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a de fç:;us da concrct it udc dt1 vida d iár ia.

Perguntamos: "Quem
e Jc:;us c,,sro , 1 )OJC
pura nos, • 'l" , porque cremos que a estória de
::-u,1 vid.r L' morte lS a rcspostn prn a u estória humana de opres-
s:"io e :-ofrirncnto Se n nossa cxistêuci» nao estivesse em jogo, se
nâo th•(~sscnws cxpcruncntndo n cio, e a~ contradiçoes da vida,
•nt5o a questão e, istológicu nào seria mais <lo que um exercício
1 1tckGttral para teólogos profissionais. Mas, para cristãos que têm
•nrncntado os absurdos extremos da vida, a questão cristoló-
e primariamente teórica, mas prática. Ela surge do
de Cristo na luta pela liberdade.
questão: "Quem é Cristo?" não antecede a fé, como se
a resposta à questão cristológica fosse a precondição da fé. Ao
ontrário, nossa questão acerca de Cristo é derivada do próprio
risto, quando ele irrompe em nossa existência social, estabele-
endo a verdade da liberdade em nosso meio. Esse evento divino
de libertação coloca-nos num novo contexto sociopolítico em que
nos é oferecido o dom da fé para a criação de um novo futuro
para nós mesmos e para a humanidade. :É porque encontramos
Cristo em nossa situação histórica e porque nos foi dada a fé
para a luta pela verdade que somos forçados a indagar sobre o
significado dessa verdade para a totalidade da existência huma-
na. O povo da Igreja Metodista Episcopal Africana Macedônia
testemunhou, com cânticos de louvor e alegria, o poder de Jesus
para tornar reto o torto e planos os lugares acidentados. Com
a vinda de Jesus, afirmaram eles, a profecia de Isaías se cumpriu.
"Todo o vale será exaltado, e toda a montanha e colina se tor-
narão baixas. E a glória do Senhor será revelada, e toda a carne
a verá, pois a boca do Senhor o disse" (Is 40,4-5). Porque o
povo cria que Jesus poderia vencer a dor e enxugar as lágrimas
de desgosto e sofrimento, expressava sua fé em cântico:

Quando o meu caminho se torna triste,


Precioso Senhor, faze que fique curto.
Quando a minha vida quase se esvai,
Ouve o meu grito, escuta o meu chamado,
Segura a minha mão para que eu não caia.
Toma a minha mão, Precioso Senhor,
E conduz-me ao lar.
a de fç:;us da concrct it udc dt1 vida d iár ia. Perguntamos: "Quem
e Jc:;u:, C11s10 pura nos,, 1 101c
• 'l" . porque cremos que a estória de
::-u,1 vid.r L' morte lS a rcspostn prn a ri estória humana de opres-
s:""io e :-ofrirncnto Sl' n nossa cxistêuci» nao estivesse em jogo, se
nâo th•(~sscnws cxpc: uncnturlo n cio, e a~ contradiçoes da vida,
•nt5o a questão e, istológicu nào seria mais <lo que um exercício
1 1tckGttral para teólogos profissionais. Mas, para cristãos que têm
,nrncntado os absurdos extremos da vida, a questão cristoló-
e primariamente teórica, mas prática. Ela surge do
de Cristo na luta pela liberdade.
questão: "Quem é Cristo?" não antecede a fé, como se
a resposta à questão cristológica fosse a precondição da fé. Ao
ontrário, nossa questão acerca de Cristo é derivada do próprio
risto, quando ele irrompe em nossa existência social, estabele-
endo a verdade da liberdade em nosso meio. Esse evento divino
de libertação coloca-nos num novo contexto sociopolítico em que
nos é oferecido o dom da fé para a criação de um novo futuro
para nós mesmos e para a humanidade. :É porque encontramos
Cristo em nossa situação histórica e porque nos foi dada a fé
para a luta pela verdade que somos forçados a indagar sobre o
significado dessa verdade para a totalidade da existência huma-
na. O povo da Igreja Metodista Episcopal Africana Macedônia
testemunhou, com cânticos de louvor e alegria, o poder de Jesus
para tornar reto o torto e planos os lugares acidentados. Com
a vinda de Jesus, afirmaram eles, a profecia de Isaías se cumpriu.
"Todo o vale será exaltado, e toda a montanha e colina se tor-
narão baixas. E a glória do Senhor será revelada, e toda a carne
a verá, pois a boca do Senhor o disse" (Is 40,4-5). Porque o
povo cria que Jesus poderia vencer a dor e enxugar as lágrimas
de desgosto e sofrimento, expressava sua fé em cântico:

