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V e rd ad e s B íblicas F u n d a m e n ta is
F un dam en tos
MAGNOS
C o p y r ig h t © 1958, 1990 p o r B io la U n iv e r s it y
P u b lic a d o o r ig in a lm e n t e p o r K r e g e l P u b lic a t io n s , a d iv is io n o f K r e g e l,
In c ., P.O. Box 2607, G r a n d R a p id s , M I 49501. U SA
T it u lo o r ig in a l
The Fundam entais:
T h efa m o u s sourcebook o ffo u n d a tion a l biblical truths
T rad u ção
Cláu d io J. A . Rodrigues
R e v is ã o
Lena Aranha
Capa
M arcelo M oscheta
D ia g r a m a ç â o
Patricia Caycedo
C o o r d e n a d o r de p ro d u ç ã o
M auro W. Terrengui
D a d o s In te r n a c io n a is de C a t a lo g a ç ã o n a P u b lic a ç ã o (C IP )
( C â m a r a B r a s ile ir a d o L iv r o , SP, B r a s il)
Os F u n d a m e n t o s : a fa m o s a c o l e t â n e a d e t e x t o s d a s v e r d a d e s b íb lic a s
f u n d a m e n t a is / e d it a d o p o r R .A . T o r r e y ; a t u a l i z a d o p o r L . F e in b e r g
e o u t r o s ; i n t r o d u ç õ e s b io g r á f ic a s d e W a r r e n W . W ie r s b e ; [ t r a d u ç ã o
C l á u d i o J . A . R o d r i g u e s ] . -- São P a u lo : H a g n o s , 2005.
T it u l o o r ig in a l : T h e F u n d a m e n t a l s : t h e f a m o u s s o u r c e b o o k o f
E O U N D A T IO N A L B IB L IC A L T R U T H S .
1. F u n d a m e n t a l i s m o 2. T e o lo g ia d o u t r in a l
I. T o rre y , R .A . (R e u b e n A r c h e r ) , 1856-1928.
I I . F e in b e r g , C h a r l e s L e e .
I I I . W ie r s b e , W a r r e n W . I V . T i t u l o .
04-8657 CDD-230.046
Í n d ic e s p a r a c a t á l o g o s is t e m á t ic o :
1. F u n d a m e n t a l i s m o : T e o l o g i a : D o u t r i n a c r i s t ã 230.046
IS B N 85-89320-66-9
Prefácio
à edição brasileira
Luiz S a y ã o
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Prefácio
à última edição norte-americana
(1990)
E
m 1909, Deus levou dois Cristãos leigos, Lyman e Milton
Stewart, a comprometerem-se com os gastos da publicação
de uma série de doze volumes que deveriam apresentar os
fundamentos da fé cristã. Como tinham o desejo de combater as
incursões do liberalismo, esses volumes foram enviados gratui
tamente a ministros do evangelho, missionários, supervisores da
escola dominical e a outros que se empenhavam em obras cristãs
de campo por intermédio do mundo de fala inglesa. A supervisão
da seleção dos artigos a ser incluídos em Os Fundamentos foi
entregue a um comitê de homens, conhecidos por ser dignos de
confiança quanto à fé. A liderança desse comitê incluía homens
resolutos como A. C. Dixon e R. A. Torrey.
Mais tarde, em 1917, sob o patrocínio do Bible Institute of Los
Angeles (hoje Biola University), foi publicada uma edição em qua
tro volumes que incluía apenas alguns dos artigos originais.
Para celebrar o Ano de Jubileu, em 1958, o Bible Institute, em
cooperação com a Kregel Publications, patrocinou a emissão de
uma nova edição de Os Fundamentos. Sob a supervisão geral do
Dr. Charles L. Feinberg, um comitê de professores do Talbot Theo-
logical Seminary selecionou os artigos mais relevantes teológica e
culturalmente do original de Os Fundamentos e os atualizou cuida
dosamente para o leitor contemporâneo. Essa coleção foi publicada
como Os Fundamentos para Hoje e foram feitas diversas tiragens.
A Kregel Publications, reconhecendo a enorme importância que
esta coleção clássica das verdades bíblicas fundamentais tem hoje,
tanto quanto quando foi publicada pela primeira vez, põe agora à
disposição esta nova edição em um único volume, como a de 1958,
para a qual o Dr. Warren W. Wiersbe graciosamente providenciou
Introduções Biográficas e um proveitoso Prefácio.
Esta é a oração de todos os envolvidos: que o Autor da Verdade
que auxiliou nestes Fundamentos — o próprio Senhor Deus — pos
sa, mediante estes escritos, vir a abençoar e edificar Seu povo em
toda parte.
Os E d it o r e s
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Prefácio
W arren W . W ie r s b e
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A origem do movimento
Quem eram os homens cujas perspectivas moldaram o
pensamento dos principais escritores da escola da alta crítica de
hoje? Neste desenvolvimento podemos discernir três estágios:
(1) O franco-holandês; (2) o alemão; e (3) o anglo-americano.
As perspectivas que hoje são aceitas como axiomáticas parecem
ter sido primeiramente sugeridas por Carlstadt em 1521. Pode-se
dizer com certeza que a alta crítica teve sua origem com Spinoza,
16
A história da alta crítica
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Os fundamentos
O ponto crucial
De acordo com a fé da Igreja universal, o Pentateuco é uma
composição consistente, coerente, autêntica e genuína, inspirada
por Deus, e escrita por Moisés uns quatorze séculos antes de
Cristo. Além disso, é uma parte da Bíblia de suma importância,
pois é tanto o substrato básico de toda revelação de Deus como a
seção introdutória do Palavra de Deus, que sustenta Sua autoridade
e a qual foi concedida mediante inspiração por intermédio de Seu
servo Moisés. Esta é a fé da Igreja.
A teoria da crítica
De acordo com os críticos, o Pentateuco consiste de quatro
documentos completamente diferentes. São eles (1) o Javista,
(2) o Eloísta, (3) o Deuteronomista, e (4) os documentos do Código
Sacerdotal, em geral designados como J, E, D e S. Essas diferentes
obras foram compostas em vários períodos históricos, que se es
tendem do nono ao quinto séculos. Tais documentos representam
diferentes tradições dos Hebreus e variações em relação às ques
tões mais importantes. Esses documentos, com certeza, não foram
compilados e escritos por Moisés. No processo editorial, aparente
mente, nenhum limite foi atribuído à obra dos redatores. Os críticos
dessa linha de pensamento concluem que os documentos contêm
três tipos de material: a probabilidade verdadeira, a certeza dúbia e
a definitivamente espúria.
18
A história da alta crítica
A Bíblia desacreditada
Não pode haver dúvida de que Cristo e Seus apóstolos aceitaram
na íntegra o Antigo Testamento, como um texto totalmente inspira
do do primeiro capítulo do Gênesis ao último capítulo de Malaquias.
Tudo era implicitamente crido como a Palavra do próprio Deus. E,
desde aqueles dias, o ponto de vista da Igreja cristã universal é o
de que a Bíblia é a Palavra de Deus. A Bíblia, segundo os críticos,
não pode mais ser vista desse ângulo. Não é mais a Palavra, no
velho sentido desse termo. Ela apenas contém a Palavra de Deus, e,
em muitas de suas partes, ela é tão incerta quanto qualquer outro
livro humano. Não é nem mesmo história digna de confiança. Seus
relatos da história comum estão cheios de falsificações e erros
crassos.
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Os fundamentos
Obscurantistas não
Há, portanto, duas questões com as quais o estudioso da Bíblia
deve se defrontar. A primeira é: acaso não seria a recusa do sistema
da alta crítica uma simples oposição à luz e ao progresso, uma
posição de alarmistas ignorantes e obscurantistas? O desejo de
receber toda luz que a busca mais destemida pela verdade que
a erudição puder alcançar é o desejo de todo aquele que crê na
Bíblia. Nenhuma mente cristã realmente saudável pode advogar o
obscurantismo. No entanto, é dever de todo cristão testar todas as
coisas e reter o que for bom. O leitor mais comum da Bíblia conhe
ce o suficiente para saber que a investigação do Livro, que afirma
ser sobrenatural, quando realizada por homens que são inimigos
declarados do sobrenatural e, indiscutivelmente, têm espírito irre
verente, sabendo-se que os estudos desses assuntos que só podem
ser compreendidos pelos homens de coração contrito e humilde,
deve ser recebida com cautela.
O argumento da erudição
A segunda questão também é séria: não somos impelidos a
aceitar esses pontos de vista quando propostos não apenas por
racionalistas, mas por cristãos; e não por cristãos comuns, mas
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A história da alta crítica
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23
2 A autoria do pentateuco
O peso da prova
Ao abordar o assunto é necessário considerar o peso da prova.
A autoria mosaica do Pentateuco, até recentemente, foi aceita sem
questionamento tanto por judeus como por cristãos. Tal aceitação,
que nos chegou de forma direta desde os tempos mais remotos,
dos quais possuímos alguma informação, dá-nos o apoio ao qual
chamamos consenso geral, que, embora talvez não seja absoluta
mente conclusivo, compele aqueles que o desacreditam a produzir
inquestionável evidência contrária. Contudo, a evidência que os
críticos produzem nesse caso é inteiramente circunstancial, con
sistindo de inferências de uma análise literária de documentos e da
aplicação de uma teoria evolucionária desacreditada com relação
ao desenvolvimento das instituições humanas.
O fracasso do argumento
da análise literária
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A autoria do pentateuco
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Os fundamentos
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A autoria do pentateuco
A evidência positiva
A autoria mosaica do Pentateuco é apoiada, entre outros fatos,
pelas seguintes considerações. (1) A era mosaica foi uma época li
terária na história do mundo quando escritos similares a esse eram
comuns. Em vista dos códigos legais que antecederam os dias de
Moisés, teria sido estranho se este líder não tivesse produzido um
código legal. (2) O Pentateuco reflete de maneira correta as condi
ções egípcias no período a elas designadas, e é difícil crer que foi
um produto literário de uma época posterior. (3) A representação
de vida no deserto é bastante precisa, e muitas de suas leis são
adaptadas àquele estilo de vida, de maneira que é difícil acreditar
que literatos, milhares de anos mais tarde, a tivessem imaginado.
(4) As leis em si carregam sinais inquestionáveis de adaptação ao
estágio do desenvolvimento nacional ao qual elas são atribuídas.
(5) O pouco uso que se fez das sanções de uma vida futura é evi
dência de uma data bem remota e de um esforço divino particular
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Os fundamentos
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A autoria do pentateuco
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31
D a v i d H e a g l e , D .D .
Emeritus, Stuttgart, Alemanha
Traduzido do original alemão por F. Bettex, D. D.
Abreviado e corrigido por James H. Christian, Th. D.
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Em todas
as nações pagãs, onde podemos encontrar um deus — Osíris,
Brahma, Baal, Júpiter ou Odin — que tenha prometido aos povos
que, ao tomar sobre si o pecado do mundo e sofrer seu castigo, ele,
desse modo, se tornaria o salvador e redentor dos homens?
Em terceiro lugar, a Bíblia põe o selo de sua origem divina sobre
si mesma mediante as profecias. Deus, muito apropriadamente,
pergunta por meio do profeta Isaías, “Quem há, como eu, feito
predições desde que estabeleci o mais antigo povo? Que o declare
e o exponha perante mim! Que esse anuncie as coisas futuras, as
coisas que hão de vir!” (Is 44.7).
Que diz novamente, “Eu sou Deus, [...] que desde o princípio
anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que
ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de
pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o
Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu
o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o
executarei” (46.9-11). Ou dirigindo-se ao Faraó, “Onde estão agora
os teus sábios? Anunciem-te agora ou informem-te do que o S e n h o r
dos Exércitos determinou contra o Egito” (19.12). Perguntamos
novamente, onde há um deus, ou deuses, um fundador de religião,
como Confúcio, Buda ou Maomé, que poderia, com tal certeza, ter
predito o futuro de seu próprio povo? Ou onde há um estadista que
nos tempos atuais pode predizer qual será a condição das coisas na
Europa daqui a cem ou duzentos anos? No entanto, as profecias de
Moisés e os juízos ameaçadores sobre os israelitas foram cumpridos
literalmente. As profecias relativas à destruição daquelas grandes
cidades antigas, Babilônia, Nínive e Mênfis, também foram cum
pridas literalmente (embora quem acreditasse naquele tempo?).
Além do mais, foram cumpridas, de modo literal, as profecias que
os profetas Davi e Isaías fizeram concernentes aos sofrimentos de
Cristo — Sua morte na cruz, o ter bebido vinagre e o lançar sortes
por suas roupas. Há também outras profecias que serão cumpridas
de modo ainda mais literal, tais como as promessas feitas a Israel, o
juízo final e o fim do mundo. Como diz Habacuque, “Porque a visão
ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa
para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente,
virá, não tardará” (Hb 2.3). Em quarto lugar, a Bíblia tem de
monstrado seu poder peculiar por sua influência com os mártires.
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A Bíblia e a crítica moderna
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Os fundamentos
Incompetência da razão
para a verdade espiritual
A razão sozinha jamais inspirou os homens com grandes e
sublimes concepções da verdade espiritual, seja no caminho da
descoberta seja no da invenção; mas, costumeiramente, ela tem
rejeitado e ridicularizado tais questões. O mesmo acontece com
esses críticos racionalistas, que não têm apreço ou compreensão
daquela elevada e sublime Palavra de Deus. Eles não compreendem
a majestade de Isaías, a ternura e a compaixão do arrependimento
de Davi, a audácia das orações de Moisés, a profundidade filosófica
de Eclesiastes, nem a sabedoria de Salomão que “na rua [...] levanta
a voz”. Para os críticos, sacerdotes ambiciosos, em datas posterio
res às comumente atribuídas aos livros, compilaram todos aqueles
livros aos quais fizemos alusão; segundo eles, esses sacerdotes
também escreveram a lei Sinaítica e inventaram toda a história da
vida de Moisés.
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A Bíblia e a crítica moderna
Conclusão
Portanto, ao repudiar essa crítica moderna, devemos mostrar
nossa condenação a ela. O que ela nos oferece? Nada. O que nós
tira? Tudo. Temos alguma utilidade para ela? Não! Ela não nos
auxilia na vida nem nos conforta na morte; Ela não nos julgará no
mundo vindouro. Pois, em nossa fé bíblica, não precisamos nem
dos encômios dos homens, nem da aprovação de alguns pobres
pecadores. Não tentaremos melhorar as Escrituras nem adaptá-las
ao nosso querer, mas, nós mesmos, seremos dirigidos por elas. Não
exercemos autoridade sobre elas, mas as obedeceremos. Confiare
mos naquele que é o caminho, a verdade e a vida. Sua Palavra nos
libertará.
“Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e
nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” (Jo 6.68-69).
“Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome
a tua coroa” (Ap 3.11).
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As sagradas escrituras
e as negações modernas
P rof. J am es O rr , D .D .
Faculdade da Igreja Livre Unida, Glasgow, Escócia.
Abreviado e corrigido por James H. Christian Th. D.
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As sagradas escrituras e as negações modernas
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Os fundamentos
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As sagradas escrituras e as negações modernas
A estrutura da Bíblia
Primeiramente, quanto à estrutura da Bíblia, faz-se necessária
uma idéia mais positiva dessa estrutura do que a que atualmente
prevalece. Ao tomar muita coisa da crítica, você vê a Bíblia sendo
desintegrada de muitas maneiras, e tudo que parece estrutura
desmorona-se. Dizem para você, por exemplo, que os livros de
Moisés são formados por muitos documentos, que são muito mais
tardios na origem e não possuem valor histórico. Dizem para você
que as leis que eles contêm são também, na maior parte, de origem
um tanto posterior, e que, principalmente, as leis levíticas são
de construção pós-exílio; elas não foram dadas por Moisés; elas
eram desconhecidas quando os filhos de Israel foram levados ao
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Os fundamentos
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As sagradas escrituras e as negações modernas
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Os fundamentos
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As sagradas escrituras e as negações modernas
como, e porque não, havia cidades separadas para que eles nelas
vivessem. As pessoas sabiam pouco sobre seu passado. Essas ci
dades jamais existiram senão no papel; mas eles aceitaram a idéia.
Ficam sabendo sobre essas cidades que eles devem ter conhecido
sem que elas jamais existissem como cidades dos levitas. Eles não
apenas ouvem, mas aceitam os pesados dízimos impostos a eles
sem uma palavra de protesto e fazem um pacto com Deus assegu
rando a si mesmos a obediência fiel a todos estes mandamentos.
Essas leis do dízimo, como descobrimos, não tem relação real
com a situação deles. Elas foram feitas para um caso totalmente
diferente. Elas foram feitas para um estado de coisas no qual havia
poucos sacerdotes e muitos levitas. Os sacerdotes existiam apenas
para conseguir o dízimo, contudo, nessa comunidade restaurada
havia uma grande quantidade de sacerdotes e poucos levitas. As
leis do dízimo não se aplicavam a todos, mas eles aceitaram essas
leis como se fossem de Moisés.
Assim, posso examinar as provisões da lei uma a uma — tabernácu-
lo, sacerdotes, ritual, sacrifícios e o Dia de Expiação; no entanto,
essas coisas, em sua forma pós-exílio, jamais existiram; elas foram
extraídas das mentes criativas dos escribas; contudo, o povo as
aceitou como a genuína obra das mãos do antigo legislador. Será
que tal coisa já foi ouvida antes? Tente fazê-lo em alguma cidade.
Tente ganhar o povo pondo sobre eles uma série de pesados encar
gos ou dízimos, ou algo parecido, com base em que tinham sido
produzidos na idade média, mas valiam até hoje. Tente levá-los a
crer; tente levá-los a obedecer, e você verá a dificuldade. Será que é
crível para alguém que carrega livros e teorias de estudo e recebe
uma ampla e clara visão da natureza humana? De qualquer modo,
afirmo que não e será um espanto para mim, enquanto estiver vivo,
o modo como tal teoria obteve a aceitação que tem recebido entre
homens inquestionavelmente capazes e ajuizados. Estou convenci
do de que a estrutura da Bíblia sustenta a si mesma, e que essas
teorias contrárias são falhas.
Revelação sobrenatural
Penso que é um elemento essencial em uma doutrina válida
das Escrituras, na verdade o âmago da questão, que ela contenha
um relato de uma revelação sobrenatural; e que é isso o que a
Bíblia afirma ser — não um desenvolvimento dos pensamentos
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Os fundamentos
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As sagradas escrituras e as negações modernas
O livro inspirado
Agora, apenas uma palavra de encerramento sobre a inspiração.
