Introdução: Há hoje controvérsias sobre o poder da Igreja.
Há daqueles que querem uma Igreja de poder, onde ocorram milagres, batalhas espirituais visíveis, e um clima de sobrenaturalidade pairando constantemente no ar. Se não há um ambiente assim logo é rotulada de Igreja fria e sem o poder do Espírito. Quando se observa a vocação da Igreja logo se percebe que o seu poder está orientado para o cumprimento de sua missão, ou seja, a proclamação do Evangelho salvador em Jesus Cristo. Pode a Igreja perder o seu poder e ainda assim continuar existindo?
Contexto: O Senhor Jesus estava contornando a Região de
Cesaréia de Filipos (Mt. 16.13) e possivelmente passando com os discípulos pelo Monte Hermom. Ali, neste monte com cerca de 3.000 metros de altura, Jesus foi transfigurado diante de seus discípulos. ‘Seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz’ (Mt. 16.2). Terminado aquela surpreendente e gloriosa manifestação de Deus na terra, desceu Jesus para o sopé da montanha, e encontrou esse quadro que acabamos de ler em Mc. 9.
Transição: Quero vos questionar nesta oportunidade sobre
o seguinte tema: ‘Quando a Igreja Perde o Poder?’. I – Quando se Envolve em Discussões Vazias.
a – Os Discípulos Estavam Discutindo Com os Escribas.
1. Mc. 9.14 ‘Quando chegaram aonde estavam os
discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.’
2. Quem eram os escribas?
2.1 – Eram parte da seita dos fariseus e se aplicavam a reprodução das Escrituras. 2.2 – Eram letrados. 2.3 – Eram conhecedores das línguas originais. 2.4 – Eram profundos conhecedores da Lei. 2.5 – Eram reconhecidos e reputados como mestres e doutores. 2.6 – Não criam em espíritos imundos, em anjos...
3. Os discípulos estavam aprendendo que cristianismo
não é uma questão de Lei, mas de vida pessoal com Deus, por meio da pessoa e da obra de Cristo.
4. Erraram os discípulos em cair em discussões com os
legalistas.
b – A Missão da Igreja é Viver e Proclamar o Evangelho.
1. A mensagem de Deus muitas vezes não é a mensagem da
Igreja. 1.1 – A mensagem de Deus fala do pecado e da depravação do homem. 1.2 – A mensagem de Deus fala da necessidade de conversão, do novo nascimento. 1.3 – A mensagem de Deus fala da exigência ética – comportamento abalizado nas Escrituras. 1.4 – A mensagem de Deus fala de julgamento. 1.5 – A mensagem de Deus fala de juízo, inferno e perdição eterna.
2. A mensagem da Igreja muitas vezes não é a mensagem
de Deus. 2.1 – A mensagem da Igreja fala dos direitos do homem diante de Deus. a) ‘O direito do homem diante de Deus é reconhecer que não tem direito’. 2.2 – A mensagem da Igreja fala de reivindicar e exigir que Deus faça. 2.3 – A mensagem da Igreja fala do poder da palavra e da confissão positiva. a) ‘Declare isto irmão, pois o que você declarar vai acontecer, pois há poder em suas palavras’. 2.4 – A mensagem da Igreja fala da prosperidade material que o crente deve ter. a) Tal pregação não se coaduna com o fato de que o próprio Filho de Deus, o cabeça da Igreja viveu em pobreza. b) Essa pregação não se ajusta aos seus discípulos e apóstolos que nunca pregaram tal ensino, antes, experimentaram escassez, privações e tribulações das mais diversas.
c – A estratégia de Satanás contra a Igreja.
1. O alvo de Satanás, o arqui-inimigo de Deus e do povo de
Deus, é sempre retardar a caminhada da Igreja de Jesus, bem como diminuir o seu impacto no mundo. 2. No período que antecedeu a Reforma, todo tipo de excessos e perversidades estiveram no meio da Igreja.
3. O trabalho dos reformadores visava um
reavivamento religioso, ético e moral no seio da Igreja, e o reavivamento aconteceu.
4. Hoje vemos grupos evangélicos ordenando até
homossexuais para o ministério e ofícios. Isso já acontece no Brasil.
5. Discussões e práticas vazias do evangelho tiram o
poder da Igreja.
II – Quando Se Alimenta da Incredulidade.
a – A incredulidade é visível no texto.
