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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

INTRODUÇÃO

O objetivo desta capacitação em forma de conteúdo é dar-lhe uma base


introdutória à exposição bíblica, a fim de que você possa preparar uma
mensagem expositiva simples, porém, fiel ao texto da Palavra de Deus.
Que Deus ganhe o seu coração e te dê a perseverança necessária para não
só começar este estudo, mas continuar se aperfeiçoando sempre. Amém.

O que você vai aprender neste e-book:


 A teologia bíblica da pregação
 A exposição bíblica e suas vantagens
 A escolha do texto e a pesquisa
 A exegese e o estudo indutivo
 A proposição
 A composição do sermão
 Planejamento de exposições bíblicas em série para a igreja

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AULA 01:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não


tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
II Tm 2.15

A TEOLOGIA BÍBLICA DA PREGAÇÃO


Uma das razões por que não gostamos da ideia de ter que estudar para
preparar exposições bíblicas é o fato de não termos uma base bíblica sólida
para a pregação. Tornamo-nos tão pragmatistas quanto à igreja que
achamos não valer a pena o esforço. Estamos mais preocupados com
técnicas eficazes que abrimos mão de convicções sólidas.

Quando falamos em preparação de sermões precisamos entender que a


teologia vem antes da metodologia. A metodologia pode fazer de nós bons
oradores, mas bons pregadores são formados pelo martelo de uma sólida
teologia bíblica. Se não adquirirmos fortes convicções bíblicas a respeito da
pregação, não conseguiremos nos manter fiéis à exposição bíblica por
muito tempo, antes, logo nos desviaremos para uma metodologia que seja
mais fácil de se dominar.

Certa vez um pastor acostumado a proferir mensagens tópicas e


superficiais, avisou de púlpito à sua igreja que estudasse o capítulo 17 de
Jeremias. E assim o fez durante quatro domingos consecutivos. No quinto
domingo fez uma exposição bíblica empolgante e muito bem elaborada. Ao
ser perguntado por que não pregava assim com frequência, respondeu
resignado: “_ Não faço assim porque acho muito difícil”. Seu pastorado
naquela igreja foi bastante tumultuado, levando a igreja à estagnação.

Nossas convicções quanto à pregação determinam o tipo de ministério que


desenvolveremos numa igreja local. Se a pregação não goza de importância
fundamental em nossos ministérios, precisamos perguntar se é realmente
a Bíblia sagrada que alimenta as nossas convicções quanto ao ministério da
pregação da palavra. Para um mundo indisposto ou incapaz de escutar,
convicções são mais importantes que técnicas. A teologia é mais
importante que a metodologia. A homilética é serva da exegese bíblica.

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O objetivo deste pequeno curso é mostrar as bases bíblicas para a


exposição bíblica e responder à pergunta sobre quais devem ser as
convicções que fundamentam a nossa prática da pregação? Nosso intento
parte de constatações pessoais, sociais e pastorais.

Pessoal. Porque muitos anos temos nos esforçado para aprender e praticar
a exposição bíblica de tal forma a atrair e convencer os ouvintes a respeito
da verdade das Escrituras quanto à salvação e quanto a obediência que
agrada a Deus. Falhamos muitas vezes nesse intento. Certamente a culpa
não é do método em si, mas de nossa mediocridade pessoal e pecaminosa.

Social. Porque constatamos o desinteresse crescente pela pregação fiel e


submissa aos intentos de Deus contidos e revelados nas Escrituras. Nossa
geração está dopada pela televisão e hiper conectada ao mundo virtual, é
hostil a qualquer conceito de autoridade e está cansada de tantas palavras,
que invariavelmente lhe soa como discurso vazio e hipócrita.

Pastoral. Porque somente a exposição clara e eficaz das Escrituras pode dar
à igreja de Cristo crescimento saudável e em profundidade. Sem a
ministração do conteúdo das Escrituras as igrejas morrem, não florescem.

BREVE ESBOÇO HISTÓRICO DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA

1. Os Profetas:
Deus falou por meio dos profetas e interpretou para eles o significado de
suas ações na história de Israel. Eles pregavam e escreviam as palavras de
Deus conclamando o povo ao arrependimento e o retorno à guarda da
aliança. Sua obrigação era transmitir o que Deus tinha falado.

2. Jesus e os Apóstolos.
Jesus Cristo era acima de tudo um pregador itinerante da Palavra de Deus.
Mais do que isso, ele é a própria palavra de Deus (o Verbo – Jo 1.1) revelada
em pessoa, ou seja, na sua encarnação (Hb 1.2). Nele habita corporalmente
a plenitude da divindade (Cl 1.15,19), a expressão exata do Ser de Deus (Hb
1.3). Como pregador, era fiel à palavra de Deus já revelada e o cumprimento
real de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento.

Ele veio, enviado por Deus, para proclamar as boas novas do Reino (Lc
4.18,43; Mc 1.38) e testemunhar a verdade (Jo 13.13; 18.20,37). Quando

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ressuscitou expôs tudo que a palavra dizia a seu respeito na Lei, nos
profetas e nos salmos aos discípulos na estrada de Emaús (Lc 24).
Os apóstolos priorizavam o ministério da pregação (Atos 6.4). O primeiro
sermão de Pedro no dia de Pentecostes foi uma breve exposição da razão
da encarnação de Cristo e um convite ao arrependimento dos pecados. Eles
tinham sido treinados por Cristo para serem enviados a pregar (Mc 3.14) e
levar o Evangelho a todas as nações (Mt 28.18-20). As pessoas deveriam
ouvir o evangelho, mas como ouviriam se não houvesse quem o pregasse a
eles? (Rm 10.14,15).

3. Os Pais da Igreja.
A Didaqué, um dos Pais Apostólicos, reproduzira instruções básicas de
como se deveriam tratar os pregadores itinerantes do evangelho e como
descobrir e disciplinar os falsos pregadores do Evangelho já no início do
segundo século. Justino Mártir, descreveu o culto cristão por volta do ano
150 ressaltando o papel central da leitura da palavra, da pregação e da
ministração dos sacramentos. As pessoas presentes ouviam a leitura e
depois a “instrução” na Palavra. Tertuliano, logo depois, explicava que o
objetivo da leitura e explicação da Palavra era nutrir a fé, animar a
esperança e tornar mais firme a confiança em Deus. Irineu, por volta de 180,
diz explicitamente que os presbíteros de cada igreja local expunham as
escrituras fielmente a fim de preservar a fé no único Deus.

Eusébio de Cesaréia, no início do IV século, nos informa que os pregadores


itinerantes plantavam as igrejas ensinando o básico e depois eram
substituídos por outros pastores que instruíram as igrejas na doutrina,
enquanto eles iriam para mais adiante plantar novas igrejas (HE. III.37.2).

A Escola de Antioquia era totalmente comprometida com uma exposição


bíblica mais literal, contradizendo os postulados alegóricos da Escola de
Alexandria. Dali surgiu João Crisóstomo o maior expositor bíblico da igreja
antiga. Sua pregação tinha quatro características:

(1º) Era bíblica, expondo as escrituras em sequência e relacionando os


assuntos entre si. Foi um dos primeiros pais da igreja a incentivar os
membros a terem suas próprias bíblias em casa.

