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Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória

Sl. 24

Objetivo: Ensinar que apesar das tribulações, lutas e


vitórias, narradas nos dois salmos anteriores, o povo eleito é
chamado para adorar aqui o Senhor, na certeza de que o
adorarão no dia triunfal.

Introdução: Estamos adorando o Senhor em espírito e em


verdade, ou somos mais um na multidão?

Contexto: Esta breve e bela peça litúrgica recebe o simples


título: “Salmo de Davi’.
Ele pode ter sido escrito por ocasião da chegada da arca do
Senhor até a tenda preparada para ela no monte Sião (II Sm.
6.1-15).
Nenhum outro salmo parece se encaixar tão bem nesse
contexto quanto este.
O salmo tem sido interpretado como uma expressão profética
da ascensão de Cristo e sua vitória sobre a morte e o pecado e
sua relação soberana sobre tudo.

Transição: Neste texto quero compartilhar nesta


oportunidade o tema: ‘Os Eleitos em Adoração ao Rei da
Glória’.

I – Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória


Reconhecem Sua Soberania.

1. As Escrituras apresentam Deus como o criador e


sustentador de tudo e de todos, e isto de modo
soberano, a tal ponto que nada lhe escape ao controle.
1.1 – O Objeto da verdadeira adoração se
estabelecida no conhecimento da reivindicação da
soberania universal pelo Deus de Israel.
1.2 – YHWH é o seu nome!

2. Não existem limitações para a autoridade e domínio de


Deus quanto a um espaço ou tempo.
2.1 – Toda a terra, em sua plenitude.
2.2 – O mundo e todos aqueles que nele moram
pertencem ao Senhor e são sujeitos a Ele.

3. Neste salmo se vê prefigurada a reivindicação do


Evangelho sobre toda criatura, em todo lugar e por todo
o tempo.
3.1 – A reivindicação de Deus está baseada na sua
criação, uma vez que Ele a fundou sobre os mares e
a firmou sobre os rios.
a) Sl. 24.2 ‘Fundou-a ele sobre os mares e sobre
as correntes a estabeleceu’.
3.2 – O NT acrescenta outra razão desta
reivindicação, demonstrando que Deus não somente
fez a terra e aqueles que nela habitam, mas também
a redimiu.
3.3 – Ela é sua por meio de um duplo direito:
a) Pelo direito da criação.
b) Pelo direito da redenção ou compra.
Rm. 14.8-9 ‘Porque, se vivemos, para o
Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor
morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos,
somos do Senhor. Foi precisamente para esse
fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser
Senhor tanto de mortos como de vivos’.
I Pe. 1.18-19 ‘... sabendo que não foi mediante
coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados do vosso fútil procedimento
que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso
sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo’.

4. O poeta apresenta a Terra como obra criadora de Deus,


bem como todas as suas riquezas.
4.1 – Sl. 24.1 ‘Ao Senhor pertence a terra e tudo o
que nela se contém, o mundo e os que nele habitam’.
a) Na palavra ‫( מלוא‬Meloah) plenitude, que
também indica ‘aquilo que preenche’,
‘totalidade’, ‘massa’, ‘conteúdo total’,
‘comprimento total’, ‘extensão completa’,
‘totalidade’, ‘completude’, se acham
compreendidas todas as riquezas com que a
terra foi adornada.
b) O salmista, pela expressão, tem em mente os
próprios homens, os quais, como coroa da
criação, são o mais ilustrativo ornamento e
glória da terra.
c) Is. 42.10 ‘Cantai ao Senhor um cântico novo, e
o seu louvor até às extremidades da terra, vós
os que navegais pelo mar, e tudo quanto há
nele, vós, terras do mar, e seus moradores’.
4.2 – Calvino1: ‘A que propósito são aí produzidas
tantas espécies de frutos e em tão exuberante
abundância, e por que se espalham nela tantos
campos, prazenteiros e deleitosos, se não para o uso
e conforto dos homens?’.
4.3 – Não só as riquezas que se encontram em sua
visível e exuberante superfície, mas todas as riquezas
guardadas em suas profundas entranhas.

1
Calvino, João, Comentário Bíblicos dos Salmos, Vol. 01, pág. 524, Editora Fiel.
4.4 – É incalculável as riquezas que nosso planeta
Terra abriga.

