Você está na página 1de 9

O Eleito Clama Pelo Auxílio Divino

Sl. 25

Objetivo: Ensinar que a jornada do eleito é cercada de


inimigos e perigos, mas que o Senhor lhe garante uma viagem
segura.

Introdução: ‘Medo tens que o adversário vá vencer? Luz te


falta e onde estás não podes ver?’

Contexto: Essa canção de Davi abre com uma frase que se


encontra em dois outros Salmos do mesmo autor: ‘A ti,
SENHOR, elevo a minha alma’.
Sl. 25.1 ‘A ti, Senhor, elevo a minha alma’.
Sl. 86.4 ‘Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor,
elevo a minha alma’.
Sl. 143.8 ‘Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois
em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar,
porque a ti elevo a minha alma’.
Este é um dos nove salmos acrósticos (9; 10; 25; 34; 37; 111;
112; 119; 145) nos quais cada versículo inicia com uma letra
sucessiva do alfabeto hebraico de vinte e duas letras.
Nesse Salmo existem pequenas modificações, visto não ter
todas as 22 letras do alfabeto hebraico e repetir duas
existentes. Uma modificação parecida é encontrada no Salmo
34, sugerindo que existe uma relação entre os dois salmos. O
título hebraico está incompleto.
O Salmo 25 é uma oração pessoal, enquanto o Salmo 34 é uma
oração e um louvor público.

Transição: Neste texto quero compartilhar nesta


oportunidade o tema: ‘O Eleito Clama Pelo Auxílio
Divino’.
I – O Eleito Afirma Sua Confiança.
(vs. 1-3)

1. Parece que o Salmista apresenta uma contraposição ao que


se disse no Salmo anterior.
1.1 – Sl. 24.4 ‘... não entrega sua alma à vaidade’,
indicando a adoração de ídolos.
1.2 – Ao contrário da idolatria, o salmista afirma aqui sua
dependência de Deus.
a) Sl. 25.1 ‘A ti, Senhor, elevo a minha alma’.

2. Percebe-se uma estreita relação entre o salmista e seu


Deus que está indicada pelo modo como ele lhe fala e pelo
confiante apelo que ele faz.
2.1 – Davi apela ao Senhor como ‘meu Deus’, que é a
linguagem da fé, e na sequência acopla isto com uma
declaração de confiança nele.
a) Sl. 25.2a ‘Deus meu, em ti confio’.

3. Não é duvidoso afirmar que os inimigos, de Davi, se


opõem a ele ideologicamente, e não apenas pessoalmente.
3.1 – O ponto de atrito entre Davi e seus inimigos nem
sempre era político, econômico e pessoal, mas dizia
respeito a sua fé e confiança em Deus.
3.2 – A vitória deles desmoralizaria a Davi e também a tudo
quanto representava.
a) Sl. 25.2b ‘... nem exultem sobre mim os meus
inimigos...’.
3.3 – A convicção de Davi era de que o homem deve viver
pela ajuda de Deus, e não pela sua própria astúcia.
a) Sl. 25. 3 ‘... dos que em Ti esperam...’.
b) O que ele anela para si mesmo, também sabe que
serve para todos os que esperam no Senhor.
3.4 – O poeta retoma este tema mais ao final do Salmo e
esclarece que sua confiança estava no Senhor, que era
sua defesa, confessando que, sem Deus, fracassaria.
a) Sl. 25.20-21 ‘... em Ti me refugio ... em Ti
espero...’.
b) Se não houver socorro da parte de Deus, uma
multidão de inimigos se regozijará com sua ruína.

4. Mathew Henry1: ‘Certo é que não serão


envergonhados os que, assistidos pela fé, esperarem em
Deus, e que por uma esperança de fé aguardarem por Ele’.

5.O eleito aprende a exercitar sua confiança somente no


Senhor, pois também possui adversários, sejam ideológicos,
sejam espirituais, que lhe geram inquietação.

II – O Eleito Clama Por Orientação e Perdão.


(vs. 4-7)

1. O caminho da vitória sobre os inimigos, quer sejam os


espirituais ou ideológicos, demanda conhecer os caminhos
de Deus.

2. A vitória do cristão nos mais variados temas da vida, está


na justa medida do conhecimento de Deus e sua vontade
que é santa e perfeita.

3. As Escrituras indicam que o conhecimento do Senhor,


proporciona a sabedoria para a vida, e o oposto se mostra
igualmente verdadeiro.
3.1 – Js. 1.8 ‘Não cesses de falar deste Livro da Lei;
antes, medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está
escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás
bem-sucedido’.
1
Mathew Henry, Comentário Bíblico dos Salmos, pág. 38.
3.2 – Is. 1. 3 ‘O boi conhece o seu possuidor, e o jumento,
o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem
conhecimento, o meu povo não entende’.
3.3 – Mt. 22.29 ‘Errais, não conhecendo as Escrituras
nem o poder de Deus’.