(2º) Interpretação singela e direta, dando valor ao sentido original e à


intenção do escritor bíblico.

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(3º) Aplicações pastorais práticas e relevantes para o seu tempo.

(4º) Destemido em suas condenações. Sua pregação provocou seu exílio por
duas vezes e a sua morte no terceiro exílio.

4. Os Reformadores.
Em função da polêmica com o catolicismo em torno da autoridade das
escrituras (Sola Scriptura) todos os reformadores eram expositores bíblicos.
Lutero afirmava: “A igreja deve a sua vida à Palavra da promessa, e é nutrida
e preservada por essa mesma Palavra” (O Cativeiro Babilônico da Igreja).

Lutero distinguia nove características de um bom pregador:

1ª. Ensinar sistematicamente.


2ª. Ter boa perspicácia.
3ª. Ser eloquente.
4ª. Ter uma boa voz.
5ª. Uma boa memória.
6ª. Deve saber quando chegar ao fim.
7ª. Ter certeza da sua doutrina.
8ª. Deve arriscar e envolver o corpo e o sangue, as riquezas e a honra na
Palavra.
9ª. Deve se deixar zombar e escarnecer por todos.

Calvino enfatizava que a primeira marca de uma igreja verdadeira era a


pregação fiel da Palavra (Institutas, Livro IV.1.9; 2.1). Expunha
sistematicamente os livros bíblicos do Antigo e do Novo Testamento no
púlpito da igreja de Genebra aos domingos e durante a semana. Os sermões
expositivos de John Knox na Catedral de S. Giles, em Edimburgo, eram
conhecidos por colocar o temor de Deus nos corações de seus ouvintes. Tal
era o poder de suas exposições bíblicas que o povo escocês começou a
viver!

5. Os Puritanos e os Evangélicos.
A melhor designação que pode ser dada aos puritanos do século XVI e XVII
é que eram pregadores piedosos. Seu método era a exposição bíblica.
Richard Baxter se notabilizou-se por uma ênfase ministerial dupla: O
discipulado pessoal das famílias e a pregação da Palavra. Para eles, o púlpito
era para um pastor sua alegria e seu trono. Nenhum puritano, no entanto,

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foi mais eficaz que Johnatan Edwards. Sua pregação era profundamente
bíblica. Para ele, o ofício pastoral da pregação deveria ser desempenhado
com seriedade e alegria. Nesse período, destaca-se também a pregação
evangelística de George Whitefield, um dos principais líderes do
movimento evangélico metodista.

6. O Século XIX.
Charles Simeon, contemporâneo de Whitefield e Wesley, expôs as
escrituras sistematicamente, por 54 anos, do púlpito da Igreja da Santíssima
Trindade no campus da Universidade de Oxford, Inglaterra, combatendo a
soberba da sociedade inglesa desse período com a simplicidade da palavra.
Ele é modelo pastoral para todas as gerações de pastores posteriores.
Apesar do avanço do secularismo por meio das ideias de Darwin e da alta
crítica na Escola de Tubigen (Alemanha), houveram muitos expositores
bíblicos importantes nesse século: John Henry Newman (1801-1890); H. P.
Liddon (1829-1890); F. W. Robertson (1816-1853) e o príncipe dos
pregadores: Charles Haddon Spurgeon (1834-1892). Nessa época, o
historiador não cristão Thomas Carlyle apontou os pregadores como a
quarta liderança mais importante na sociedade britânica, destacando sua
“coragem solitária”7 diante da comunidade.

7. O Século XX.
O otimismo e a respeitabilidade da pregação no início do século XX foram
tragicamente rivalizados pelo desespero de duas grandes guerras mundiais
no continente europeu. As duas, entremeadas pela grande Depressão de
1929. Mas nem mesmo essas crises mundiais conseguiram abafar a
pregação. Foi o escocês James Black, o pregador usado por Deus para
desafiar os novos pregadores a levarem a sério o seu ministério. Ele
desafiava aos novos pastores a desde cedo fazerem da pregação a grande
ocupação de suas vidas.

Segundo Stott, a pregação, no mundo ocidental, entrou em refluxo nas


décadas de 1960-1980. O declínio da pregação põe em relevo o declínio da
igreja. Podemos citar como os pregadores mais influentes desse período:
John R. W. Stott, D. Martin Loyd-Jones, Billy Graham e James I. Packer.
8. Os Reavivamentos contemporâneos.
Os grandes reavivamentos da história da Igreja estão associados à
redescoberta da exposição bíblica contínua.

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 Neemias 8 – eles davam explicações do que estava sendo lido;


 Crisóstomo (leitura em casa e sequencial);
 Reforma (Lutero, Zuínglio e Calvino);
 Puritanos;
 Coréia 1906 - (1 João)
 Zulus 1966 – África do Sul (Atos).

9. A Exposição Bíblica no Brasil.


Os missionários presbiterianos que vieram para o Brasil no século XIX foram
treinados dentro da tradição da pregação expositiva. Ashbell Green
Simonton tinha sido aluno de Charles Hodge em Princeton, conhecido por
ser um reavivamentista moderado e hábil expositor bíblico. Posteriormente
homens como Erasmo Braga e Miguel Rizzo Jr foram conhecidos por sua
pregação.

O grande nome da exposição bíblica no Brasil, desde a década de 1960 foi


o Dr. Russel P. Shedd, que influenciou desde então gerações de pastores de
várias denominações evangélicas no Brasil, inclusive muitos pentecostais.

Os principais pregadores da Igreja Presbiteriana no Brasil têm sido


caracterizados por seu compromisso com a autoridade das escrituras e a
exposição bíblica sistemática nos púlpitos de suas mais variadas igrejas, tais
como: Augustus Nicodemus Lopes, Hernandes Dias Lopes; Roberto
Brasileiro; Mauro F. Meister, Valdeci Santos, Daniel Santos. E dentre os
batistas: Marcos Granconato e Franklin Ferreira são apenas dois exemplos.
Entre os pentecostais destacamos: Jesiel Gomes, Elienai Cabral, Josué
Brandão, Silas Malafaia entre outros.

Segundo John Stott, a tradição da pregação expositiva tem três


características cruciais:

 Ela é longa (20 séculos completos);


 Ela é ampla (representantes de várias partes do mundo)
 Ela é consistente, onde os desvios e vexames são a exceção e não a
regra histórica.

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TEOLOGIA BÍBLICA DA PREGAÇÃO


Ao falarmos em exposição bíblica, tratamos de nossas convicções, nossas
obrigações e nossas expectativas acerca das Escrituras:

1. Uma convicção a respeito de Deus.


O Deus em que cremos determina o tipo de sermão que pregamos.
a) Deus é luz (1 Jo 1.5, Jo 8.12).
Isto significa dizer que Deus é perfeito em santidade e verdade (Jo 8.12).
Também significa dizer que Deus se revela, que ele “é manifesto e não
secretivo”.9 A revelação é a iniciativa de Deus em manifestar-se ao homem.
Ele se revela não apenas na criação, mas supremamente em Cristo, sua
palavra encarnada, e também Nas Escrituras.

