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O Dia do Regozijo na Vida dos Eleitos de Deus.

Sl. 21

Objetivo: Ensinar que assim como o eleito de Deus passa por


tribulação, também há o dia do regozijo pelas bênçãos e pela vitória.

Introdução: A vida, para a maioria dos humanos, é um evento


sucessivo de altos e baixos em todos os seguimentos da existência.
Quando parece haver harmonia e felicidade, eis que brota, como que
por mistério, situações que contradizem a almejada alegria e
felicidade.

Contexto: Há um paralelo e uma continuidade entre este Salmo e o


anterior.
No Salmo 20, na primeira parte, os adoradores se dirigiram ao rei,
quando da oferenda ao Senhor na busca de êxito na guerra.
Neste Salmo 21, na primeira parte, os adoradores se dirigem ao
Senhor em gratidão por ter atendido o solicitado no Salmo anterior.
No Salmo 20, na segunda parte, os adoradores se dirigiram ao
Senhor, em gratidão ao que Deus iria fazer na resposta às orações.
No Salmo 21, na segunda parte, os adoradores se dirigem ao rei
reconhecendo que Deus lhe estendera as mãos com a vitória.
Neste Salmo 21, na primeira parte, o rei pode estar falando na
terceira pessoa, ou outra pessoa pode estar falando em nome
dele; em ambos os casos, o assunto nestes versículos é
somente entre Deus e o rei.
Neste Salmo 21, na segunda parte, a perspectiva mudará, e
promessas de domínio serão dirigidas ao rei.

Transição: Neste texto quero compartilhar nesta oportunidade o


tema: ‘O Dia do Regozijo na Vida dos Eleitos de Deus’.
I – Ação de Graças Pelas Vitórias na Vida do Eleito.
Versos 1-6.

1. A força do Senhor, aqui referida e exibida, no contexto


deste salmo, manifestava-se por ocasião das batalhas.

2. As guerras eram intermináveis e a proteção e ajuda


divinas eram necessárias.

3. Os Targuns são as traduções, comentários em aramaico


da Bíblia hebraica, escritas e compiladas em Israel e
Babilônia.
3.1 – Os Targuns são da época do Segundo Templo
até o início da Idade Média, e eram utilizadas para
facilitar o entendimento aos judeus que não falavam
o hebraico como língua mãe, e sim o aramaico.
3.2 – O Targum dirige este Salmo ao Messias, ao que,
naturalmente os intérpretes cristãos o aceitam como
Salmo Messiânico.

4. O Salmo 21, em primeira mão, considerando o meio


ambiente histórico, aponta para o livramento físico de
Davi.
4.1 – Ao mesmo tempo, sob o ponto de vista
profético, aponta para a vitória espiritual, em Cristo,
como o Rei vitorioso.
4.2 Cristo como objeto da profecia, é o Rei vencedor
sobre as forças do mal.
a) Cl. 2.15 ‘... e, despojando os principados e as
potestades, publicamente os expôs ao desprezo,
triunfando deles na cruz’.

5. O que Davi mais queria (o desejo do seu coração) era a


vitória contra os seus inimigos.
5.1 – No Sl. 20 o povo clama a Deus para que o
Senhor satisfizesse o desejo do coração do rei.
5.2 – Como resposta do favor do Senhor, o povo canta
agora a vitória concedida.
a) Sl. 20.4 ‘Conceda-te segundo o teu coração e
realize todos os teus desígnios’.
b) Sl. 21.2 ‘Satisfizeste-lhe o desejo do coração e
não lhe negaste as súplicas dos seus lábios’.
c) Deus ouviu as orações, e veio a favor de Davi em
suas guerras, e de pronto agiu, atirou seus raios,
ferindo e derrubando os adversários.
d) Em II Sm. 8 se vê uma relação de oito nações
que Davi venceu com a ajuda poderosa do
Senhor, trazendo paz a Israel.

6. O Senhor ouviu as orações e abençoou o rei em suas


lutas, com vitórias, paz e prosperidade.
6.1 – O símbolo de um rei vitorioso era a coroa que
lhe é dada em cerimonial apropriado.
6.2 – Na poesia se diz de uma coroa de ouro puro,
talvez referindo-se historicamente à coroa do rei de
Rabá, que Davi conquistou quando obteve vitória
sobre ele.
a) Sl. 21.3 ‘Pois o supres das bênçãos de bondade;
pões-lhe na cabeça uma coroa de ouro puro’.
b) II Sm. 12.26-30.
6.3 – Elicott1: ‘Um grupo de donzelas saiam ao
encontro do rei ao retornar de suas guerras, a fim
de lhe oferecer uma coroa de louvor, que servia
como símbolo de extraordinário regozijo’.
6.4 – Quanto a um sentido messiânico, o Rei dos
reis, também usa uma coroa de ouro, sendo esta o
reconhecimento de sua realeza.
1
Elicott, citado por Champlin, VT comentado Vs X Vs, Vol. 04. Ed. Hagnos, pág. 2112.
a) Ap. 14.14 ‘Olhei, e eis uma nuvem branca, e
sentado sobre a nuvem um semelhante a filho
de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro
e na mão uma foice afiada’.

