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SALVAÇÃO - UMA CAMINHADA EM TRIUNFO |

ESTUDO 6

O PAPEL DA CRUZ DE CRISTO


NA NOSSA SALVAÇÃO

INTRODUÇÃO LEITURAS DIÁRIAS


O ser humano caiu numa situ- Segunda II Rs 3.21-27
ação que nada, nem ninguém Terça Sl 106.34-42
da sua espécie pode fazer algu- Quarta Mt. 27.33-44
ma coisa. O nosso pecado foi Quinta Mt. 11.7 -15
hediondo, ofendendo ao san- Sexta At.1.15-26
tíssimo Deus e à ordem moral
Sábado Gl. 6.11-16
e espiritual do universo criado.
Domingo Fl. 2.5 -11
Isto trouxe, como consequência,
o abismo, a morte. Só alguém
fora dessa condição poderia so- própria Bíblia atesta a existên-
correr-nos. E quem está fora e cia do sacrifício de seres huma-
acima de tal situação, senão o nos às divindades pagãs (II Rs
Deus eterno? Por isso é o Deus 3.27; Sl 106.37-38) e estudiosos
santo e eterno quem toma a ini- têm documentado a prática do
ciativa de tirar a Sua criatura, sacrifício de animais em diver-
feita à Sua imagem e semelhan- sas religiões. Parece existir algo
ça, do abismo em que caiu, redi- intrínseco à consciência huma-
mindo-a para uma nova vida de na que reconhece a necessida-
relação com Ele, através de um de de um ato expiatório voltado
ato expiatório de valor infinito, para um acerto de contas entre
pelo qual ela é salva da escuri- o ser humano e a divindade(3).
dão e da morte. Mas, para satisfazer a justiça de
Deus, só um sacrifício de valor
Franklin (2007) diz o seguinte infinito poderia expiar o pecado
em sua Teologia Sistemática: humano.
“Um elemento quase univer-
sal na história das religiões é a
oferta de sacrifícios, com o pro- (3)
FERREIRA, Franklin / MYATT, Alan -
Teologia Sistemática: uma análise histó-
pósito de expiar ou purificar os rica, bíblica e apologética para o contexto
adeptos diante do sagrado. A atual. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.579

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Aplicação a sua vida: A huma- deveria ser aplicada a um cida-


nidade, durante toda a história, dão romano, a não ser em casos
busca, em diferentes religiões, extremos de traição. Os judeus
ofertas de sacrifícios, com o repugnavam este tipo de mor-
propósito de se purificar e en- te, diz Stott, aplicando ao cru-
trar em harmonia com o sagra-
do. Como você entende essa fala cificado a declaração de que ‘o
de Franklin? Você concorda que que for pendurado no madeiro é
tem algum sacrifício que nos maldito de Deus’ (Dt.21.23). É
ajudaria a resgatar essa condi- ainda Stott que, ao afirmar que
ção para com o Deus criador? os cristãos eram ridicularizados
Comente.
pelo fato de seu Ungido e Salva-
dor ter acabado numa cruz, diz
1. A CRUZ COMO SÍMBOLO que, se eles se recusaram a abrir
CRISTÃO – ATOS 1.18-25 E mão desse símbolo, isto “signi-
GL. 6.14 fica que a centralidade da cruz
John Stott, em seu livro “A Cruz teve origem na mente do próprio
de Cristo”, apresenta a centrali- Jesus” (4). Creio nisso com todo
dade da cruz na fé cristã. Realça coração. Foi sob a orientação
ele, no entanto, como foi estra- de Deus que a cruz vergonho-
nho que os cristãos dos primei- sa, humilhante e extremamente
ros séculos tenham escolhido dolorosa se tornou o símbolo do
esse símbolo para representar Cristianismo. Isto para nos lem-
o Cristianismo, pois a cruz era brar sempre de quão monstruo-
instrumento de dor, vergonha so é o nosso pecado e de como o
e humilhação para os mais ter- Seu amor infinito se dispôs a so-
ríveis criminosos. Haveria, diz frer tamanha dor e humilhação
Stott, muitas outras opções que para nos resgatar da profundi-
dariam uma aparência mais dade de nossa queda. Além dis-
“respeitável” ao Cristianismo: so, esse símbolo nos lembra que
a manjedoura onde o Infan- ser seu discípulo é estar dispos-
te Jesus foi colocado, o barco to a levar a cruz. A cruz onde
onde ele tantas vezes ensinou, Jesus morreu lembra sofrimen-
a toalha que representou o seu to e humilhação, mas a cruz va-
humilde serviço, o trono que re- zia lembra também a vitória.
presenta a soberania divina e
muitos outros.
Aplicação a sua vida: A cruz
No Império Romano, onde o vazia para o cristão é símbolo de
Cristianismo se espalhou ra- vitória? Como você se relaciona
pidamente e tornou-se religião com este símbolo? Comente.
oficial, a crucificação era con-
siderada pena tão humilhante, (4) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
cruel e repugnante, que não Paulo: Ed. Vida, p.24