Não acho que alguém pesará a evidência da própria Bíblia bem
cuidadosamente se não disser que pelo menos ela afirma ser, de
uma maneira particular e especial, um livro inspirado.
Dificilmente há alguém, penso eu, que duvidará que Jesus
Cristo trata o Antigo Testamento desse modo. Cristo admite que
as Escrituras eram uma revelação divina verdadeira e que ele era o
objetivo de todas elas; pois ele veio para cumprir a lei e os profetas.
As Escrituras são a última palavra para Ele — “Não leram? Errais
não conhecendo as Escrituras”. E igualmente certo que os apóstolos
tratavam o Antigo Testamento desse modo, e que eles proclama
vam que nessas Escrituras e em nas palavras delas estava posto o
“fundamento” sobre o qual a Igreja fora construída, o próprio Jesus
Cristo, a principal pedra de esquina, a essência do testemunho
deles; “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas”
(Ef 2.20; ver 3.5).
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Os fundamentos
5 e ao cristianismo do novo
testamento
P rof. W. H. G r if f it h T h o m a s D.D.
Wycliffe College, Toronto, Canadá
Revisado por Charles L. Feinberg. Th.D. , Ph. D.
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Crítica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
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Os fundamentos
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Crítica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
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Os fundamentos
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Crítica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
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Os fundamentos
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Critica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
descobertas e, agora, são vistos de uma forma clara, algo que antes
era impossível. E um fato simples e ainda notável que nem uma
dessas descobertas em todo esse tempo embasou qualquer das
características distintivas e dos princípios da posição crítica, ao
passo que, por outro lado, muitas delas proporcionaram abundante
confirmação da perspectiva tradicional e conservadora do Antigo
Testamento. E necessário mencionar apenas algumas destas
confirmações. A arqueologia confirmou a antiguidade dos escritos,
a historicidade dos relatos da campanha dos reis em Gênesis 14, a
confusa história de Sara e Agar, o Egito de José e de Moisés, a his
toricidade de Sargão e Belsazar, e a natureza da língua Aramaica de
Daniel e Esdras. Foi interessante notar como um certo número dos
principais arqueólogos abandonou muitas de suas antigas posições
críticas e revelaram-se vigorosamente a favor da historicidade e do
valor do Antigo Testamento.
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Os fundamentos
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Crítica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
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Os fundamentos
ciente disso ou não. Se estivesse ciente, por que ele não os corrigiu
como fez em relação a tantos outros pontos e detalhes? Quem
ousaria considerar a outra alternativa?
Tampouco, esse testemunho quanto ao Antigo Testamento pode
ser contestado pela afirmação de que a limitação da vida terrena de
nosso Senhor o manteve dentro da perspectiva corrente do Antigo
Testamento, perspectiva essa que não necessitava ser verdadeira.
Essa declaração ignora a força essencial de Sua afirmação pessoal
de ser “a Palavra”. Em mais de uma ocasião, nosso Senhor afirma
falar de Deus, assim como tudo que Ele disse tinha a garantia divina.
Notemos cuidadosamente o que isso envolve. As vezes, diz-se que
o conhecimento de nosso Senhor era limitado e que ele viveu aqui
como um homem, não como Deus. Suponha que isso seja admitido
em benefício do argumento. Muito bem; como homem ele viveu
em Deus e por Deus e afirmou que tudo que Ele disse e fez era de
Deus e por intermédio de Deus. Se, portanto, as limitações fossem
de Deus, assim também eram as declarações; e, como a garantia de
Deus era dada para cada uma dessas afirmações, elas são divinas
e infalíveis (Jo 5.19,30; 7.13; 8.26; 12.49; 14.24; 17.8). Ainda que
admitamos toda uma teoria que nos compelirá a aceitar um um
não-uso temporário das funções da divindade na pessoa de nosso
Senhor, ainda assim as palavras realmente expressas como homem
foram, conforme Ele afirmou, provenientes de Deus, e, portanto,
sustentamos que são infalíveis. Portanto, repousamos sobre a
afirmação pessoal de nosso Senhor que afirmou dizer tudo e fazer
tudo pelo Pai; por meio do Pai, para o Pai.
Não há, claro, questão de conhecimento parcial após a ressur
reição, quando nosso Senhor ficou manifestamente livre de todas
as limitações das condições terrenas. Mas foi também após Sua
ressurreição que ele pôs seu selo de autoridade sobre o Antigo Tes
tamento (Lc 24.44). Concluímos que as declarações positivas de
nosso Senhor sobre a questão do Antigo Testamento não devem ser
rejeitadas a não ser que O responsabilizemos pelo erro. Se nesses
pontos, sobre os quais podemos prová-Lo e checá-Lo, achamos que
Ele não é confiável, que conforto real podemos ter ao aceitar seu en
sino mais sublime, em que a verificação é impossível? Cremos que
estamos sobre uma base absolutamente segura, quando dizemos
que o que o Antigo Testamento deve e deverá ser para nós o que era
para o nosso Senhor.
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Crítica ao antigo testamento e ao cristianismo do novo testamento
61
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^ O testemunho de Cristo
” ao antigo testamento
O testemunho do Senhor
quanto ao antigo testamento
A autoridade de nosso Senhor pode ser citada em favor do cânon
do Antigo Testamento como era aceito pelos Judeus em seus dias.
Ele jamais os responsabiliza por acrescentar ou retirar algo das
Escrituras, ou de qualquer modo por adulterar o texto. Se tivessem
sido culpados de tão grande pecado, seria praticamente impossível
que entre as responsabilidades que lhes foram impostas, essa
questão não fosse mencionada. O Senhor reprova Seus compa
triotas pela ignorância quanto às Escrituras e por fazer da lei algo
vazio em razão de suas tradições, mas Ele jamais insinua que eles
introduziram algum livro no cânon ou rejeitaram qualquer um que
merecesse lugar nele.
O cânon do Antigo Testamento do primeiro século é o mesmo
que o nosso. A evidência para isto é total, e esse fato dificilmente é
posto em questão. Na verdade, o Novo Testamento não contém ne
nhum catálogo dos livros do Antigo Testamento, mas o testemunho
de Josefo, de Melito de Sardes, ou de Orígenes, de Jerônimo, do
Talmude, decisivamente mostra que o cânon do Antigo Testamento,
uma vez fixado, permaneceu inalterado. E certo que a Septuaginta
concorda com o hebraico quanto ao cânon, demonstrando assim
que o assunto não estava em disputa havia pelo menos dois séculos
antes de Cristo. O testemunho da Septuaginta não é fragilizado
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O testemunho de Cristo ao antigo testamento
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Os fundamentos
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O testemunho de Cristo ao antigo testamento
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Os fundamentos
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Os fundamentos
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O testemunho de Cristo ao antigo testamento
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Os fundamentos
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_ A evidência interna
■ do quarto evangelho
C a n o n G. O s b o r n e T r o o p , M .A.
Montreal Canadá
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Os fundamentos
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A evidência interna do quarto evangelho
77
Os fundamentos
judeus; mas agora o meu reino não é daqui. [...] Eu para isso
nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”?
Toda a admirável história da traição, da negação, do julgamento,
da condenação e crucificação do Senhor Jesus, como apresentada
por João, respira com a viva simpatia de uma testemunha ocular. O
relato, além disso, é tão maravilhoso na elegância de sua reserva
quanto na simplicidade de sua exposição. E completamente livre
de sensacionalismo e de toda forma de extravagância. E calmo e
judicioso no mais alto grau. Se é escrito pelo discípulo inspirado
a quem Jesus amou, tudo é natural e facilmente “compreendido
pelas pessoas”, ao passo que sob qualquer outra hipótese, conteria
muitas dificuldades que não poderiam ser explicadas. “Eu não sou
crédulo o bastante para ser incrédulo”, é uma afirmação sábia em
relação a isso como em outras conexões similares.
5. O evangelho se abre e se fecha com surpreendente grandeza.
Com dignidade divina, relaciona-se com as palavras de abertura
do Gênesis: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus. [...] E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, gló
ria como do unigênito do Pai”. Na apresentação de João Batista
há um contraste natural com esta sublime descrição: “Houve um
homem enviado por Deus cujo nome era João”. Na Encarnação,
Cristo não se tornou um homem mas Homem. Além disso, neste
ponto Paulo e João estão de pleno acordo.
Paulo a Timóteo: “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus
e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos”. A realidade da natureza humana do Redentor
é maravilhosamente apresentada na comovente conversa, junto ao
poço, entre o Salvador, que estava cansado, e a mulher Samaritana
culpada; como também em Sua perfeita amizade humana com
Maria e Marta e o irmão delas, Lázaro, que culmina nas preciosas
palavras, “Jesus chorou”.
E, assim, pelo amargo caminho da cruz a grandeza da encarna
ção passa para a glória da ressurreição. Os dois últimos capítulos
falam de vida por meio de um incidente estarrecedor. Se alguém
pretende formar uma concepção verdadeira do que aqueles breves
capítulos contêm, que leia Jesus and the Resurrection” [Jesus e
a Ressurreição] do Bispo de Durham (Dr. Handley Moule), e o
78
A evidência interna do quarto evangelho
79
81
As primeiras narrativas
de Gênesis
D.D .
P r o f . Jam e s O r r ,
Faculdade da Igreja Livre Unida, Glasgow, Escócia
Revisado por Charles L. Feinberg, Th.D., Ph.D.
82
As primeiras narrativas de Gênesis
83
Os fundamentos
84
As primeiras narrativas de Gênesis
85
Os fundamentos
86
As primeiras narrativas de Gênesis
87
89
9 (Im Isaías
P r o f . G e o r g e L. R o b in s o n , D .D .
Antigamente do Seminário Teológico McCormick, Chicago
Revisado por Charles L. Feinberg,Th.D., Ph.D.
Por mais de dois milênios não houve serias dúvidas de que Isaías,
o filho de Amós, fosse o autor de cada uma das partes do livro que
traz seu nome. A igreja cristã era unânime sobre essa questão, até
que alguns eruditos alemães, há um século e meio, colocassem a
unidade do livro em questão. A desintegração crítica do livro de
Isaías teve início com Koppe, que em 1780 foi o primeiro a duvidar
da autenticidade do capítulo cinqüenta. Em 1789, Doerlein suspei
tou de todos os capítulos que vão do quarenta ao sessenta e seis.
Esse estudioso foi seguido por Rosenmueller, que foi o primeiro a
negar que Isaías tivesse feito a profecia contra a Babilônia no trecho
que vai do capítulo treze, versículo um, ao quatorze, versículo vinte
90
Um Isaías
91
Os fundamentos
92
ü m Isaías
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Os fundamentos
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ü m Isaías
95
97
O livro de Daniel
D. W i l s o n , D.D.
P r o f. Jo se p h
SeminárioTeológico da Igreja Episcopal Reformada, Filadélfia
Resumido e editado por Charles L. Feinberg. Th.D., Ph.D.
98
O livro de Daniel
99
Os fundamentos
100
O livro de Daniel
Supostos descuidos
As interpretações críticas das profecias acima mencionadas são
tão pouco naturais, que acabam por colocar uma forte tensão sobre
nossa credulidade. Por conseguinte, foram feitas tentativas para
desacreditar o livro de Daniel, ao se mostrar que ele não foi escrito
na Babilônia e ao se revelar alguns dados históricos imprecisos. As
alegadas imprecisões podem ser mostradas e usadas para confir
mar a precisão histórica e a confiabilidade do livro.
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Os fundamentos
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O livro de Daniel
103
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O valor doutrinai
dos primeiros capítulos de
Gênesis
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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Os fundamentos
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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Os fundamentos
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
íii
Os fundamentos
O princípio da humanidade
A seguir, temos nessa sublime revelação o fundamento doutrinai
para o começo da humanidade. O homem foi criado, não evoluiu.
Quer dizer, ele não veio da massa lamacenta protoplásmica, ou do
lodo marinho plactónico, nem descende do peixe ou da rã, ou do
cavalo, ou do macaco; mas foi criado de uma vez, de forma direta,
um ser completo, provindo de Deus. Quando lemos o que alguns
escritores, manifestamente religiosos, dizem sobre o homem
e sua origem bestial, nossos ombros inclinam-se inconsciente
mente, nossa cabeça fica cabisbaixa, o coração, doente. Nosso
amor-próprio recebe um golpe. Quando lemos Gênesis, nossos
ombros endireitam-se, nosso peito se ergue. Sentimos orgulho
de ser aquela criatura chamada homem. O coração fica alegre, e a
cabeça ergue-se. A Bíblia é abertamente contra o desenvolvimento
evolutivo do homem, assim como é contra sua ascensão gradual do
animal em indefinidos éons. Na verdade, ela não se levanta contra
a idéia do desenvolvimento dos planos do Criador na natureza, ou
de uma variação de espécies por meio de ambientação e processos
de tempo. Isso pode ser visto em Gênesis e em toda a Bíblia, assim
como neste mundo. Mas a Bíblia é inteiramente contra aquela visto
sa teoria de que todas as espécies, vegetal e animal, se originaram
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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Os fundamentos
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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Os fundamentos
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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Os fundamentos
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O valor doutrinai dos primeiros capítulos de Gênesis
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O testemunho arqueológico
para as escrituras
A identificação de Belsazar
A atenção deve ser centrada primeiramente em uma das narra
tivas do Antigo Testamento, contra a qual alguns dos mais severos
julgamentos dos críticos modernos foram lançados. Referimo-nos
às declarações relativas à pessoa e à carreira de Belsazar no livro
de Daniel. No quinto capítulo de Daniel, Belsazar é chamado de
o filho de Nabucodonosor, e é dito que ele foi o rei da Babilônia,
morto na noite em que a cidade foi capturada. Alguns historiadores
têm negado completamente o caráter histórico de Belsazar; pois,
conforme outros, ele era o filho de Nabonido, o rei nessa época,
que, segundo se sabe, estava fora da cidade quando essa foi tomada
e que viveu, portanto, algum tempo a mais após a captura dessa
cidade. Há aqui uma incrível discrepância, uma clara contradição
entre os historiadores profanos e os sagrados. Mas, em 1854, Sir
Henry Rawlinson descobriu, enquanto escavava as ruínas da antiga
Ur, inscrições que declararam que Nabonido (Nabunaid) associou
122
O testemunho arqueológico para as escrituras
123
Os fundamentos
A pedra moabita
Uma das mais importantes descobertas para o Antigo Testamen
to é a Pedra Moabita, descoberta em Dibon, a leste do Jordão, em
1868, que foi fixada pelo Rei Mesha (aproximadamente 850 a.C.)
para comemorar sua libertação do jugo de Onri, rei de Israel. A
inscrição é valiosa, entre outras coisas, por seu testemunho quanto
ao planejamento da civilização dos Moabitas daquele tempo, assim
como para a íntima semelhança do idioma deles com o dos hebreus.
Ao comparar o relato Moabita com 2Reis 3.4-27, achamos um relato
que faz paralelo e suplementa a narrativa bíblica de um modo
notável.
A expedição de Sisaque
Sisaque (Sheshonk dos egípcios e fundador da dinastia líbia) é
o primeiro nome de um rei egípcio a ser encontrado nas Escrituras
(lRs 11.40). Tirando vantagem do rompimento do reino salomôni-
co, Sisaque invadiu Jerusalém, despojando o palácio real e a casa
do Senhor. Ele também estava interessado na Síria e na Palestina.
O relato de suas vitórias está inscrito em uma parede do grande
tribunal sul do templo de Amon, em Karnak, no Egito. Mais de
cento e cinqüenta nomes de cidades palestinas estão inscritas,
embora um certo número delas seja ilegível. Algumas das cidades
mencionadas, em que as maiores delas estão em Israel, são Gate,
Sharuhen, Arad, Gibeão, Bete-Horom, Aijalom, Taanaque, Megido,
Bete-Seã, Suném, Edrei, e Maanaim. A inscrição é importante, não
só porque corrobora o relato bíblico, mas também porque nomeia
as cidades envolvidas e suplementa o registro da Bíblia.
Israel no Egito
Se pudéssemos encontrar os nomes dos patriarcas nas inscri
ções e pudéssemos identificá-los com certeza com as personagens
bíblicas, o caso seria corroborado por provas. Os nomes Jacob-el e
Joseph-el são encontrados em um monumento do tempo de Tutmés
124
O testemunho arqueológico para as escrituras
Os hititas
Antes do século vinte, as referências bíblicas a um povo hitita
eram vistas com desconfiança pelos críticos. Em termos incertos,
afirmou-se que os Hititas jamais existiram. Os relatos bíblicos que
tratavam desse povo não eram nada mais do que legendários. Estes
ataques contra a probidade das Escrituras foram completamente
derrubados em 1906, quando Hugo Winckler, de Berlim, descobriu
a biblioteca real e os registros oficiais dos hititas em sua capital, Bo-
ghaz-keui, na Ásia Menor, aproximadamente a duzentos e quarenta
quilômetros ao sul do Mar Negro e a leste da moderna Ancara, na
Turquia. O resultado do trabalho de vários estudiosos nas inscri
ções dos hititas foi o aparecimento de um povo e de um império
dificilmente menos importante do que os egípcios ou assírios.
125
Os fundamentos
Os tabletes de Tell-el-Amarna
A descoberta dos Tabletes de barro de Tell-el-Amarna, em 1887,
foi sem querer. Uma camponesa estava cavando, para conseguir
terra para fertilizar seu jardim, nas ruínas de Tell-el-Amarna no
Alto Egito, cerca de trezentos e vinte quilômetros ao sul do Cairo,
no banco oriental do Nilo. Um estudo cuidadoso de eruditos compe
tentes revelou que esses tabletes faziam parte de arquivos oficiais
dos reis Amenotepe III e Aquenatom. Amarna era a capital durante
o reino de Aquenatom, o reformador religioso. Os tabletes são
datados de aproximadamente 1400-1360 a.C., por volta do tempo
da entrada de Israel em Canaã, quando vinham do Egito, conforme
as primeiras datações de Êxodo e do tempo imediatamente sub
seqüente. Eles tratam de negócios políticos dos reis do Egito e do
domínio dos governantes da Babilônia, Síria e Palestina por esses
reis egípcios. Esse era o período de grande internacionalismo no
Oriente Médio.
Do ponto de vista da Bíblia, essas cartas são os achados mais im
portantes feitos no Egito. Eles são importantes em vários aspectos:
político, epigráfico, geográfico e histórico, pois revelam a extensão
e a natureza da comunicação diplomática daquele tempo. A situ
ação política, que retratam na Palestina, é a de uma ausência de
poder central; governantes submissos ao rei egípcio governavam
as diferentes cidades-estado. As cartas dão a versão do cananeus
em relação à invasão da terra sob o comando de Josué. Os tabletes
lançam luz sobre a arte de escrever que não só era conhecida,
mas praticada extensiva e continuamente naquela época remota.
