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O Cordeiro de Deus e Seu Sacrifício na Cruz

Sl. 22

Objetivo: Ensinar que Cristo foi o sacrifício voluntário e


perfeito para a redenção dos eleitos de Deus.

Introdução: Estamos no Livro I do Saltério que inclui os


salmos 1 ao 41.

Contexto: Há aspectos no salmo que revelam estar ele


relacionado com incidentes da vida de Davi.
O vs. 2 mostra que o apelo representou um considerável
período de tempo).
Ele invoca a Deus em quem ‘nossos pais puseram em Ti a
confiança’ (vs. 4), o que parece ser uma referência aos
primeiros pais da nação, ou, possivelmente, mesmo aos
patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó.
Calvino afirma ser possível que Davi esteja sumariando aqui
vários incidentes de sofrimento e perseguição em sua vida.
O fato deste Salmo ser citado treze vezes no Novo Testamento,
e nove vezes só no relato do sofrimento e morte de Jesus,
aponta para o significado mais completo compreendido só na
aflição messiânica de nosso Senhor.
Nos dias de Agostinho (354-430), as Igrejas ao norte da África
entoavam este salmo na celebração pascal da Ceia do Senhor.
Quanto ao título ‘Corça da Manhã’, Calvino propõe que ele
mui provavelmente fosse a princípio algum cântico popular.

Transição: Quero compartilhar nesta oportunidade, a partir


deste Salmo, o tema: ‘O Cordeiro de Deus e Seu
Sacrifício na Cruz’.
I – O Cordeiro Invoca e Clama Por Socorro.

1. Dentro do contexto histórico, este salmo é chamado de


salmo de lamentação, o grupo maior de salmos,
com mais de 60 exemplos.
1.1 – Os salmos de lamentação começam com
um clamor urgente a Deus, pedindo livramento dos
inimigos, e então terminam com uma nota de
louvor, pois a resposta à oração foi conferida, ou em
breve o será.
1.2 – Do ponto de vista histórico, a circunstância que
provocou o clamor de angústia parece ter sido uma
enfermidade mortal.
1.3 – Do ponto de vista profético, a circunstância que
causou o clamor de angústia foi a cruz; e, naquele
momento, Jesus clamou pela ajuda de Deus que
parecia tê-Lo abandonado.

2. Embora, na poesia de Davi se expresse a descrição de


uma doença, este salmo espelhado na vida de Cristo,
expressa uma execução.

3. Seja qual tenha sido o estímulo original, a linguagem do


salmo não nos permite uma explicação simplista; a
melhor explicação se acha nos termos com os quais
Pedro se aludiu a outro salmo de Davi: ‘Sendo, pois,
profeta ... prevendo isto, referiu-se a ... Cristo’ (At.
2.30-31).

4. Dentro das circunstâncias que experimentava, Davi


imaginava que havia sido ignorado e abandonado por
Deus.
4.1 – Davi afirma sentir-se abandonado e destituído
da presença de Deus, o que aparenta ser a queixa de
um homem em profundo desespero, e ainda assim
mantendo sua fé em Deus.
4.2 – Não existe um sequer dentre todos os santos
que não experimente em seu ser, um dia ou outro, a
mesma coisa.

5. Não se pode deixar de lado aqui neste salmo o seu


caráter profético, aplicado ao Messias, em seu sacrifício
vicário a favor de seu povo.
5.1 – Este Salmo é citado treze vezes no NT.
5.2 – Este Salmo é citado nove vezes só no relato do
sofrimento e morte de Jesus.
5.3 – Este Salmo aponta para o significado mais
completo compreendido só na aflição do Messias.

6. O Messias em seu amargo suplício antes e durante o


evento cruz, se derrama em clamor perante o Pai, em
lágrimas e o esvair-se suor sangrento.
6.1 – Lc. 22.44 ‘E, estando em agonia, orava mais
intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou
como gotas de sangue caindo sobre a terra’.
6.2 – Hb. 5.7 ‘Ele, Jesus, nos dias da sua carne,
tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas,
orações e súplicas a quem o podia livrar da morte
e tendo sido ouvido por causa da sua piedade’.