Quando o meu caminho se torna triste,


Precioso Senhor, faze que fique curto.
Quando a minha vida quase se esvai,
Ouve o meu grito, escuta o meu chamado,
Segura a minha mão para que eu não caia.
Toma a minha mão, Precioso Senhor,
E conduz-me ao lar.
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que formulamos. O significado de Cristo n;íc, é ,krív:id(, d,; nm;~;~
dependência de nosso contexto social. 1 Já tilg<J que er.pcrírnen,
ramos no encontro com Cristo que nos obriga a ulhàr além d1.;
nossa experiência imediata para outros testemunhos. Um de
tais testemunhos são as Escrituras. (! importante notar que a
Bíblia não consiste de unidades de verdade infalível acerca de
Deus ou Jesus. Ao contrário, ela nos conta a história da vontade
de Deus de redimir a espécie humana do pecado, da morte e de
Satanás. De acordo com os testemunhos do Novo Testamento,
o ato decisivo de Deus contra esses poderes aconteceu na vida,
mcrte e ressurreição de J csus. Segundo o relato de Lucas nos
Atos, Pedro contou a estória desta maneira:
Nós sabemos acerca de Jesus de Nazaré, como Deus
o ungiu com o Espírito Santo e com poder. Ele empreen-
deu fazer o bem e curar todos aqueles que estavam opri-
midos pelo mal, pois Deus estava com ele. E podemos tes-
temunhar tudo aquilo que ele fez no território judaico e
em Jerusalém. Ele foi executado num patíbulo; mas Deus
o ressuscitou para a vida no terceiro dia e permitiu que
ele aparecesse, não a todo o povo, mas às testemunhas que
Deus tinha escolhido antecipadamente - a nós, que co-
memos e bebemos com ele depois que ele ressurgiu den-
tre os mortos. Ele nos ordenou que o proclamássemos ao
povo e que afirmássemos que ele é aquele que foi escolhi-
do por Deus para ser o juiz dos vivos e dos mortos. ~
sobre ele que todos os profetas dão testemunho, declaran-
do que todo aquele que crê nele recebe o perdão dos peca-
dos através do seu nome (Aí 10,38-43).
Essa passagem é um dos relatos suscintos do primitivo teste-
munho dos apóstolos sobre o significado revelatório de Jesus de

122
ece a n~sa per-
palavras não po-
e como o Filho
' "a descendência do
arrie para habitar
.1 Tm, Jesus era

quclc que foi manifestado no corpo,


justificado no espírito,
visto pelos anjos;
ue foi proclamado entre as nações,
crido em todo o mundo,
glorificado nos altos 'céus (1 Tm 3,16).