A língua falada em Canaã era quase idêntica ao hebreu. A grafia
de nomes próprios de origem cananita foi feita com auxílio, porque
os escribas do Egito tiveram que endereçar suas cartas a vários
vice reis egípcios espalhados pela Palestina. A característica mais
notável sobre o idioma das cartas é que este está em linguagem
cuneiforme babilônica, embora consista de governadores egípcios
que escrevem a reis egípcios. Evidentemente, o babilônico era o
idioma internacional daquele tempo. Geograficamente, as cartas
identificam um bom número de lugares ao longo da costa da Síria e
de Canãa. Quanto ao material histórico, conforme uma estimativa
quanto à quantidade, chega a cerca de metade do Pentateuco.
É suficiente dizer que, embora muitas confirmações mais positi
vas das declarações aparentemente improváveis dos historiadores
126
O testemunho arqueológico para as escrituras
(Nota: Uma discussão dos importantes Rolos do Mar Morto foi propositadamente
omitida, porque é ainda muito cedo para uma avaliação definitiva desses achados
significativos).
127
129
13 Ciência e fé cristã
P ro f. J a m es O r r , D .D .
Faculdade da Igreja Livre Unida, Glasgow, Escócia,
Revisado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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Ciência e fé cristã
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Os fundamentos
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Ciência e fé cristã
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Os fundamentos
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Os fundamentos
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Ciência e fé cristã
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Os fundamentos
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Ciência e fé cristã
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A inspiração da Bíblia —
definição, extensão e prova
Definição de inspiração
1. I n s p ir a ç ã o n ã o é r e v e l a ç ã o . Como o Dr. Charles Hodge ex
pressou, a revelação é o ato de comunicar o conhecimento divi
no para a mente, mas inspiração é o ato do Espírito que controla
aqueles que tornam esse conhecimento conhecido a outros. As
vezes, essas duas experiências se encontram na mesma pessoa;
na verdade o próprio Moisés é um exemplo disso, pois recebeu
uma revelação em um momento, como também a inspiração
para torná-la conhecida, contudo, é importante distinguir entre
as duas.
2. I n s p ir a ç ã o n ão é il u m in a ç ã o . Todo cristão regenerado é
iluminado pelo simples fato de que é habitado pelo Espírito
Santo, mas eles não são inspirados, mas apenas os escritores
dos Antigo e do Novo Testamentos o são. A iluminação espiritual
é sujeita a graus, alguns cristãos possuem mais do que outros;
ma a inspiração não está sujeita a graus, pois em todos os casos
é a respiração de Deus, expressando-se por intermédio da per
sonalidade humana.
A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
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Os fundamentos
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
Extensão da inspiração
1. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS INCLUI O TODO E CADA UMA DAS
partes d e l a . Há alguns que negam isso e limitam a inspiração
apenas às porções proféticas, às palavras de Jesus Cristo, e,
conforme afirmam, aos ensinos espirituais mais profundos
das epístolas. Os livros históricos, conforme o critério desses
estudiosos, servem como um exemplo e, portanto, não precisam
ser inspirados, porque os dados podiam ser obtidos de fontes
naturais.
A Bíblia, porém, não conhece nenhuma limitação em si mesma,
como veremos: “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm
3.16). Os dados históricos, a maioria deles pelo menos, poderiam
ter sido obtidos de fontes naturais, mas o que dizer da orientação
sobrenatural requerida em sua seleção e narração? Compare, por
exemplo, os relatos da criação, da Queda, do dilúvio, etc., encon
trados em Gênesis com aqueles já descobertos por escavações em
terras bíblicas. Não é verdade que os resultados das escavações e
da pá apontam para o mesmo original, a Bíblia, embora a frivolida
de e o absurdo dêem muitas vezes evidências do modelo humano e
pecador pelo qual elas ocorreram? Será que não mostram a neces
sidade de algum poder diferente daquele que o homem possui para
conduzi-lo para fora do labirinto ou do erro em direção à clareira da
verdade?
Além disso, não são os livros históricos de algum modo os mais
importantes na Bíblia? Não é verdade que a doutrina do pecado
145
Os fundamentos
146
A inspiração da Bíblia -— definição, extensão e prova
Prova de inspiração
1. Ain s p ir a ç ã o d a B íb l ia é p ro v ada p e l a f il o s o f ia , ou p e l o q u e
PODE SER CHAMADO DE A NATUREZA DO CASO. A proposição pode
ser declarada assim: A Bíblia é a história da redenção da raça,
ou do lado do indivíduo, uma revelação sobrenatural da vontade
de Deus aos homens para sua salvação. No entanto, essa história
foi dada a certos homens de uma época para ser transmitida por
escrito para outros homens de épocas diferentes. Agora todos
os homens experimentam a dificuldade para fazer reflexões fiéis
de seus pensamentos a outros devido ao pecado, ignorância,
memória defeituosa e a inexatidão, sempre incidente, no uso do
idioma.
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Os fundamentos
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
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Os fundamentos
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
151
Os fundamentos
Marcos 13.11; Lucas 12.2; João 14.26 e 16.13, 14. Pode-se notar
que, em alguns casos, a inspiração de caráter mais absoluto foi
prometida em relação ao que eles deveriam falar — a conclusão
é que havia garantia de que seriam guiados da mesma forma em
relação ao que escrevessem. As palavras faladas eram limitadas
e temporárias em sua esfera, mas a escrita cobriria toda a gama
da revelação e duraria para sempre. Se em um caso eles eram
inspirados, quanto mais no outro.
(4) Os escritores do Novo Testamento afirmam ter recebido
inspiração divina. Ver Atos dos apóstolos 15.23-29, em que,
especialmente no versículo 28, há o registro de que Tiago disse:
“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor
maior encargo além destas coisas essenciais”. Afirma-se aqui
muito claramente que o Espírito Santo é o escritor real da carta
em questão e simplesmente se utiliza os instrumentos humanos
para Seu propósito. Acrescente-se a isto ICoríntios 2.13, em que
Paulo diz: “Disto também falamos, não em palavras ensinadas
pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo
coisas espirituais com espirituais”, ou como a Nova Versão
Internacional propõe, “interpretando verdades espirituais para
os que são espirituais”. Em ITessalonicenses 2.13, o mesmo es
critor diz: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente,
dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de
nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de
homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual,
com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes”.
Em 2Pedro 3.2, o apóstolo equipara suas próprias palavras à
dos profetas do Antigo Testamento, e nos versículos 15 e 16
do mesmo capítulo faz o mesmo com os escritos de Paulo,
classificando-os como “as demais escrituras”. Finalmente, em
Apocalipse 2.7, embora seja o apóstolo João quem escreve, ele
está autorizado a exclamar: “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”, e assim por diante ao longo das epístolas
para as sete igrejas.
c) Argumento para as Palavras
A evidência de que a inspiração inclui a forma como também
a substância das Sagradas Escrituras, a palavra, assim como o
pensamento, podem ser reunidas da seguinte maneira.
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
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Os fundamentos
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
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Os fundamentos
“Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que
me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar”;
“As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo”
(Jo 6 :63; 8 :26, 28, 40; 12 :49, 50).
Essa idéia é ainda mais impressionante, quando lemos sobre a
relação do Espírito Santo para com o Deus-homem. “O Espírito do
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restau
ração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”; “até
ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio
do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera”; “Revelação de Jesus
Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos”; “Estas
coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que
anda no meio dos sete candeeiros de ouro”; “Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Lc 4.18; At 1.2; Ap 1.1; 2.1,11).
Se a Palavra encarnada precisou da unção do Espírito Santo para
dar aos homens a revelação que recebeu do Pai em cujo seio habita,
e se a atuação do mesmo Espírito se estendeu às palavras que falou
ao pregar o evangelho aos mansos, quanto mais essas coisas devem
ser desse modo no caso de homens comuns quando engajados no
mesmo serviço? Com que razão alguém pode afirmar que qualquer
escritor do Antigo ou do Novo Testamentos estava preocupado com
suas palavras e que não sentia falta dessa ação do Espírito Santo?”
(The New Apologetic [A Nova Apologética], pp. 67, 68).
Em segundo lugar, Cristo usou as Escrituras como se elas, em
relação às suas palavras, fossem inspiradas. Em Mateus 22.31,32,
ele substancia a doutrina da ressurreição contra o ceticismo dos
saduceus, enfatizando o tempo presente do verbo “ser”, ou seja, a
palavra “sou”, na linguagem do Senhor a Moisés na sarça ardente.
Nos versículos 42 a -45, do mesmo capítulo, ele faz o mesmo
em relação à própria deidade, fazendo alusão ao segundo uso da
palavra “Senhor” no Salmo 110. “Disse o S e n h o r ao meu senhor.
[...] Se Davi, pois, lhe chama, como é ele seu filho?” (Mt 22.44,45).
Em João 10.34-36, ele se justifica da acusação de blasfêmia dizen
do: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Se ele
chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a
Escritura não pode falhar, então, daquele a quem o Pai santificou e
enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: sou Filho
de Deus?”.
156
A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
Dificuldades e objeções
Subentende-se que existem dificuldades no modo de aceitar
uma visão de inspiração como esta. Mas para a mente finita,
sempre haverá dificuldades relacionadas à revelação do Infinito, e
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Os fundamentos
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
Mas será que Deus não é livre para agir com estas leis fixas, ou
sem elas? Não há circunstâncias que tinjam seu ponto de vista ou
raciocínio, e Ele não tem nenhuma idiossincrasia de fala, e nenhu
ma língua mãe pela qual expresse seu caráter, ou dedos de gênio
que marquem as folhas de sua produção literária.
Portanto, é uma grande falácia, como o Dr. Thomas Armitage
certa vez disse, supor que a uniformidade do estilo verbal tenha de
marcar a autoria de Deus na Bíblia, ou selecionar suas palavras.
Como o autor de todos os estilos, ele os usa de acordo com Sua
vontade. Ele dá todos os poderes de individualidade mental a seus
instrumentos para que os usem nas Escrituras, e depois usa os
poderes desses instrumentos como quer para expressar por meio
deles Seu pensamento.
Na verdade, a variedade de estilo é uma prova necessária da
liberdade dos escritores humanos, e é isso que, entre outras coisas,
nos convence de que, embora controlados pelo Espírito Santo, eles
não eram meras máquinas nas quais Ele escreveu.
William Cullen Bryant era um jornalista e poeta; Edmund
Clarence Stedman era um corretor de Wall Street e também
poeta. Como o estilo deles era diferente tanto as cartas editoriais e
comerciais por um lado, e a poesia por outro! Deus é mais limitado
do que um homem?
4. HÁ c e r t a s d e c la r a ç õ e s d a p r ó p r ia B í b l i a . Paulo não diz em
um ou mais lugares: “Eu falo como homem”? Seguramente, mas
ele não está usando os argumentos comuns entre os homens
para elucidar um ponto? Não poderia ele verdadeiramente ser
conduzido pelo Espírito a fazer isso, e relatar o fato, assim como
fazer ou dizer qualquer outra coisa? Naturalmente, o que ele cita
dos homens não tem o mesmo valor essencial daquilo que ele
recebe diretamente de Deus, no entanto, o relato da citação é
verdadeiramente inspirado.
Existem duas ou três outras declarações dele desse tipo no
sétimo capítulo de ICoríntios, em que ele trata do matrimônio. No
versículo 6, ele disse: “E isto vos digo como concessão e não por
mandamento”, e o que ele quer dizer não é uma referência à fonte
de sua mensagem, mas ao assunto. Em contradição ao falso ensino
de alguns, ele diz que os cristãos tem a permissão de se casar, mas
não existe um mandamento para que façam isso. No versículo 10,
ele diz: “Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a
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A inspiração da Bíblia — definição, extensão e prova
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15 Inspiração
L. W. M u n h a l l , M. A ., D.D .
Autor de “A alta crítica versus os altos críticos ”
Revisado e editado por Gerald B. Staton, Th. D.
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a) A humanidade de Jesus
A glória moral de Jesus surge em seu desenvolvimento como
Filho do Homem. A natureza que Ele assumiu era a nossa natureza,
exceto apenas quanto ao pecado e às propensões pecaminosas.
Sua humanidade foi real e verdadeira, a qual deveria passar pelos
vários estágios do desenvolvimento, como qualquer outro membro
da raça. Da infância à juventude, da juventude à maturidade, houve
rápido o crescimento tanto de corpo quanto de suas faculdades
mentais; contudo, o progresso foi feito de modo ordenado.
Como Filho do homem, Ele não estava livre das enfermidades
não pecaminosas que pertencem a nossa natureza. Ele tinha as
mesmas necessidades que todos nós; necessitava de alimentos, de
descanso, de compaixão humana e da assistência divina. Ele era
submisso a José e Maria, era um adorador na sinagoga e no templo;
chorou devido à culpa e à dureza do coração da cidade, e à beira do
túmulo de uma pessoa amada; expressou sua dependência de Deus
pela oração.
Nada é mais certo do que as narrativas do evangelho que
apresentam o Senhor Jesus como verdadeiramente homem, um
verdadeiro membro de nossa raça. Mas, assim que admitimos
essa verdade, somos confrontados por uma outra, que põe esses
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
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Os fundamentos
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
181
Os fundamentos
que orassem para que eles mesmos não caíssem em tentação, mas
não que orassem para que Ele não caísse em tentação, nem que
fosse liberto dela. Paulo escreveu muitas vezes: “Irmãos, orai por
nós” — “orai por mim”. No entanto, este não era o modo de falar
de Jesus. Em sua intercessão, Ele jamais usou a primeira pessoa
do plural em suas petições. Ele sempre disse, “Eu”, “me”, “mim”,
“estes”, e “os que tu me destes”.
e) A impecabilidade de Jesus
A impecabilidade do Salvador testemunha Sua glória moral.
O evangelho nos apresenta um fato único e solitário da história
humana — um homem absolutamente sem pecado! Ouçamos
algumas testemunhas. Há o testemunho dos inimigos. Por três
longos anos os fariseus estavam observando sua vítima. Como
alguém escreveu, “Havia fariseus misturados em toda multidão,
ocultando-se atrás de cada árvore. Eles examinaram os discípulos
de Jesus, questionavam tudo ao redor dele. Olharam para a vida
ministerial do Mestre, para a vida privada Dele, para Suas horas
de descanso. Eles apresentaram uma única acusação, a única que
poderiam apresentar —a de que Ele demonstrara desrespeito para
com César. O juiz romano que devia conhecer a acusação, decla
rou-a sem valor”. Havia outro espião — Judas. Se tivesse havido
uma falha sequer no ministério do Redentor, Judas, em sua terrível
agonia, teria se lembrado disso para seu consolo; mas a amargura
de seu desespero, que tornou sua vida intolerável, foi: “Pequei,
traindo sangue inocente” (Mt 27.4).
Há ainda o testemunho de seus amigos. Seus discípulos afirmam
que, durante o convívio com eles, Sua vida era sem mácula. Não
houve nem uma única mancha que por eles fosse detectada, ou eles
a teriam relatado, como fizeram sobre suas próprias deficiências
e erros. O homem mais puro e austero que viveu naquele tempo,
João Batista, não queria batizar o Único Santo e, consciente de sua
própria indignidade, disse, “Eu é que preciso ser batizado por ti,
e tu vens a mim?” (Mt 3.14). Nem Seu próprio testemunho deve
ser desprezado, pois Jesus jamais confessou pecado, jamais pediu
perdão. Mas, não é Ele quem censura veementemente a auto-justiça
dos fariseus? Ele jamais deixa transparecer algum vestígio, jamais
faz uma oração que implique o mais leve traço de culpabilidade. Ele
pinta a condenação dos pecadores incorrigíveis e não arrependidos
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
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Os fundamentos
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
Ele, à beira do poço, sabia até mesmo toda a vida passada de uma
mulher, embora jamais a tivesse encontrado. João nos conta que:
“E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito
do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana”
(Jo 2.25). Ele conhecia o mundo dos maus espíritos. Jesus tinha
pleno conhecimento dos movimentos de Satanás e dos demônios.
Disse ele a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou
para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que
a tua fé não desfaleça” (Lc 22.31,32). Ele, muitas vezes, falou
diretamente aos espíritos maus que tinham o controle sobre o
povo, ordenando-os a manter a paz, para saírem e não entrarem em
outras vítimas. Ele conhecia o Pai como ninguém seria capaz de
conhecer. “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele
a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27).
A aplicação do argumento
Nada é mais óbvio do que esse axioma comum, que todo efeito requer
uma causa adequada. Na Bíblia encontramos quatro breves relatos da
vida terrena de nosso Senhor, os quais tratam quase que exclusivamen
te de Seu ministério público: eles não professam ter relatado até mesmo
tudo o que Ele fez em sua missão oficial (Cf. Jo 21.25). Os autores
dessas memórias eram homens, cujos nomes são bem familiares
na maior parte do mundo; mas além de seus nomes sabemos bem
pouco sobre eles. O primeiro era coletor de impostos do governo
romano; o segundo era, como geralmente aceito, João Marcos, que
por algum tempo serviu como assistente de Paulo e Barnabé, e que
posteriormente se tornou companheiro e auxiliador de Pedro; o ter
ceiro era médico e amigo fiel e cooperador de Paulo; e o quarto era
um pescador. Dois deles, Mateus e João, foram discípulos de Jesus;
se os outros, Marcos e Lucas O viram em Sua jornada terrena, isto
não pode ser determinado.
Esses quatro homens, sem experiência na arte de escrever, sem
conhecimento das idéias da antiguidade, escreveram as memórias
da vida de Jesus. Três deles atravessam de forma substancial o
mesmo caminho, relatam os mesmos incidentes, discursos e mila
gres. Embora esses relatos estejam permeados pela mais profunda
admiração por seu Mestre, eles jamais se estendem sobre Suas
grandes qualidades. Tudo o que eles fazem é relatar Suas ações e
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Os fundamentos
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
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Os fundamentos
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A glória moral de Jesus Cristo, uma prova da inspiração
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191
O testemunho da escritura
em relação a si mesma
Rev. G eo rg eS. B is h o p , D . D .
East Orange, New Jersey
Revisado e editado por Charles L. Feinberg, Th. D., Ph. D.
192
O testemunho da escritura em relação a si mesma
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Os fundamentos
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O testemunho da escritura em relação a si mesma
195
Os fundamentos
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O testemunho da escritura em relação a si mesma
197
199
O testemunho da unidade
orgânica da Bíblia à sua
inspiração
A rthu r T. P ie r s o n , D .D .