7. Nosso Senhor Jesus Cristo fez uso dessas mesmas


palavras, ao pender da cruz e ao depositar sua alma nas
mãos de Deus, seu Pai.
7.1 – Aqui vemos o sofrimento solitário daquele que
estava no altar do sacrifício.
7.2 – Mateus faz uso de ‘Eli’, seguindo a versão
hebraica como aqui no Salmo 22.
a) Mt. 27.46 ‘Elí, Elí, lemá sabactâni’.
7.3 – Marcos faz uso de ‘Eloí’, utilizando-se do
equivalente em aramaico.
a) Mc. 15.34 ‘Eloí, Eloí, lemá sabactâni’.

8. Nos versos seguintes no Sl. 22, estende-se o clamor de


Davi e o abandono de Deus, fortalecendo as impressões
indeléveis no abandono de Cristo.

9. Naquele dia trevoso e hora sangrenta, levando em seu


corpo sobre o madeiro, os nossos pecados, Cristo sente-
se abandonado por Deus Pai, que, por santo não podia
ter comunhão com o pecado, e Cristo se ‘fez pecado por
nós’.

II – O Cordeiro à Sombra da Horrenda Cruz.

1. O quadro apresentado por Davi, dos versos 6 ao 18,


embora reporte sua dor e sofrimento de corpo e alma,
aponta para os sofrimentos de Cristo na crucificação,
com detalhes muito específicos.

2. Assim como Davi declara que sua condição era tão


miserável, que por esse meio ele se encorajava com a
esperança de receber lenitivo, assim os suspiros de
Cristo no cumprimento destas profecias expressam a
dor de quem precisa ser amparado.

3. O cumprimento do Salmo na vida do Redentor é eivado


de detalhes:
3.1 – Sl. 22.1, cumpre-se em Mt. 27.46 ‘Por volta
da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo:
Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?’.
3.2 – Sl. 22.7, cumpre-se em Mt. 27.39 ‘Os que iam
passando blasfemavam dele, meneando a cabeça’.
3.3 – Sl. 22.8, cumpre-se em Mt. 27.43 ‘Confiou
em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe
quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus’.
3.4 – Sl. 22.9-11, cumpre-se em Hb. 10.5-7 ‘Por
isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta
não quiseste; antes, um corpo me formaste;
não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo
pecado. Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do
livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó
Deus, a tua vontade’.
3.5 – Sl. 22.12-13, cumpre-se em At. 4.26-28
‘Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades
ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu
Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram
nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao
qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios
e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua
mão e o teu propósito predeterminaram’.
3.6 – Sl. 22.14-16a, cumpre-se em Mc. 15.16-20 ‘
Então, os soldados o levaram para dentro do
palácio, que é o pretório, e reuniram todo o
destacamento. Vestiram-no de púrpura e, tecendo
uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. E
o saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
Davam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nele
e, pondo-se de joelhos, o adoravam. Depois de o
terem escarnecido, despiram-lhe a púrpura e o
vestiram com as suas próprias vestes. Então,
conduziram Jesus para fora, com o fim de o
crucificarem’.
3.7 – Sl. 22.16b, cumpre-se em Lc. 23.33 ‘Quando
chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o
crucificaram, bem como aos malfeitores, um à
direita, outro à esquerda’.
3.8 – Sl. 22.18, cumpre-se em Mt. 27.35 ‘Depois de
o crucificarem, repartiram entre si as suas vestes,
tirando a sorte’.

4. Com maestria de habilidoso poeta, Davi, sob a


inspiração do Espírito Santo, descreve fatos que se
cumpririam cerca de mil anos à frente.

5. Naquela tarde de horror onde a luz do sol se nega a


testemunhar tais fatos, e a noite encobre a tarde,
tornando-se trevas; as trevas do nosso pecado eram
lançadas na pessoa de Cristo, que se ‘fez pecado por
nós’.

6. À sombra da cruz, pode-se ver ali o perfeito Filho de


Deus, sendo executado em holocausto em lugar de
pecadores, mas pecadores eleitos por Deus para a vida
eterna.
6.1 – I Pe. 2.22-24 ‘... o qual não cometeu pecado,
nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele,
quando ultrajado, não revidava com ultraje;
quando maltratado, não fazia ameaças, mas
entregava-se àquele que julga retamente,
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o
madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos
para os pecados, vivamos para a justiça; por suas
chagas, fostes sarados’.

7. Que todos estes fatos confirmem a nossa fé nEle como


o verdadeiro Messias, e estimulem o nosso amor por Ele
como o nosso melhor amigo, que nos amou e sofreu
tudo isto por nós.
III – O Cordeiro Exalta a Redenção Alcançada.

