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A CRUCIFICAÇÃO DO REI

Mateus 27:27-54

Introdução:
A história do mundo é pouco mais que uma sequência de dias, unida para formar anos, os
anos para formar décadas e as décadas para formar séculos. A maioria dos dias é comum,
sem grande distinção em relação a qualquer outro. No entanto, de tempos em tempos, ao
longo da história, encontramos dias que merecem ser lembrados.

O dia que temos diante de nós em nosso texto de hoje é distintivo por ser um dia de intenso
mal e, ao mesmo tempo, um dia que testemunhou o triunfo do bem sobre o mal.

Não há outro dia na história que se equipare ao dia em que o Rei foi crucificado! Foi um dia
infame porque revelou a humanidade em seu ápice de pecaminosidade. Infame porque Ele
veio para os Seus, mas os Seus não receberam. Foi infame porque o Criador foi morto por
Suas criaturas!

Contudo, foi um dia notável nos anais da história porque o pecado foi derrotado; o poder de
Satanás foi quebrado para sempre; e porque os corredores sombrios da morte foram invadidos
pelo Príncipe da Vida!

Vamos então, aprender juntos lições da crucificação do Rei.

Em primeiro lugar…
I. O LOCAL DE SUA CRUCIFICAÇÃO (v. 33)

A. Era um lugar proeminente

1. Fisicamente proeminente – Gólgota, o lugar do crânio, ou em latim, Calvário! Este lugar,


que lembra os crânios de um homem morto, estava cheio de crânios de pessoas falecidas.
Localizado fora dos portões da cidade de Jerusalém, era amplamente conhecido por todos que
ali viviam. Além disso, testemunharam a morte de milhares de criminosos e outros
considerados inimigos do governo romano. Como era prática romana permitir que os corpos
dos crucificados apodrecessem em suas cruzes, é razoável acreditar que o povo de Israel
conhecia bem esse lugar.

2. Historicamente proeminente – Esta montanha, contaminada pela presença romana, era


um local especial para os judeus. Essa colina faz parte do mesmo cume sobre o que o Templo
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foi construído. Além disso, foi aqui que Abraão tomou a seu filho Isaque muitos séculos antes
para oferecê-lo a Deus, conforme registrado em Gênesis 22. Este era um local de grande
importância para o povo judeu.

B. Era um lugar profético

Em Gênesis 22, encontramos a história de como Abraão oferece seu filho Isaque como
sacrifício a Deus. Essa passagem é uma das imagens mais claras do Antigo Testamento da
morte vinda do Filho de Deus, Jesus, no Calvário. Lá, vemos um Pai entregando
voluntariamente seu próprio filho para morrer.

Nessa passagem, dois versículos são dignos de nota especial hoje.

Observe os versículos 5-14. Dois versículos se destacam em minha mente em conexão com o
que estamos examinando hoje. O primeiro é o versículo 8. Ali, Abraão diz: “Deus proverá
para si o cordeiro para o holocausto”. O texto desse versículo é significativo!
O segundo versículo é o versículo 14, onde a Bíblia diz: “No monte do Senhor se proverá”.
Esta é uma antiga profecia que nos diz que Deus daria o Seu Cordeiro neste mesmo monte.
Isso é exatamente o que vemos em Mateus 27. Este era um lugar profético!

Em segundo lugar…
II. A DOR DE SUA CRUCIFICAÇÃO (v. 35-49)

A. Ele suportou a dor da cruz (v. 35a)

A Bíblia diz isso de forma tão simples: “E eles O crucificaram…” Mas, essas palavras nem
sequer começaram a transmitir o horror do que Jesus Cristo suportou naquela cruz.
Considerando o fato de que antes de chegar ao Calvário, Jesus passou a noite acordado.
Ele passou por pelo menos quatro provas:
 Ele foi espancado pelos judeus.
 Ele foi espancado pelos soldados romanos.
 Ele suportou o horror do flagelo romano.
 Ele foi zombado, ridicularizado, cuspido e obrigado a carregar Sua cruz até o
Calvário, então Ele foi crucificado!

O que é uma crucificação?