Pastor do tabernáculo de Spurgeon, Londres
Revisado e editado por Charles L. Feinberg, Th.D.,Ph.D.
A unidade é estrutural
No próprio livro aparece um certo arquétipo, um plano arqui
tetônico. Os dois testamentos são construídos sobre o mesmo
esquema geral. Cada um se divide em três partes: a história, a
200
O testemunho da unidade orgânica da Bíblia à sua inspiração
A unidade é histórica
A Bíblia inteira é a história do Reino de Deus. Israel representa
este reino. Tudo se centra sobre a nação hebréia. Com a origem e
progresso dessa nação, começa a principal porção histórica; com a
apostasia e cativeiro desse povo, essa porção termina. Os tempos
dos gentios preencheram o intervalo, mas não possuem história
própria. A profecia, que é a história antecipada, retoma a linha par
tida e nos concede o perfil do futuro, quando Israel terá novamente
seu lugar entre as nações.
A unidade é dispensacional
Existem certas características dispensacionais uniformes,
que distinguem cada novo período. Cada dispensação é
marcada por sete características, na seguinte ordem: (a) luz
crescente; (b) declínio da vida espiritual; (c) união entre os
crentes e o mundo; (d) uma civilização gigantesca, do tipo que
encontramos no mundo; (e) desenvolvimento paralelo do bem
e do mal; (f) apostasia da parte do povo de Deus; (g) juízo
final. As mesmas sete marcas têm aparecido igualmente em
todas, demonstrando que há um poder controlador: Deus na
história.
201
Os fundamentos
A unidade é profética
Em toda profecia há apenas um centro, o reino e o Rei. Adão,
o primeiro rei, perdeu seu cetro devido ao pecado. Sua provação
terminou em fracasso e desastre. O último Adão, em sua provação,
obteve a vitória, desbaratou o tentador e permaneceu firme. As duas
vindas deste Rei constituíram os dois centros da elipse profética.
Sua primeira vinda foi para tornar possível um império no homem
e além do homem. Sua Segunda Vinda será para estabelecer este
império em glória. Toda profecia se movimenta ao redor destes
eventos. Ela toca Israel somente enquanto este está relacionado
com o reino; e os gentios só enquanto estes se relacionam com
Israel. Existem umas seiscentas e sessenta e seis profecias gerais
no Antigo Testamento, trezentas e trinta e três delas referem-se
particularmente à vinda do Messias e só se cumprem Nele.
A unidade é simbólica
Há um uso correspondente dos símbolos, seja na forma, cor ou
número. Na forma, temos o quadrado, o cubo e o círculo, e eles são
usados como tipos da mesma verdade. Na cor, há a branca para a
pureza, os branco reluzente para a glória, o vermelho para a culpa do
pecado e o sacrifício pelo pecado, o azul para a verdade e fidelidade
à promessa, o roxo para a realeza, as cores pálidas ou lívidas para a
morte, e o negro para os desastres e assolações. Quanto aos núme
ros, há claramente um sistema numérico. O um parece representar
a unidade, o dois, correspondência e confirmação ou contradição;
o três é o número da Trindade; o quatro é o número do mundo e do
homem. O sete, a soma de três e quatro, é a combinação do divino e
202
O testemunho da unidade orgânica da Bíblia à sua inspiração
A unidade é didática
Em todo o alcance e escopo do ensino ético da Bíblia, não
há inconsistência ou adulteração. Os ensinamentos doutrinais e
éticos, do começo ao fim, não estão em conflito, nem a respeito
de um ponto sequer; mais do que isso, encontramos neles uma
unidade positiva de doutrina que nos deixa maravilhados. Mesmo
quando, à primeira vista, parece haver conflito, como entre Paulo
e Tiago, em um exame mais detalhado, descobre-se que em vez de
um estar debatendo com o outro, face a face, na verdade, eles estão
um de costas para o outro, lutando contra inimigos comuns. Além
disso, observamos um desenvolvimento progressivo da revelação,
não apenas do Antigo Testamento para o Novo Testamento, mas
nos limites do próprio Novo Testamento. O mais espantoso de tudo
é que essa unidade didática e moral não pode ser plenamente com
preendida, senão até que o livro estivesse completo. O progresso da
preparação, como um andaime sobre a construção, obscurecia sua
beleza; mas quando João colocou a última peça na posição esperada
e declarou que nada mais seria acrescido, o andaime foi retirado, e
a grande catedral foi revelada.
A unidade é científica
A Bíblia não é um livro científico, mas segue uma lei consis
tente. Como uma locomotiva em seu trilho, ela ressoa no trilho da
ciência, mas jamais se desvia de seu próprio trilho. (1) Aqui não se
encontra nenhum ensino direto ou antecipação da verdade científica.
(2) Nenhum fato científico é afirmado de forma equivocada, embora
seja empregado uma fraseologia comum, popular. (3) Utiliza-se um
conjunto elástico de termos, que contêm em germe toda verdade
científica, como a semente contém a árvore. A linguagem é tão elás
tica e flexível a ponto de contrastar-se com a estreiteza da ignorância
humana, e ainda expande-se às dimensões do conhecimento. Se a
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Os fundamentos
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O testemunho da unidade orgânica da Bíblia à sua inspiração
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Os fundamentos
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O testemunho da unidade orgânica da Bíblia à sua inspiração
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A rno C. G a e b e le in , D .D .
Ex- editor da revista Our Hope
[Nossa Esperança], Nova York
Revisado e editado por Charles L. Feinberg, Th. D., Ph.D.
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A profecia cumprida, um forte argumento para a Bíblia
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Os fundamentos
O povojudeu
Quando Frederico, o Grande, rei da Prússia, pediu ao capitão
da corte um argumento em favor da inspiração da Bíblia, este
respondeu: “Vossa Majestade, os judeus”. Ele respondeu bem à
pergunta. As Escrituras estão cheias de predições relativas à histó
ria de Israel. Suas descrenças, a rejeição do Messias, os resultados
dessa rejeição, a dispersão pelo mundo, as perseguições e tristezas
que sofreram, a preservação miraculosa como nação, a futura
grande tribulação e restauração final — todos estes fatos foram
anunciados repetidamente por seus profetas. Toda a história desse
povo está cheia de acontecimentos que foram preditos muito antes
de que fossem cumpridos. Sua jornada e servidão no Egito foram
anunciadas a Abraão. O cativeiro babilônico e o retorno de uma
parte remanescente foram preditos pelos profetas pré-exílios, que
também previram um exílio maior e de proporções mundiais. Nas
profecias do retorno da Babilônia, até mesmo o nome do rei Persa,
por quem essa previsão seria cumprida, é predito. Duzentos anos
antes que Ciro nascesse, Isaías profetizou acerca dele (Is. 44.28;
45.1).
Um dos capítulos mais notáveis no Pentateuco é Deuteronômio 28.
Ali foi predita a triste história de Israel. O Espírito de Deus, por
intermédio de Moisés, esboçou milhares de anos atrás a história
da nação dispersa, o sofrimento e a tribulação dela, como tem
acontecido há dois milênios, e ainda está acontecendo. Esses são
argumentos a favor da origem divina e sobrenatural desse livro,
que nenhum infiel jamais foi capaz de responder; nem haverá
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A profecia cumprida, um forte argumento para a Bíblia
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Os fundamentos
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A profecia cumprida, um forte argumento para a Bíblia
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Vida na palavra
P h il ip M auro
Procurador de Justiça, Nova York
Revisado e editado porRev. Glenn 0 ’Neal, Ph.D.
Vivacidade perene
A Bíblia difere-se radicalmente de todos os outros livros em sua
vivacidade perpétua. Essa característica é reconhecida somente
por aqueles que conhecem o livro de maneira íntima, algo que pro
vêm da convivência com ela, como se fosse um membro da família.
Menciono isso primeiro, porque foi uma das propriedades únicas
da Bíblia que me impressionou após eu começar a lê-la depois de
minha conversão a Cristo. E fato bem notório que a Bíblia jamais
se esgota, jamais adquire mesmice, jamais diminui seu poder de
responsabilidade para com a alma aflita que dela se aproxima.
As passagens mais conhecidas, após milhares de leituras, são
tão vivas como na primeira vez. E, na verdade, como uma fonte
de água viva. A fonte é a mesma, mas a água é sempre fresca, e
sempre refrescante. Não podemos comparar isso a nada, senão ao
que encontramos em uma companhia viva, a quem amamos e a
quem vamos em socorro e comunhão. A pessoa é sempre a mesma,
mas sem mesmice. Novas condições evocam novas respostas; e o
mesmo acontece com a Bíblia. Como um livro vivo, ela se adapta
às novas fases de nossa experiência e às novas condições nas quais
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Vida na palavra
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Os fundamentos
A Bíblia é indestrutível
A Bíblia tem uma vida inerente e imperecível, a razão pela qual
ela sobrevive a todas as tentativas que foram feitas para destruí-la.
A Bíblia é o único livro no mundo que é verdadeiramente odiado.
Esse ódio é amargo, persistente e mordaz. Geração após geração,
esse ódio tem se mantido vivo. Sem dúvida, há uma explicação
sobrenatural para essa contínua demonstração de hostilidade para
com a Palavra de Deus, pois essa Palavra tem um inimigo sobrena
tural que pessoalmente experimentou seu poder (Mt 4.1-10).
Mas a explicação natural desse ódio é que a Bíblia se difere nota
velmente dos outros livros, porque ela não dá um quadro agradável
do homem e de seu mundo, mas faz o oposto. A Bíblia não diz que
o homem é um ser nobre, que aspira alcançar ideais elevados. Ela
não descreve a carreira da humanidade como um progresso, como
um bravo e bem-sucedido esforço do homem contra os males de
seu ambiente; contudo, faz exatamente o contrário, pois declara
que essa carreira é de desobediência e de separação de Deus, que
tem preferência pela escuridão em vez da luz, pois seus atos são
maus.
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Os fundamentos
terra. Na verdade, não foi afetada nem de leve por essas forças.
Isto foi bastante salientado nas páginas precedentes; mas a grande
verdade, em relação à passagem de lPedro, vem a nós com força
peculiar. Não precisamos ficar preocupados se a verdade de Deus,
incorporada por ele em sua Palavra, foi corrompida, porque ela é
incorruptível. E por essa Palavra, aqueles que crêem são nascido de
novo por meio da operação do Espírito Santo. Para eles “o espírito
évida” (Rm8.10).
A mesma verdade é declarada em Tiago 1.18, por meio destas
palavras: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra
da verdade”.
Essa é a concepção espiritual dos “filhos de Deus”. Estes são
nascidos ou gerados. Um filho não pode ser trazido à existência se
não for gerado de um pai. Os filhos de Deus devem ser nascidos de
Deus. O apóstolo o João nos diz que eles “não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”
(Jo 1.13). O apóstolo Tiago nos conta que eles são gerados pela
vontade de Deus. Portanto, embora o processo seja impenetrável
e misterioso, não há dúvida quanto a esse fato. Quando a palavra
de Deus é verdadeiramente “ouvida” e, em seguida, recebida em
um coração preparado, esta palavra se torna verdadeiramente uma
semente, espiritual e incorruptível, que, quando estimulada pelo
espírito de Deus, torna-se o germe de vida de uma nova criatura
— um filho de Deus.
A mesma verdade é claramente ensinada na explanação de nos
so Senhor na parábola do semeador, à qual já fizemos referência.
Visto que temos sua própria interpretação dessa parábola, não
precisamos ficar na incerteza quanto ao seu significado. Ele diz: “A
que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o
diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que,
crendo, sejam salvos” (Lc 8.12; grifo do autor). E também: “A que
caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração,
retêm a palavra; estes frutificam com perseverança” (Lc 8.15).
O método da concepção espiritual exposto nas Escrituras,
efetuado de uma maneira bastante análoga à concepção natural,
fornece a explicação da relação que há entre “crer” e “vida”, que é
mencionada em muitas passagens. Uma das mais conhecidas é a de
João 5.24, em que o Senhor Jesus declara em uma linguagem bem
simples que o homem que houve sua Palavra e crê naquele que O
230
Vida na palavra
enviou tem a vida eterna e passa da morte para vida. Este homem
recebe a semente em seu coração, e a semente é ali estimulada para
a vida.
Na verdade, o grande propósito da palavra escrita é distribuir a
vida — a vida (quer dizer divina) eterna — para aqueles que estão
mortos pelas transgressões e pecados. O evangelho de João, am
plamente devotado ao grande tema da vida eterna, e do qual uma
grande parte de nossa informação com respeito a ela é derivada,
foi escrito “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31; grifo do
autor).
A mesma verdade é declarada em uma passagem bem conhecida,
a de Romanos 10.9, que expõe bem claramente a verdade especial,
que constitui a substância e a medula da revelação de Deus em
sua palavra, em que ele convoca os homens a crer e obedecer por
intermédio da pregação do evangelho, a saber, que Jesus Cristo,
que morreu pelos pecadores, ressuscitou dos mortos e é o Senhor de
todos, para a glória do Deus Pai.
O ponto principal a ser apreendido é que é necessário um certo
preparo do coração para que a “boa semente” da Palavra possa ger
minar e ali se desenvolver. Este coração preparado é descrito nas
Escrituras como um coração que crê. Esse estado de estar prepara
do manifesta-se quando um homem crê em Deus, como fez Abraão
(Rm 4.17); ou, em outras palavras, quando um homem está pronto
para receber a Palavra de Deus como fizeram os tessalonicenses
(lTs 2.13). Quando um homem é trazido, pela operação do Espírito
Santo, que é o “Espírito de vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2,10), a um
estado de preparação, então a Palavra de Deus, sendo recebida no
coração, age como uma semente que cai em boa terra.
Esse é o poder da verdade viva: distribuir vida; e isto faz a
diferença entre a verdade que Deus revelou em sua Palavra, e a
verdade que pode ser encontrada em qualquer outro lugar. A tabela
de multiplicação é verdade; mas não é a verdade viva. Ela não tem
poder estimulante. Os teoremas de geometria são verdade; mas
não são a verdade viva. Jamais ouvimos algum homem testificar
que era infeliz e escravo do pecado e continuou na escuridão
espiritual, firmemente atado à miséria e ao vício, até que seus
olhos fossem abertos pela grande verdade de que dois e dois são
quatro, ou de que três ângulos internos de um triângulo são iguais
231
Os fundamentos
a dois ângulos retos; e que a partir desse momento sua vida foi
transformada, sua alma liberta da escravidão, e seu coração ficou
cheio de alegria e paz graças a essa crença. Por outro lado, no
caso da verdadeira conversão, pode ter sido apenas a declaração
mais breve e a mais simples da “Palavra da verdade do evangelho”
(Cl 1.5), que foi ouvida e crida, como aquela de que “Cristo [...]
morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6), e que o grande poder
daquele que levantou Cristo dos mortos faz renascer em Cristo uma
alma que anteriormente estava morta em transgressões e pecados
(Ef 1.20; 2.5). Desse modo, a Palavra da Verdade se torna, de
alguma maneira misteriosa, o veículo para a distribuição daquela
vida da qual o Cristo ressurrecto, a Palavra encarnada, é a única
Fonte. A vida eterna para a alma individual começa por intermédio
da crença no “testemunho de Cristo” (ICo 1.6), e o testemunho de
Deus, que Ele, por sua graça, tem dado aos pecadores que parecem
para que eles possam crer e ser salvos, é “com respeito a seu Filho”
(Rm 1.3; ljo 5.10). “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida
eterna; e esta vida está no seu Filho” (ljo 5.11). Por isso, está es
crito a respeito daqueles que experimentaram o novo nascimento:
“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”
(G13.26).
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Vida na palavra
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Os fundamentos
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Vida na palavra
Deus. Por isso, essa passagem foi utilizada pelo Segundo Homem
no deserto, em seu combate contra o demônio, cuja intenção era a
de inculcar no homem a impressão de independência de Deus. O
Homem Jesus Cristo fez isso, pois, com a Espada do Espírito, der
rotou firme e verdadeiramente o propósito central de seu grande
adversário.
O homem deve ser alimentado por cada palavra de Deus.
Nenhuma parte da Bíblia deve ser negligenciada sem que haja
perda e detrimento; e é preciso observar que na Bíblia há uma
boa variedade de nutrientes espirituais, assim como a variedade
de alimento físico que Deus proporcionou para as necessidades do
homem físico. Se há leite para as criancinhas, há também alimento
sólido para aqueles que são maduros. E há o risco da interrupção
do crescimento para aqueles que permanecem satisfeitos com uma
dieta relativamente fraca, adequada às crianças que sabem, talvez,
apenas que seus pecados são perdoados; como diz o apóstolo João:
“Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoa
dos, por causa do seu nome” (ljo 2.12). Mas aqueles que têm de ser
alimentados com leite, quer dizer, as verdades mais elementares
e simples do evangelho, são os que não possuem habilidades no
manuseio da palavra da justiça. As crianças não podem fazer nada
por si mesmas, muito menos preparar um alimento, ou prestar
qualquer serviço às outras pessoas. Por conseguinte, o apóstolo
Paulo, escrevendo aos Hebreus, censura alguns deles, “pois, com
efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido,
tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de
novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus;
assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento
sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na
palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para
os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades
exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”
(Hb 5.12-14).
Jeremias diz: “Achadas as tuas palavras, logo as comi ” (Jr 15.16).
Por isso, ele encontrou força espiritual para se sustentar em seu
dificílimo ministério, do qual, devido a sua personalidade tímida e
sensível, ele recuou horrorizado em agonia de alma. Para ser um
bom e efetivo ministro de Cristo é necessário estar bem nutrido
por meio da ampla participação no alimento espiritual que a Palavra
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Os fundamentos
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Vida na palavra
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Os fundamentos
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Vida na palavra
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Os fundamentos
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Existe um Deus?
M.A., D.D.
R e v . T hom as W h it e la w ,
Ministro Presbiteriano, Kilmarnock, Escócia
Resumido e editado por James H. Christian, Th.D.
A resposta do ateu
“Mão há Deus”
Hoje em dia dificilmente seria possível replicar a essa ousada
e confiante negação dizendo simplesmente que o ateu teórico é
uma espécime totalmente excepcional da humanidade, e que sua
afirmação audaciosa é tanto o resultado de ignorância quanto de
impiedade. Aparentemente, esse ateísmo teórico não está extinto,
mesmo nos círculos cultos, e algumas observações com respeito a
ele são necessárias. Essas observações são as seguintes:
1. A DESCRENÇA NA EXISTÊNCIA DE UM S E R D lV IN O NÃO É EQUIVALEN
TE À DEMONSTRAÇÃO DE QUE NÃO HÁ Ü E U S .