1. Davi, num terceiro momento de sua composição, volta-


se para exaltar a Deus que lhe prestara socorro na sua
tribulação.

2. O poeta clama a seu Deus, começando com a mesma


linguagem do final de seu apelo anterior no versículo 11,
onde suplica a manifestação da presença e lembrança
de Deus a seu favor.
2.1 – Sl. 22.19-21 ‘Tu, porém, Senhor, não te
afastes de mim; força minha, apressa-te em
socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e, das
presas do cão, a minha vida. Salva-me das fauces
do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me
respondes’.
2.2 – Sl. 22.11 ‘Não te distancies de mim, porque a
tribulação está próxima, e não há quem me acuda’.

3. Contrastando com o grito do verso 1, vivenciado pelo


Senhor Jesus em sua execução, ‘... por que me
desamparaste’, o apelo continua, ... ‘não te distancies
de mim’.

4. O Salmo continua seu cumprimento profético e pode-se


ver a harmonia da vitória de Cristo em seu sacrifício
ecoada pelo profeta Isaías.
4.1 – Is. 53.11 ‘Ele verá o fruto do penoso trabalho
de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o
Justo, com o seu conhecimento, justificará a
muitos, porque as iniquidades deles levará sobre
si’.
5. O autor aos Hebreus ao demonstrar o valor da obra de
Cristo, cita parte deste Salmo nesta mesma tônica de se
ver a profecia cumprida.
5.1 – Hb. 2.11b-12 ‘Por isso, é que ele não se
envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A
meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei
louvores no meio da congregação’.
5.2 – Sl. 22.22 ‘A meus irmãos declararei o teu
nome; cantar-te-ei louvores no meio da
congregação’.

6. Expressões desta adoração parte de Davi como quem


teve suas orações ouvidas, convidando o povo de Deus
a louvá-lo e glorificá-lo.
6.1 – Sl. 22.23 ‘... vós que temeis o Senhor, louvai-
o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó;
reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel’.
6.2 – Todos os nossos louvores devem se referir à
obra da redenção, e que toda a língua confesse que
Ele é o Senhor; pois o livramento vindo do Senhor é
a motivação maior e mais básica para o serviço
missionário.

7. O reconhecimento de que só o Senhor pode libertar o


aflito de suas dores e fartar os que sofrem, e isto, seja
aqui nas agruras desta vida, seja nos páramos da
eternidade, são realidades que invadem e norteiam o
eleito remido pelo sangue do Cordeiro.

8. Davi, numa expressão da bênção Abraâmica, afirma


que em Cristo todas as nações são abençoadas.
8.1 – Sl. 22.27-29 ‘Lembrar-se-ão do Senhor e a ele
se converterão os confins da terra; perante ele se
prostrarão todas as famílias das nações. Pois do
Senhor é o reino, é ele quem governa as nações.
Todos os opulentos da terra hão de comer e adorar,
e todos os que descem ao pó se prostrarão perante
ele, até aquele que não pode preservar a própria
vida’.
8.2 – No contexto vê-se que mesmo as nações mais
remotas ouvirão acerca do livramento do Senhor a
Ele se volverão em arrependimento.
8.3 – As nações gentílicas virão e se curvarão em
sujeição àquele que tem todo o domínio e
autoridade.

9. No contexto, o significado primário é que muitos


ouvirão acerca do livramento de Davi e exaltarão a
Deus; o que é verdade, pois com a preservação do texto
inspirado, o mundo tem conhecido e exaltado o Senhor.

10. A bênção da salvação em Cristo alcançará gerações


futuras (entre elas, nós na atualidade) e povos que
ainda nascerão conhecerão os seus feitos salvadores.
10.1 – Sl. 22.30-31 ‘A posteridade o servirá; falar-
se-á do Senhor à geração vindoura. Hão de vir
anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer,
contarão que foi ele quem o fez’.

Conclusão: Cristo é aquele que se identificou conosco em


nossos sofrimentos, um ato que o escritor de Hebreus enfatiza
em sua exposição da obra de Jesus.
Ao tornar-se perfeito por meio do sofrimento, Ele é capaz de
ser misericordioso e fiel sumo sacerdote em prol de seu povo;
e inclusive para unir-se a eles na ação de cantar louvores pela
salvação divina.
Diante do Trono: ‘Cristo Levou Sobre Si’.
‘Pela via dolorosa’ (https://www.youtube.com/watch?v=u0mmSCOrOlo).

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