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A Confiança do Eleito o Leva a Orar Com Fé

Sl. 27

Objetivo: Ensinar que o eleito do Senhor pode manter-se


sereno, pois a fidelidade de Deus oferece garantia e proteção,
de modo que ele pode orar confiantemente.

Introdução: ‘No mundo tereis aflições’ é uma garantia dos


males que sempre rondarão a vida do eleito; e cada cristão,
em alguma medida e em alguma época da vida, senão em
várias, experimentará aflições.

Contexto: O Salmo 27 oferece dois momentos bem definidos ao


leitor atencioso, onde se vê forte contraste.
Dada a tão marcante contraste, entre os versículos 1-6 e 7-14, alguns
têm afirmado que temos aqui a combinação de dois salmos escritos
por dois autores diferentes ou escritos em períodos muito diferentes
na vida do autor.
O Salmo 27 apresenta a expressão do poeta como rei de Israel,
certamente em face a prementes ataques inimigos; pois
percebe-se um quadro de natureza militar.
João Calvino, considerando as ações de graças que mistura
na poesia revelam que o Salmo foi composto após seu
livramento.
Embora se perceba o clima de luta e vitória, não se tem no
salmo informações precisas de qual combate tenha lugar aqui
na vida de Israel na liderança de Davi.

Transição: Neste texto quero compartilhar nesta


oportunidade o tema: ‘A Confiança do Eleito o Leva a
Orar Com Fé’.
I – A Confiança Adquirida Pelo Eleito de Deus.

1. Considera-se aqui não o jovem Davi, mas o


experimentado e já velho rei de Israel.

2. Aqui se vislumbra o quadro de uma situação de batalha


na qual Davi e seu país estão enfrentando sérios
ataques; contudo sua confiança está no Senhor, e Davi
pode encorajar a si e aos outros a tomarem alento e a
esperarem pelo Senhor.
2.1 – Sl. 27.3 ‘Ainda que um exército se acampe
contra mim, não se atemorizará o meu coração; e,
se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei
confiança’.
2.2 – Mesmo em face a mais um terrível ataque
inimigo, o rei Davi se mantinha confiante no Senhor.

3. Diante do espectro de um conflito, Davi sumaria em


três palavras, através de duas perguntas retóricas, o que
o Senhor significava para ele.
3.1 – Sl. 27.1 ‘O Senhor é a minha luz e a minha
salvação; de quem terei medo? O Senhor é a
fortaleza da minha vida; a quem temerei?’.
3.2 – ‘Luz’, ‘Salvação’ e ‘Fortaleza’.
a) Dentro do contexto de enfrentamento é possível
que o termo ‘Luz’ portasse matizes de natureza
militar.
Sl. 18.28,29 ‘Porque fazes resplandecer a
minha lâmpada; o Senhor, meu Deus, derrama
luz nas minhas trevas. Pois contigo desbarato
exércitos, com o meu Deus salto muralhas’.
b) Num contexto como este, ‘Salvação’, pode ser
equivalente a livramento ou vitória.
Embora ‘Salvação’ aqui se aponte para o
livramento do mal e da morte, mas não é errado
o crente fazer uma aplicação espiritual,
enfocando a salvação da alma.
c) ‘Fortaleza’ nota a segurança que o Senhor
propicia, e a proteção que ele representava para
Davi e seu povo.
3.3 – De modo surpreendente, utilizando-se de duas
perguntas Davi assevera sua plena confiança em seu
libertador.
a) Sl. 27.1a‘... de quem terei medo?’.
b) Sl. 27.1b ‘... a quem temerei?’.

4. No hebraico, o verso 2 tomado de forma literal indica


‘comer a minha carne’.
4.1 – Sl. 27.2 (ARC) ‘Quando os malvados, meus
adversários e meus inimigos, investiram contra
mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram
e caíram’.
4.2 – Como um animal selvagem devora sua presa
eles tinham vindo para ‘devorar carne’, ou seja, para
efetuar destruição total, mas Yahweh levou-os a
tropeçar e cair.
a) Os soldados reagiram e acabaram com eles.
b) Yahweh pôs-se ao lado dos soldados e fez suas
lanças encontrar o alvo.
4.3 – Houve intervenção divina na batalha e os
assassinos potenciais foram executados
4.4 – ‘Ainda que a guerra se levantasse contra mim’
aplica-se primariamente à ameaça de ataques
repetidos ao poeta; mas em ‘tempos de guerras e
rumores de guerra’ essas palavras trazem conforto e
confiança ao coração do povo de Deus em todo lugar.
5. Os tempos do salmista eram cruéis e bárbaros, e a
sobrevivência diária era uma preocupação constante.
5.1 – Se uma pessoa não fosse apanhada por alguma
enfermidade, é bem possível que tal pessoa morresse
por um exército inimigo, com seus inevitáveis saques
e matanças.