Em contraste com a énfase de 1 Tm sobre Jesus como a ma-


nifestação da glória divina (com nenhuma énfase em sua pre-
existência), o apóstolo Paulo declarou que a glória divina não
está revelada, mas escondida na forma de um escravo. "Pois a
natureza divina era sua desde o princípio; contudo, ele não pen-
sou em procurar agarrar a igualdade com Deus, mas fez-se nada,
assumindo a natureza de um escravo ( ... ) e em obediência acei-
tou até a morte - morte numa cruz" (Fl 2,6.8).
O Novo Testamento é a primitiva resposta da Igreja à his-
tória de Jesus Cristo. Essa resposta é importante para as nossas
reflexões cristológicas, porque a Bíblia é a nossa fonte primária
de informação sobre o Jesus que encontramos em nossa existên-
cia social. O povo negro dos Estados Unidos da América do
orte tinha grande confiança no Livro Santo. Essa confiança
não tem sido abalada pela ascensão da crítica histórica e seu
impacto sobre a Bíblia como refletindo em escritos teológicos
desde o "Novo Testamento e Mitologia" ,1 de Rudolf Bultmann.
até The Bible ln the Modern World ( A Bíblia no Mundo Moder-
no),' de James Barr. Isso não significa que o povo negro é funda-
mentalista no estrito sentido do termo. Esse povo não tem estado
preocupado com definições de inspiração e infalibilidade. Conse-
qüentcmcntc, sua confiança no Livro não tem sido frágil ou con-
e
tcnciosa corno a dos conservadores brancos. como se os negro
tivessem estabelecido intuitivamente a distinção tão importante
entre infalibilidade e credibilidade. Eles não têm contendido por

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uma info libilidadc tolulm cntc explícita, sentindo talvez que há
rn istcrío no l .ivro, com o há no Cristo. O que eles têm teste-
m unlrn do é a crcdihilidnrlc do Livro: como ele é a fonte verda-
deira e básica para a descoberta da verdade de Jesus Cristo. Por
~,.,a rnzào, nào tc111 havido crise ele autoridade bíblica na comu-
nidade negra. O jesus da experiência dos negros é o Cristo das
:-scriturns, aquele que nasceu cm Belém, cresceu cm Nazaré,
nsinou na Galiléia e morreu e ressuscitou em Jerusalém.
Portanto, a autoridade da Bíblia para a cristologia não
está na sua condição objetiva como a Palavra literal de Deus.
o contrário, é encontrada em seu poder para apontar Aquele
que o povo tem encontrado na luta histórica pela liberdade.
Através da leitura das Escrituras, o povo não apenas ouve outras
histórias acerca de Jesus, que o capacitam a ir além da parti-
cularidade de sua própria estória; mas através da fé, fruto da
graça divina, eles são tirados do presente e levados para o pas-
sado, e então são empurrados de volta para dentro de sua histó-
ria contemporânea com o poder divino de transformar o con-
texto sociopolítico. Esse evento de transcendência capacita o
povo a quebrar as barreiras de tempo e espaço enquanto eles
andam e falam com Jesus na Palestina, junto com Pedro, Tiago
e João. Eles podem ouvir o seu grito de dor e experimentar o
sofrimento enquanto ele é pregado na cruz e perfurado no lado.

Eles pregaram o meu Jesus,


Eles lhe puseram a coroa de espinhos.
Oh, vede o meu Jesus pendurado no alto!
Ele parece tão pálido e sangra candidamente:
Oh, você não pensa que foi uma vergonha
Ele ficar pendurado três horas numa dor terrível?

Eles podem experimentar também a vitória divina da ressur-


reição de Jesus.

Não chores mais, Marta,


Não chore mais, Maria,
Jesus ressurge dentre os mortos,
Feliz manhã.