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2. O NOSSO ENVOLVIMENTO Nós também sacrificamos


NA CRUCIFICAÇÃO DE CRIS- Jesus à nossa ganância
TO – MATEUS 27.33-44 como Judas, à nossa in-
veja como os sacerdotes,
Neste tópico estarei usando pa- à nossa ambição como
lavras de John Stott, no seu li- Pilatos” (6).
vro “A Cruz de Cristo”, que me
A seguir, diz ainda Stott:
tocaram muito. Após dizer que é
impossível fingir desprendimen- “Como Pilatos, podemos
to, ao se contemplar a cruz, pois tentar tirar de nossas
estamos envolvidos neste acon- mãos a responsabilidade
tecimento, já que foram nossos por meio da água. Mas
nossa tentativa será tão
pecados que colocaram Jesus
fútil quanto foi a dele.
ali, ele declara: “De sorte que,
Pois há sangue em nos-
longe de nos elogiar, a cruz mina sas mãos. Antes que pos-
nossa justiça própria. Só pode- samos ver a cruz como
mos nos aproximar dela com a algo feito para nós (que
cabeça curvada e em espírito de nos leva à fé e à adora-
contrição” (5). ção), temos de vê-la como
algo feito por nós (que nos
No segundo capítulo do livro, ao
leva ao arrependimento).
apresentar as pessoas da épo- Deveras, “somente o ho-
ca, responsáveis pela morte de mem que está preparado
Jesus (os soldados romanos e para aceitar sua parcela
Pilatos; o povo judaico e seus de culpa da cruz”, escreve
sacerdotes; e Judas Iscariotes), Canon Peter Green, “pode
Stott diz que todos nós estamos reivindicar parte na sua
envolvidos com eles, como res- graça.”(7)
ponsáveis, como culpados. Diz Quando Stott fala de quem ma-
ele: tou Jesus, do ponto de vista
“Se estivéssemos no lugar humano, ele ainda diz, usando
deles, teríamos feito exa- palavras de Octavius Winslow:
tamente o que fizeram. “Quem entregou Jesus para mor-
Deveras, nós o fizemos. rer? Não foi Judas, por dinheiro;
Pois sempre que nos des- não foi Pilatos, por temor; não fo-
viamos de Cristo, estamos ram os judeus por inveja - mas o
‘crucificando’ o Filho de
Pai por amor!” (8)
Deus e o expondo à ig-
nomínia (Hebreus 6.4-6).
(6) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.61
(7) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.61
(5) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São (8) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.10 Paulo: Ed. Vida, p.61