1. O Senhor Jesus repreende a incredulidade.
1.1 – A incredulidade é repreendida em todo o texto bíblico, mas aqui em Jesus se torna clássica. a) Mc. 9.19 ‘Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrereis?’.
2. O pai da criança confirma a incredulidade.
2.1 – Ficou claro para o pai daquela criança que os discípulos não estavam munidos da fé que traria libertação ao seu filho. a) Mc. 9.22 ‘Se tu podes fazer alguma coisa...’. b) Não só questiona o poder dos discípulos, mas levanta a mesma dúvida em respeito ao Mestre. c) A partícula ‘ean’ no texto grego pode significar ‘visto que’, o que não traria dúvida mas certeza. b – Alternativas para a incredulidade.
1. Quando a Igreja se alimenta da incredulidade e busca
mecanismos da religiosidade para ocupar o lugar da fé e do serviço ao Senhor, ela perde a visão de sua missão e o poder que teria para o testemunho e salvação dos povos.
2. A rejeição das verdades fundamentais da Palavra de
Deus, já é em si mesmo, incredulidade.
3. Quando a Igreja passa a discutir, inquirir e vivenciar
o não estabelecido na simplicidade do Evangelho, é sinal de apostasia e de incredulidade. 3.1 – A apostasia e a incredulidade são sinais que antecederão a vida do Senhor Jesus Cristo. 3.2 – A religiosidade existirá, mas a fé pura e simples do Evangelho será distorcida e corrompida. Será um elemento em extinção.
4. Quando a incredulidade toma lugar na vida do
indivíduo ou da Igreja, a Igreja perde o poder.
III – Quando a Dimensão do Relacionamento Com
Deus é Perdida.
a – O Senhor Jesus aponta para a falta de poder.
1. Os discípulos ainda estavam sob treinamento e havia
aprendizados que ainda não tinham recebido. 1.1 – Quando interrogado Jesus respondeu: a) Mc. 9.29 ‘Esta casta só pode sair por meio de jejum e oração’. b) O Senhor Jesus usa esse incidente para fortalecer a fé dos discípulos, mas também para lhes ensinar estratégias de combate que ainda não haviam aprendido. 1.2 – Ficou claro que seus discípulos não haviam aprendido ainda este princípio da devoção pessoal.
2. Caso quisessem uma vida de poder deveriam se
aplicar à oração, ao jejum, à Palavra e a uma vida de devoção piedosa diante do Senhor. 2.1 – Até a noite de sua prisão os seus discípulos não eram homens de oração: ‘dormiam’. 2.2 – Só no livro de Atos em diante é que se vê os discípulos em reuniões de oração e jejuns intensos.
3. O modelo de relacionamento com Deus está na
pessoa de Jesus. 3.1 – Jesus era visto vezes sem conta em jejuns e orações. a) Mt. 4.2 ‘E depois de jejuar 40 dias e 40 noites teve fome’. b) Mc. 1.35 ‘Levantando-se de manhã muito cedo, ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto e ali orava’. 3.2 – Jesus ensinava assim aos seus discípulos: a) Mt. 6.5-6 ‘⁵E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pénas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. ⁶Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará’. b) Mt. 6.7-8 ‘⁷E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. ⁸Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais’.
4. O verdadeiro relacionamento com Deus é pessoal e
secreto: esse não pode ser falsificado.
c – O poder da Igreja não está no elemento corporativo.
1. O que capacita e manifesta o poder de Deus na vida da
Igreja não é o que acontece no culto público, mas o que acontece no culto privado, pois um é reflexo do outro.
2. O poder da Igreja hoje está no culto:
2.1 – Liturgias que empolgam e emocionam. 2.2 – Manipulações psicológicas. 2.3 – Grandes concentrações. Quanto maior a audiência, mais poder tem a Igreja.
3. A Igreja dos dias primitivos tinha suas reuniões nos
lares, nas catacumbas, e em pequenos grupos; contudo, o poder de Deus estava neles e sobre eles.
Conclusão:
A Igreja hoje é uma Igreja de poder?
É preciso praticar os princípios de Jesus. A vida e relacionamento individual de cada crente diante de Deus orientam os rumos da vida comunitária da Igreja. Que o poder real do real Evangelho esteja sobre esta Igreja cumprimento de sua missão.