124
unncl p ~• devolvido
d ao
. seu presente contexto soc1a,
. 1
traz cnt 1c 1 o e ter sido testemunha da vida, morte
ç n.'~:,un , ciçuo de I csus. Através da experiência de m o ver-se
p.ua trns e pnr.i a frente entre o primeiro e o vigésimo sécu1
a Bi"l ) l ,a e t 1,111:-- f' 01111,1, 1 a t 1 l' simples
· os,
relatório daquilo que os discí-
pulos c nnm .ii.:crca de Jesus na estória pessoal do povo negro, na
qual nem; deseja libertar os oprimidos cm seu contexto contem-
por:lnco. Eles agora podem testemunhar junto com o apóstolo
P:wlo· "Pois eu não me envergonho do Evangelho. Ele é o
der salvador de Deus para todo aquele que tem fé ... porque
aqui está revelado o modo de Deus de endireitar o errado, um
modo que começa da fé e termina na fé" (Rm 1, 16-17).
Aquilo que Jesus é para nós hoje não é decidido por foca-
lizar a nossa atenção exclusivamente ou no contexto social ape-
nas ou só na Bíblia, mas por ver ambos numa relação dialética.
A verdadeira interpretação de um depende de vê-lo à luz do
outro. Devemos dizer inequivocamente que aquilo que Jesus
Cristo é para o povo negro hoje é encontrado através de um
encontro com ele no contexto social da existência negra. Mas
tão logo aquela indicação seja feita, o outro lado desse paradoxo
deve ser afirmado; do contrário, a verdade da experiência negra
é distorcida. O Jesus da experiência negra é o Jesus das Escri-
turas. A relação dialética entre a experiência negra e as Escri-
turas é o ponto de partida da cristologia da Teologia Negra.
Além das Escrituras e servindo como uma autoridade,
encontra-se a tradição da Igreja. A tradição é importante por-
que ela é a ponte que liga as Escrituras à nossa situação contem-
porânea. Embora a tradição não tenha o mesmo peso de autorida-
de que as Escrituras, nossa compreensão do significado de Jesus
Cristo nas Escrituras é mediada pela tradição. A tradição, assim,
representa a afirmação de fé da Igreja em Jesus Cristo nos dife-
rentes períodos de sua história. Procurando o significado de
Jesus Cristo nas Escrituras, descobrimos que ele é mediado pela
tradição. Procurando o significado de Jesus Cristo nas diferentes
tradições da T greja, ternos a chave para as maneiras de com-
preendê-lo hoje. A tradição, como as Escrituras, abre a noss~
estória de Cristo a outras estórias do passado e, assim, nos obri-
ga a mover-nos para fora da subjetividade do nosso prese~te. ~
tradição requer que perguntemos: O que a minha experiência
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risto hoje tem n ver com o C1 isto de Ncstório de C'onstan-
1 inopl.i l~ de Ci: ilo de ,\k,nncl1 in?
.mtudo, nfio devemos nos esquecer de que aquilo que
:.nam;imo::. de "rrndicno" 1cpH·sc11t11 11 just.ií icaçào teológica que
. fez d1..~ su.1 cxistóncin. sobre n base do seu apoio ao
a J ~~~rda
srndo de oprcssâo dos pobres. O que devemos nós f azcr de uma
uc iuvcst igou o significado da relação de Cristo com
as naturezas divina e humana em sua pessoa, mas que
u cm relacionar essas questões teológicas com a liberta-
'-ªº aos escravos e dos pobres na sociedade? Nós não devemos
indagar a respeito do contexto social da tradição que
rnou possível à Igreja tratar das relações de Cristo com os
ravos como uma questão periférica à sua proclamação do
evangelho, mas devemos levar a indagação à sua conclusão lógi-
a: Na ausência do terna da liberdade ou da libertação dos escra-
vos, a Igreja perdeu a verdadeira essência do evangelho de Jesus
Cristo?
Se respondermos negativamente ou positivamente à ques-
tão precedente, não é menos verdadeiro que o povo negro dos
Estados Unidos tem a sua própria tradição, que remonta à
África e às suas religiões tradicionais. Somos um povo africano,
pelo menos no sentido de que nossos avós vieram da África e
não da Europa. Eles trouxeram consigo suas estórias e as combi-
naram com a estória cristã, criando assim uma tradição religiosa
negra única na América do Norte. A cultura africana informou
a perspectiva do povo negro sobre o cristianismo e tornou impos-
sível a muitos escravos aceitar uma interpretação da estória de
Jesus que violentasse o seu desejo de liberdade. O Cristo passi-
vo do cristianismo dos brancos, quando combinado com a cultu-
ra africana, se tornou o Libertador dos oprimidos pela opressão
sociopolítica. Sob a influência desse Cristo, Richard Allen e
James Varick levaram o povo negro a separar-se da Igreja Meto-
dista branca. Em outra ocasião, Nat Turner viu Jesus como o
espírito de uma revolução violenta contra as estruturas da escra-
vidão. Outra vez esse Cristo leva o crente negro inteirament
para fora da história e o coloca num novo céu, onde as ruas
são de ouro, e os portões sào de pérola. Mas. em todo caso,
Cristo é o outro na experiência negra que torna possível a afir-
mação da humanidade negra numa situação desumana. Nós de-