2 . Ta l d e m o n s t r a ç ã o p e r t e n c e à n a t u r e z a d o s c a s o s im p o s s í v e is .
242
Existe um Deus?
A confissão do agnóstico
“Não posso dizer se há ou não um Deus”
Sem afirmar dogmaticamente que não há um Deus, o agnóstico
praticamente insinua que se houver um Deus, ou não, ninguém
pode dizer e isso não tem muita importância. O agnóstico não nega
que além do fenômeno do universo possa haver um Poder; mas se
há ou não, e se houver, se este Poder é uma Força ou uma Pessoa,
ele está entre as coisas desconhecidas e incognoscíveis, de manei
ra que, praticamente, não pode haver mais do que um objeto de
243
Os fundamentos
Esta
c o n h e c id a s a m e n o s q u e s e j a m c o n h e c id a s i n t e i r a m e n t e .
244
Existe um Deus?
O orgulho do materialismo
“Não necessito de um Deus, pois posso percorrer o
universo sem Ele”
Apenas admita que tudo se iniciou em um oceano de átomos
e que uma força os colocou em movimento, e o materialismo
continuará a explicar o mistério da criação. Se nós temos o que
ele denomina imaginação científica, ele nos levará a ver todo o
processo — as moléculas ou átomos se combinando e se dividindo,
avançando e retrocedendo, formando grupos, construindo massas
e preenchendo espaços, tornando-se cada vez mais quentes
enquanto giram pelo espaço, rodopiando cada vez mais rápido,
até que abruptamente, devido apenas à velocidade, eles aumentam
e explodem, rompendo-se em fragmentos que, ao se resfriarem,
formam um sistema planetário completo.
245
Os fundamentos
A declaração do cristão
“Nao posso fazer nada sem deus. sem deus não sou
capaz nem mesmo de me relacionar com o universo ao
meu redor, nem explicar Jesus Cristo acima de mim,
tampouco compreender as experiências espirituais
dentro de mim.”
1. Sem D eus o u n iv e r s o m a t e r ia l ao redor do c r is t ã o é e
246
Existe um Deus?
247
Os fundamentos
2 . S e m D eu s o cristão não p o d e e x p l ic a r p a r a si a p e s s o a d e
J esu s Fixando a atenção apenas nos evangelhos, o Cristão
discerne a personalidade que não pode ser justificada com
princípios comuns. Não é o simples fato de que Jesus tenha feito
obras como nenhum outro fez e proferiu palavras como jamais
lábios mortais o fizeram; é que em acréscimo a Sua vida, ele
possuía uma bondade incomparável — filantropia incansável,
amor auto-sacrificante, humildade, mansidão e pureza perfeita
— tal como jamais fora testemunhado sobre a terra, e jamais foi
exibida por qualquer um de seus discípulos. E que Jesus — uma
personalidade tal como descrita por aqueles que contemplaram
a glória Daquele que foi o unigênito do Pai; cheio de graça e ver
dade, apresentando pretensões e afirmações que eram comple
tamente inadequadas aos lábios de um simples homem, e muito
menos de um homem pecador — declarou ser a Luz do Mundo
e o Pão da Vida: anunciando que possuía o poder de perdoar os
pecados e de ressuscitar os mortos; que havia pré-existido antes
de vir à terra e que retornaria ao estado pré-existente quando
sua obra se realizasse, a qual seria morrer pelos pecados dos
homens: que ressuscitaria dos mortos e as ascenderia aos céus,
e tudo isso ele realmente fez; afirmando que era o Filho de Deus,
semelhante ao Pai, e o futuro juiz da humanidade. O cristão que
analisa esse quadro percebe que, embora Ele pertença aos limi
tes do homem, também se reveste da semelhança de Deus, e
esse cristão raciocina que se este quadro retrata a vida (e como
poderia ter sido retratada de outra maneira?), então um Deus
deve ter andado nessa terra na pessoa de Jesus. Para o cristão,
nenhuma outra conclusão é possível.
3 . Sem D e u s o c r is tã o não pode e n te n d e r os fa to s de sua
Tomemos primeiramente a idéia de Deus
p r ó p r i a c o n s c iê n c ia .
que o cristão descobre quando chega à idade do juízo e da res
ponsabilidade. Algo que ele não pode entender, se nenhum ser
como Deus existe, é como essa grande idéia surge dentro dele.
Dizer que ele simplesmente a herdou de seus pais ou a absorveu
de seus contemporâneos, não resolve o problema, mas apenas
faz com que esse mistério retroceda geração após geração.
Permanece a questão: como essa idéia se originou pela primeira
vez na alma? Responder que ela se desenvolveu gradualmente
a partir do totemismo e do animismo praticados pelas raças de
248
Existe um Deus?
249
Os fundamentos
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251
Deus em Cristo,
22 a única revelação
da paternidade de Deus
R obert E . S peer
Secretário do Conselho Presbiteriano de Missões
Estrangeiras
Resumido e editado por James A. Christian, Th.D.
Essas palavras nos sugerem que não basta a um homem justo crer
em Deus. Tudo dependerá em que tipo de deus se crê. A primeira
vista, essa é uma comparação um tanto intrigante e surpreendente,
pois que nosso Senhor institui aqui, por um lado, uma diferença entre
uma mera fé em Deus e a possível e horrível conseqüência moral e,
por outro lado, um conhecimento de Deus em Cristo e seus seguros
efeitos morais. E a lição parece ser a inadequação de qualquer fé
religiosa que não reconheça a revelação do Pai em Jesus Cristo, e
que não reconhece Jesus Cristo como Deus. De certa maneira, é um
pouco difícil para nós aceitar tão grande concepção como essa em
nossa vida, mas nosso Senhor a apresenta com clareza inequívoca:
por um lado, a inadequação moral de uma mera crença em Deus; por
outro lado, a adequação moral e espiritual de um reconhecimento de
Deus como o Pai manifesto em Cristo, que também é Deus.
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Deus em Cristo, a única revelação da paternidade de Deus
253
Os fundamentos
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Deus em Cristo, a única revelação da paternidade de Deus
João e Mateus
Não podemos separar os elementos cristológicos do evangelho.
Tem sido feito um esforço para se excluir o evangelho de João, e
é-nos dito que, com o evangelho de João de fora, a obra verdadeira
de Cristo era apenas sua mensagem, tornar o Pai conhecido para
os homens; e que o caráter cristólogico que impomos ao evangelho
era algo impingido posteriormente sobre este, e não algo que estava
na mente e no pensamento de Jesus Cristo. Contudo, não vejo como
os homens podem ter esse ponto de vista se não cortarem também
o capítulo onze de Mateus. Ali, Cristo expõe, tão inequivocamente,
quanto em qualquer outra parte do evangelho de João, o caráter es
sencialmente cristólogico de Seu evangelho: “Tudo me foi entregue
por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém co
nhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”
(v. 27). Não podemos separar a revelação da paternidade de Deus,
feita por Cristo, da pessoa de Cristo. Ele não expunha a paternidade
de Deus pelo que Ele falava; mas expunha a paternidade de Deus pelo
que era; e é uma espécie de concepção intelectual equivocada tomar
certas palavras Suas e dizer que essas palavras nos autorizam a crer
em Deus como nosso Pai, embora rejeitemos Jesus Cristo como Seu
Filho Divino, e pensemos que é possível sustentar o primeiro artigo
de nosso credo cristão sem que o segundo lhe dê continuidade,
“Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”.
255
Os fundamentos
Cristo é tudo
Se eu e você subtrairmos de nossa concepção de Deus o que
entendemos em relação à pessoa de Jesus Cristo, praticamente não
nos resta mais nada. Os discípulos sabiam que lhes restaria bem
pouco. Quando lhes foi proposto que separassem Cristo da revela
ção que Ele fez, esses homens ficaram absolutamente aturdidos e
disseram: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida
eterna” (Jo 6.68), ou seja, ele estavam dizendo: “Para nós não há
mais nada no judaísmo”. O Monoteísmo estava no Judaísmo; a re
velação de Deus estava no judaísmo; mas aquilo não era mais nada
para os discípulos, pois eles tiveram essa gloriosa visão do Pai que
se fez conhecer aos homens por Jesus Cristo, Seu Filho. Parece que
nossa atitude para com Jesus Cristo é o determinante de nossa vida
no Pai; e que a imaginação que temos de uma vida no Pai, que se
baseia na rejeição das afirmações de Jesus Cristo, é uma imagina
ção sem nenhum fundamento. Vejamos aquelas notáveis palavras
do Senhor: “Quem não me ama não guarda as minhas palavras;
e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do pai, que me
enviou” (Jo 14.24); Se alguém me ama, guardará a minha palavra;
e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”
(Jo 14.23). O que Jesus apresenta como a condição de uma atitude
justa para com Deus é a aceitação, pelo homem, do segredo interior
de Sua própria vida, uma entrega deliberada do próprio homem aos
sublimes princípios que estão manifestos no caráter e na pessoa
de Jesus, uma união compassiva consigo mesmo. E Ele resumiu
tudo a Filipe nestas palavras: “Quem me vê a mim vê o Pai”. E
nesse sentido que digo que você e eu não podemos honestamente
declarar que “cremos em Deus Pai”, a menos que digamos logo a
seguir: “E em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor”, pois
não sabemos praticamente nada sobre Deus como Pai, exceto o que
foi revelado de Deus Pai naquele que disse: “Eu e o Pai somos um”.
Acaso cremos na paternidade de Deus nesse sentido?
Aplicação prática
2. Talvez possamos responder essa questão de modo melhor se
perguntarmos, em segundo lugar, se admitimos em nossas vidas
todas as implicações práticas dessa revelação do caráter do Deus
Pai em Jesus Cristo. Há uma razão para isso: pense em como
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Deus em Cristo, a única revelaçao da paternidade de Deus
Nossos ideais
Ora, pense também como essa concepção de Deus inspira e
retifica os ideais de nossa vida. Foi isto que sugeriu essa idéia a
257
Os fundamentos
Obediência suavizada
E pense em como esta concepção de Deus torna a obediência tão
racional e doce. Há algo racional, mas dificilmente doce na idéia de
obediência a Ele sob a simples concepção teísta. Toda a alegria da
obediência vem quando penso em mim como filho de meu Pai e
enviado a fazer Sua vontade. Nosso Senhor pensava que Sua vida
era exatamente assim. Naquela última noite em que Simão Pedro
tentou defendê-lo pela força, Ele disse: “Mete a espada na bainha;
258
Deus em Cristo, a única revelação da paternidade de Deus
259
Os fundamentos
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agra
do” (Mt 11.25,26); a oração que Ele ofereceu no templo, quando
Filipe e André se aproximaram com a mensagem sobre os gregos
que estavam procurando ver-lhe: “Agora, está angustiada a minha
alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente
com este propósito vim para esta hora” (Jo 12.27); a oração que Ele
ofereceu diante de Lázaro: “Pai, graças te dou porque me ouviste.
Aliás, eu sabia que sempre me ouves”(Jo 11.41,42); a oração que
ele fez no Getsêmani: “Meu Pai, se não é possível passar de mim
este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42); e
a última de todas, quando, como uma criança cansada, ele se deita
nos braços do Pai e adormece: “Então, Jesus clamou em alta voz:
Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou”
(Lc 23.46). Que concepção de oração essas orações lhe fornecem.
Não estamos orando a algum Deus teísta e frio; estamos orando a
nosso Pai que se fez real para nós, que nos aquece com o calor de
uma extraordinária ternura por nós, que é vivo e tem consciência de
todo nosso sofrimento, esforço, conflito e necessidades humanos.
Faz-se uma oração, por um motivo, um motivo racional. Posso
ir a meu Pai e pedir-lhe as coisas das quais necessito. Há uma
passagem formidável na revista de Andrew Bonar, na qual ele fala
que se assentou um dia para estudar e, ao olhar pela janela, viu dois
de seus filhos atravessando o campo. Ele relata que, enquanto via
aquelas criancinhas fazendo seu caminho pelo campo, o amor em
seu coração o dominou, e ele empurrou seus livros que estavam na
mesa e saiu à porta e os chamou no campo; e eles vieram correndo
ansiosamente em resposta ao chamado amoroso de seu pai. E,
quando eles chegaram, ele os acariciou e disse que deu um abraço
em cada um de seus filhos, apenas graças ao êxtase de seu amor
paternal, que fez com que fosse impossível que ele não fizesse algo,
pois aquelas crianças eram tão caras a seu coração. Será que vocês
supõem que Deus é um tipo de pai inferior? A oração, no sentido
da suplica por coisas reais, torna-se uma realidade racional aos
homens que crêem em Deus por intermédio de Jesus Cristo.
Comunhão
E quão doce se torna a oração no sentido de uma comunhão
viva. Será que vocês supõem que somos figuras mais nobres
do que aquela do grande Pai, segundo quem nossa paternidade
Deus em Cristo, a única revelação da paternidade de Deus
humana foi forjada? Será que vocês percebem que se é doce para
nós termos nossas criancinhas se arrastando a nós na escuridão,
também é doce para nosso Pai celestial aqui, ou em qualquer parte,
ter homens, seus filhos, que se esgueiram para junto Dele, e de seu
amor? Isto não é um modo exagerado de apresentar esse fato. Não
nos é garantido, por meio daquelas palavras que nosso Senhor falou
na manhã de Páscoa, quando estava ao lado de seu túmulo aberto,
enquanto uma mulher, Maria, que estava abraçada a seus pés, o
adorou: “Maria! [...] vá ter com os meus irmãos e diz-lhes: Subo
para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20. 16,17).
Sim, essa é a forma correta de apresentar isso hoje. Não há Deus
para nós, em nenhuma parte de todo o universo não há um Deus
real e suficiente para nós, senão o Deus que é revelado a nós em
Jesus Cristo e que nos está chamando hoje pelos lábios de Cristo:
“Meu filho, oh meu filho”, e que, se formos homens verdadeiros,
nos faria retornar esse chamado: “Meu Pai, ó meu Pai”.
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263
A divindade
de Cristo
P r o f . B e n ja m im B . W a r f i e l d , D.D., LL.D
Seminário Teológico Princeton
Revisto e editado por Gerald B. Stanton, Th.D.
A natureza da evidência
Um homem ao ver o rosto de seu amigo o reconhece, como
reconhece sua própria letra quando se depara com ela. Pergunte-lhe
como ele sabe que esse rosto é o de seu amigo, ou que essa letra é a
sua, e ele pode emudecer ou, se procurar responder, balbuciar algo
sem sentido. Ainda que seu reconhecimento se baseie em bases sólidas,
carecerá de habilidade analítica para isolar e afirmar essas mesmas ba
ses sólidas. Cremos em Deus, na liberdade e na imortalidade como
bons fundamentos, embora não sejamos capazes de analisar estas
bases de maneira satisfatória. Não existe nenhuma convicção real
sem fundamento racional adequado para sua evidência. Assim, se
estamos solidamente seguros da divindade de Cristo, isso será sobre
bases adequadas, que apelem à razão. Mas pode muito bem ser sobre
bases não analisadas, talvez não passíveis de ser analisadas, por nós,
de forma a ser demonstradas na forma da lógica formal.
Não precisamos aguardar para analisar as bases de nossas
convicções antes que elas operem para produzir convicções, assim
como não necessitamos aguardar para analisar nossa comida antes
que ela nos nutra. A convicção cristã sobre a divindade de seu
Senhor não depende de sua solidez sobre a capacidade cristã de
convencimento para afirmar as bases de sua convicção. A evidência
que ele oferece para isto pode ser completamente inadequada,
embora a evidência sobre a qual ele repouse seja absolutamente
constrangedora.
A divindade de Cristo
O testemunho na solução
A própria abundância e persuasividade da evidência para a di
vindade de Cristo aumenta grandemente a dificuldade de afirmá-la
adequadamente. Isto é verdadeiro até mesmo quanto à evidência
escriturai, pois ela é tão precisa e definida. E verdade o que Dr. Dale
observa: que os textos particulares, nos quais a divindade é defi
nitivamente afirmada, não se referem, nem de perto, ao todo, ou
ainda, nem são as provas mais impressionantes que as Escrituras
fornecem da divindade de nosso Senhor. Ele compara esses textos
aos cristais de sal que aparecem na areia da praia depois que a maré
recua. “Esses cristais de sal não são”, observa ele, “a prova mais
forte, embora seja a mais aparente, de que o mar é salgado; o sal
está presente na solução de cada balde de água do mar”. A divinda
de de Cristo está na solução de cada página do Novo Testamento.
Cada palavra acerca Dele, cada palavra proferida a respeito Dele,
pressupõe a aceitação de que Ele é Deus. Essa é a razão pela qual a
“crítica”, que procura eliminar o testemunho do Novo Testamento
em relação à divindade de nosso Senhor, impôs a si mesma uma
tarefa sem esperança. O Novo Testamento teria de ser eliminado.
Não podemos nos afastar de seu testemunho. Como a divindade de
Cristo é a pressuposição de cada palavra do Novo Testamento, fica
impossível selecionar palavras do Novo Testamento e buscar, com
elas, construir documentos mais recentes nos quais a divindade
de Cristo não seja afirmada. A convicção segura da divindade de
Cristo é contemporânea ao próprio cristianismo. Jamais houve um
cristianismo, nem nos tempos dos apóstolos, nem a partir daí, em
que essa não fosse uma opinião primordial.
Um evangelho saturado
Observemos, por meio de um ou dois exemplos, quão comple
tamente saturado está a narrativa do evangelho com a aceitação
da divindade de Cristo, de maneira que ela surge de forma e em
lugares inesperados.