5. Nós não pertencemos a nós mesmos; o nosso corpo e


alma, e até mesmo os filhos dos homens, são de Deus,
ainda que não conheçam e nem admitam um
relacionamento com Ele.

6. O salmista proclama Deus como o Rei do mundo


inteiro, com o fim de levar os homens a saberem que,
mesmo pela lei da natureza, são obrigados a servi-lo.
6.1 – Rm. 1.18-20 ‘A ira de Deus se revela do céu
contra toda impiedade e perversão dos homens que
detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de
Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,
porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como
também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis’.

7. O Senhor criador é o que com sabedoria fundou os céus


e a terra.
7.1 – Sl. 24.2 ‘Fundou-a ele sobre os mares e sobre
as correntes a estabeleceu’.
7.2 – A referência, aqui, é ao ato criador.
7.3 – Como é apenas natural, o Criador de tudo está
interessado por tudo; Ele é o benfeitor de tudo e é
soberano sobre tudo.

8. É esse o Senhor Deus que deve ser adorado por suas


criaturas, e peca os que procuram outros deuses.
II – Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória São
Transformados no Caráter.

1. O salmista levanta a pergunta no intento de se explorar


o caráter do adorador, com a mesma intenção que
levantara a pergunta no Salmo 15.
1.1 – Sl. 24.3 ‘Quem subirá ao monte do Senhor?
Quem há de permanecer no seu santo lugar?’.
1.2 – Sl. 15.1 ‘Quem, Senhor, habitará no teu
tabernáculo? Quem há de morar no teu santo
monte?’.

2. Davi observa neste Salmo que era razoável que aqueles


a quem Deus adotou como Seus filhos, portassem certas
marcas peculiares que os caracterizassem, para que não
se assemelhassem totalmente aos sem Deus, ou pagãos.

3. Todos aqueles a quem Deus recebe em seu rebanho, Ele


os convoca à santidade e os põe sob a obrigação de
segui-la.

4. Uma quádrupla afirmação sobre o caráter de quem


poderia subir à presença do Senhor para adorá-Lo em
Sião é apresentada a seguir; pois, somente os
qualificados ousam fazer isso.
4.1 – ‘O que é limpo de mãos... ’ (vs. 4a).
4.2 – ‘O que é puro de coração’ (vs. 4b).
4.3 – ‘O que é não entrega a sua alma à falsidade’
(vs. 4c).
4.4 – ‘O que [não] jura dolosamente’ (vs. 4d).

5. As duas primeiras cláusulas são positivas e uma, o


Senhor Jesus a cita de forma direta em seu Sermão do
Monte, e a outra de forma indireta.
5.1 – Mt. 5.8 ‘Bem-aventurados os limpos de
coração, por que verão a Deus’.
5.2 – Mt. 5.6 ‘Bem-aventurados os que tem fome e
sede de justiça’.

6. Na terceira cláusula, o salmista reprova aos que se


achegam à idolatria, pois a palavra aqui traduzida por
falsidade possui o sentido de vaidade, que é toda forma
de idolatria.
6.1 – Allan Herman2: ‘O termo hebraico
traduzido por "ídolo" é simplesmente "vaidade";
este termo, porém, é aplicado no Antigo Testamento
aos deuses falsos. A frase, evidentemente, se refere
a u m israelita que não está vivendo uma vida de
obediência ao Senhor’.
6.2 – Kirkpatrick3: ‘O que é transitório (Jó 15.31),
falso ou irreal (SI 12.2) ou pecaminoso (Is 5.18), e
pode chegar a designar deuses falsos (SI 31.6). A
vaidade inclui tudo que é diferente e oposto à
natureza de Deus”.59 “Pode-se entender aqui, no
sentido mais amplo, tudo que o coração humano
coloca no lugar de Deus”’.
a) ‘Entregar a alma’ significa ‘desejar’, ‘apegar-
se’.
b) ‘Jurar dolosamente’ é ‘jurar com o intento de
enganar’.
c) O Senhor é o Deus da verdade que procura a
verdade naqueles que são seus servos, como
disse nosso Senhor: ‘procura adoradores que o
adorem em espírito e em verdade’.