126
mos recorrei' :, essa f rnclidic) d11 cristologin dos negros para ter-
uma pcrspcctivn <oh«: J1:s11s q111; ,ic,s capacite H dirigir as
ucstõcs corrotus :1' 11,1< 1 1\-:10
·
" e 1 ussicn
.• ' · '' e· t ;1m 1nem
' H 1 ocalizar 0
as fsc1iturns cm nossa si1u:,çfio contcrnporânca.
nlizando a I rudiçâo negra, não recebemos apenas 11m
sobre a influência excessiva da tradiçâo "clássica". ma
moem obtemos uma nova perspectiva para a interpretação das
ituras à luz de Cristo. A tradição negra destrói as falsas dis-
tinçõcs entre o sagrado e o prof ano e nos convida a procurar o
ignif icado de Cristo nos spiriiua!s c nos blues, no folclore e nos
errnócs. O significado de Cristo não é expresso apenas na dou-
trina formal da igreja, mas também no ritmo, na pulsação e no
balanço da vida, quando o povo responde à visão que imprime
dignidade à sua condição de pessoa. Não importa se a visão é
recebida sábado à noite ou domingo de manhã ou se o intérpre-
te da visão é o compositor de blues B. B. King ou o Rev. C. L.
Franklin. Algumas pessoas serão capazes de participar de ambas
as expressões sem experimentar contradição. Outras se sentirão
à vontade só com urna delas, seja b/ues ou spirituals. Mas o
ponto crucial da questão é que ambas as expressões representam
a tentativa do povo de transcender, "saltar" ,3 as limitações colo-
cadas sobre ele pela sociedade branca. Esse é o contexto para
uma análise negra do significado de Cristo para hoje.
Resumindo: a dialética entre a situação social do crente e as
Escrituras e tradições da Igreja é o lugar para se começar a inves-
tigação da questão: Quem é Jesus Cristo para nós, hoje? O con-
texto social, as Escrituras e a tradição operam juntamente para
capacitar o povo de Deus a mover-se ativa e reflexivamente
com Cristo na luta pela liberdade.

[esus é quem ele era

A dí:if61íc:i das Esc1·i11m1s e tradicào n


contexto socia: <011Ic1IIpon11IL'o Iorru-nos u afirmar que não h ·
c onhccimcn!o de· Jes11:, Cristo hoje que contradiga aquilo qu
ele; foi ontem, isto é, u seu apan:cimento histórico na Palestina
127
do seculo 1. l) passado de lcsus é II chave para o conhecimento
de _sun ativ~dade prcsc1.1t.c, '.Hl sentido de q11c O seu passado é 0
1 meio at1·:wc:,; do qual ele 1.,0 tornn nccssível ;i nr,s hoje. O [esus
histórico l~ indispuusrivcl p:1111 um conhecimento do ( risto Res-
suscitado. Se puder ser demonstrado que o NCJV<J ·r esramcnto
não contem nenhuma inf orrnaçào histórica confiável acerca de
lcsus de Nazaré ou que o qucrigma (pregaçao cristã primitiva)
não tem relação com o Jesus histórico, então a teologia cristã é
ma tarefa impossível.
este sentido, Wolfhart Pannenbcrg está correto em sua
insistência em que a cristologia deve começar "de baixo". com
o Jesus histórico, e não "de cima", com o Logos divino separado
do Jesus da história. "Jesus possui significado 'para nós'", escre-
ve Pannenberg, "apenas na medida em que esse significado é
inerente a ele mesmo, à história e à sua pessoa constituída por
essa história. Apenas quando isso pode ser demonstrado, pode-
mos estar certos de que não estamos fazendo simplesmente uma
associação de nossas questões, desejos e pensamentos com a sua
figura" .4 Se não levamos a sério o Jesus histórico, como a chave
para se localizar o significado da presença de Cristo hoje, não
há maneira de se evitar a acusação de subjetivismo, isto é, a
identificação de Cristo hoje com uma momentânea persuasão
política. Embora não se possa "provar", só pelo estudo histórico,
que Jesus é o Cristo, o registro histórico fornece o dado essen-
cial sem o qual a fé em Cristo se torna impossível.'
O erro de se separar o Jesus histórico do Cristo da fé tem
uma longa história. Os Padres da Igreja, incluindo o grande teó-
logo Atanásio, tiveram a tendência de fazer da divindade de
Jesus o ponto de partida para uma compreensão da sua humani-
dade. Por isso, dentre tudo mais que se possa dizer acerca da
límitações da perspectiva de Harnack sobre a História do Dog-
- ma, ele não estava tão errado em sua afirmação de que "ne-
nhum eminente mestre da igreja aceitava realmente a humani-
6
dade; (de Jesus) de uma maneira perfeitamente absoluta" . Por
xernplo, Atanásio enfatizou a humanidade de Jesus porque,
sem tomar-se humano, Cristo não teria nos tornado divinos.
"Pois ele foi feito homem " , escreve A tanasro,, . " para que pud..,,.._
semos ser feitos como Deus" .7 Aqui, como acontece com outros
mestres da Igreja, a soteriologiu determinou a cristologia. Aquilo