4. Ser guiado e ensinado na verdade é estar no caminho da


vitória e da segurança, confirma o salmista em sua oração.
4.1 – Sl. 25.5 ‘Guia-me na tua verdade e ensina-me,
pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu
espero todo o dia’.
4.2 – Os caminhos da impiedade somente podem ser
derrotados quando os caminhos do Senhor são
adotados, por isso, o eleito se torna sábio e vencedor
ao andar no temor do Senhor.
4.3 – A salvação que é o objetivo desta oração deve ser
aqui entendida como livramento de todo dano, e não
como salvação da alma.
4.4 – A força deste quinto verso aponta que a oração era
contínua, pois a necessidade era urgente, pelo que o
poeta orava o dia inteiro e, sem dúvida, todos os dias,
deixando ao eleito de Deus a lição espiritual da
perseverança na oração.
4.5 – Adam Clarke2: ‘Muitos perdem o benefício de
suas orações intensas porque não perseveram. Eles
oram por algum tempo e depois desanimam e
desistem. Dessa forma, perdem tudo quanto foi
operado nele e por eles’.

5. Não ser envergonhado e ter vitórias na vida do eleito


também se exige deste uma atitude de confissão e busca
pelo perdão do Senhor.
5.1 – Sl. 25.6 ‘Lembra-te, Senhor, das tuas
misericórdias e das tuas bondades, que são desde a
eternidade’.
2
Adam Clarke, citado por Champlim, O NT Interpretado Versículo Por Versículo, Vol. 4, pág. 2125.
6. Davi, cônscio de suas fraquezas suplica pelas
misericórdias e bondade de YHWH, no sentido de receber
Seu perdão.
6.1 – Sl. 25.7 ‘Não te lembres dos meus pecados da
mocidade, nem das minhas transgressões. Lembra-
te de mim, segundo a tua misericórdia, por causa da
tua bondade, ó Senhor’.
6.2 – O poeta precisava ter uma demonstração imediata
desses princípios (misericórdia e bondade), para que
sua vida fosse salva da destruição, a qual levaria seus
inimigos a triunfar sobre ele, projetando-o na
vergonha.
6.3 – Mathew Henry3: ‘É a bondade de Deus e não a
nossa, a sua misericórdia e não o nosso mérito, que
devem ser o nosso rogo, ao pedirmos o perdão pelos
nossos pecados, e todo o bem de que necessitamos.
Devemos descansar neste argumento, na certeza de
que a nossa própria indignidade é satisfeita pelas
riquezas da misericórdia e da graça de Deus’.

III – O Eleito Depende do Cuidado Protetor do Senhor.


(vs. 8-15)

1. Atribuímos valor a uma promessa, em função do caráter


de quem a faz, por isso, confiamos inteiramente nas
promessas de Deus.
1.1 – O sangue do grandioso sacrifício de Cristo é capaz
de limpar todas as manchas; visto que todos nós
somos pecadores.
1.2 – Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores,
chamando-nos ao arrependimento.

3
Mathew Henry, Op. Cit, pág. 38.
2. O cuidado protetor de Deus se estende, de modo especial,
aos seus eleitos, que, uma vez perdoados, são trazidos ao
âmbito da família e da intimidade de Deus.

3. O poeta conhece o caráter de seu Deus e sabe que suas


ações se desdobram a favor de seus eleitos.
3.1 – Sl. 25.8a ‘Bom e reto é o Senhor’.
a) ‘Aponta o caminho’ (Vs. 8b).
b) ‘Guia os humildes na justiça’ (Vs. 9a).
c) ‘Ensina aos mansos o seu caminho’ (Vs. 9b).
3.2 – Misericórdia e verdade são atributos do caráter do
Senhor (vs. 10) e pelo que Ele é, seu nome (vs. 11), o
salmista busca confiante o perdão.

4. No cuidado protetor de Deus pelos seus eleitos encontra-


se o guiar de Deus.
4.1 – Sl. 25.12 ‘Ao homem que teme ao Senhor, ele o
instruirá no caminho que deve escolher’.
4.2 – Há bênçãos temporais e espirituais reservadas
àqueles que temem ao Senhor.
a) Vs. 12b ‘o caminho que deve escolher’.
b) Vs. 13 ‘prosperidade’ (material ou espiritual).
c) Vs. 14a ‘a intimidade do Senhor’ ou os segredos
de seus planos.
d) Vs. 14b ‘conhecer a sua aliança’.
e) Vs. 15b ‘livramento de laços e ciladas’.