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Uma descrição física por um médico: A cruz é posicionada no chão, e o homem exausto é
rapidamente lançado para trás, com os ombros tensos contra a madeira. O legionário localiza a
depressão na frente do pulso, inserindo um prego pesado e quadrado de ferro forjado no pulso
e profundamente na madeira. Rapidamente, ele se move para o outro lado e repete a ação,
tendo o cuidado de não puxar os braços com muita força, mas permitindo alguma flexibilidade
e movimento. A cruz é então erguida no lugar.
O pé esquerdo é pressionado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés estendidos,
dedos para baixo, um prego é cravado no arco de cada pé, deixando os joelhos flexionados. A
vítima agora está crucificada.
À medida que mergulha lentamente com mais peso sobre os pregos nos pulsos, uma dor
insuportável e ardente percorre os dedos e sobe pelos braços, explodindo no cérebro – os
pregos nos pulsos estão acionados nos nervos medianos.
Ao se empurrar para cima para evitar o tormento do estiramento, ele coloca todo o peso sobre
o prego que passa pelos pés. Mais uma vez, ele sente a agonia lancinante do prego rasgando
os nervos entre os ossos dos pés.
À medida que os braços se cansam, as cãibras percorrem os músculos, causando uma dor
profunda, implacável e latejante. Com essas cólicas, vem a incapacidade de se empurrar para
cima para respirar. O ar pode ser aspirado para os pulmões, mas não exalado.
Ele luta para se levantar a fim de respirar um pouco. Finalmente, o dióxido de carbono se
acumula nos pulmões e na corrente sanguínea, e as cólicas diminuem parcialmente.
Espasmodicamente, ele é capaz de se elevar para expirar e trazer o oxigênio vital.
Horas desse sofrimento sem limites, ciclos de torções, cãibras dilacerantes nas articulações,
asfixia parcial intermitente, dor lancinante enquanto o tecido é arrancado de suas costas
dilaceradas enquanto ele se move para cima e para baixo contra a madeira áspera.
Então começa outra agonia: uma dor profunda e lancinante no peito, à medida que o pericárdio
se enche lentamente de soro e começa a comprimir o coração.
Agora está quase no fim – a perda de fluidos teciduais atingida um nível crítico – o coração
comprimido está lutando para bombear sangue pesado, espesso e lento para os tecidos – os
pulmões torturados estão fazendo um esforço frenético para ofegar em pequenos goles de ar.
Ele pode sentir o frio da morte percorrendo seus tecidos. Finalmente, ele pode permitir que seu
corpo morra.
Tudo isso a Bíblia registra com palavras simples: “E eles o crucificaram”. (Marcos 15:24). Que
amor maravilhoso é esse? Foi isso que Ele suportou por causa do Seu amor por você
(Romanos 5:8).

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Gostaria de lembrá-lo de que Ele ainda era o Criador enquanto estava pendurado na cruz! Ele
poderia ter miríades de anjos (Mateus 26:53), mas Ele suportou a crucificação em silêncio,
assim como o profeta havia dito que Ele faria (Isaías 53:7). Por que Ele fez isso? A resposta a
essa pergunta está em Romanos 5.8.

B. Ele suportou a dor das multidões (vv. 35-44)

Enquanto Jesus suportava a agonia da cruz, aqueles que estavam no Calvário naquele dia
fizeram tudo ao seu alcance para aumentar Seu sofrimento. Os soldados que O pregaram na
cruz estão aos Seus pés, brincando com Suas roupas. Os soldados zombam Dele. Os líderes
religiosos o ridicularizam. Até mesmo um dos outros dois homens que estavam ali com Ele,
naquele dia, se juntaram à zombaria.

No entanto, naquele dia, ele recebeu compaixão de um pequeno grupo de pessoas reunidas ao
pé da cruz, observando Sua morte. Sua mãe, uma tia, uma discípula amada, uma mulher
liberta de uma vida de pecado. Eles estavam lá para amá-Lo e lamentar Sua morte!

Mais uma vez, recordo quem estava pendurado ali naquele dia! Uma palavra Dele e Seus
algozes desapareceram até o nada! No entanto, Ele não retribuiu os seus tormentos ou
ataques. Quando Ele falou, foi para orar por eles e pedir perdão, conforme registrado em Lucas
23:34. Que graça incrível! Por que Ele fez isso? Mais uma vez, lembramos que a resposta está
em Romanos 5.8.

