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A Injustiça Sofrida Pelos Eleitos Não Ficará Impune

Sl. 58.1-11

Objetivo: Ensinar que os eleitos correm o risco de sofrer


injustiças, mas Deus haverá de punir cada opressor.

Introdução: O apóstolo Paulo em sua apoteose sobre o amor,


no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios, diz que o amor
‘não se alegra com a injustiça’.

Contexto: Este salmo é dirigido contra oficiais proeminentes


que usavam mal seu ofício, e fracassam na administração da
reta justiça.
No término do salmo, os justos são descritos como a se
regozijarem no fato de que Deus, o juiz de toda a terra, os
vingará.

Transição: Quero compartilhar este Salmo sob o seguinte


tema: ‘A Injustiça Sofrida Pelos Eleitos Não Ficará
Impune’.

I – A Exposição da Impiedade.
(1-5)

1. O salmista levanta uma acusação que consiste em que os


‘juízes’ ou ‘governantes’ não falam com justiça nem
julgam retamente.
1.1 – O termo usado para ‘governantes’ ou ‘juízes’ é a
palavra hebraica elem, da mesma raiz de Elohim, e
carrega em si o sentido de ‘divindade’ ou ‘juízes’, e
neste texto, traduzida por algumas versões por
‘congregação’.
1.2 – Sl. 58.1 (ARC) ‘Acaso falais vós deveras, ó
congregação, a justiça? Julgais retamente, ó filhos
dos homens?’.

2. As mesmas pessoas que deveriam apresentar uma


preocupação pela justiça diante de Deus, em vez disso
elaboravam maus planos em seus corações e então agiam
de conformidade com eles.
2.1 – Aqui temos a desumanidade calculada, pensada e
distribuída com a eficiência de um negócio.
2.2 – Miquéias descreve este zelo insone pela obtenção
do domínio.
a) Mq. 2.1 ‘Ai daqueles que, no seu leito,
imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À
luz da alva, o praticam, porque o poder está em
suas mãos’.

3. O motivo destes apontamentos de injustiça não é a


transgressão pessoal, mas é, na verdade, o fracasso dos
governantes em administrar justiça.
3.1 – Eles ficam em silêncio quando deveriam falar.
3.2 – Seus julgamentos não são corretos.
3.3 – Com iniquidade no coração, mentem em palavra,
envenenam como serpentes e nenhum corretivo os
alcança.

4. Este salmo é um pedido pela vindicação pública do


julgamento justo de Deus; pois um Deus santo não pode
tolerar o mal.
4.1 – O exercício da justiça sempre sofre as intempéries
causadas pelo pecado que corrói os filhos de Adão.
4.2 – Beacon1: ‘A justiça, desde tempos imemoráveis,
tem sido retratada por pratos de uma balança, em
que as evidências e a imparcialidade são o fiel da
balança’.
1
Comentário Bíblico de Beacon, Volume 03, Pag. 204.
5. O alvo da acusação são homens incumbidos com a
responsabilidade de administrar justiça (governantes;
juízes); porém, eles são corruptos, apesar de sua
asseveração de retidão.
5.1 – No seu papel profético, o cristão coloca diante de
Deus os juízes injustos de seus dias, reivindicando a
justiça de Deus sobre os tais.

6. A pecaminosidade é presente desde a concepção no ser


humano e não é uma degeneração como fruto de uma
sociedade corrompida.
6.1 – Beacon2: ‘A maldade não é aprendida. Ela vem
como uma expressão natural do estado caído do
homem’.
6.2 – Sl. 58.3 ‘Desviam-se os ímpios desde a sua
concepção; nascem e já se desencaminham,
proferindo mentiras’.
6.3 – Sl. 51.5 ‘Eu nasci na iniquidade, e em pecado me
concebeu minha mãe’.

7. Os ímpios são como a víbora surda, que não pode ser


controlada pelo perito em encantamentos.
7.1 – Sl. 58.4-5 ‘⁴Têm peçonha semelhante à peçonha
da serpente; são como a víbora surda, que tapa os
ouvidos, ⁵para não ouvir a voz dos encantadores,
do mais fascinante em encantamentos’.
a) Derek Kidner3: ‘Concorda-se de modo geral
que todas as serpentes são surdas, e que o
encantador fixa a atenção delas com o
movimento da sua flauta, e não com sua
música’.

2
Beacon, Op. Cit. Pag. 204.
3
Derek Kidner, Introdução e Comentário, Salmos, Editora Vida Nova, Pág. 230.
8. Os juízes perversos, não atentam para conselhos ou
mesmo leis estabelecidas; antes se voltam com sua
sagacidade peçonhenta tripudiando a seu bel prazer.
8.1 – No Brasil dos dias atuais ouve-se expressões como
‘rasgar a constituição’, ‘pisar na constituição’,
‘jogar a constituição no lixo’ ou outras similares,
num apontamento de juízes e governantes agindo a
seu bel querer.
b) Allan Harman4: ‘Os perversos são
comparados à serpente venenosa que nem
mesmo obedecem a seu treinador. Ela se
voltará contra a pessoa que, habilidosamente a
treina e não se importará’.
8.2 – O ponto aqui é que os governantes perversos são
igualmente insensíveis, e não ouvem o clamor por
justiça por parte dos pobres e necessitados.

9. Cabe ao crente elevar a Deus suas preces a favor de sua


nação suplicando a intervenção justa de Deus para o bem
de seu povo.

II – A Oração Pela Execução da Justiça.