5. Como consequência dessas bênçãos, Davi vai manter seus


olhos fixos no Senhor, o que se pode ver ao longo de sua
biografia, que, mesmo com tantos erros somados, registra-
se que era o ‘homem segundo o coração de Deus’.

6. O eleito de Deus sabe que, igualmente, apesar de suas


falhas, pode buscar a proteção do Senhor, pois quem fez a
promessa é fiel.
IV – O Eleito Clama Por Libertação das Tensões.
(vs. 16-22)

1. Caminhando para o final de sua peça poética o salmista


volta a clamar ao Senhor especificamente por ele em suas
diversas tensões.
1.1 – O salmista que, do verso 8 ao 14 falara sobre o outro,
como objeto do cuidar de Deus, agora, traz o discurso
para a primeira pessoa, e assim como no verso 1, uma
vez mais, eleva ao Senhor a sua alma.
1.2 – ‘Volta-te para mim’ (Vs. 16a).

2. Menciona o salmista algumas inquietações que lhe


perturbavam a alma e busca no Senhor o socorro.
2.1 – Vs. 16b ‘... estou sozinho e aflito’.
2.2 – Vs. 17a ‘... tribulações do coração...’.
2.3 – Vs. 17b ‘... minhas angústias’.
2.4 – Vs. 18a ‘... minhas aflições’.
2.5 – Vs. 18b ‘... meu sofrimento’.
2.6 – Vs. 18c ‘... meus pecados’.
2.7 – Vs. 19a ‘... meus inimigos’.

3. Diante de tantas inquietações e perigos, Davi roga para


que o Senhor o guarde, livre e salve da vergonha e
confusão.

4. Certamente o eleito de Deus em Cristo Jesus, se identifica


com Davi nestas linhas onde abre seu coração em busca do
socorro misericordioso do Senhor.

5. Os reformadores tiveram a nítida compreensão de que a


perseverança do eleito também é uma obra de Deus, e que
sem o cuidado protetor do Senhor, ninguém jamais
chegaria ao porto final, pois o mar é revolto.
5.1 – Encerra-se a poesia de Davi com este mesmo
reconhecimento de que carecia do favor preservador
de Deus para o desfrute final.
a) Vs. 20a ‘... guarda-me’.
b) Vs. 20b ‘... livra-me’.
c) Vs. 21a ‘... preservem-me’.
5.2 – Estas expressões da continuidade do favor do
Senhor, eram possíveis na certeza de que Davi se
encontrava em Deus.
a) Vs. 20c ‘... pois em ti me refugio’.
b) Vs. 21b ‘... porque em espero’.

6. No reconhecimento de que érea um eleito do Senhor,


assim como o povo de Israel, Davi estende o clamor das
benesses de Deus sobre todo o Israel.
6.1 – Sl. 25.22 ‘Ó Deus, redime a Israel de todas as suas
tribulações’.
6.2 – Allan Harman4: ‘O que era o caso do salmista era
também o caso de toda a nação; ou, para expressar
em termos diferentes, todo o salmo era aplicável a
Israel’.

7. O clamor personalizado foi agora generalizado, a fim de


ser aplicado à nação inteira de Israel.
7.1 – O bem-estar do indivíduo e o da comunidade estão
entrelaçados, pois nenhum homem é separado, como
uma ilha, do continente.

8. Assim, quando o eleito ora, sabe que todas as bênçãos da


salvação aplicadas a ele em Cristo, também são extensivas
ao demais irmãos também eleitos.
8.1 – Calvino5: ‘E devemos levar em conta como sendo
da máxima importância que, em concordância com
essa regra, cada um de nós, deplorando suas

4
Harman Allan, Comentário do AT Cultura Cristã, Salmos, pág. 140.
5
Calvino, João, Comentário de Salmos, Vol. 01, pág. 564, Ed. Fiel.
misérias e provações privativas, deve estender seus
desejos e orações a toda a Igreja’.

Conclusão: Eleito de Deus, passas por momentos ou situações


aflitivas?
Olhe para o Deus que te escolheu antes da fundação do mundo e
lembre-se que Ele é poderoso, perdoador, protetor, preservador
e fiel, e que em decorrência destes e de tantos outros atributos do
Senhor, sua vida está segura.
Mesmo que haja mares revoltos na viagem, lembre-se que o
Senhor é quem pilota a embarcação.
Olhe para Cristo.

Você também pode gostar