O prazer de Deus está em revelar-se ao homem, e se este não o conhece é


porque, em função do pecado, afasta-se de Deus. Uma convicção básica de
cada pregador é que Deus quer fazer a sua luz raiar nas vidas dos seus
ouvintes, dissipando as trevas de seus corações (2 Co 4.4-6).

b) Deus tem agido.


Deus tomou a iniciativa para se revelar em ações. Ele se revela na sua
criação e de modo ainda maior na redenção. No Antigo Testamento Deus
se revela como o Deus que chama. Ele chama a Abraão de Ur dos Caldeus;
ele chama Israel do Egito; e ele chama a Judá do exílio babilônico. Por fim,
ele chama a sua igreja em Cristo.

c) Deus tem falado.


Deus não é como os ídolos que não falam (Sl 115.5). A fala de Deus explica
o que Ele faz. A sua revelação é proposicional, ou seja, ela se dá por meio
de palavras, organizadas em frases, que explicam todas as suas ações
redentoras na história dos homens. Logo, nós falamos como pregadores,
porque Deus falou e continua falando nas Escrituras (Am 3.8; 2 Co 4.13; Sl
116.10).

2. Uma Convicção a respeito das Escrituras.


a) A Escritura é a Palavra de Deus Escrita.
A inspiração das Escrituras não se deu por meio de um ditado mecânico,
mas engloba a mente e a boca dos homens que Deus inspirou para escrevê-
la. A Bíblia é um livro divino-humano, no sentido de que nos transmite a
revelação de Deus em linguagem humana. A inspiração não foi um ditado,

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mas um processo dinâmico que tratou os escritores bíblicos como pessoas


em plena posse de suas faculdades mentais. Isso quer dizer que a pesquisa
histórica, o interesse teológico e o estilo literário de cada escritor bíblico
não foram nem incompatível com o processo da inspiração, nem foram
suprimidos por ele.10 A Escritura não é uma mistura de verdade e erro e
nem o fruto de apenas o testemunho de pessoas inspiradas, mas ela mesma
é a palavra de Deus. A revelação divina encontra-se no registro escrito que
ele fez, como interpretação autorizada da sua verdade.

Nossa doutrina da inspiração inclui também a fé na providência de Deus,


que preservou o registro para que sua Palavra chegasse até nós. Deus não
só formou as Escrituras (Cânon) como também as preservou para nós.
Pregar não é outra coisa senão repassar ao nosso século o único
testemunho autorizado que Deus dá de si mesmo e de Cristo nas Escrituras.
Nós só ousamos pregar porque Deus já falou; se não fosse assim, a nossa
pregação só teria um punhado de especulações humanas para dizer.

Por outro lado, A Bíblia é um texto “parcialmente oculto”. O significado de


“perspicuidade” na teologia e pregação dos reformadores tinha a ver com
a clareza e simplicidade da mensagem central das Escrituras, que é o
evangelho da salvação através da fé em Cristo somente. As Escrituras são
claras quanto às suas doutrinas fundamentais, mas isso não quer dizer que
tudo nas Escrituras são igualmente claros. Por isso Deus concedeu “pastores
e mestres” à igreja para ensinar-lhe as Escrituras.

Em função dessa verdade bíblica, nossa pregação demonstra o valor que


damos às Escrituras como registro das palavras do Deus vivo (1 Co 2,13).
Paulo nos lembra que somos despenseiros e arautos de Deus ao mesmo
tempo (1 Co 4.1,2).

b) Deus continua falando através do que já disse nas Escrituras.


É interessante observar a argumentação de Paulo quanto cita as Escrituras
em Gálatas 4. 21,22,30. Primeiro ele diz: “não ouvis a Lei?” e depois “Porque
está escrito” e por fim acrescenta “diz a Escritura”. Nota-se que aquilo que
está escrito há séculos fala agora aos ouvidos dos judeus e às igrejas da
Galácia. A nossa convicção é que a Escritura é a voz contemporânea de
Deus. Aquilo que Deus falou no passado continua falando no presente.
Hebreus 4 é outro exemplo claro dessa verdade. O autor cita o exemplo do
Salmo 95, que por sua vez está citando o acontecimento de Massá e Meribá

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no deserto. Na época do Êxodo o povo não escutou a voz de Deus e vagou


40 anos no deserto como castigo divino. Na época do Salmo 95, o salmista
relembra aquele episódio registrado no Êxodo por Moisés como
advertência à obediência; o autor de Hebreus usa o mesmo exemplo,
aplicando-o à sua época. O mesmo é o que os pregadores devem fazer hoje.

ÊXODO SALMO 95 HEBREUS 4 NÓS


Deserto – 1.446 a.C. Monarquia 900 a.C. I século Século XXI

O próprio Senhor Jesus aplicou esse princípio na estrada de Emaús (Lc


24.27,32) No Apocalipse João afirma: “Aquele que tem ouvido OUÇA o que
o Espírito DIZ às Igrejas”. Esse princípio nos protege de dois erros contra a
doutrina da inspiração: (1) Crer que Deus falou, mas cessou de falar. (2) Crer
que Deus fala, mas à parte das Escrituras.

c) A Palavra de Deus é poderosa.


Quando Deus fala, Deus age. Deus realiza seus propósitos mediante a sua
palavra (Is 58.11). Na vida de Cristo observamos que ele equilibrava
(combinava) perfeitamente ensino e prática (Mt 4.23; 9.35; At 10.38).
Na pregação o poder não está no pregador por si, mas na palavra que ele
anuncia. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação daquele que crê
(Rm 1.16,17; 1 Co 1.21; 1 Ts 2.13). É a Palavra de Deus que “é viva e eficaz”
(Hb 4.12). Na Bíblia existem muitas figuras de linguagem que ilustram e
ressaltam as características da Palavra de Deus: Ela é espada, martelo, fogo,
lâmpada, leite, espelho, semente, trigo, mel ouro etc. Segundo a Parábola
do Semeador, não devemos esperar eficácia em todos os sermões, visto que
há 4 tipos de solo, haverá resultados diferentes e reações diferentes à
pregação. Contudo, isso nos ensina que os resultados pertencem ao Espírito
Santo, e não aos homens. Essa é uma constatação consoladora e uma
advertência contra a manipulação da mensagem. O Evangelho é mais que
uma doutrina, uma promessa ou uma declaração. O Evangelho é um ato e
um poder, originados na pessoa de Deus! É um ato porque através dele Deus
redime e salva. É poder porque carrega a benção e o juízo de Deus. “A
pregação tem um único alvo, que Cristo venha aos que se reuniram para
escutar” (Gustaf Wingren).