(6-9)

1. O clamor para que Deus intervenha na situação e traga


juízo sobre essas pessoas ímpias.
1.1 – O poeta lança uma sétupla maldição com diversas
figuras de linguagem no intuito de desejar a justiça
de Deus sobre os perversos.
a) ‘quebra-lhes os dentes na boca’.
b) ‘arranca os queixais’.
c) ‘desapareça como água’.
d) ‘sejam como flechas embotadas’.
e) ‘sejam como a lesma’.
4
Allan Harman, Comentário Bíblico dos Salmos, Ed. Cultura Cristã. Pág. 233.
f) ‘sejam como o aborto’.
g) ‘como o espinheiro que se queima’.
1.2 – Estas são figuras que muitos intérpretes têm
dificuldade em estabelecer seu real significado.

2. Com essas figuras pode-se perceber o desejo do salmista


pela justiça divina sobre os juízes perversos.
2.1 – O salmista quer que eles se tornem como água
derramada no chão, a qual não pode ser recuperada;
símbolo para a morte (II Sm. 14.14).
2.2 – A relação entre a lesma e o filho abortado é que
ambos não vêem a luz do sol (vs. 8).
a) A lesma deixa para trás seu rastro, mas ele
desaparece quando o sol nasce.
b) O filho abortado nunca vê a luz do sol.
2.3 – O poeta expressa o desejo de que tais juízes
desapareçam assim como os galhos de espinheiros
que se queimam, antes que suas panelas sintam o
calor da lenha, esteja ela verde ou seca, e se acabam.

3. Ao se ver uma oração como esta, carregada de desejos tão


fortes e violentos, fica a pergunta: ‘amaldiçoar com
paixão os tiranos é melhor ou pior do que dar de ombros
ou guardar silêncio diplomático?’.
3.1 – Derek Kidner5: ‘Esta oração tem como seu
motivo o senso de escândalo por que homens brutais
podem perambular e fazer devastações no mundo
de Deus’.

4. O salmista se refere à rapidez daquele juízo que Deus


executa em seus inimigos, e que, no furacão de seu furor,
arrebata os perversos, e que sentirão o calor do fogo de
sua ira.

5
Derek Kidner, Op. Cit. Pág. 230.
5. Mesmo que as injustiças em nossos dias te incomodem e
muitas vezes te deixa perplexo diante do aparente silêncio
de Deus; lembre-se que Deus tudo vê e que nada passa
desapercebido diante dele, e que, no devido tempo os
ímpios serão atingidos por sua reta justiça.

III – A Justiça de Deus Sempre Alcançará o Ímpio.


(10-11)

1. O salmista convoca o povo de Deus a se alegrar pela


derrocada do ímpio, que já lhe era visível, pela fé, ou
pelas circunstâncias percebidas nos movimentos
históricos que o circundavam.
1.1 – Sl. 58.10 ‘Alegrar-se-á o justo quando vir a
vingança; banhará os pés no sangue do ímpio’.
1.2 – A expressão ‘banhar os pés em sangue’ é uma
imagem bíblica para vitória.
a) Is. 63.4,6 ‘⁴Porque o dia da vingança me
estava no coração, e o ano dos meus redimidos
é chegado. ⁶Na minha ira, pisei os povos, no
meu furor, embriaguei-os, derramando por
terra o seu sangue’.
b) Ap. 19.13,14 ‘¹³Está vestido com um manto
tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo
de Deus; ¹⁴e seguiam-no os exércitos que há no
céu, montando cavalos brancos, com vestiduras
de linho finíssimo, branco e puro’.
1.3 – A vingança pertence a Deus, e Ele, a seu tempo
vinga as injustiças sofridas por seu povo.
a) Dt. 32.35,36 ‘³⁵A mim me pertence a
vingança, a retribuição, a seu tempo, quando
resvalar o seu pé; porque o dia da sua
calamidade está próximo, e o seu destino se
apressa em chegar. ³⁶Porque o Senhor fará
justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus
servos, quando vir que o seu poder se foi, e já
não há nem escravo nem livre’.
b) Sl. 94.1,2 ‘¹Ó Senhor, Deus das vinganças, ó
Deus das vinganças, resplandece. ²Exalta-te, ó
juiz da terra; dá o pago aos soberbos’.
1.4 – Os justos se deleitam na justiça, e quando Deus
vinga a seu povo em vitória, então podem regozijar-
se em tudo mais.
a) Sl. 73.18-20 ‘¹⁸Tu certamente os pões em
lugares escorregadios e os fazes cair na
destruição. ¹⁹Como ficam de súbito assolados,
totalmente aniquilados de terror! ²⁰Como ao
sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao
despertares, desprezarás a imagem deles’.

2. Os crentes sabem que Deus, o justo Juiz, vai recompensá-


los no último dia.
2.1 – II Tm. 4.8 ‘Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos quantos amam a sua vinda’.

3. Embora pareça que o mal prevalece na humanidade, o


cristão conhecedor da Palavra de Deus, sabe que no
devido tempo verá a justiça divina sobressaindo em meio
ao caos.

Conclusão:

Deus nos faz ver o mal com o intuito de que clamemos a Ele e,
em alguma medida, participemos para o debelar da maldade e
injustiças presentes no mundo.

Não deixe de clamar ao Senhor diante das injustiças que tens


visto.
Não deixe de se alegrar com os atos de justiça praticados por
Deus em nosso tempo, ou pela expectação destes mesmos atos a
serem conhecidos e experimentados no último dia.

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