2
Alan Herman, Comentário do AT Cultura Cristã, Salmos, pág.
3
Kirkpatrick, citado por Comentário Beacon, Vol. 03, pág. 155.
7. O poeta, categoricamente que são esses adoradores são
abençoados e são justificados por Deus.
7.1 – Sl. 24.5 ‘Este obterá do Senhor a bênção e a
justiça do Deus da sua salvação’.
7.2 – À luz do NT os abençoados e justificados é que
são capacitados à vivenciarem estas quatro
injunções apresentadas no verso anterior, e isto em
livre harmonia com a nova natureza criada em Cristo
Jesus.
7.3 – Uma vez recebidos na família de Deus,
cumprirão as exigências, não coagidos, mas por livre
disposição e vontade, que lhe foram renovadas.

8. Esta geração de abençoados e justificados são os


adoradores de Yahwéh.
8.1 – Sl. 24.6 ‘Tal é a geração dos que o buscam,
dos que buscam a face do Deus de Jacó’.

9. Assim, os adoradores são os que buscam a face de Deus,


com reverência, alegria e profunda gratidão.

III – Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória


Proclamam e Exaltam a Glória do Rei.

1. Historicamente este salmo, apresentando a majestosa


entrada do Rei, refere-se à maneira solene de conduzir
a arca à tenda que Davi levantara, ou ao templo, que
Salomão edificara para ela.
1.1 – Sl. 24.7,9 ‘Levantai, ó portas, as vossas
cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que
entre o Rei da Glória. Levantai, ó portas, as vossas
cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que
entre o Rei da Glória’.
2. Pode-se, também, aplicar este fato à ascensão de Cristo
ao céu, e às boas vindas que lhe são dadas ali.
2.1 – Quando o nosso Redentor voltou ao céu, as
portas ainda estavam fechadas; porém, após ter feito
a expiação pelo pecado através de seu próprio
sangue, com a sua autoridade, abriu a porta.
a) Os anjos, ao adorá-lo (Hb. 1.6), poderiam ter
perguntado: ‘Quem é Ele?’.
b) A resposta seria que Ele é o forte e valente;
poderoso na batalha para salvar o seu povo, e
submeter os seus adversários e inimigos do seu
povo.
2.2 – Assim o salmo é aplicado à ascensão do Senhor,
em seu retorno glorioso, à glória que possuía, antes
da fundação do mundo.

3. Pode-se ainda, aplicar o pensamento da entrada de


Cristo na alma dos homens através de sua Palavra e de
seu Espírito.
3.1 – Os pórticos, e as portas do coração, têm que ser
abertos para Ele, como possessão que é entregue ao
seu dono legitimamente.
3.2 – Assim, experimentando a conversão, serão
estes, agora, o seu templo.

4. Pode-se aplicar o Salmo à segunda vinda de Cristo, com


poder e glória.
4.1 – É a referência à gloriosa entrada do Rei após a
vitória última, cabal e gloriosa, trazendo seus
despojos, os milhões de milhões e milhares de
milhares de salvos, arrancados da mão do Inimigo.
4.2 – Assim como a remoção da arca para Jerusalém
marcou o fim das batalhas para obtenção da posse da
terra, a volta gloriosa do Senhor, vindo como um
poderoso guerreiro para sua legítima habitação,
marca sua vitória na batalha final.
4.3 – Ao final, todos os eleitos, resgatados, e agora,
glorificados, serão contados entre os santos do
Altíssimo em glória.

5. A exaltação e glorificação final se dirigem ao Rei da


Glória.
5.1 – Sl. 24.8,10 ‘Quem é o Rei da Glória? O
Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas
batalhas. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos
Exércitos, ele é o Rei da Glória’.
5.2 – O Rei da glória é o Senhor Todo-Poderoso.
5.3 – A expressão ‘Senhor dos Exércitos’ ou
‘Senhor Todo-Poderoso’ indica que o Senhor é
grande e verdadeiro vencedor sobre os exércitos das
trevas e do mal.

6. O Senhor da Criação é também o Senhor da Salvação.

Conclusão:

‘Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória Reconhecem Sua


Soberania’.
‘Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória São
Transformados no Caráter’.
‘Os Eleitos em Adoração ao Rei da Glória Proclamam e
Exaltam a Glória do Rei’.
No belíssimo Livro de Apocalipse, pode-se ver o
cumprimento último deste magnífico Salmo, onde cada um
dos eleitos fará parte da numerosa multidão, onde eu e você,
juntos, lá estaremos para glorificar o Rei dos reis e Senhor dos
Senhores.

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