3. Uma convicção a respeito da Igreja.


A Igreja é criada por Deus mediante a sua Palavra. A igreja, como nova
criação, é tão dependente da palavra como a antiga criação é (o universo).
Pela Palavra Cristo alimenta e governa a igreja (Dt 8.3; Jo 17.17).
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O principal pecado do homem é o da desobediência à Palavra de Deus (Ex


2.24; 19.3-6; 24.3). A mensagem chave de Deuteronômio é “Ouve ó Israel
(Dt 4.1,30; 5.1; 6.1-3; 11.26-28; 12.28; 15.5; 28.1). No Antigo Testamento,
a Palavra veio por meio dos profetas a fim de advertir ao povo quanto à
obediência a Deus (Jr 7.23-26; 2 Cr 36.15,16). A saúde da Igreja depende da
obediência à Palavra de Deus. Não somos alvos da revelação como foram os
profetas e apóstolos do passado, mas ao expormos as Escrituras com
fidelidade é a Palavra de Deus que levamos ao povo de Deus. Uma igreja
surda à Palavra é uma igreja morta,13 visto que a principal causa do declínio
espiritual da igreja é “fome e sede de ouvir as palavras de Deus” (Am
8.11), que são causados pela superficialidade na pregação.

4. Uma Convicção a respeito do Pastorado.


Hoje em dia existe muita incerteza quanto ao papel do pastorado na igreja.
Nossa convicção deve ser:

a) Reafirmar a doutrina do Novo Testamento de que Cristo dá


superintendentes à igreja (1 Tm 3.1).
Almejar o episcopado é uma aspiração considerada “excelente” e digna, o
que nos leva a entender que é desejo de Deus que essa função faça parte
permanente da estrutura da igreja.

No Novo Testamento, esses superintendentes são chamados de pastores.


O uso moderno do termo “ministros” é prejudicial, pois “engana por ser
mais genérico do que específico, e sempre, portanto, requer um adjetivo
qualificante para indicar que tipo de ministério está em mente”.
“Sacerdote”, outra palavra usada atualmente é ambígua, porque conduz ao
tipo de ministério praticado no Antigo Testamento, quando o sacerdócio
era voltado principalmente para Deus no oferecimento de “dons e
sacrifícios”, enquanto no Novo Testamento, o ministério pastoral é voltado
especialmente para a Igreja. Os líderes das igrejas neotestamentárias nunca
são chamados de sacerdotes, mas somente de pastores, bispos,
presbíteros, e as funções destes são sempre descritas como pastorais (At
20.28; 1 Pe 5.1,2).

b) Alimentar o rebanho é o mesmo que ensinar a Palavra (Ef 4.11).


A principal função do pastorado é alimentar as ovelhas, que é uma metáfora
para o ensino. O pastor do Novo Testamento é também um mestre da
Palavra (Ef 4.11). Essa função, segundo o Novo Testamento não é

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incompatível com as declarações bíblicas de que na Nova Aliança “todos me


conhecerão” e de que o Espírito Santo é “a unção que procede do Santo” e
que os crentes devem ser habitados ricamente pela palavra de Cristo a fim
de ensinarem uns aos outros (Jr 31.34; 1 Ts 4.9; 1 Jo 2.20-27; Cl 3.16),
porque o dom de pastor-mestre também é uma concessão graciosa de
Cristo à sua Igreja (Ef 4.11). O ministério pastoral é uma provisão divina,
sendo uma tolice rejeitá-lo.

O cuidado do pastor para com as ovelhas é quádruplo:


1. Alimentar conduzindo-as a bons pastos.
2. Guiar. Porque as ovelhas facilmente se desgarram.
3. Guardar contra lobos predatórios.
4. Curar as que se feriram em acidentes.

O objetivo de cada exposição das Escrituras é alimentar, guiar, guardar e


curar as ovelhas de Cristo que nos foram confiadas por ele.

Quando Paulo instruiu a Timóteo a respeito do pastorado, também incluiu


instruções a respeito da pregação (2 Tm 1.13). As Escrituras deviam ser lidas
publicamente, ministrando-se à congregação exortação e ensino. Dentre as
exigências ao presbiterato, ensinadas a Timóteo e Tito, Paulo fez constar a
capacidade de “encorajar a outros pela sã doutrina e de refutar os que se
opõem a ela” e o dom de ensino (Tt 1.9; 1 Tm 3.2). A prioridade da pregação
e do ensino no ministério pastoral é uma ênfase salutar do Novo
Testamento para a manutenção da saúde do rebanho, da igreja. Nada é
mais danoso para a igreja que pregadores infiéis, visto que o ministério da
pregação tem um caráter altamente pastoral e prioritário na edificação da
igreja de Cristo (At 6.4). Essa convicção, por si só já nos levaria a uma radical
reorganização e reestruturação da nossa visão ministerial de trabalho
pastoral, inclusive na concepção de delegação de funções e tarefas na vida
da igreja local, como os apóstolos fizeram em Atos 6.

c) A função única do pastor-pregador é ser fiel à palavra.


O pregador não é nem profeta nem apóstolo, porque não trata com a
mensagem como se fosse uma revelação direta e original de Deus por
inspiração. A palavra que ele vai pregar já está revelada nas Escrituras e sua
obrigação é ser-lhe fiel em tudo.

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Também o pregador não pode ser um falso profeta ou falso apóstolo,


porque ambos laboram no erro de dar ouvidos ao seu próprio coração e
dizer que Deus lhes falou. A Escritura tem duras palavras para ambos (Jr 23;
Ez 34).

E ainda o pregador também não é um tagarela (At 17.18). A origem dessa


palavra tem a ver com o barulho dos pássaros que comiam sementes, como
a barulhenta gralha, depois passou a ser aplicada aos que comiam das
sobras dos outros (mendigos e moleques). Daí passou a indicar o fofoqueiro
ou tagarela. O tagarela é aquele que repassa ideias como mercadorias de
segunda mão, colhendo fragmentos e detalhes das ideias dos outros.
Segundo Stott diz, “seu sermão é uma colcha de retalhos”, visto que não
somente cita descuidadamente aos outros, mas principalmente não tem a
capacidade de pensar por si. Sua opinião é a do último pregador que ouviu
ou do último livro que leu!

O pregador é um despenseiro que administra a distribuição do alimento


contido na despensa da qual o seu senhor lhe confiou a chave. O pregador
é um arauto que anuncia publicamente a mensagem das boas novas do
evangelho da graça que lhe foi confiada. O pregador é uma testemunha do
testemunho do Pai, a respeito do Filho e através do Espírito e da igreja ao
mundo, ou seja, ele é um instrumento da verdade. O pregador é pai e servo
também, pois age com interesse e autoridade, ternura e afeto pelos seus
ouvintes, servindo-lhes sem interesses próprios, mas dependendo do poder
de Deus por seu intermédio.

5. Uma convicção a respeito da Pregação.


Segundo John Stott, “toda pregação genuína é pregação expositiva”.18
Portanto, relegar a exposição bíblica a apenas mais um método que os
pregadores podem utilizar é ignorar o significado de uma genuína pregação
bíblica,19 visto que na exposição bíblica o texto é o mestre que determina
e controla tudo o que é dito. Muitos têm trocado o conceito e “exposição”
(tirar do texto o ensino e aplicá-lo) por “imposição” (colocar no texto
conceitos particulares), fazendo do sermão um cabide de ideias e usando o
texto bíblico por pretexto.

a) A exposição nos prescreve limites.


