Você está na página 1de 4

Evangelho

Já parou para pensar porque a Igreja coloca o relato do lava-pés no dia da Instituição da
Eucaristia? É porque só podemos compreender o sublime ato da Eucaristia dentro da
humildade de Jesus. A Eucaristia é o maior ato de humildade de Deus, faz-se humano, faz-
se pão. Enquanto Jesus faz-se pão, tem gente querendo ser Deus.
1- Jesus mostra o seu amor incondicional através do lava-pés. O amor de Jesus não
impõe condições, lava os pés de quem o traiu, de quem o nega, de quem é
prepotente. Jesus já sabia e não deixa de mostrar seu amor por conta das nossas
faltas.
2- Esse amor incondicional é concreto. Ele ama e demonstra de uma forma concreta. O
cristianismo parece estar doente: temos praticas religiosas, usamos camisetas, terço
nos braços, vivemos um padrão cristão, um estilo cristão mas parece que, às vezes,
falta concretude. Não basta amar, é preciso demonstrar. O mestre é servido e não
seve, pelo menos naturalmente deveria ser. E Jesus demonstra o contrário, uma
mudança espiritual. A Eucaristia não é só comermos o corpo e o sangue de Cristo,
mas é uma transformação interior. De maneira concreta!
3- O amor de Jesus é um exemplo para todos. Assim como ele tornou-se o servo dos
servos, assim devemos também servir. Por isso na Quinta-feira santa não só
celebramos a instituição da Eucaristia, mas também a Instituição do Sacerdócio, pois
a Eucaristia também é serviço. A Eucaristia mostra o Cristo que nos alimenta, que nos
sacia, que nos traz nutrientes. Assim também eu preciso ser esse sinal na vida dos
meus irmãos, eu preciso levar, preciso ser eucaristia para o próximo. Lembremo-nos
é preciso demonstrar e cristão nutrido pela eucaristia não demonstra só para quem
“ama” mas também para aqueles que são difíceis, os Judas, os Pedros, aqueles que
não são queridos por nós.
Algumas coisas na vida são lindas demais para se esquecer, mas também na morte pode
haver algo lindo demais para ser esquecido. Muitas vezes pudemos contemplar pessoas
que morreram lutando pela sobrevivência, por amor ao próximo ou pela liberdade.
Nenhum de nós nascemos para morrer de maneira trágica; a morte em um campo de
batalha, por exemplo, é uma interrupção do chamado à vida. No entanto, diferentemente
dos demais, Jesus veio a este mundo para morrer. Até mesmo no nascimento, Sua mãe foi
lembrada de que Ele veio para morrer: Nunca nenhuma mãe no mundo viu a morte
estender com tanta força os braços a um recém-nascido.
Quando Jesus ainda era um bebê, o velho Simeão, ao ver Jesus, disse que Ele estava
destinado a ser "um sinal de contradição”. Maria, ao ouvir a palavra "contradição", quase
podia ver os braços de Simeão serem substituídos pelos braços da cruz a envolvê-Lo na
morte. Antes que Jesus completasse dois anos de vida, o rei Herodes enviou cavaleiros
marchando como trovões, com espadas reluzentes como relâmpagos, numa tentativa de
decapitar o bebê, enquanto ainda não era forte o bastante para suportar o peso de uma
coroa!
Uma vez que Jesus veio para morrer, era preciso que houvesse um Memorial de Sua morte.
Sendo Deus, e também homem, e uma vez que nunca falou de Sua morte sem falar da
Ressurreição, não deveria Ele mesmo instituir o Memorial de Sua morte em vez de deixá-lo
à memória casual dos homens? E foi exatamente isso que Ele fez na noite da Última Ceia. O
Memorial do Senhor foi instituído, e isso é importante, não porque Ele morreria como um
soldado e seria sepultado, mas porque voltaria a viver depois da Ressurreição. O Memorial
é o cumprimento da Lei e dos profetas; seria um memorial em que haveria um Cordeiro
sacrificado, não para comemorar a liberdade política, mas a liberdade espiritual; acima de
tudo, seria o Memorial de uma Nova Aliança.
Uma Aliança ou Testamento é um contrato, um acordo ou um pacto. Mas para
compreendermos a Nova Aliança, precisamos compreender a Antiga.
Na primeira leitura encontramos o relato da Páscoa dos judeus.
A Aliança de Deus com Israel como nação foi feita por intermédio de Moisés. Mas
houveram outros sinais de Alianças entre Deus e Israel em que Deus prometia bênçãos se
Israel permanecesse fiel. Entre as principais fases da Antiga Aliança estavam a de Abraão
com o direito de primogenitura, a de Davi e a promessa do reinado, e a de Moisés, em que
Deus mostrou poder e amor a Israel ao libertá-lo do Egito e prometer que Israel seria para
Ele um reino de sacerdotes.
Quando os hebreus eram escravizados no Egito, Deus deu a Moisés um chamado e o
instruiu sobre um novo rito.
Depois das pragas, Deus castigou os egípcios ainda mais, a fim de incitá-los a libertar Seu
povo, ferindo os primogênitos de cada casa egípcia.
1 – Escolher um cordeiro, macho, de um ano, ficava preso até o dia 14 do mês e imolado no
cair da tarde e consumido com ervas amargas e pães ázimos. Cristo é o Cordeiro de Deus:
não tem mancha, não tem pecado, oferta-se pelos pecados.
2 – Comer com os rins cingidos=a serviço. Sandálias nos pés=dignidade. Cajado na
mão=poder. Comer às pressas pois é a Páscoa. E deve-se marcar as portas das casas com o
sangue do cordeiro para que sejam salvos do anjo da morte. O sangue do Cordeiro de Deus
nos livra da morte do pecado.
3 – Celebrada para sempre – nós celebramos a Páscoa, mas não mais a páscoa com
cordeiro animal, mas com o Cordeiro de Deus. O Cristo se imola por amor.