Em três passagens de Mateus, relatando as palavras de Jesus,
Ele fala de modo familiar e da maneira mais natural do mundo
sobre “seus anjos” (13.41; 16.27; 24.31). Em todas elas, Ele afirma
que é o “Filho do Homem”; e em todas as três existem sugestões
adicionais de sua majestade. “Mandará o Filho do Homem os seus
265
Os fundamentos
266
A divindade de Cristo
A posição única
Todas as grandes designações não são tão afirmadas quanto
assumidas por Ele para Si mesmo. Ele não se autodesigna profeta,
embora aceite esta designação de outros. Ele coloca-se acima de
todos os profetas, até mesmo de João, o maior dos profetas, como
aquele para quem todos os profetas olharam. Se chama a Si mesmo
de Messias, preenche esse termo dando-lhe um significado mais
profundo, abrigando-se na única relação que há entre o Messias de
Deus, como seu representante, e Seu Filho. Jesus não fica satisfeito
em apresentar-se meramente como alguém que tem uma relação
única com Deus. Ele afirma que é o recipiente da plenitude divina,
o participante de tudo que Deus tem (Mt 11.28). Fala livremente
de Si mesmo como o Outro de Deus — a manifestação de Deus
sobre a terra, ou seja, quem quer que O visse, via também o Pai — e
Aquele que faz a obra de Deus na terra. Ele afirma, abertamente, ter
prerrogativas divinas — o conhecer o coração do homem, o perdão
dos pecados, o exercício de toda autoridade no céu e na terra. Na
verdade, tudo que Deus tem e é, Ele afirma ter e ser; onipotência,
onisciência, perfeição pertencem tanto a um como ao outro. Ele
não somente executa os atos divinos, mas Sua própria consciência
se adere à consciência divina. Se Seus seguidores demoravam para
reconhecer Sua divindade, isso não era devido ao fato de Ele não
ser Deus, ou não manifestar suficientemente Sua divindade. Era
devido a eles serem tolos e lentos para crer, no coração, naquilo que
Ele deixava tão patente diante de seus olhos.
A prova maior
As Escrituras nos dão evidência suficiente, portanto, de que
Cristo é Deus. Contudo, elas estão longe de nos conceder toda a
evidência que temos. Há, por exemplo, a revolução que Cristo ope
rou no mundo. Se, na verdade, se perguntasse qual é a prova mais
convincente da divindade de Cristo, talvez a melhor resposta fosse
o cristianismo. A nova vida que ele trouxe ao mundo; a nova criação
que ele produziu por meio de Sua vida e obra no mundo; aqui estão
pelo menos as credenciais mais palpáveis.
Olhemos para isso de forma objetiva. Leia-se o relato histórico
do avanço e das conquistas do cristianismo nos dias da igreja
primitiva e, depois, pergunte-se: Poderiam essas coisas ter sido
267
Os fundamentos
A prova interna
Ou olhemos para isso de forma subjetiva. Todo cristão tem
dentro de si a prova do poder transformador de Cristo e pode re
petir o silogismo do homem cego: “Nisto é de estranhar que vós
não saibais donde ele é, e, contudo, me abriu os olhos” (Jo 9.30).
Um arrazoado eloqüente exige o seguinte: “Será que devemos
confiar no toque de nossos dedos, na visão de nosso olhos, na
audição de nosso ouvidos e não confiar em nossa consciência,
mais profunda, de nossa mais elevada natureza — a resposta da
consciência, o florescer da alegria espiritual, o brilho do amor
espiritual? Negar que a experiência espiritual seja tão real quan
to a experiência física é desprezar as mais nobres faculdades de
nossa natureza. Isso é dizer que metade de nossa natureza diz
a verdade, e que a outra, profere mentiras. A proposição de que
os fatos da esfera espiritual são menos reais do que os fatos da
esfera física contradiz toda filosofia.” O coração transformado
dos cristãos alista-se a si mesmo “na gentil temperança, nos
nobres motivos, nas vidas vividas visivelmente sob o império de
268
A divindade de Cristo
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271
O nascimento
virginal de Cristo
P rof. J am es O rr, D .D .
Faculdade da Igreja Livre Unida, Glasgow, Escócia,
Revisado por Gerald B. Stanton, Th.D.
272
O nascimento virginal de Cristo
O caso afirmado
O objeto desta dissertação é mostrar que aqueles que seguem
as linhas da negação do nascimento virginal apenas esboçaram
fazer grande injustiça à evidência e à importância da doutrina que
rejeitam. A evidência, embora não seja do mesmo tipo público como
a da ressurreição, é de longe mais forte do que o opositor gostaria,
e o fato negado faz mais parte de um aspecto vital da essência da fé
cristã do que ele supõe. Colocada na posição certa entre as outras
verdades da religião cristã, não é apenas uma pedra de tropeço
para a fé, mas sente-se que condiz com o poder auto-evidente na
conexão dessas outras verdades, assim como fornece a explicação
que é necessária à pessoa sagrada e sobrenatural de Cristo. O
cristão comum é aqui uma testemunha. Ao ler os evangelhos, ele
não percebe qualquer incongruência ao passar das narrativas do
nascimento virginal à maravilhosa história da vida de Cristo nos
capítulos que se seguem, e destes para as descrições da dignidade
divina de Cristo, encontradas em João e Paulo. O todo parte de uma
ponte: o nascimento virginal é tão natural no início de vida desse
Homem — o Filho divino — quanto é a ressurreição ao seu final. E
quanto mais intimamente se considera a questão, tanto mais forte
se desenvolve a impressão que dela se tem. Ela só é enfraquecida
quando a concepção de Cristo, contida nas Escrituras, é abandona
da, e essas várias dificuldades e dúvidas que se instalam.
273
Os fundamentos
A primeira promessa
Agora é o momento de irmos à própria Escritura e olharmos
o fato do nascimento virginal em sua posição histórica e em sua
relação com outras verdades do evangelho. Para preceder o exame
da evidência histórica, é preciso, primeiramente, dizer algo sobre
a preparação do Antigo Testamento. Houve tal preparação? Alguns
diriam que não, contudo, esse não é o modo de Deus, e podemos
olhar com confiança para, pelo menos, algumas indicações que
apontam na direção do evento do Novo Testamento.
Voltemos nosso juízo primeiramente para a mais antiga de todas
as promessas evangélicas, que a semente da mulher esmagaria a
cabeça da serpente. “Então, o Senhor Disse à serpente: [...] Porei
inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
(Gn 3.14,15). A “serpente”, nessa passagem, é Satanás, e a “semen
te” que o destruirá é descrita, com toda ênfase, como a semente
da mulher. Pela mulher, o pecado teve acesso à raça, mas pela se
mente da mulher viria a salvação. Os escritores da igreja primitiva
insistiram, muitas vezes, na analogia entre Eva e a Virgem Maria.
Podemos rejeitar qualquer elemento de super exaltação de Maria,
que eles relacionam com esse fato, mas não deixa de ser significati
vo que essa frase em particular tenha sido escolhida para designar
o futuro Salvador. Não posso crer que essa escolha tenha sido um
acidente. A promessa feita a Abraão foi a de que em sua semente,
as famílias da terra seriam abençoadas; em uma passagem, o
masculino é enfatizado, mas na outra é a mulher — uma mulher em
particular, inconfundível.
A profecia de Emanuel
A concepção do Messias, que gradualmente amealhou a si os
atributos de um Rei divino, alcança uma de suas mais claras ex
pressões na grande profecia de Emanuel, que vai do capítulo sete de
274
O nascimento virginal de Cristo
Testemunho do evangelho
Esse relato encontrado nas Escrituras proféticas, aparente
mente, não produziu frutos nas expectativas judaicas do Messias,
quando o evento ocorreu foi algo que, para as mentes cristãs,
lançou luz sobre a importância preditiva. Em Belém da Judéia,
como Miquéias predisse, nasceu de uma mãe virgem aquele “cujas
origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”
(Mq 5.2; Mt 2.6). Mateus, que cita a primeira parte do versículo,
dificilmente ignorava a alusão da pré-existência nela contida. Isso
nos leva ao testemunho do nascimento miraculoso de Cristo em
nosso primeiro e terceiro evangelhos — os únicos evangelhos que
relatam as circunstâncias do nascimento de Cristo completamente.
Por consenso geral, as narrativas em Mateus (cap. 1—2) e em
Lucas (cap. 1—2) são independentes — ou seja, eles não derivam
uma da outra — ainda que ambas afirmem, em detalhes, que Jesus,
concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de uma virgem
pura, Maria de Nazaré, prometida a José, a qual posteriormente
seria sua esposa. O nascimento se deu em Belém, para onde José
e Maria foram para se recensear. O anúncio foi feito por um anjo,
de antemão, a Maria, e o nascimento foi precedido, assistido e se
guido por eventos notáveis que são narrados por esses evangelistas
275
Os fundamentos
O testemunho provado
Não há dúvida, portanto, sobre o testemunho do nascimento
virginal, e a questão que surge agora é — qual é o valor, como uma
evidência, dessas partes dos evangelhos? Serão partes genuínas
dos evangelhos? Ou são acréscimos tardios e não confiáveis? De
que fontes presume-se que são derivados? Nossa crença no nas
cimento virginal depende da verdade dessas narrativas. Será que
elas podem ser confiáveis? Ou são meras fábulas, invenções, lendas
às quais não se pode dar nenhum crédito?
A resposta a várias dessas questões pode ser dada de forma muito
breve. As narrativas do nascimento de Jesus em Mateus e Lucas são
indubitavelmente partes genuínas de seus respectivos evangelhos.
Elas estão ali desde que os evangelhos vieram a existir. A prova disso
é convincente. Os capítulos em questão encontram-se em todos os
manuscritos e versões dos evangelhos conhecidos que existem. Há
centenas de manuscritos, alguns deles bem antigos, que pertencem a
diferentes partes do mundo, e muitas versões em diferentes idiomas
(latim, siríaco, egípcio, etc.), mas essas narrativas do nascimento vir
ginal se acham em todos eles. Sabemos, na verdade, que uma seção
dos primeiros cristãos judeus — os ebionitas, como eram conhecidos
— possuíam um evangelho baseado em Mateus, em que os capítulos
sobre o nascimento de Jesus estavam ausentes. Contudo, esse não
era o verdadeiro evangelho de Mateus: no máximo, era uma forma
corrompida e mutilada do mesmo. O evangelho genuíno, como os
manuscritos atestam, sempre teve esses capítulos.
Quanto aos evangelhos em si, eles não são de época tardia e de
origem não apostólica; mas foram escritos por homens apostólicos
e, desde início, aceitos, pois circularam nas igrejas como coleções
dignas de confiança da saudável tradição apostólica. O evangelho
de Lucas era da pena do próprio Lucas, e o de Mateus, embora
alguma dúvida ainda reste sobre seu idioma original (aramaico ou
grego), passou sem maiores problemas pela igreja primitiva como o
evangelho genuíno do apóstolo Mateus. As narrativas nos chegam,
conseqüentemente, com extrema sanção apostólica.
276
O nascimento virginal de Cristo
Objeção infundada
Contra a aceitação dessas primeiras narrativas bem atestadas,
o que, agora, tem os críticos a alegar? A objeção de que mais
ênfase é posta no silêncio sobre o nascimento virginal nos demais
evangelhos e outras partes do Novo Testamento. Isso, argumentam
os críticos, prova de maneira conclusiva que o nascimento virginal
não era conhecido nos primeiros círculos cristãos e era uma lenda
de origem posterior. Em relação aos evangelhos — Marcos e João
— a objeção só se aplicaria se fosse o desígnio desses evangelhos
narrar, como os outros fazem, as circunstâncias do nascimento.
Mas esse não era o desígnio deles. Tanto Marcos como João sabiam
que Jesus teve um nascimento humano — uma infância e vida ante
rior a seu ministério — e que sua mãe se chamava Maria, mas eles,
deliberadamente, não nos contaram nada sobre isso. Marcos inicia
seu evangelho com a entrada de Cristo em Seu ministério público e
não diz nada sobre o período anterior, principalmente sobre como
Jesus veio a ser chamado “o Filho de Deus” (Mc 1.1). João traça a
descida de Jesus e nos conta que “o Verbo se fez carne” (João 1.14);
contudo, ele não diz a maneira como esse milagre de tornar-se car
ne ocorreu. Em seu plano, não há mentira. Ele conhecia a tradição
da igreja sobre o assunto: ele possuía os evangelhos que narravam
o nascimento virginal de Jesus e aceitava esse ensino como um
fato. Nesse caso, falar de contradição está fora de cogitação.
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Os fundamentos
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O nascimento virginal de Cristo
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25 O Deus-Homem
J ohn S tock
Revisado e Editado pelo Rev. Glenn 0 ’Neal, Ph.D.
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O Deus-Homem
283
Os fundamentos
cujas decisões não haverá apelo, Ele deve ser Deus “manifestado
na carne”. Mas o que podemos pensar Dele, se ao apresentar esta
afirmação ele nos engana?
3 . Je s u s sem pre a fir m o u t e r p o d e r a b s o lu t o e in c o n te s tá v e l ao
TRATAR DE CADA QUESTÃO DE DEVER MORAL E DO DESTINO. JeSUS
afirmou ser o Senhor absoluto em todos os campos da moral.
Ele estabeleceu o significado e a força das antigas leis e instituiu
novas leis por Sua própria autoridade. Por exemplo, vejamos o
Sermão da Montanha. Com que peremptoriedade, que apenas
Ele possuía, define a legislação existente de Deus e expande
seus limites! Com que dignidade consciente, Ele decide toda
questão em todo o âmbito do dever humano com apenas essas
palavras — “Porque vos digo!”. Ele usa essa fórmula sete vezes
em um capítulo (Mt 5.20, 22,28,32,34,39,44). E, na aplicação
do sermão, Ele declarou que quem ouve Suas palavras e as
pratica é como o homem prudente que constrói sua casa sobre
uma rocha (Mt 7.24). As pessoas ficavam espantadas com Sua
doutrina; pois na verdade, “ele as ensinava como quem tem
autoridade e não como os escribas ” (Mt 7.28,29). Mas o tom
que permeia o Sermão da Montanha atravessa todo o ensino de
Jesus de Nazaré. Ele fala sempre como se fosse o Autor e Doador
da lei; como se tivesse o poder de modificar qualquer uma de
suas provisões de acordo com sua forma de adequar as idéias;
e como se fosse o Senhor Supremo das consciências humanas.
Seu estilo é inteiramente diferente daquele de qualquer mestre
inspirado que apareceu antes ou depois Dele. Eles apelavam à lei
e ao testemunho (ver Is 8.20). Mas Jesus afirmava ter um poder
inerente para modificar e alterar a ambos.
O sábado era o símbolo de todo pacto feito por Deus com
Israel por meio do ministério de Moisés (ver Êx 31.12-17). Mas
Jesus afirmou Sua completa supremacia sobre essa instituição
divina. Estas foram suas palavras enfáticas: “Porque o Filho
do Homem ê Senhor do Sábado" (Mt 12.8; grifo do autor; Mc
2.28; Lc 6.5). Ele poderia, por sua própria vontade, diminuir os
terrores do sábado judeu e, até mesmo, substitui-lo totalmente
pelo “Dia do Senhor” cristão. Ele era Senhor de toda instituição
divina.
E na Igreja, ele afirma o direito de regulamentar Suas doutrinas
e Suas ordenanças de acordo com Sua vontade. Ele comissionou os
284
O Deus-Homem
285
Os fundamentos
para aqueles a quem está preparado por meu Pai” (Mt 20.23). A
linguagem logicamente implica absoluto direito de nosso Senhor
de dar as coroas; mas apenas àqueles que são designados a essas
honras pelo Pai.
Essas idéias são repetidas na visão a João. Jesus concede o direito
à “árvore da vida” (Ap 2.7). Nas orações do exército de redimidos,
como descrito naquele maravilhoso livro de Apocalipse, eles sem
pre atribuem sua salvação e glória a Jesus, e os anjos sem pecado
aumentam o coro dos louvores a Emanuel, enquanto o universo, de
sua miríade de mundos, ecoa o refrão (Ap 5.8-14).
Na descrição do estado final de coisas — um estado que será
subseqüente ao milênio (Ap 20.1-10), e também ao juízo final tanto
de justos quanto de ímpios (Ap 20.11-15) e ao ato de homenagem
e fidelidade descritos em ICoríntios 15.24-28, encontramos o
Cordeiro ainda e para sempre no trono. A Igreja é ainda “a noiva,
a esposa do Cordeiro” (Ap 21.9). Nesse estado consumado de
todas as coisas, “o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro”
são o templo da Igreja (Ap 21.22); a glória de Deus a ilumina;
e “o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21.23); o rio puro de água
da vida ainda flui de debaixo do trono de Deus e do Cordeiro
(Ap 22.10), ali “estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos
o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele”
(Ap 22.3,4). Por todo o Apocalipse jamais encontramos Jesus entre
os adoradores. Ele é o único adorado no trono, e, com esse quadro,
se encerram as majestosas visões.
Os apóstolos inspirados tinham assimilado essas idéias do
ensino pessoal de seu Senhor, e as revelações subseqüentes apenas
expandiram em suas mentes as sementes de pensamento que
haviam caído ali dos lábios sagrados de Jesus. Paulo expressou
nobremente os sentimentos de todos os seus irmãos quando
escreveu, “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas
também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.8). Mas, cer
tamente aquele que afirma ter supremacia, absoluta e indiscutível,
em moral, em instituições divinas, na Igreja sobre a terra, no céu
e em um universo consumado para sempre, deve ser Senhor de
todos, manifestado em forma humana. Se ele não o fosse, o que ele
deveria ter sido para avançar tais hipóteses, e o que deve ser o livro
que as reforça?
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O Deus-Homem
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Os fundamentos
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O Deus-Homem
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Os fundamentos
a salvação de todo nosso ser; não meramente como para nos indicar
o caminho para o céu, mas sendo ele mesmo o caminho. Ele coloca a
fé que se deve dar-lhe na mesma categoria da fé que devemos dar ao
Pai (Jo 14.1). O espírito de Seu ensino sobre a fé que deve ser posta
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O Deus-Homem
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A certeza e a importância da
ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
R ev . R . A . T o r r e y , D .D .
Ex-deão do Instituto Bíblico de Los Angeles
Revisto e editado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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Os fundamentos
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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Os fundamentos
diz aqui que ele era o mais jovem dos dois discípulos), corre mais
rápido do que Pedro e chega ao sepulcro primeiro, mas como era
um homem introspectivo e reverente (outro detalhe que não nos é
dito aqui, mas sabemos disso por intermédio de uma outra fonte,
de um estudo sobre sua personalidade), não entra na tumba, mas
simplesmente inclina-se e olha para dentro do sepulcro. Pedro,
impetuoso, embora mais velho, vem atrás de João, com dificuldade
e tão rapidamente quanto pode, mas quando alcança o sepulcro não
espera sequer um momento, mas lança-se de cabeça no interior
dele. Isto criação é literária, ou um relato real? Ele, na verdade,
seria um artista literário de indiscutível capacidade, que possuía
a habilidade de criar tal fato embora os acontecimentos não se
dessem dessa forma. Há, incidentalmente, um toque de colorido
local no relatório. Quando, hoje em dia, se visita um sepulcro, que
os eruditos agora aceitam como o local verdadeiro do sepultamento
de Jesus, sente-se inconscientemente a obrigação de abaixar-se e
olhar para dentro.