A exposição nos restringe ao texto bíblico. A primeira qualificação de um
pregador expositivo é sua convicção de ser um guardião de um depósito
recebido de Deus e encarregado de anunciá-lo com fidelidade e clareza. Sua

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função é a de ser despenseiro e ministro (1 Co 4.1), duas expressões


retiradas do ambiente da escravidão. O pregador é limitado pela vontade
daquele lhe confiou o ministério da palavra e pelo qual requererá
responsabilidade.

b) A exposição exige integridade.


Não podemos fazer da exegese “a espantosa arte de modificar as coisas por
meio de explicações”.20 Quando defendemos uma exegese gramático-
histórica das Escrituras queremos dizer que a sua interpretação tem de ser
de acordo com a sua origem histórica e dentro da construção gramatical em
que se encontra. Qualquer alegoria imaginativa ou espiritualização criativa
constitui-se em agressão à verdade e ao bom senso. Todo pregador deve
buscar e ensinar o “significado claro, natural e óbvio de cada texto, sem
sutilezas,21 a fim de transpor o abismo cultural entre o “lá” da história
passada e o “então” do nosso cotidiano moderno. É preciso ter integridade
e coragem para vivermos de acordo com essa regra, pois muitos têm
rejeitado sistematicamente a fidelidade simples às Escrituras sagradas.

Os escritores bíblicos eram homens honestos que pretendiam que seus


escritos fossem compreendidos claramente, pois significavam o anúncio de
uma verdade eterna e revelatória de Deus aos homens. Eles não
mercadejavam a palavra de Deus em troca de sucesso ou reconhecimento
(2 Ts 2.13).

Além disso, A Escritura nos oferece uma gama enorme de subsídios para
que um texto seja interpretado por outro, princípio que os reformadores
chamavam de “analogia da fé”. O texto tem unidade e integridade, e o
papel do pregador é ressaltar o que já está ali.

c) A exposição identifica armadilhas.


Na tentativa de ser fiel ao texto bíblico, as duas armadilhas que o pregador
pode cair são:

1. Esquecimento. Perder o sentido do texto e sair pela tangente seguindo a


sua própria imaginação.
2. Deslealdade. Forçar os significados do texto para caberem em idéias
particulares do pregador.

Expor um texto não é explorá-lo à cata de ideias interessantes ou prediletas.


Isso é manipulação vergonhosa e, segundo Stott, iníqua, que equivale ao

15
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

que Paulo chama de perverter e torcer a Palavra. Tratar o texto como


pretexto é o maior pecado que os pregadores cometem contra as Escrituras
e contra a própria pregação, pois tem a capa da piedade como proteção e
o ferrão do pecado como resultado.

d) A exposição nos dá confiança para pregar.


A fidelidade e a integridade na exposição das Escrituras produzem coragem
no pregador. Os pregadores realmente grandiosos não passam de servos
das Escrituras.

e) A exposição exige sensibilidade para com o mundo moderno.


Expor as Escrituras é mais que fazer exegese. O exegeta explica o texto, mas
o expositor vai além, e aplica o texto bíblico à realidade contemporânea.23
Devemos ser fiéis ao texto (exegese) e contemporâneos em sua aplicação
(exposição). A maior crítica que é feita aos pregadores conservadores é que
são bíblicos, mas, não são contemporâneos, enquanto os liberais são
contemporâneos sem ser bíblicos. O desafio é sermos bíblicos e
contemporâneos ao mesmo tempo!

Pregar é responder a duas perguntas cruciais:

1) O que o texto significou? A exegese busca o significado verdadeiro e


original do texto segundo a intenção de seu autor, que não muda.

2) O que o texto significa para hoje? A aplicação do texto ao nosso


tempo exige sensibilidade espiritual e pastoral para com os ouvintes.
A aplicação é baseada na exegese fiel, mas precisa ser prática, clara
e contemporânea.

Duas expectativas se nos apresentam como consequência lógica:

1. Esperamos que se ouça a voz de Deus na pregação.


O que pregamos não é a nossa palavra e vontade, mas de Deus. A
autoridade do sermão não parte do pregador, mas das Escrituras às quais
deve estar submisso. O que o pregador pode fazer para não atrapalhar esse
processo, mas ser um canal apropriado para que Deus se comunique com
os ouvintes?

16
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

a) Preparar-se com cuidado para pregar.


b) Orar sinceramente pelo sermão antes de sair de casa.
c) Orar novamente ao púlpito antes de pregar.
d) Ler e expor o texto bíblico escolhido com seriedade de propósito.
e) Terminar e orar, aguardando que aconteça um silêncio solene na
presença de Deus, que redundará na aplicação da palavra de Deus pelo
próprio Deus nos corações dos ouvintes.

2. Esperamos que o povo obedeça à vontade de Deus nas Escrituras.


A natureza da reação esperada dos ouvintes é determinada pelo conteúdo
da palavra exposta.
a) Se expomos a grandeza de Deus devemos esperar dos ouvintes
humilhação em adoração.
b) A exposição da natureza humana caída no pecado deve conduzir ao
arrependimento e confissão.
c) A obra redentiva de Cristo leva ao arrependimento e fé na graça de Deus.
d) As promessas de Deus à disposição em herdá-las ou confiar nelas.
e) Os mandamentos de Deus exigirão obediência simples em fé.
f) Falar do futuro aguardando uma resposta de esperança.
Tomados por essas reações diferentes, mas todas advindas da palavra viva
de Deus, os ouvintes retomarão suas vidas cheias do próprio Deus.

CONCLUSÃO
Dissemos no início desse curso que ao falarmos em exposição bíblica,
tratamos de nossas convicções, nossas obrigações e nossas expectativas
acerca das Escrituras:

1. Convicções têm a ver com a nossa fé, com aquilo em que cremos. O que
cremos e crermos acerca das Escrituras determinarão nossa postura na
pregação da palavra.

2. Obrigações têm a ver com o nosso trabalho. O trabalho pastoral visa


formar a pessoa de Cristo nos nossos ouvintes. Se os crentes não são
edificados e os incrédulos não são confrontados com as reivindicações do
evangelho, então nosso sal perdeu o sabor. Orare et labutare (oração e
labor) era a convicção dos reformadores sobre o sermão.

17
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

3. Expectativas têm a ver com nossas esperanças. O que esperamos que


aconteça após o sermão? Neemias 8.12 diz que o povo foi contristado pela
palavra, mas depois se alegrou grandemente “porque tinham entendido a
palavra do Senhor”.

“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua


própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da
pregação” (1 Co 1.21). A exposição clara e fiel das Escrituras pode parecer
loucura para o nosso século, inclusive para alguns elementos dentro própria
igreja, mas isso não muda a nossa tarefa e nem tampouco os propósitos
divinos que escolheu salvar por meio da pregação do evangelho. Nessa
tarefa reside a manifestação do poder de Deus. Por que trocaríamos o
melhor pelo inferior e nos contentaríamos com o medíocre em vez buscar
o melhor, uma vez que Deus o colocou à nossa disposição? Que Deus nos
faça sábios para ele e que sejamos loucos para o mundo.

Relação da Homilética com as Demais Matérias Teológicas


O alvo da pregação é a proclamação das virtudes daquele que nos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9). Portanto, ela visa a
edificação da igreja e o chamado à humanidade para o arrependimento e à
salvação.