A Última Ceia e a Crucifixão deram-se durante a Páscoa, quando o Filho Eterno do Pai
mediou um Novo Testamento ou Aliança, assim como o Antigo Testamento ou Aliança fora
mediado por Moisés. Da mesma forma que Moisés ratificou o Antigo Testamento com o
sangue de animais, também Cristo agora ratificava o Novo Testamento com o próprio
sangue, Ele, que é o verdadeiro Cordeiro Pascal.
Tendo chegado a hora de Sua exaltação, Jesus reuniu os 12 apóstolos a seu redor. Em um
ato sublime, interpretou o significado de Sua morte e declarou que estava marcando o
início do Novo Testamento ou Aliança ratificada por Sua morte sacrificial.
Uma vez que a morte era a razão de Sua vinda, Ele instituía então para os seus um ato
memorial de Sua redenção, cumpriu a promessa de ser o Pão da Vida.
Não disse "Isso representa ou simboliza Meu Corpo", mas "Isto é o meu corpo"
- um corpo que seria partido na Paixão.
Nesse ato, Nosso Senhor era o que seria na Cruz no dia seguinte: ao mesmo tempo,
sacerdote e vítima. Ele, o sacerdote, oferecia a Si mesmo; ou seja, era também a Vítima.
Em seguida mandou que o Memorial de Sua morte fosse prolongado.
Repeti! Renovai! Estendei pelos séculos o sacrifício oferecido pelos pecados do mundo!
Já parou para pensar porque Jesus usou pão e vinho como elementos desse memorial?
Antes de tudo, porque não há outras duas substâncias na natureza que simbolizem melhor
a união do que pão e vinho. Assim como o pão é feito de uma multiplicidade de grãos de
trigo, e o vinho é feito de uma multiplicidade de uvas, os muitos que creem são um em
Cristo. Em segundo lugar, não há outras duas substâncias na natureza que tenham de sofrer
mais para tornar-se o que são senão o pão e o vinho. O trigo tem de passar pelos rigores do
inverno, submeter-se ao calvário da moenda e então sujeitar-se à depuração do fogo antes
de se tornar pão. As uvas, por sua vez, têm de submeter-se ao Getsêmani de uma prensa e
têm sua vida esmagada por elas a fim de se tornarem vinho. Assim, de fato simbolizam a
Paixão e os sofrimentos de Cristo, e a condição da Salvação, pois Jesus disse que, se não
morrermos, não poderemos viver Nele.
Naquela Quinta-Feira Santa, Jesus não lhes deu outro sacrifício a não ser Seu único Ato
Redentor na Cruz; deu uma nova forma de presença. Não seria um novo sacrifício, deu uma
nova presença de Seu sacrifício único. Na Última Ceia, Jesus não dependeu dos apóstolos
para apresentar o sacrifício sob as espécies do pão e do vinho. Depois da Ressurreição e
Ascensão, Jesus oferece Seu sacrifício ao Pai por meio dos apóstolos ou dependendo deles,
assim como faz conosco, os padres, até hoje. Atualizamos o seu sacrifício em um novo
espaço e tempo, mas o Sacrifício é o mesmo. Por isso antes de morrer Ele deu aos
apóstolos algo ninguém mais poderia dar: deu a Si mesmo.
Imagine se Jesus não tivesse instituído seu Memorial... Nós, com nossa natureza inclinada
ao pecado, entregues à própria sorte, poderíamos ter estragado a grandiosidade de Sua
Redenção. Com a morte do Senhor, os discípulos poderiam ter feito duas coisas distante da
Vontade de Deus. Poderiam ter considerado Sua morte redentora um drama apresentado
uma vez na história. Nesse caso, teria sido apenas um incidente, e não uma Redenção - o
fim trágico de um homem, não a salvação da humanidade. Lamentavelmente, esse é o
único modo como muitos olham para a Cruz de Cristo, esquecendo-se da Ressurreição e da
efusão dos méritos da Cruz no Ato Memorial que Ele instituiu e ordenou.
Ou poderiam tê-la considerado um drama representado uma vez, mas que deve ser
relembrado apenas por meio da meditação em seus detalhes. Nesse caso, voltariam e
leriam os relatos dos críticos do drama que vivenciavam à época, a saber, Mateus, Marcos,
Lucas e João. Essa seria apenas uma lembrança literária de Sua morte, assim como Platão
registra a morte de Sócrates, e teria feito a morte de Nosso Senhor igual à morte de
qualquer outro homem.
Nosso Senhor jamais disse a ninguém que escrevesse acerca de Sua Redenção; todavia,
com efeito, disse aos apóstolos que a renovassem, aplicassem, celebrassem e estendessem
pela obediência a Seus mandamentos dados na Última Ceia. Ele queria que a Graça do
Calvário fosse revivida não apenas uma vez, mas por todas as eras à sua própria escolha.
Não queria que os homens fossem leitores da história da Redenção, mas atores dela,
oferecendo seu corpo e sangue junto com o Dele na memória do Calvário, dizendo com Ele:
"Este é meu corpo e este é meu sangue"; morrendo para os seus pecados para viver para a
graça para que Deus ao contemplar os seus sacrifícios, os veria no Filho, veria o sacrifício
deles unidos ao sacrifício de Cristo, as mortificações deles incorporadas à morte de Cristo,
de modo que, enfim, pudessem participar de Sua glória.

Você também pode gostar