Encontramos um outro exemplo em Marcos 16.7: “Mas ide,
dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para
a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse”. Eu gostaria de chamar
atenção aqui para duas palavras, “e a Pedro”. Não era Pedro um dos
discípulos? Não há nenhuma explicação para esse detalhe, mas
a reflexão mostra ser a expressão de amor para com o discípulo
desanimado e desesperado que havia negado por três vezes a seu
Senhor. Se a mensagem fosse simplesmente aos discípulos, Pedro
teria dito, “Sim, fui discípulo, mas agora não me conto mais entre
eles. Neguei por três vezes a meu Senhor naquela noite terrível com
juramentos e praguejamentos. Ele não acha que estou entre eles”.
Mas o terno e compadecido Senhor, por meio de seu mensageiro,
um anjo, envia a mensagem, “Vá, diga aos discípulos e a quem quer
que disseres, mas certifique-se de contar a Pedro, pobre, fraco, he
sitante, regenerado e de coração quebrantado”. Isso é criação, ou é
um quadro real de nosso Senhor? Tenho pena do homem que é tão
tolo a ponto de imaginar que isso é ficção. Aliás, deve-se notar que
isso é relatado apenas no evangelho de Marcos, que, como se sabe
muito bem, é o evangelho de Pedro. Como, um dia, Pedro narrou a
Marcos o que ele deveria relatar, com lágrimas nos olhos e gratidão
no coração, ele se voltaria a Marcos e diria: “Marcos, certifique-se
de colocar no texto: Diga aos discípulos e a Pedrol”.
304
A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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Os fundamentos
A evidência circunstancial
para a ressurreição de Cristo
Há certos fatos provados e admitidos que exigem a ressurreição
de Cristo para que sejam explicados.
1. Sem dúvida, a verdade fundamental pregada nos primeiros anos
da história da igreja era a ressurreição. Se Jesus ressuscitou
realmente ou não dos mortos, uma coisa é certa: os apóstolos
proclamavam constantemente que sim. E por que os apóstolos
usariam isso como a pedra fundamental de seu credo, se não
fosse atestado e firmemente crido?
Mas isto não é tudo: eles guiam suas vidas por essa doutrina. Os
homens jamais conduzem suas vidas por uma doutrina na qual eles
não crêem firmemente. Eles declaram que viram a Jesus após Sua
ressurreição, e em vez de abandonar essa afirmação, eles guiam
suas vidas por esse fato. Naturalmente, os homens podem errar
e, freqüentemente, o fazem, mas foi por meio de um erro que eles
creram com firmeza. Nesse caso, eles teriam sabido se tinham
visto a Jesus ou não, e não teriam meramente morrido por erro,
mas morrido por uma afirmação que eles sabiam ser falsa. Isso não
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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Os fundamentos
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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Os fundamentos
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A certeza e a importância da ressurreição corporal
de Jesus Cristo dentre os mortos
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A personalidade
e a divindade do Espírito Santo
R ev. R . A . T o r r e y , D .D .
Ex-deão do Instituto Bíblico de los Angeles
Revisto e editado por Charles L. Feinberg, Th.D., Ph.D.
314
A personalidade e a divindade do Espírito Santo
Os atos do Espírito
2. A segunda linha de prova na Bíblia sobre a personalidade
do Espírito Santo é que muitos atos, que apenas uma pessoa
pode executar, são atribuídos ao Espírito Santo. ICoríntios 2.20
declara que o Espírito procura as coisas profundas de Deus. Ele
não é simplesmente uma iluminação, mas uma pessoa que busca as
coisas profundas de Deus. Em Apocalipse 2.7, ele é representado
315
Os fundamentos
como uma pessoa que fala; em Gálatas 4.6, há a declaração que Ele
clama. Romanos 8.26 é a prova do ministério de oração do Espírito.
Ele não somente nos ensina a orar, mas ele pessoalmente ora em
nós e por meio de nós. O crente tem Cristo orando por ele à direita
do Pai (Hb 7.25), e o Espírito Santo orando por intermédio dele
aqui (Rm 8.26).
Em João 15.26,27; 14.26; e 16.12-14, o Espírito Santo é apresen
tado como um mestre da verdade, não apenas uma iluminação que
capacita nossa mente a ver a verdade, mas alguém que nos vem
pessoalmente e nos ensina a verdade. E um privilégio do crente
mais humilde ter esta Pessoa divina como seu mestre diário da
verdade de Deus (ljo 2.20,27). O Espírito Santo é representado,
em Romanos 8.14, como nosso guia pessoal, que nos guia quanto
ao que fazer, tomando-nos pela mão e conduzindo-nos àquela linha
de ação que é agradável a Deus. De Atos 16.6,7; 13.2; e 20.28,
aprendemos que o Espírito Santo toma o controle da vida e conduta
de um servo de Jesus Cristo; Ele é também visto convocando ho
mens ao trabalho e os designando para o ofício. Muitas vezes, nas
Escrituras, há ações que são atribuídas ao Espírito Santo e que só
uma pessoa poderia executar.
O ofício do Espírito
3. A terceira linha de prova da personalidade do Espírito Santo
é que um ofício é atribuído ao Espírito Santo, algo que somente po
deria ser visto como o predicado de uma pessoa. Em João 14.16.17,
é-nos dito que ser um Consolador é parte do ofício do Espírito, que
substitui nosso Salvador, enquanto este está ausente. Cristo pro
meteu que, durante sua ausência, Ele não deixaria seus discípulos
órfãos (Jo 14.18). E possível que Jesus tivesse prometido um outro
Consolador para ficar em Seu lugar, se este outro não fosse uma
pessoa, mas apenas uma influência ou poder, mesmo que benéfico
e divino? Seria concebível que Ele tivesse dito que seria proveitoso
para Si partir (Jo 16.7), se o outro Consolador que estava vindo
substitui-lo fosse apenas uma influência ou poder? Além disso, a
palavra grega Paracleto conota alguém que está constantemente ao
lado, como auxiliador, conselheiro, confortador e amigo. Isso exige
personalidade. Enquanto aguardamos o retorno de Cristo desde o
trono do Pai, temos uma outra Pessoa, sempre ao nosso lado e em
qualquer momento que olhemos para ela, tão divina quanto Jesus
316
A personalidade e a divindade do Espírito Santo
Cristo, tão sábia, tão forte, tão capacitada para ajudar, tão amável e
sempre pronta para nos aconselhar, nos ensinar e nos dar a vitória
e ter todo o controle de nossa vida.
Essa é uma das concepções mais reconfortantes do Novo Tes
tamento, para esta dispensação. E uma cura para a solidão. É uma
cura para corações partidos, separados dos entes amados. E uma
cura para o temor da escuridão e do perigo. Mas é por estar a nosso
serviço por Cristo que essa concepção do Espírito Santo nos é de
enorme proveito. Não precisamos ser privados de alegria e liber
dade em nosso serviço devido ao temor que pode impedir nossos
esforços. Só precisamos nos lembrar que a responsabilidade não
está realmente sobre nós, mas sobre um outro, o Espírito Santo, e
Ele sabe o que deve ser feito e o que deve ser dito. Se lhe é permi
tido fazer a obra, para a qual Ele é tão perfeitamente competente,
nossos temores e cuidados desaparecerão.
Conclusão
Para concluir, o Espírito Santo é uma pessoa. As Escrituras colo
cam esse plano além de qualquer dúvida para qualquer um que, de
boa vontade, vá às Escrituras para descobrir o que elas realmente
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Os fundamentos
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O Espírito Santo
e os filhos de Deus
caso, não pode ser menos do que Deus em sabedoria, amor e po
der, assim como é um com o Pai e com o Filho. Ele, na verdade,
é uma outra Pessoa, mas não um Ser distinto.
2. A vida espiritual e divina do povo de Deus é do mesmo tipo em
cada era e dispensação, mas a relação com Deus, na qual a vida
foi desenvolvida desde a antiguidade, era diferente desta que hoje
existe entre os crentes, que são filhos, e Deus Pai. O Espírito Santo
agiu de acordo com esta relação. Ele era, desde a antiguidade o
autor e sustentador de toda vida e poder espiritual em homens e
mulheres justos de eras passadas, em patriarcas e amigos de Deus,
em israelitas, os menores e os servos, em reis piedosos e salmistas
adoradores, em sacerdotes consagrados e profetas fiéis. Qualquer
que seja a verdade que foi revelada, ele se empenhou em desenvol
ver a vida divina, da qual ele participa. Desde o início, ele se utilizou
da promessa e do preceito, da lei e do tipo, do salmo e do ritual para
instruir, estimular, convencer, ensinar, guiar, escoltar, confortar e
promover o desenvolvimento e estabelecimento do povo de Deus.
Quando, por fim, toda justiça e virtude sagrada se manifestou em
Cristo, então o molde e a imagem da vida espiritual dos santos da
antiga aliança foram aperfeiçoados e completados. De forma divina
e humana, na auto negação e na plena rendição à vontade de seu Pai,
no ódio ao pecado e na graça aos pecadores, na pureza de coração e
perdão das ofensas, na gentileza e condescendência, no descanso do
serviço incessante, na unidade de propósito e obediência sem falta
— em uma palavra, em toda excelência e graça, em toda virtude
e beleza do Espírito, na luz e no amor, o Senhor Jesus apresenta o
molde e a essência da vida espiritual, divina e eterna.
3. A redenção precede a filiação e o dom do Espírito. E possível
ver essa proposição claramente no argumento de Paulo, em
Gálatas 4.4.6. A palavra “adoração” significa o ato de colocar no
estado e na relação de um filho (Rm 9.4 e Ef 1.5). Nos escritos de
João, os crentes jamais são chamados de filhos, mas “filhinhos”
(“nascidos”) uma palavra que indica natureza, afinidade. A filia
ção não se relaciona com a natureza, mas à posição legal; ela não
está associada à regeneração, mas à redenção. Em Pentecostes,
foi nos discípulos redimidos que Espírito de Deus foi derramado,
não para fazer filhos crentes, mas porque eles tinham se tornado
filhos por meio da redenção. Em suma, a filiação, ainda que,
desde a redenção, seja inseparável da justificação, faz com que
na ordem da salvação a justificação tenha sucesso.
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O Espírito Santo e os filhos de Deus
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O cristianismo não é fábula
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A natureza do pecado
Não é necessário declarar que as idéias modernas de pecado não
recebem nenhum apoio das Escrituras, que jamais falam sobre o
pecado como o “bem no fazer”, como “uma necessidade determina
da pela hereditariedade e ambiente”, como “um estágio do desen
volvimento superior do ser finito”, como “uma mancha que adere ao
quadro corpóreo do homem”, e, por último, “como uma invenção da
imaginação imperfeitamente esclarecida, ou teologicamente per
vertida”, mas sempre como o livre ato de um ser inteligente, moral
e responsável, que se afirma contra a vontade de seu Criador, que
é distinta da lei escrita em seu coração (Rm 2.15), ou da revelação
de Deus ao homem no Antigo e no Novo Testamentos. Portanto,
o pecado é comumente descrito nas Escrituras pelos termos que
indicam, com perfeita clareza, sua relação com a vontade divina ou
a lei, e nenhuma incerteza existe quanto a seu caráter essencial.
No Antigo Testamento (Êx 34.5,6; SI 32.1,2), três palavras
são usadas para a plena definição do pecado: (1) “transgressão”
(pesha‘ ) ou um afastamento de Deus e, portanto, uma violação de
seus mandamentos (Êx 22.8); (2) “pecado” (hatta’th) ou errar o
alvo, o descumprimento de algum dever, ou não fazer o que se
deve (Gn 4.7); (3) “iniqüidade” (‘awon), ou um desvio do caminho
reto, resultando daí a perversidade, a depravação e a desigualdade
(Is 53.6).
340
A concepção bíblica de pecado
A universalidade do pecado
De acordo com a Bíblia, o pecado não é uma qualidade ou con
dição da alma que se revelou apenas em indivíduos excepcionais,
como, por exemplo, os ofensores notórios, ou em circunstâncias
excepcionais, como nas primeiras eras da existência humana na
terra, ou entre raças semi-desenvolvidas, ou em terras onde as
artes e as ciências são desconhecidas, ou em comunidades civili
zadas, onde o ambiente local é prejudicial à moralidade. O pecado
é uma qualidade ou condição da alma que existe em cada criança
nascida de mulher, e não meramente em tempos isolados, mas em
todos os tempos, e em cada estágio de sua carreira, embora nem
sempre se manifestando nas mesmas formas de pensamento, senti
mento, palavra e ação em cada indivíduo, ou, até mesmo, no mesmo
indivíduo. Ele afeta extensivamente toda a raça humana, em todas
as épocas desde o início do mundo, em todos os lugares abaixo do
sol, todas as raças na qual a humanidade tem sido dividida, em cada
situação na qual o indivíduo se envolveu; e intensivamente em cada
indivíduo em cada departamento e faculdade de sua natureza, do
centro à circunferência de seu ser.
As Escrituras não expressam rumores incertos sobre o caráter
de corrupção moral que o mundo abraçou, quer na era pré-dilu-
viana (Gn 6.12), quer na geração de Davi (SI 14.3), quer no tempo
de Isaías (Is 53-6), quer na era cristã (Rm 3.23). O veredicto de
Salomão vigora por todo o tempo: “Não há homem que não peque”
(lRs 8.46). Nem mesmo os homens melhorados, que nasceram no
vamente pelo Espírito e pela Palavra de Deus, renovados em suas
mentes e criados novamente em Cristo Jesus, estão sem pecado
(ljo 1.8). Quão verdadeiramente isso pode ser apreendido pelo fato
de que as Escrituras mencionaram apenas uma pessoa em quem
341
Os fundamentos
não havia pecado, Jesus de Nazaré, que podia desafiar seus inimi
gos e convencê-los do pecado. Daqueles que O conheciam mais
intimamente, um testificou que ele “não cometeu pecado, nem dolo
algum se achou em sua boca” (lPe 2.22; ljo 3-5). A explicação para
essa isenção, claro, era que ele era Deus “manifestado na carne”
(lTm 3.16). Mas, além Dele, não há uma única pessoa que figure
nas páginas da Bíblia e de quem se possa dizer, ou que tenha sido
dito, que foi sem pecado. Nem Enoque nem Noé, na era ante-dilu-
viana; nem Abrão nem Isaque, nos tempos patriarcais; nem Moisés
nem Aarão, nos anos da peregrinação de Israel; nem Davi nem
Jônatas, nos dias da monarquia; nem Pedro nem João, tampouco
Barnabé ou Paulo, na era apostólica, poderiam ter reivindicado tal
distinção; e estes eram alguns dos melhores homens que jamais
apareceram sobre este planeta.
O reino do pecado sobre a família humana universal, não apenas
acontece de forma extensiva, mas também intensiva. Não é um mal
que afetou somente uma parte da complexa constituição humana;
cada parte dela sentiu sua influência funesta. Ele obscurece o
entendimento dos homens e os torna incapazes, sem iluminação
sobrenatural, para apreender as coisas espirituais (ICo 2.14;
Ef 4.17,18). Ele corrompe o coração de tal forma, que se este for dei
xado a si mesmo, torna-se, acima de todas as coisas, um enganador
(Jr 17.9, Ec 9.3; Gn 6.5; Mt 15.19). Ele paralisa a vontade, ao menos
parcialmente, em cada caso, de maneira que mesmo regeneradas,
as almas muitas vezes se queixam junto com Paulo, que quando
deveriam fazer o bem, o mal está presente com eles (Rm 7.14-25).
O pecado entorpece a consciência, que, ao ocupar lugar de Deus
na alma, a torna menos rápida para detectar a aproximação do mal,
menos preparada para soar um alerta contra ele e, algumas vezes,
tão mortificada, o ponto de perder a sensibilidade para ele (Ef 4-19).
Em suma, não há uma faculdade da alma que não seja prejudicada
por ele (Tg 1.5).
A origem do pecado
Como um ser puro, possuído daquelas capacidades intelectuais
e instituições morais que foram necessárias para torná-lo justamen
te responsável perante à lei divina, poderia cair de sua inocência
original, como caiu, e abraçar o pecado, é um daqueles problemas
obscuros que filósofos e teólogos tentaram em vão solucionar.
342
A concepção bíblica de pecado
343
Os fundamentos
pacíficas que existiam entre ele e seu Criador. Sobre seus descen
dentes, o pecado abriu as comportas da corrupção, pela qual a
natureza deles, desde o nascimento, caiu sob o poder do mal, como
logo foi testemunhado na obscura tragédia do fratricídio com o qual
a narrativa da história humana começou e na rápida disseminação
da violência através do mundo pré-diluviano.
Isso é o que os teólogos chamam de a doutrina do pecado
original, pela qual eles querem dar a entender que os resultados
do pecado de Adão, tanto legal quanto moral, foi transmitido à
posterioridade dele, de maneira que agora cada indivíduo que
vem ao mundo, não vem como seu primeiro pai, em um estado de
equilíbrio moral, mas vem com a herança de uma natureza que foi
debilitada pelo pecado.
Que essa doutrina, embora freqüentemente combatida, tem
uma base na ciência e na filosofia, assim como nas Escrituras,
torna-se mais aparente a cada dia. Mas se confirmada ou con
traditada pelo pensamento moderno, a doutrina das Escrituras
brilha como um raio de sol, de que o homem nasceu “na iniqüi
dade, e em pecado” foi concebido (SI 51.5; ver também SI 58.3;
Ef 2.3; Gn 8.21; e Jó 15.14). Se essas passagens não mostram
que a Bíblia ensina a doutrina do pecado original, ou do pecado
transmitido, é difícil ver em qual linguagem mais clara ou mais
enfática a doutrina poderia ter sido ensinada. A verdade da dou
trina pode ser desafiada por aqueles que repudiam a autoridade
das Escrituras; que é uma doutrina das Escrituras que não pode
ser negada.
A culpabilidade do pecado
Não se quer dizer, com isso, que a culpabilidade do pecado é me
ramente como um ato, indesculpável por parte de seu perpetrador,
que sendo tal personalidade como é, dotada de faculdades como as
suas, nunca o deveria ter cometido; não somente sua atrocidade,
como um ato praticado contra a luz e o amor, e em oposição flagran
te à santidade e à majestade do Legislador, que tem de considerar
isso com aversão, assim como deve repeli-lo de Sua presença e
tem de excluir de Seu favor quem for culpado. Mas acima e abaixo
dessas representações de pecado, que são todas Escriturais, pela
culpabilidade do pecado foi planejado sua exposição para a penali
dade à transgressão, conforme fixada pela justiça divina.