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Stott, após dizer que os evange- “Eu nunca saberei o preço dos
listas indicam as pessoas envol- meus pecados lá na cruz”, diz
vidas na crucificação de Jesus, um cântico. Nunca entendere-
(Judas, autoridades judaicas, mos o que Jesus passou, porém
Pilatos, os soldados, etc.) como o preço pago por Ele foi o seu
responsáveis pela sua morte, sangue, sua vida. Olhemos para
mostrando que todos nós tam- o santo e humilde cordeiro de
bém o somos, completa: “Contu- Deus, sofrendo em nosso lugar
do esse não é o relato final dos e, alcançados pela sua graça,
evangelistas. Omiti uma evidên- saiamos dispostos a, humilde-
cia vital que eles apresentam. É mente, servir ao mundo que Ele
esta: embora ele tivesse sido le- ama.
vado à morte pelos pecados hu-
manos, ele não morreu como um
Aplicação a sua vida: Você en-
mártir. Pelo contrário, ele foi à
tendeu que também é responsá-
cruz espontaneamente, até mes- vel pela crucificação de Jesus,
mo deliberadamente. Desde o co- quer por dinheiro, por medo,
meço do seu ministério público, por inveja, por omissão? Como
você se sente, ao refletir sobre
ele se consagrou a este destino(9).
isto? O que você pode fazer para
No dia em que tivermos uma mudar essa situação? Comente.
visão mais verdadeira a res-
peito de Jesus Cristo e da cruz
3. O SALVO POR CRISTO,
enfrentada por Ele, o que você
DIANTE DA CRUZ – MATEUS
acha que acontecerá conosco?
11.8 -11, FL. 2.5 -11 E GL.6.14
Que tipo de cristãos seremos?
Caberá orgulho, vaidade, fal- Como já vimos no estudo ante-
ta de perdão, espírito de justi- rior, o nosso pecado foi hedion-
ça própria e de julgamento do do diante da grandeza, do amor
nosso próximo? Será possível e da santidade de Deus. Ferimos
atitude de cobrança ou vaidade a criação de Deus que deveria
pelo que fazemos em Seu nome? ser cuidada por nós. Devería-
Ou desejaremos servir às pesso- mos estar sempre crescendo em
as, sacrificando-nos em nome direção a ser como Ele, mas, em
dAquele que nos conquistou vez disso, nos rebelamos contra
para sempre, sacrificando-se Ele (GN. 3.5-6). Com isso caí-
por nós? mos num grande abismo. Perdi-
dos estaríamos para sempre. Só
o Deus Eterno poderia nos tirar
da situação em que nos envolve-
(9) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São mos, vindo em nosso socorro. E
Paulo: Ed. Vida, p.61-62 foi isto que Ele fez.

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A cruz de Jesus Cristo deve des- CONCLUSÃO


pertar em nós a contrição que
Como discípulos de Jesus Cris-
nos faz enxergar os nossos pe-
to, devemos olhar para a cruz
cados, diante da santidade ab-
com reverência, contrição e hu-
soluta de Deus. Seu sacrifício
mildade, sabendo que Ele a en-
pelos nossos pecados deve nos
frentou pelos nossos pecados.
encher de humildade, gratidão
“Deus estava em Cristo, recon-
e desejo de seguir seus passos.
ciliando consigo o mundo”, diz
Deus estava em Cristo, diz Pau-
Paulo em sua carta aos Corín-
lo, reconciliando consigo o mun-
tios (II Co.5.19a).
do (II Co.5.18-19).
Em Fl. 2.5 -11, Paulo apela a
que tenhamos Jesus como nos-
so exemplo de humildade e de
submissão à vontade do Pai. Em Suporte para
Gl.6.14, ele faz uma declaração pequenos grupos:
do seu desejo de não se gloriar
1. O que representa a cruz de
em qualquer outra coisa que Jesus Cristo para a sua vida?
não seja a cruz de Cristo, pois
nela ele se vê crucificado para o 2. O que quer dizer: cada um pre-
cisa levar a sua cruz?
mundo e o mundo para ele.
3. Você já se deu conta de que é
o responsável pela crucificação
do Cristo? Comente.
Aplicação a sua vida: O sím-
bolo da cruz nos remete ao so- 4. Como você pode aplicar o que
frimento e humilhação passa- aprendeu hoje em sua vida
da por Jesus. Talvez seja por cotidiana?
este motivo que muitos querem
mantê-la distante. Porém, para
nós salvos em Cristo Jesus,
deve provocar sentimento dife-
rente. Qual a sua reação, ao ver
o sofrimento de Jesus na cruz,
como um sacrifício feito por
você? Comente.

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