6. Dentro deste espectro sombrio que rondava o poeta,


sua esperança e desejo se firmava no gracioso Deus de
Israel.
6.1 – Sl. 27.4 ‘Uma coisa peço ao Senhor, e a
buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor
todos os dias da minha vida, para contemplar a
beleza do Senhor e meditar no seu templo’.
6.2 – A palavra ‘morar’ pode apontar para um
sacerdote que estabeleceria seu lar no próprio
templo, em um de seus apartamentos, providos para
essa classe.
6.3 – O anseio de Davi com ‘morar na casa do
Senhor todos os dias da minha vida’, dentro do
contexto histórico refere-se ao desejo do poeta de ter
uma longa vida, ser livrado de seus inimigos, e assim
ter a oportunidade de engajar-se no culto a Yahweh
no templo, por extenso período.

7. O templo era um lugar de refúgio para o poeta, e ele se


ocultaria em seu pavilhão, e, assim, ficaria protegido de
todos os seus inimigos.
7.1 – Sl. 27.5 ‘Pois, no dia da adversidade, ele me
ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu
tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma
rocha’.
7.2 – Quanto ao termo ‘pavilhão’, a Revised Standard
Version diz ‘abrigo’.
7.3 – No hebraico essa palavra é sinônima de ‘tenda’
ou ‘tabernáculo’ ou de ‘templo’, a ponto de que a NVI
traduziu por ‘sua habitação’.
a) Sl. 91.1 ‘O que habita no esconderijo do
Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente’.
b) Estar na casa de Deus é estar seguro.
7.4 – O templo é comparado a uma rocha segura e
firme.
a) Sl. 27.5c ‘... elevar-me-á sobre uma rocha’.
b) O templo agia como uma fortaleza segura, a
rocha elevada onde os homens se refugiam
muito acima do vale, nas montanhas, longe da
cena de matança.
c) Este conceito, apontado em vários textos do
Novo Testamento, é cristianizado para fazer da
Rocha a pessoa de Cristo.

8. Como Davi, livre de seus inimigos, seguro no ‘pavilhão’,


o eleito se sente seguro na casa de Deus.
8.1 – Davi foi elevado acima dos inimigos, e, assim
permaneceu, guardado em segurança, fora do
alcance deles.
8.2 – Agora o salmista passava o tempo praticando o
culto do templo, seus sacrifícios e suas cerimônias, o
que para ele era um tempo jubiloso.
a) Sl. 27.6 ‘Agora, será exaltada a minha cabeça
acima dos inimigos que me cercam. No seu
tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo;
cantarei e salmodiarei ao Senhor’.
8.3 – Os sacrifícios eram efetuados juntamente com
os atos de comer e festejar, e não com rosto
tristonho.
8.4 – Os sacrifícios eram acompanhados pelo
ministério da música, onde o poeta sagrado esperava
passar por muita diversão no sentido espiritual.
a) Sl. 27.6b ‘No seu tabernáculo, oferecerei
sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao
Senhor’.

9. Não é diferente com o eleito que, a salvo de seus


inimigos, o pecado e o diabo, que o levaria a morte, têm
sua segurança no Senhor, como sua Rocha e salvação.

II – O Eleito Ora Em Fé Confiante.

1. Abruptamente, a atmosfera muda, ou as circunstâncias


se alteraram e o salmista se volta para a necessidade do
momento.

2. Pela entonação do Salmo, parece que de repente o poeta


sagrado voltou ao campo de batalha no vale e enviou ao
alto um pedido de ajuda, porquanto sua vida corria
perigo.
2.1 – Sl. 27.7 ‘Ouve, Senhor, a minha voz; eu
clamo; compadece-te de mim e responde-me’.
2.2 – Agora o salmista clama a Deus a que ouça sua
súplica e se mostre compassivo para com ele em sua
necessidade.
2.3 – Mathew Henry1: ‘Onde quer que esteja o
crente, pode encontrar o caminho para o trono da
graça através da oração’.

3. Deus quer que o eleito O busque, por isso o poeta tem


em seu íntimo o convite gracioso.

1
Mathew Henry, Comentários de Salmos, pág. 41.
3.1 – Sl. 27.8 ‘Ao meu coração me ocorre: Buscai a
minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua
presença’.
3.2 – Deus nos chama por seu Espírito, por sua
Palavra, por nossa adoração a Ele, e até mesmo por
permitir que algo nos aflija.