A adoração é mais importante que a evangelização, pois a evangelização


é o convite aos povos para que adorem e glorifiquem ao único Deus. A
evangelização terminará na consumação, mas a adoração perdurará por
toda a eternidade. É um equívoco achar que a exposição bíblica doutrinária
não evangeliza assim como achar que a evangelização não doutrina as
pessoas. Tudo é interligado na exposição bíblica fiel.

A exegese e a hermenêutica são a base da exposição bíblica. A teologia


bíblica e sistemática são os elementos que dão equilíbrio ao conteúdo da
pregação. A exposição fiel das escrituras educa e disciplina ao homem
cristão (2 Tm 3.14-16, Tt 2.10-14).

A história da Igreja é o ambiente da pregação e o elo que dá consistência


histórica à fé cristã.

A homilética é a ferramenta de trabalho pastoral mais utilizada no


ministério cristão, logo deve ser tratada com esmero e constante
aprimoramento.

18
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

AULA 02
“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua
própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da
pregação” (1 Co 1.21).

A EXPOSIÇÃO BÍBLICA E SUAS VANTAGENS

Os Métodos de Pregação são basicamente três:

1. Textual
2. Tópico
3. Expositivo

1) MÉTODO TEXTUAL
A sua forma segue as partes de um texto pequeno. Toma-se um ou no
máximo três versos, usando suas frases literalmente como títulos principais
do sermão.

João 3.16: João 3.16:

A Realidade da Salvação: O Amor de Deus:


1) Deus nos amou: I. É sublime - tal maneira

A sublimidade do Amor de Deus. II. É sacrificial - deu seu filho


2) Cristo se entregou:
III. É salvador - para que não pereça
O sacrifício de Cristo
3) O que nele crê, não perece:
A dádiva da vida eterna.

Outro exemplo: I Timóteo 4.12: “Torna-te padrão dos fiéis” (ARA).


1) Seja um exemplo “na palavra”.
2) Seja um exemplo “no procedimento”.
3) Seja um exemplo “no amor”.
4) Seja um exemplo “na fé”.
5) Seja um exemplo “na pureza”.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

Este método textual é muito vantajoso para pregações em textos


pequenos, porque é facilmente desenvolvido e também é fácil de ser
lembrado. Porém há desvantagens:

1. Nem todas as passagens se prestam a esse tipo de tratamento sem


parecerem forçadas.
2. Corre-se o risco de interpretar o texto fora do seu contexto e assim
ignorar a intenção do autor bíblico.
3. Pode facilmente dar lugar a artificialidades e alegorias (dizer que uma
coisa significa outra).

Exemplo de alegorização:
Jó 28.7-11 - A Vereda da Oração:
1) Essa vereda - o caminho da oração
2) A ave de rapina a ignora - o diabo não pode penetrar.
3) Revolve os montes desde as suas raízes - realiza a cura total.
4) Traz à luz o que estava escondido - é fonte de revelação de Deus.

2) MÉTODO DE TÓPICOS:
A sua forma resulta de palavras ou ideias contidas no assunto do texto. Eles
não resultam de um versículo (textual) ou de uma passagem (expositivo),
mas de um assunto ou tema (tópico), abordando-o “a partir de um dentre
vários pontos de vista”. Os argumentos não procedem da passagem em si,
mas das considerações do tópico escolhido em várias passagens bíblicas. É
muito útil para palestras e estudos doutrinários.

Exemplos
João 3.16 – 21 Gálatas 5.25

Três Fundamentos da Vida Cristã Vida no Espírito

1) O amor de Deus - v.16. 1. Para viver no Espírito é preciso


ser batizado com o Espírito (I Co
2) O julgamento de Deus 12.13).
vss.18,19. 2. Para viver no Espírito é preciso
andar no Espírito (Gl 5.16).
3) A certeza da Vida Eterna 3. Para viver no Espírito é preciso
v.18. ser cheio do Espírito (Ef 5.18).

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

Sua grande vantagem (do método de tópicos) é oferecer grande mobilidade


e valorizar a perspicácia e a criatividade do pregador. Contudo, como em
quase todo método há desvantagens também, vejamos:

1. Exige um largo conhecimento das doutrinas bíblicas.


2. Tende a não valorizar o texto básico e
3. pode partir para espiritualizações do texto (extrair uma lição
espiritual do texto sem dar atenção ao verdadeiro sentido da
passagem) devido ao excesso de criatividade do pregador.

Exemplo de espiritualização:
Lucas 19.5 - Zaqueu, Desce Lucas 22.54 - Pedro Seguia de
Depressa: Longe.
1) Desce do orgulho. 1) Longe da sua presença.
2) Desce da arrogância. 2) Longe do seu amor.
3) Desce da altivez. 3) Longe da sua proteção.

3) EXPOSITIVO (é o método em questão neste curso):


É aquele que explica e aplica uma passagem seguindo a estrutura dos
parágrafos do texto bíblico de acordo com a intenção básica de seu autor.

1) DEFINIÇÃO:
Walter Liefield define a exposição bíblica (método expositivo) assim:
“É pregação que explica a passagem (bíblica) de uma maneira que leve a
Igreja a uma aplicação verdadeira e prática da passagem”.

2) CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO EXPOSITIVO


a) Ele trata de uma só passagem básica da Escritura:
O objetivo é ensinar um só texto de cada vez, tornando-o claro, e dando
condições aos ouvintes de obedecerem com segurança à verdade. A citação
de outros textos deverá estar vinculada e subordinada ao texto escolhido
para esclarecer seu significado (reforçar o ensino).

b) Ele é fiel ao texto (integridade hermenêutica):


A estrutura de seu sermão deve ser a estrutura do texto bíblico. No caso de
sermão expositivo, a passagem bíblica é o mestre, e o pregador é o servo.
A exposição bíblica leva em conta: O gênero literário (narrativa, epístola,
milagres, parábolas, profecias, etc.); propósito original do autor (o que ele

21
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

quis ensinar?); a sequência da narrativa (verbos, palavras repetidas etc.) o


significado e a aplicação do autor.

c) Ele tem coesão:


Todas as partes do sermão (introdução, argumentação, conclusão e
aplicações) estão interligadas ao propósito e temas do texto escolhido para
expor. Cada uma conduz à outra e a completa e reforça.

d) Ele tem movimento e direção:


Ela segue o raciocínio do texto e o torna evidente aos ouvintes. Mostra as
relações no texto de causa e efeito, comparações, contrastes, repetições de
palavras e expressões diversas de emoção.

e) Ele tem aplicação:


Mostra aos ouvintes o que o texto te mostrou para facilitar a obediência. O
objetivo da aplicação é levar os ouvintes à obediência ao texto exposto. A
aplicação de um sermão expositivo procura não violar o propósito, o
significado ou a função do texto em seu contexto original.

3) A IMPORTÂNCIA DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA:


a) Cria proximidade da revelação e da vontade de Deus.
“Quanto mais nos ativermos à Palavra revelada de Deus, menos suscetíveis
seremos ao erro”. Na elaboração uma exposição bíblica (sermão), é preciso
levar em conta a subjetividade do pregador, as limitações da mente
humana, os efeitos do pecado sobre os seus melhores pensamentos. Este
século tem sido marcado pelo subjetivismo que ignora até mesmo o básico
na interpretação de um texto. A exposição bíblica é uma forma saudável de
minimizar os efeitos desses elementos.

b) Ensina a Palavra no contexto que o Espírito Santo escolheu.


