. Por
conseguinte, o amilenismo tem gozado de grande popularidade desde a Primeira Guerra. Quando os amilenistas
lidam com Apocalipse 20, em geral têm em mente o livro inteiro. Eles entendem que o livro de Apocalipse é formado
de várias seções, sendo sete o número mencionado com maior freqüência. Essas várias seções não tratam de
períodos sucessivos; antes, são recapitulações do mesmo período, o período entre a primeira e a segunda vinda de
Cristo. Entende-se que em cada uma dessas seções o autor toma os mesmos temas e os elabora. Sendo assim,
Apocalipse 20 não se refere unicamente ao último período da história da igreja, sendo, antes, uma perspectiva
especial de toda a história da igreja.” ( Ibid., p. 516)

➢ é uma interpretação mais simples que todas as outras que estivemos considerando. Está sustentada e fundamentada
em certo número de passagens escatológicas relativamente claras, enquanto o pré-milenismo baseia-se
principalmente numa única passagem, além de tudo obscura.

➢ Os pós-milenistas, e os amilenistas têm em comum que os "mil anos" de Apocalipse 20 devem ser entendidos
de forma simbólica. Ambas muitas vezes sustentam que o milênio é a era da igreja.

➢ A divergência está em que os pós-milenistas, ao contrário dos amilenistas, sustentam que o milênio abrange
um reinado terreno de Cristo.

➢ Os amilenistas também nos lembram de que o livro de Apocalipse como um todo é muito simbólico. (Eles
observam que mesmo os pré-milenistas mais ferrenhos não interpretam literalmente todo o livro de Apocalipse. As
taças, os selos e as trombetas, por exemplo, são em geral interpretados como símbolos.) Por uma simples extensão
desse princípio, os amilenistas alegam que os "mil anos" de Apocalipse 20 podem também não ser literais. Além
disso, eles destacam que o milênio não é mencionado em nenhuma outra parte das Escrituras.

“Surge uma questão: se o número de mil anos deve ser entendido de forma simbólica e não literal, qual o significado
desse simbolismo? Muitos amilenistas utilizam a interpretação de Warfield: "O sagrado número sete em
combinação com o igualmente sagrado número três forma o número da perfeição santa, dez, e quando esse dez
é elevado ao cubo, formando um milhar, o vidente diz tudo o que poderia dizer para transmitir à nossa mente a
idéia de uma completitude absoluta". " As referências aos "mil anos" em Apocalipse 20, portanto, transmitem a
idéia de perfeição ou completitude. No versículo 2, o número representa a completitude da vitória de Cristo sobre
Satanás. No versículo 4, refere-se à glória perfeita e ao gozo dos remidos no céu no era presente.” (Ibid., 516)
➢ A interpretação amilenista mais comum é que a primeira ressurreição é espiritual e a segunda, corporal ou
física.
A primeira ressurreição deve ser entendida como o reviver espiritual da pessoa em Cristo, base para a vida perfeita,
enquanto que a Segunda ressurreição indica o reviver físico, que implica a saída do túmulo.
Portanto, só é feliz e santo aquele que participa da primeira ressurreição, sobre o qual não tem poder a segunda
morte. Reconhecer a nossa vitória em Cristo, à medida que vencemos o mal de cada dia, pelo apego ao bem, é o
ponto mais alto da vida cristã.”

“Um que tem defendido essa posição em certa medida é Ray Summers. A partir de Apocalipse 20.6 ("Bem-
aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem
autoridade"), ele conclui que a primeira ressurreição é uma vitória sobre a segunda morte. Uma vez que, nas
discussões escatológicas, costuma-se entender que a segunda morte é espiritual e não física, a primeira
ressurreição também deve ser espiritual. A primeira morte, que não é mencionada, estando apenas implícita,
deve, com certeza, ser morte física. Se deve estar relacionada com a segunda ressurreição, assim como a
segunda morte está ligada à primeira ressurreição, a segunda ressurreição deve ser física. A primeira ressurreição,
portanto, é o novo nascimento. A segunda ressurreição é a ressurreição corporal ou física que costumamos ter em
vista quando usamos a palavra ressurreição. Todos os que participam de primeira ressurreição também participam
da segunda, mas nem todos os que passarão pela segunda ressurreição terão participado da primeira..” (Ibid., p.
517)

➢ Outra característica do amilenismo é uma concepção mais geral de profecia, especialmente da profecia do Antigo
Testamento, que a encontrada no pré-milenismo. Os amilenistas com freqüência entendem que as profecias são
históricas ou simbólicas, em vez de futuristas ou literais. Como regra geral, no pensamento amilenista, a profecia
ocupa lugar muito menos importante que no pensamento pré-milenista. (p. 517)

➢ Por fim, o amilenismo não costuma apresentar o otimismo típico do pós -milenismo. Pode-se acreditar que a
pregação do evangelho será bem-sucedida, mas no esquema amilenista não é necessário um grande sucesso
nesse quesito, uma vez que não se espera nenhum reinado literal de Cristo, nenhum reino antes da vinda do
Rei. Isso não significa que o amilenismo é como o pré-milenismo, esperando uma deterioração extrema das
condições antes da segunda vinda. Em sua maioria, porém, os amilenistas não se envolvem naquele tipo de
busca ansiosa pelos sinais da segunda vinda que caracteriza boa parte do pré-milenismo.

O Amilenismo

Milênio: Símbolo da
Vitória completa de Retorno de
Cristo sobre Satanás e Cristo
do gozo perfeito dos santos
Nos céus.
=
Uma solução dos problemas

Precisamos agora discutir a questão da concepção milenista a adotar.


Os problemas são amplos e complexos, mas uma análise detida pode reduzi-lo a
relativamente poucos. Observamos ao longo deste tratado que a teologia, como outras
disciplinas, é muitas vezes incapaz de encontrar uma concepção sustentada de forma
conclusiva por todos os dados. O que se deve fazer em tais situações é encontrar a concepção
que abrigue menos dificuldades que as outras. Essa é a abordagem que seguiremos aqui.

A concepção pós-milenista tem hoje muito menos apoio que no final do século XIX e início do XX. Vê-
se hoje que seu otimismo em relação à proclamação do evangelho é um tanto injustificável. Em partes
do mundo, a percentagem da população que de fato pratica a fé cristã é bem pequena. Além disso,
alguns países ainda estão fechados para empreendimentos missionários do tipo convencional.
Também existem argumentos bíblicos de peso para rejeitar o pós-milenismo.
O ensino de Jesus sobre a grande perversidade e o esfriamento da fé de muitos antes de seu retorno parece estar
em conflito direto com o otimismo pós-milenista. O fato de uma descrição clara de um reinado terreno de Jesus
sem sua presença física não ser encontrada em nenhuma parte das Escrituras seria outra grande falha dessa
posição.

Isso nos deixa com uma escolha entre o amilenismo e o pré-milenismo.

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