4. O indivíduo que busca é o homem bom que está


desenvolvendo a sua espiritualidade, pelo fato de ter
nascido de novo em Cristo Jesus.

5. Desde que convidado a buscar a face de Yahweh, o


poeta sagrado, como eleito de Deus, aceitou
ansiosamente o convite e passou a agir conforme.
5.1 – Sl. 27.8b ‘... buscarei, pois, Senhor, a tua
presença’.
5.2 – Calvino2: ‘Assim que ouvirmos Deus se nos
apresentando, respondamos confiadamente com
Amém; e meditemos conosco mesmos em suas
promessas, como se fossem familiarmente a nós
endereçadas’.

5.3 – O salmista solicita o favor do Senhor; a


continuação de sua presença com ele; o benefício da
direção e da proteção divina.
a) Sl. 27.9 ‘Não me escondas, Senhor, a tua face,
não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu
auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó
Deus da minha salvação’.
5.4 – Mathew Henry3: ‘O tempo de Deus, para
ajudar os que nEle confiam, chega quando todas as

2
João Calvino, Comentário Bíblico de Salmos, Vol. 01, Ed. Fiel, pág. 590.
3
Mathew Henry, Comentários de Salmos, pág. 41.
demais ajudas falham’, mesmo que essa falha na
ajuda venha dos próprios pais terrenos.
a) Sl. 27.10 ‘Porque, se meu pai e minha mãe me
desampararem, o Senhor me acolherá’.
b) Ele é o melhor Amigo, melhor que os pais
terrenos são ou podem vir a ser.
c) O texto hebraico coloca a declaração seguinte no
tempo passado: ‘Meu pai e minha mãe me
desampararam [mas] o Senhor me recolherá’.
d) Possivelmente o salmista pensava nos pais já
falecidos, e embora ele seja como uma criança
abandonada, tinha a confiança que o Senhor o
adotará e cuidará dele.

6. O poeta lança um claro e específico pedido ao Senhor,


por orientação no caminho de Deus, querendo ser
conservado nas veredas de Deus, ainda que seus
opressores o estejam atacando.
6.1 – Sl. 27.11-12 ‘Ensina-me, Senhor, o teu
caminho e guia-me por vereda plana, por causa
dos que me espreitam. Não me deixes à vontade dos
meus adversários; pois contra mim se levantam
falsas testemunhas e os que só respiram crueldade’.
6.2 – Paráfrase: ‘Ensina-me o que pensar, dizer e
fazer, para escapar dos planos atrevidos e dos atos
de homens bárbaros’.

7. Assim como o salmista precisava de orientação especial


para escapar dos terrores de seus inimigos, o eleito de
Deus em qualquer tempo e lugar, precisa buscar a face
do Misericordioso.

8. Com essa fé confiante, não é de admirar o espírito


animado e esperançoso do poeta quanto ao futuro.
8.1 – Sl. 27.13 ‘Eu creio que verei a bondade do
Senhor na terra dos viventes’.
8.2 – Toda sua esperança teria se esvaído se não se
convencesse de que veria a salvação de Deus.
8.3 – Ele sabia que não seria cortado no meio de seus
dias.
a) Sl. 102.24a ‘Dizia eu: Deus meu, não me leves
na metade de minha vida...’.

9. O poeta lança um apelo a todos os que o ouvem ou o


leem, para que outros sigam o seu exemplo.
9.1 – Sl. 27.14 ‘Espera pelo Senhor, tem bom
ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois,
pelo Senhor’.
9.2 – A repetição da palavra ‘espera’ dá particular
força ao apelo.
9.3 – De uma fé forte no Senhor flui feitos poderosos
onde o coração como o centro da sua vida é
fortalecido.
a) Sl. 27.14 ‘... tem bom ânimo, e fortifique-se o
teu coração...’.

Conclusão: O eleito desenvolve uma confiança que o enche


de esperança e fé na vida eterna, possibilitando visões
antecipadas da glória, e o sabor prévio dos seus prazeres.
Essa esperança impede que desfaleçamos enquanto
estivermos submetidos a todas as calamidades.
O eleito, enquanto peregrina nesta vida, deve ser
fortalecido para que possa suportar o peso de suas cargas; não
perdendo Jesus de vista, nosso supremo exemplo, e orando
com fé confiante.
Anime-se, e animemos uns aos outros a esperar no
Senhor com paciente esperança, em oração fervorosa.

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