Pode-se fazer mau uso das Escrituras no afã de fazer uma aplicação
atualizada da Palavra. A Bíblia não é um livro mágico em que alguém abre
em qualquer página e tira a mensagem de Deus para o seu dia. Ela é um
livro de princípios, que aprendidos e assimilados orientarão o caminho do
cristão no seu dia a dia. Contudo, seus princípios foram dados por Deus
dentro de contextos próprios (históricos e literários) que não podem ser
ignorados na sua interpretação e aplicação moderna. Quando se leva em
conta o contexto da inspiração atesta-se melhor obediência ao Espírito.

22
Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

c) Vai ao encontro das necessidades dos ouvintes e da Igreja.


É claro que uma mensagem expositiva pode ser exata sem ser
pastoralmente funcional, mas a Palavra de Deus é maior que o sermão, pois
a palavra de Deus tem autoridade e poder próprios (Is 55.11). A exposição
fiel das Escrituras é o meio mais seguro de suprir as carências dos ouvintes
da Palavra de Deus.

d) Fixa a atenção no texto bíblico e no seu ensino.


O propósito do pregador não é simplesmente suprir as necessidades
espirituais de seus ouvintes, mas também equipá-los para que possam
pessoalmente buscar e encontrar o genuíno alimento espiritual da Palavra.
A exposição bíblica mostrará aos ouvintes que a sua fonte de autoridade
não é o pregador, mas a própria Palavra. A Igreja crê que as Escrituras são
a sua ÚNICA regra de fé e prática. A melhor maneira de exemplificar e
aplicar essa verdade é através da exposição sistemática e programada das
Escrituras.

e) Alimenta a Igreja na medida certa (porção por porção).


O povo de Deus e os visitantes aos cultos das igrejas precisam mais do que
mensagens banais e superficiais, eles estão famintos pelo verdadeiro pão.
A boa exposição da Palavra não busca impressionar os ouvintes com
conhecimento e oratória, mas busca alimentá-los com a verdade de Deus
contida nas Escrituras. O misticismo mágico que domina os púlpitos de hoje,
ocultam a Palavra dos ouvintes, pois não lhes dá o direito de pensar com o
pregador, nem tão pouco pensar como Deus pensa nas Escrituras.

f) Pode servir melhor contra o ensino errado, protegendo a Igreja de uma


interpretação imprópria da Escritura.
Um preparo pobre e superficial do pregador, sua hermenêutica falha, a
simples preguiça no estudo, sem contar a distorção deliberada a fim de
alcançar interesses particulares e acarretam tremendo prejuízo espiritual
para a Igreja de Cristo. Muitas igrejas são sujeitas a interpretações
imaginosas e inválidas das Escrituras. A espiritualização e a alegoria
voltaram a ser tão comuns, que chegam mesmo a ser uma praga!
Como resultado de um púlpito fraco e pobre da Palavra de Deus, milhares
de cristãos estão “espiritualizando” a Bíblia em sua leitura devocional diária
no esforço de “tirar uma benção” da passagem para o seu dia a dia. O
melhor lugar para combater esse empobrecimento da interpretação bíblica
é o púlpito; e a melhor maneira é a exposição bíblica fiel e sistemática.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

4) AS VANTAGENS DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA (Método Expositivo):

Ela propicia mais confiança de estar ensinando a vontade de Deus.


Expor a verdade aumenta a confiança e a sensação de autoridade que
emerge da Palavra. Quem é fiel ao texto, é fiel à vontade de Deus, porque
a única certeza que realmente temos quanto ao sermão é que a Bíblia é a
Palavra de Deus!

b) Ela limita o pregador-expositor à verdade bíblica.


Minimiza-se subjetivismo do pregador quando ele está consciente de que o
sermão é um veículo para a verdadeira Palavra de Deus.

c) Ao expor sistematicamente livros inteiros (livro após livro) expõe-se vários


assuntos diferentes, e não somente os prediletos.
A exposição bíblica é a melhor forma de se anunciar “todo o desígnio de
Deus” (Atos 20.27), pois obriga os pregadores a tratarem dos assuntos da
Palavra de Deus e não somente de excentricidades pessoais e predileções.

d) A própria Bíblia trás sua aplicação (na maioria das vezes).


Não se tem dificuldade em aplicar a passagem à vida prática dos ouvintes
se a função original do texto bíblico for discernida. A forma como o autor
bíblico a aplicou é um indicativo seguro de como se deve aplicá-la hoje.

e) A estrutura do texto é a base da estrutura de sermão.


Cada texto segue padrões redatoriais e de pensamento arquitetados por
seu autor, que se devidamente descobertos servirão como a base do
esboço do sermão. A exegese não é somente uma ferramenta para se cavar
o significado e o sentido do texto, mas é a principal ferramenta da
construção homilética da exposição bíblica.

f) Pode-se tratar de assuntos delicados sem que o pregador seja inoportuno.


Se as Escrituras são expostas em sequência a tensão causada por esses
assuntos ficará diminuída e a autoridade da Palavra na igreja local
resguardada.

g) Fornece um ótimo modelo de estudo bíblico.


A exposição bíblica mostra que a Bíblia não somente tem respostas como
também provê meios para que os ouvintes, por si mesmos, encontrem
essas respostas em seu estudo pessoal das Escrituras. Assim, a exposição se

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

torna uma ferramenta extremamente útil no discipulado cristão. Afinal,


todos aprendem melhor observando um bom modelo.

Quem não expõe a palavra enfrenta problemas sérios.

1. Subjetividade: Dá larga margem para as suas ideias próprias.

2. A pregação se torna leite adulterado em vez de genuíno (I Pe 2.2).

3. Impõe limitações à mente, pois o pregador ensina o que pensa e gosta,


não necessariamente a Palavra de Deus.

4. Os efeitos do pecado ficam evidentes na própria mensagem, provocando


ignorância da mensagem real da Palavra e introduzindo o erro na vida da
Igreja.

5. Destrói a autoridade da Bíblia, criando atitudes nos ouvintes de confiança


mais em métodos do que na Palavra de Deus.

6. Passa de largo a temas importantes das Escrituras que todos precisam


conhecer e obedecer, ainda que não sejam agradáveis aos seus ouvidos.
Além desses podemos também acrescentar:

7. Dificulta o processo de contextualização, pois ignora o contexto original


da passagem e a intenção original do autor bíblico.