7. Na poética traçada neste Salmo, o rei pede a Deus a


vida, e o conceito é de vida longa, e Deus ouviu a Davi.
7.1 – Sl. 21.4 ‘Ele te pediu vida, e tu lha deste; sim,
longevidade para todo o sempre’.
7.2 – Vida longa era prometida a quem observasse e
cumprisse a Lei.
a) Pv. 4.10 ‘Ouve, filho meu, e aceita as minhas
palavras, e se te multiplicarão os anos de vida’.
b) Sl. 91.15-16 ‘Ele me invocará, e eu lhe
responderei; na sua angústia eu estarei com
ele, livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com
longevidade e lhe mostrarei a minha salvação’.
7.3 – Alguns intérpretes se apegam a estas palavras
do verso 21 para provar que está em pauta a vida
eterna, mas na linguagem do oriente a expressão
‘para todo o sempre’ não significa mais do que
muitos anos (Willian Taylor).
7.4 – Ao olhar a perspectiva profética do Salmo,
pode-se concluir que a longevidade para sempre nos
liga a vida do Reino eterno.

8. O salmista fala do livramento e salvação de Deus trazido


a Israel na pessoa do rei.
8.1 – Sl. 21. 5 ‘Grande lhe é a glória da tua
salvação; de esplendor e majestade o
sobrevestiste’.
8.2 – A glória do rei de Israel não visava somente a
ele próprio, nem havia sido ganha por seus próprios
esforços; antes, foi outorgada por Deus, e para o bem
de todo o povo de Israel.
8.3 – O livramento trazido a Israel, aqui nos arremete
ao livramento eterno e cheio de glória trazido na
salvação do Messias.

9. Em Cristo é que somos abençoados para sempre, o que


reflete o verso 6, quando alocado por acomodação ao
sentido cristão.
9.1 – Quem foi posto por ‘bênção para sempre’ sobre
nossas vidas, senão o próprio Cristo, nosso Messias?
a) Sl. 21.6 ‘Pois o puseste por bênção para
sempre e o encheste de gozo com a tua
presença’.
9.2 – Os eleitos de Deus sabem que estão seguros,
não por seus próprios méritos, mas pelos méritos de
Cristo, o ‘Filho de Davi’.
a) Sl.21.7 ‘O rei confia no Senhor e pela
misericórdia do Altíssimo jamais vacilará’.
9.3 – O conceito de ‘vacilar’ indica o sofrer prejuízo
e permanecer inalterado, e isto não se viu na dinastia
de Davi; antes, só no reinado de Cristo é que se pode
ver um trono que não vacila, mas permanece para
sempre.
a) A linhagem de Davi, nas páginas do Antigo
Testamento, não perdurou por longo tempo.
b) Seu trono caiu e a linhagem precisou ser
considerada pelo ângulo messiânico.
c) Nesse sentido, pois, o rei de Israel é
inabalável.
d) Adam Clarke2: ‘Talvez isso possa ser mais
bem compreendido acerca daquele de quem

2
Adam Clarke, citado por Champlin, VT comentado Vs X Vs, Vol. 04. Ed. Hagnos, pág. 2112.
Davi foi o protótipo. Seu trono e governo
permanecerão para sempre’.
e) Nesse sentido, o cristão pode também, dizer
confiantemente: ‘Graças a Deus, que nos dá a
vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo3’.

II – A Confiança do Eleito Quanto ao Êxito Final.


Versos 7-13

1. A perspectiva do poeta nos ajuda a observar as ações de


Deus.
1.1 – Na primeira parte do Salmo, o poeta colocou a
voz do povo de Israel falando com Deus, acerca do
que Deus fizera ao rei.
1.2 – Nesta segunda parte do Salmo, o poeta coloca a
voz do povo de Israel falando com o rei, apontando
para o que Deus faria através do rei.

2. A garantia de que o eleito será vitorioso, espelha-se na


garantia e cumprimento do que Deus fizera com o rei
Davi.
2.1 – O salmista ensina-nos a anelarmos com fé,
esperança e oração pelo que Deus fará ao final.
a) Sl. 21.8 ‘A tua mão alcançará todos os teus
inimigos, a tua destra apanhará os que te
odeiam’.
2.2 – Deus é o amparador do seu povo, agindo
diretamente contra os inimigos.