128
risto ·~ l foi I dominado pelo ponto de víst .
f · a grego daquilo
UI.) I) cus 1111 in .( e. uzcr para salvar . o homem • p cucos, talvez
nenhum,
• ,. • ( 1 os antigos
, , • Pudrcs da Igreja basearam seus argumentos
riste 1 ogicos nu 1 11sto~1u concreta de Jesus de Nazaré. Co .. _
temente, pouco se diz acerca do significado do seu m~~o
· ,. pobres 1 como uma definição da sua pessoa. Os p a d res
1cc1,~ rcvc aram pouco interesse pelo significado crístolôgí-
fe1t_os de Jesus em favor dos humilhados, porque a maior
parte da discussão se deu no contexto social da posição da Igreja
como a religião favorecida pelo Estado Romano. Por isso, tor-
nou-se fácil definir Jesus como o divinizador (a contrapartida
moderna é o "espiritualizador") da humanidade. Quando isso
acontece, a cristologia é removida da história, e a salvação se
relaciona apenas perifericamente com este mundo.
Essa tendência continuou através da Idade Média e, como
Schweitzer demonstrou, na moderna tradição germânica.8 O Jesus
histórico foi separado do Cristo da fé, e o resultado foi o do-
ce tismo. O componente histórico do testemunho do Novo Testa-
mento foi subordinado ou desacreditado, deixando a humanida-
de de Cristo sem suporte. Esse foi o perigo da afirmação de
Kierkegaard segundo a qual "da história não se pode aprender
nada acerca de Cristo" 9 e do programa de desmitização de
Bultmann. Se o Jesus histórico não é importante, então a verda-
deira humanidade de Cristo é relegada a uma posição periférica
na análise cristológica. Na melhor das hipóteses, a humanidade
de Cristo é verbalizada simplesmente com o propósito de foca-
lizar a sua divindade.
Esse erro ficou evidente nos antigos desenvolvimentos da
1
"teologia dialética", como representada no The Mediator º (0
Mediador), de Emil Brunner, e na ênfase de Karl Barth sobre
Cristo como a Palavra Revelada. A ênfase de Barth sobre Cristo
com a Palavra de Deus que julga a palavra do homem levou-o a
subordinar o Jesus histórico em sua análise do evangelho .c~stão.
Por exemplo, ele admitiu, no "Prefácio à ~egunda E,~1.ça? da
Epístola aos Romanos (1921), que o seu sistema é limitado
a um reconhecimento daquilo que Kierkegaard chamou d-~.u 11
finita distinção qualitativa' entre tempo e _ete rni ·
que o Jesus histórico viveu no tempo, o mterene
1
Barth em ouvir a Palavra eterna de Deus 1

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