8. Inibe a dimensão pastoral e missionária da Igreja, pois foge ao propósito


maior da revelação nas Escrituras, que é anunciar todo o desígnio de Deus.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

AULA 03:
“Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito dá doutrina,
se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo.” JOÃO 7.17

A ESCOLHA DO TEXTO E A PESQUISA

A ESCOLHA DO TEXTO:
A escolha do texto é definida pela abrangência do ministério do pregador.
Alguns chegam a pregar até oito vezes por semana, outros, no entanto,
apenas duas ou três vezes. No primeiro caso, indica-se a leitura da seção
sobre a preparação de exposições bíblicas em série no final da apostila. Aos
demais se podem apontar os seguintes critérios:
a) Antecedência, não deixe para a última hora.
b) Procure seguir o planejamento pastoral da igreja.
c) Levando em conta as necessidades espirituais dos ouvintes.
d) Conformidade com a ocasião da apresentação da exposição
(aniversários, casamentos, congressos, retiros etc).
e) A extensão do texto; a extensão do sermão e os interesses dos ouvintes.
f) Tendo escolhido, não mude mais.

Alguns facilitadores podem ser excelentes guias:


a) Exposições em série.
b) Habilidades pessoais. Exponha textos que você estudou mais
recentemente e que conhece melhor.
c) O calendário anual. Datas comemorativas religiosas e seculares. Ex. Dia
Internacional da Mulher; Dia dos Namorados etc.
d) Acontecimentos em curso e temas do momento.
e) Símbolos de Fé, Hinários, Temas da denominação.
f) O Espírito Santo (Rm 8.5, 6, 11, 14-16).

As seguintes precauções, no entanto, são sábias:


 Não evite textos familiares. Negar-se a expor textos bem conhecidos
é negar às pessoas alguns dos mais ricos tesouros das Escrituras.
 Não procure textos de significação obscura. A edificação da igreja é
mais importante que a erudição do pregador.
 Não evite certos textos propositadamente.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

A PESQUISA
A pesquisa se divide em quatro passos básicos:

1) FAMILIARIZAÇÃO:
O Tema. Leia o texto todo e procure certificar-se de que há um tema
dominante no parágrafo. Tente resumir em uma palavra o assunto do texto;
depois faça a seguinte pergunta: O que este texto diz sobre este assunto?
Uma forma de destacar o tema é observar a repetição de palavras, frases
ou ideias. Exemplo:

Salmo 37: 1-11 Romanos 5.1-11


Que opção eu tenho à indignação? Por que a minha esperança não
v.3 Confia no Senhor pode ser confundida?
v.4 Agrada-te do Senhor v.5 Porque o amor de Deus é
v. 5 Entrega o teu caminho ao derramado em nossos coração pelo
Senhor Espírito Santo
v. 7 Descansa no Senhor v. 6 Porque Cristo morreu pelos
ímpios.
v. 10 Porque fomos reconciliados
com Deus.

2) LIMITES DO TEXTO
Você deve observar se o seu texto tem uma idéia completa. Um parágrafo
inteiro facilita essa sondagem. No entanto, não é necessário ser um
parágrafo, desde que o texto tenha uma idéia completa (início,
desenvolvimento e fim).

3) FOCO DA CONDIÇÃO DECAÍDA = FCD


Bryan Chapell chama de FCD “a condição humana recíproca que os crentes
contemporâneos compartilham com aqueles ou aquele a quem o texto foi
escrito que requer a graça da passagem”.

O FCD é o propósito para o qual o Espírito Santo escreveu o texto, o objetivo


redentivo do texto. Um FCD é um aspecto da condição humana pecaminosa
que requer ensino, consolo, exortação, confrontação, admoestação ou
instrução. A determinação de um FCD está intimamente ligada às perguntas
de interpretação da passagem escolhida. O principal objetivo em
determinar o FCD é exatamente dar FOCO ao sermão.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

A fim de determinar o FCD é preciso responder a três questões


fundamentais:

1. O que o texto ensina?


2. Quais são os assuntos mais importantes da passagem?
3. O que os ouvintes compartilham com os destinatários originais da
passagem?

4) ESBOÇO ANALÍTICO
O esboço analítico é o esqueleto da passagem, é a estrutura de sustentação
do texto, que guarda em si o movimento das idéias do texto e sua
distribuição harmônica. O Esboço analítico deve:

adornos homiléticos.

Este primeiro esboço ainda não é o esboço final do sermão da exposição


bíblica, mas é a sua base estrutural.

Exemplo: Salmo 100


Tema: Adoração. O que o texto fala exatamente sobre o tema da adoração?
O QUE É ADORAÇÃO?
FCD: A necessidade de equilíbrio na adoração.
Observações importantes: O tempo imperativo dos verbos. A repetição da
palavra “Senhor”.

SALMO 100 - Salmo de ações de graças


(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios,
com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

ESBOÇO ANALÍTICO
FASE 1: Destacar as classes gramaticais (verbos principais, substantivos e
adjetivos, preposições e conjunções).
Salmo 100 - Salmo de ações de graças
(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos
de louvor;
rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.
FASE 2: Separar as frases.

Salmo 100 - Salmo de ações de graças


(1) Celebrai
com júbilo
ao SENHOR,
todas as terras.

(2) Servi
ao SENHOR
com alegria,
apresentai-vos diante dele
com cântico.

(3) Sabei
que o SENHOR
é Deus;
foi ele quem nos fez,
e dele somos;
somos o seu povo
e rebanho do seu pastoreio.

(4) Entrai
por suas portas
com ações de graças
e nos seus átrios,
com hinos de louvor;

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Capacitação em Exposição Bíblia – Gospel Trends

rendei-lhe graças
e bendizei-lhe o nome.

(5) Porque
o SENHOR
é bom,
a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

FASE 3: Pré-esboço homilético:


a. Com Júbilo. (como?).
I - Celebrai ao Senhor - v.1 b. Todas as Terras (quem?).

a. Com alegria (como?). b. Com cântico


II - Servi ao Senhor - v.2 (como?).

a. Ele nos fez (Criador)


III - Sabei que o Senhor é Deus - v.3 b. Dele somos (Senhor – pertencemos a
Ele).
c. Somos o seu povo (Rei).
d. Rebanho do seu pastoreio (Pastor)
a. Entrar por suas portas (onde?)
IV - Rendei-lhe graças - v.4 b. Com ações de graças (como?)
c. Apresentar-se diante dele (o que?).
d. Com hinos de louvor – Nos seus átrios
(como? Onde?).
e. Bendizei lhe o nome (o que?)
a. O Senhor é bom.
Conclusão - Porque b. Sua misericórdia dura para sempre.
(por quê?) - (motivação/razão) c. Sua fidelidade - “de geração em geração
(dura).

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CONCLUSÃO
Temos certeza de que todas as instruções apresentadas neste e-book
sob ricas orientações e material bíblico farto – se seguidas o tornarão num
excelente comunicador da Palavra de Deus.

O maior desafio para obter resultados em qualquer empreendimento de


nossas vidas – na maioria dos casos não é por falta de instruções – mas, em
não seguir instruções claras; e isso fizemos a vocês através deste conciso,
mas sólido trabalho – as orientações que você recebeu são de fato valiosas.

 Estude a Bíblia com dedicação – seja persistente;


 Estude teologia com profundidade – seja interessado;
 Participe de eventos presenciais ou online ligados às áreas de
homilética e hermenêutica – não seja acomodado;
 Faça tudo isso com humildade e dependência de Deus – e assim
prosperá nesta frente tão carente de bons expositores bíblicos.

Que o SENHOR abençoe e frutifique os teus esforços na seara Dele!

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