3
I Co. 15.57.
3. O paralelo das verdades apresentadas no Salmo na
relação do que Deus faz aos inimigos de Israel e o que
Deus faz aos inimigos da Igreja é muito significativo.
3.1 – Na poética do verso 9, usando o processo de
acomodação, isto é, ajustar o conteúdo
veterotestamentário ao sentido teológico do Novo
Testamento, faz-se quase que uma leitura literal.
a) Sl. 21.9 ‘Tu os tornarás como em fornalha
ardente, quando te manifestares; o Senhor, na
sua indignação, os consumirá, o fogo os
devorará’.
b) II Ts. 1.8-9 ‘... em chama de fogo, tomando
vingança contra os que não conhecem a Deus e
contra os que não obedecem ao evangelho de
nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade
de eterna destruição, banidos da face do
Senhor e da glória do seu poder’.
3.2 – Percebe-se que os conteúdos, embora distantes
cerca de mil anos, são idênticos quanto ao resultado,
apontando para a garantia que os eleitos possuem de
vitória final e vida eterna.

4. O êxito com que Deus abençoou a Davi é um tipo da


derrota final de todos os inimigos de Cristo.

5. O fogo é um bom elemento destruidor.


5.1 – Os exércitos sempre utilizam incêndios para
levar a cabo um povo atacado, ou para aniquilar uma
infeliz cidade capturada.
5.2 – Davi, pois, incendiava as fortalezas, as cidades
e os lares de seus adversários.
5.3 – O fogo é sempre usado como um paralelo da ira
de Deus.
5.4 – O fogo de Davi era imaginado como aplicação
da ira ardente de Deus.
5.5 – Davi tinha a sua fornalha, a qual era acesa
pelo fósforo divino e representava uma extensão da
fornalha divina.

6. As vitórias do rei de Israel não somente destruiriam os


exércitos inimigos, mas também as famílias dos
soldados inimigos, incluindo mulheres e crianças, e até
seu gado.
6.1 – Era assim cometido o genocídio, e, excetuando
alguns poucos que se misturavam com o invasor de
terras, ou com Israel, várias raças foram totalmente
obliteradas da Palestina.
6.2 – Justificava-se que tudo isso, naturalmente, foi
feito por orientação de Yahweh, o general dos
exércitos.
a) Sl. 37.28 ‘Pois o Senhor ama a justiça e não
desampara os seus santos; serão preservados
para sempre, mas a descendência dos ímpios
será exterminada’.

7. A destruição era uma reação divina contra homens


violentos.
7.1 – Vê-se na descrição do Salmo que a guerra de
Israel era a guerra de Deus.
a) O inimigo seria posto em fuga, enquanto as
flechas de Yahweh se precipitavam atrás dos
adversários, matando os que se desgarrassem.
b) Além disso, os dardos de Deus seriam atirados
no rosto do inimigo.
7.2 – Sl. 21.11-12 ‘Se contra ti intentarem o mal e
urdirem intrigas, não conseguirão efetuá-los;
porquanto lhes farás voltar as costas e mirarás o
rosto deles com o teu arco’.

8. O Salmo termina com o povo de Israel irrompendo em


cânticos, por causa da força divina que lhes foi
conferida para garantir a vitória.

9. Este salmo foi musicado e entoado no templo, e os


louvores a Yahweh ressoaram de parede a parede.
9.1 – Vendo as vitórias finais de Yahweh, o coro do
templo, e, de fato, o povo todo de Israel, cumpriria
seus votos de trazer cânticos especiais de louvor à
presença de Yahweh, seu Comandante-em-chefe.
a) Sl. 21.13 ‘Exalta-te, Senhor, na tua força! Nós
cantaremos e louvaremos o teu poder’.
9.2 – Como as guerras de Israel eram as guerras de
Deus, as batalhas que o eleito enfrenta também são
as guerras do Senhor.

Conclusão: Que grande deve ser o gozo de nosso louvor, ao


contemplarmos o nosso Senhor e Amigo entronizado, e por
todas as bênçãos que Dele esperamos!

Nesta caminhada veremos dias de lutas e dias de tribulação.

Mesmo aqui experimentamos vitórias e regozijo pelas


maravilhosas ações de Deus a favor de seu povo.

Chegará, porém o dia em que o regozijo e a alegria serão


eternos.

Levante os olhos, eleito de Deus, o dia da redenção se


aproxima!

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