C. Ele suportou a dor dos condenados (v. 45-46)

Quando me refiro a Ele suportar a dor dos condenados, não estou me referindo apenas à Sua
palavra graciosa ao ladrão moribundo (Lucas 23:39-43).
Refiro-me ao evento surpreendente que aconteceu durante as três horas de escuridão. Estou
me referindo àquele momento em que Jesus Cristo, o Filho de Deus, literalmente se tornou o
pecado do mundo na cruz, (2 Coríntios 5:21). Nunca vou entender isso, mas louvo a Deus por
isso todos os dias.

Dessa forma, Ele suportou todos os nossos pecados enquanto estava pendurado na cruz. Ele,
o segundo Adão, tornou-se nosso pecado julgado por Deus em nosso lugar! O primeiro Adão
trouxe o pecado e a morte a toda a raça humana através das suas ações no Jardim do Éden

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(Romanos 5.12-21; 1 Coríntios 15.45-57). O segundo Adão, o Senhor Jesus, trouxe salvação e
vida a todos os que acreditam pelas Suas ações na cruz do Calvário!

Deus o julgou como se Ele fosse todo pecador quando morreu. Ele pagou o preço por todos
nós para que todos pudéssemos ser salvos!

Em terceiro lugar…
III. O PODER DE SUA CRUCIFICAÇÃO (vv. 50-54)

A. O Poder da Redenção – (v. 50)

Quando do Seu último suspiro na cruz, e pouco antes de morrer, o Salvador Jesus pronunciou
as mais importantes palavras, que jamais foram ditas, Ele disse: “Está consumado!” (João
19:30). Através da Sua morte, Ele satisfez plenamente a justiça divina em relação ao pecado
(Rm 3:2,26).

Ele tomou o lugar dos eleitos perante o tribunal de Deus e garantiu a redenção através do Seu
sangue para todos os que confiam nele como seu Salvador (1 Pedro 1:18-19). Sua morte na
cruz satisfaz a Deus para sempre (1 João 2:2; Romanos 3:25).
Sua morte na cruz liberta aqueles que estão presos e vitimados pelo pecado! Ele nos liberta
quando O recebemos pela fé!
O que isso significa para você, meu amigo, é que você não está condenado a enfrentar a morte
eterna no Inferno! Pela graça de Deus, você pode ser salvo! Seus pecados podem ser
perdoados, e você pode ser declarado justamente diante de Deus ao aceitar Jesus como seu
Senhor e Salvador!

B. O Poder da Reconciliação (v. 51)

Quando Jesus morreu na cruz, somos informados de que o véu do Templo foi rasgado ao
meio, de alto a baixo. O véu servia de barreira entre o lugar santo e o santo dos santos no
Templo. Atrás deste véu era o propiciatório.
O Sumo Sacerdote entraria atrás daquele véu uma vez por ano no Dia da Expiação e colocaria
o sangue do sacrifício no propiciatório para expiar os pecados do povo. Esse véu servia como
um lembrete de que o homem estava separado de Deus por seus pecados e era indigno de se
aproximar de Deus (Isaías 59:2). Contudo, quando Jesus morreu na cruz, esse véu se rasgou
em dois, significando que o caminho para Deus havia sido aberto.

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Então, agora, o homem não precisa mais estar separado de Deus por seus pecados. Ele pode
ser levado à presença de Deus pelo sangue de Cristo que foi derramado na cruz (2 Coríntios
5.18,19). O sangue de Cristo torna possível a reaproximação entre um pecador miserável e ao
Deus santíssimo – isso é reconciliação.

CONCLUSÃO:

A CRUCIFICAÇÃO DO REI – A morte da morte na morte de Cristo (John Owen, 1616-1683).


Como responderemos diante dessas verdades bíblicas? Sim, Jesus Cristo morreu numa cruz,
como dizem as Escrituras (1 Coríntios15.3,4). Mas qual é a implicação dessa poderosa e
maravilhosa morte em sua vida? Venha a Cristo nesse momento, e assim faça valer as últimas
e mais importantes palavras do SENHOR em sua vida, e para o seu destino eterno – ESTÁ
CONSUMADO! Ou seja, tudo Cristo fez, para que hoje o mais vil e desprezível dos pecadores
pudessem receber de graça, perdão dos pecados e certeza de vida eterna, e além do mais, ser
reaproximado de Deus, vivendo como filho perdoado por um Pai Celestial e Justo. Venha a
Cristo!

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