344
A concepção bíblica de pecado
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Os fundamentos
A remoção do pecado
Odioso e culpável como o pecado é, não é permitido nas Escri
turas ser contemplado em toda a nudez de seu caráter, repugnante
à vista de Deus, e em todo o peso de sua culpa diante da lei, sem
esperança de solução para qualquer um; mas, em uma luz confor
tante, está exposto como uma ofensa que pode ser perdoada e uma
corrupção que, no final das contas, será, ou pode ser purificada.
Quanto ao possível perdão do pecado, que constitui o cerne das
boas novas para a propagação daquilo que foi escrito na Bíblia,
desde a primeira página do Gênesis à última do Apocalipse, há uma
meia-voz, sussurrando como o fim que se aproxima em tons claros
e alegres de amor e misericórdia, proclamando que o Deus do céu,
embora seja Ele mesmo santo ejusto, não obstante é misericordioso
e gracioso (Êx 34.6). Na Escrituras é anunciado que Ele fez plena
provisão para harmonizar as reivindicações de clemência e justiça
em Seu próprio caráter, ao dar auxílio a Seu único Filho gerado,
sobre quem Ele lançou a iniqüidade de todos nós (Is 53.6), para
que Ele pudesse, de uma vez por todas, como o Cordeiro de Deus,
tirar o pecado do mundo (Jo 1.29). A Bíblia declara que toda a obra
necessária para capacitar os homens pecadores a ser perdoados,
foi realizada pela morte e ressurreição de Cristo, e, desse modo, o
mundo foi reconciliado com Deus (2Co 5.19). Os homens, em toda
parte, são convidados a se arrepender e se converter, para que seus
pecados possam ser apagados (At 3.19). Nada mais é requerido dos
homens, para que se tornem livres e completamente justificados
de todas suas transgressões, do que a fé na propiciação da cruz
(Rm 3.25); e nada deixará de fora do perdão um pecador, exceto a
recusa em crer (Jo 3.36).
A remoção final do pecado das almas dos crentes não é exposta
de forma incerta pelas Escrituras. Com certeza, ela foi predita no
nome dado ao Salvador. Certamente, ela foi predita no nome dado
ao Salvador em Seu nascimento. (Mt 1.21). Estava implicada no
propósito de Sua encarnação (ljo 3.5). E esse foi o propósito de
clarado de Sua morte na cruz (Tt 2.14). Para o cristão, foi dito que
seu destino final é ser conformado à imagem de Cristo (Rm 8.29) e
habitar na cidade divina (Ap 22.14).
O fato de que aqueles que deixam esta vida em impenitência e
descrença, ou serão aniquilados na morte ou após a ressurreição, é
julgado por alguns como uma dedução legítima do uso da palavra
A concepção bíblica de pecado
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Os fundamentos
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O testemunho de Paulo
quanto à doutrina do pecado
P r o f. C h a r le s B. W i l l i a m s , B.D., P h.D.
Seminário Teológico Batista Sudeste,
Fort Worth, Texas.
Resumido e Editado por James H. Christian, Th.D.
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O testemunho de Paulo quanto à doutrina do pecado
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O testemunho de Paulo quanto à doutrina do pecado
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Os fundamentos
Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras
da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado” (3.19, 20).
c) A essência e natureza do pecado
Isto nos leva a perguntar: o que constituiu a essência ou centro
do pecado, do modo como Paulo o percebeu? Evolucionistas moder
nos enfatizam a tendência superior de todas as coisas, e, assim, o
pecado é considerado por eles como apenas um passo no progresso
superior da raça; quer dizer, pecado é “bom na produção”. Os cien
tistas cristãos vão ainda mais longe e admitem toda dor e mal como
criações meramente imaginárias de mentes anormais (ver Science
and, Health [Ciência e Saúde]). Não há mal real, nenhuma dor real,
dizem eles. Será que algumas dessas perspectivas encontram
endosso em Paulo?
Deve-se notar que Paulo não dá em nenhum lugar uma definição
formal de pecado. Mas ao estudar os termos, que ele usa mais fre
qüentemente, podemos determinar sua idéia de pecado. Ele utiliza
principalmente o substantivo hamartia, cinqüenta e oito vezes,
do verbo hamartano, errar o alvo, pecar. No grego clássico, isso
significa “perder o objetivo”, “errar no julgamento, ou na opinião”.
Para Paulo, pecar é errar o alvo ÉTICA e RELIGIOSAMENTE.
Duas outras palavras usadas por Paulo mostram-nos qual objetivo
foi perdido: adikia, injustiça, falta de conformidade para com a
vontade de Deus; anomia, ilegalidade, fracasso em agir ou viver de
acordo com o padrão da lei de Deus. Assim, o objetivo perdido é a
lei divina. Parabasis, transgressão, enfatiza a mesma idéia, fracasso
para seguir a linha da justiça exposta na lei.
Por outro lado, o pecado não é meramente uma negação. E uma
qualidade positiva, é uma “Queda” (paraptoma, quinze vezes vezes).
Isto é vividamente ilustrado por Paulo em sua descrição da idola
tria, sensualidade e imoralidade do mundo gentio (Rm 1.18-32).
Primeiro, eles conheciam Deus, porque Ele os ensinava sobre Si
mesmo na natureza e na consciência (1.19,20). Em segundo lugar,
eles se recusaram a adorá-Lo como Deus, ou dar-lhe graças como
o Doador de todas as boas coisas (1.21). Em terceiro lugar, eles
começaram a adorar a criatura em lugar do Criador e, em seguida,
entregaram-se à idolatria em uma escala descendente, adorando
primeiro as imagens humanas, posteriormente as de pássaros, as
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O testemunho de Paulo quanto à doutrina do pecado
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Os fundamentos
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O testemunho de Paulo quanto à doutrina do pecado
ser como uma conduta ordenada por Deus, que também requer
santidade, ou o seguir essa ordem separada do ser e da conduta;
justa no sentido de ser a expressão da vontade de Deus e o padrão
dos pensamentos e das ações humanos; boa no sentido de que
é ordenada para fins benéficos. E também chamada “espiritual”,
no sentido de que foi dada por intermédio do Espírito de Deus e
conduz à espiritualidade se obedecida mediante justo motivo.
3. Mas essa lei, santa, justa, boa e espiritual, tornou-se “A OCASIÃO”
para o pecado. Paulo ilustra isso com o décimo mandamento. Ele
não teria cobiçado, se a lei não tivesse dito, Não cobiçarás. A pala
vra grega para “ocasião”, aphormee, significa literalmente “base
de operações” (Thayer). O princípio do pecado torna a ordem
de Deus seu quartel general para uma longa campanha de lutas
no homem, incitando-o às más ações e desencorajando-o das
boas. Há alguma coisa no homem que se revolta ao fazer o que é
exigido e o inclina a fazer o que é proibido. Conseqüentemente, o
princípio do pecado, usando esta tendência do homem, e fazendo
assim da lei a base de suas operações, torna-se “ocasião” para o
pecado.
4. A lei manifesta a pecaminosidade do pecado — ela mostra como
ele é atroz em sua natureza e mortal em suas conseqüências.
Isto foi o que Paulo intimou em Romanos 5.20, quando disse:
“Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa”. A lei mostra aos
homens que eles são incapazes de alcançar a justiça.
5. Desse modo, a lei prepara NEGATIVAMENTE o caminho que leva
os homens a Cristo como seu único Resgatador. “Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de
mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,
segundo a carne, da lei do pecado” (Rm 7.24, 25). O apóstolo
foi levado ao desespero, quando mergulhou nas perseguições
que efetuou e nos enormes pecados que cometeu, mas quando
ele chegou ao fim de suas forças olhou para cima e aceitou a
libertação do Cristo ressurrecto.
e) Relação da carne com o pecado
Paulo muita vezes usa o termo “carne”, sarx, em contraste com
o termo espírito. Neste sentido, “carne”, de acordo com Thayer,
significa “mera natureza humana, natureza terrena do homem, à
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Os fundamentos
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O testemunho de Paulo quanto à doutrina do pecado
g) A universalidade do pecado
Paulo admite que todo homem é pecador e culpado, ainda que
suas vantagens naturais ou culturais possam ser grandes. Ele
percebeu que ele tinha as maiores vantagens “na carne” para atin
gir a justiça (Fp 3.3-9), contudo, ele falhou miseravelmente (Rm
7.24), como todos têm falhado (Rm 1.18—2.29). No entanto, ele
não está satisfeito com uma mera demonstração experimental da
universalidade do pecado. Ele se baseia igualmente no que foi dito
nas Escrituras (Rm 3.9-20). Mais do que isso, ele estudou os fatos
da vida humana, tanto os judaicos quanto os gentios e, assim, por
meio do método indutivo, ele é levado pelo Espírito a declarar “visto
que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão
de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20);
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23).
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Os fundamentos
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K.C.B., LL.D.
S ir R o b e r t A n d e r s o n ,
0 autor de The Corning Prince [A Vinda do Príncipe] e The
Silence ofGod [O Silêncio de Deus] .Londres, Inglaterra,
Revisado por Charles L Feinberg, Th.D., Ph.D.
362
Pecado e julgamento futuro
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Os fundamentos
A mente carnal
As verdades espirituais são espiritualmente discernidas. Quando
Paulo declara que a mente do não regenerado é inimizade contra
Deus (Rm 8.7), ele está declarando o que é um fato da experiência
de todos os homens que pensam. Fale ao homem do que é devido
a Deus, e a inimizade latente da mente carnal é despertada ime
diatamente. No caso de alguém que teve preparação religiosa, as
manifestações desse ódio podem ser modificadas ou podem ser
contidas, mas ele está cônscio disso. Homens conscientes do mundo
não compartilham as dúvidas que alguns entretêm quanto à verdade
das Escrituras sobre este assunto. Em todos os momentos há uma
prova que, quando o homem conhece a vontade de Deus, não há nada
nele que o incita a se rebelar contra ela. Esse estado de coisas, além
disso, é obviamente anormal, e, se o divino não for levado em conta,
isso permanecerá um mistério não solucionado e insolúvel. A Queda
explica isso, e nenhuma outra explicação pode ser oferecida.
A raiz do pecado
A epístola de Tiago declara que todo pecado é o resultado de
um desejo maligno. Comer o fruto proibido foi o resultado de um
desejo despertado pela condescendência com a astúcia do tentador.
Uma vez que nossos pais deram ouvidos às mentiras de Satanás,
sua Queda tornou-se um fato. O ato de abertura à desobediência,
que se seguiu naturalmente, foi apenas sua manifestação exterior.
Visto que sua ruína ocorreu, não pela corrupção de seu aspecto
moral, mas pela ruína de sua fé em Deus, não é na esfera moral que
a ruína é completa e desesperada, mas na espiritual.
364
Pecado e julgamento futuro
O padrão perfeito
O desejo consciente reconhecerá que no julgamento divino o
padrão deve ser a perfeição. Se Deus aceitasse um padrão mais
baixo do que a justiça perfeita, Ele mesmo estaria se declarando
injusto. O grande problema da redenção não é como Ele pode ser
justo ao condenar, mas como Ele pode ser justo ao perdoar. Em uma
corte criminal, a primeira questão em qualquer caso é o declarar-se
culpado ou não culpado, e isto nivela todas as distinções. O mesmo
acontece aqui; todos os homens carecem, e, portanto, todo o mundo
apresenta-se como culpado diante de Deus. Após o veredicto, vem
a sentença, e nesse estágio a questão dos graus da culpa exigem
considerações. No julgamento do ímpio morto haverá muitas faixas
para alguns, e poucas para outros (Ap 20.12).
Julgamento futuro
A questão transcendente do destino final dos homens deve ser
resolvida antes do advento daquele dia; porque a ressurreição o
declarará, e a ressurreição precede o julgamento. Porque há uma
“ressurreição da vida”, e uma “ressurreição do juízo” (Jo 5.29). Mas
embora a suprema declaração do destino dos homens não aguarde
aquele inquérito terrível, o julgamento futuro é uma realidade
para todos. Porque, quando a Palavra declara que todos devem
estar diante do trono do juízo de Cristo (Rm 14.10,12), isso é uma
referência ao povo de Deus. Este julgamento trará recompensa a
alguns e perda para outros. Mas este julgamento da tribuna de
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Os fundamentos
Falso argumento
Todo tratado em apoio desses erros confia no argumento de
que as palavras das Escrituras, que conotam duração eterna, re
presentam palavras no texto original que não tem significado. Mas
esse argumento é desacreditado pelo fato de que o crítico seria
compelido a usar essas mesmas palavras, se ele fosse se colocar
na tarefa de traduzir novamente a versão para o grego. Porque essa
366
Pecado e julgamento futuro
A cruz de Cristo
Na sabedoria de Deus, a plena revelação do juízo eterno e a des
truição do perdido aguardavam a suprema manifestação da graça
e do amor divino no evangelho de Cristo. Quando esses terríveis
temas são separados do evangelho, a verdade é apresentada em uma
falsa perspectiva que parece ter sabor de erro. Nem mesmo a lei
divina e as penalidades pela desobediência nos capacitarão a admitir
corretamente a gravidade do pecado; isso podemos aprender somen
te pela Cruz de Cristo. Nossa estimativa do pecado será proporcional
a nossa avaliação do custo de nossa redenção, o sangue precioso
de Cristo. Aqui, e somente aqui, podemos conhecer o verdadeiro
caráter e profundidade do pecado humano, e somente aqui podemos
conhecer, até onde a mente finita pode conhecê-lo, as maravilhas de
um amor divino que ultrapassa todo o conhecimento.
E o benefício é para todo crente. Foi pela descrença que o
primeiro homem se afastou de Deus; portanto, é muito lógico que
nosso retorno a Ele seja pela fé. Se esse evangelho é verdadeiro,
quem pode ousar impugnar a justiça do castigo eterno? Cristo abriu
o reino de Deus para todos os crentes; o caminho para Deus está
livre, e quem quer que queira pode vir. Não há nenhuma decepção
nisso, e a graça não dá lugar para o favoritismo (lTm 2.3-6).
Isto é tão claro quanto as palavras podem traduzir, ou seja, que
as conseqüências da aceitação ou rejeição a Cristo são finais e
eternas. Todas as questões relacionadas pertencem a um Deus de
justiça perfeita e de amor infinito. E que essa seja nossa resposta
para aqueles que exigem uma solução deles. A fé sem hesitação é
nossa atitude correta na presença de revelação divina, mas onde a
Escritura se cala, calemos nós também.
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O que Cristo ensina sobre retribuição futura
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A expiação
os lugares. Os textos que a ensinam não são raros, nem são apenas
expressões isoladas; há um grande número deles; eles se apressam
em tropas; ocupando cada colina e cada vale. Eles ocasionam o
maior embaraço àqueles que negam que a relação de Deus com o
mundo é determinada pela cruz, e vários métodos são empregados
por vários escritores em uma tentativa de reduzir seu número e
sua força. Visto que eles são mais abundantes nas epístolas do
apóstolo Paulo, alguns depreciam sua autoridade como um mestre
do cristianismo. A doutrina está incluída nas palavras que nosso
Senhor proferiu na última ceia, assim alguns atacam essas palavras
como se não fossem genuínas. Cristo é declarado, repetidamente,
como uma propiciação. “a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé” (Rm 3.25; ver também Jo 2.2; 4.10;
Hb 3.17).
Muitos argumentos especiais são contrários ao claro significado
dessas declarações. Não parece difícil entendê-las. A propiciação
deve ser uma influência que torna alguém propício, e a pessoa que
se torna propícia, por isto mesmo, deve ser a pessoa que foi ofen
dida. No entanto, alguns não hesitam em afirmar que esses textos
consideram o homem como o único ser propiciado pela cruz.
Torturas especiais são aplicadas a muitas outras passagens
das Escrituras para evitar que proclamem uma expiação
substituta. Cristo é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!” (Jo 1.29). “O Filho do homem, que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”
(Mt 20.28; Mc 10.45). “Aquele que não conheceu pecado, ele o
fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus” (2Co 5.21). Estes são alguns exemplos das incontáveis
declarações, que as Escrituras fazem, sobre a expiação substi
tuta e com as quais aqueles que rejeitam a doutrina lutam em
vão. Qualquer especulação que se coloque contra esta corrente
poderosa que flui ao longo de todas as Escrituras está destina
da a ser varrida.
Ainda mais. Uma teoria teológica, como uma pessoa, deve ser
julgada um pouco pela companhia que tem. Se ela mostra uma incli
nação inveterada para se associar com outras teorias, que mentem
completamente na superfície, que, no fundo, não é saudável e não
resolve nenhum problema, assim como rejeita a experiência cristã
mais profunda, evidentemente também deve ser varrida, pois é do
mesmo tipo.
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D yso n H a g u e , M .A .
Canon Dyson Hague, vigário da igreja Epiphany,
Toronto, Canadá; Prof. de Liturgia e Eclesiologia no
Wycliffe College, Toronto, Canadá; Cônego da Catedral
St. PauPs, Londres, Canadá, 1908-1912.
Revisado por Arnold D. Ehlert Th.D.
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Os fundamentos
insinua, pelo menos, que a morte de Cristo não tem paralelo nos
escritos de João com os escritos de Pedro e Paulo, assim como com
outros autores do Novo Testamento — é completamente contradito
pelas declarações claras da própria Palavra.
A glória do mundo futuro é o Cordeiro sacrificado. A glória
do céu não é o Senhor ressurrecto que ascendeu ao céu, mas o
Cordeiro que foi imolado (Ap 5.6-12; 7.10; 21.23, etc.). A figura
preeminente no evangelho joanino é o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo e que leva o fardo do pecado, ao expiá-lo como
aquele que carrega o pecado. O centro do evangelho joanino não é
o Cristo que ensina, mas o Cristo que é elevado, cuja morte serve
para atrair, como um ímã, o coração da humanidade e cuja vida,
como o Bom Pastor, é dada palas ovelha (Jo 12.32; 10.11-15).
Ninguém que encare, razoavelmente, o texto de João poderia
negar que a base objetiva para o perdão dos pecados, na concepção
desse evangelista, é a morte de Cristo, e que a concepção mais
fundamental do sacrifício e da expiação encontra-se nos escritos
daquele que escreveu por meio do Espírito de Deus: “E ele é a pro-
piciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios,
mas ainda pelos do mundo inteiro” (ljo 2.2). “Nisto conhecemos o
amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida
pelos irmãos” (ljo 3.16). “Nisto consiste o amor”, etc. (ljo 4.10).
O caráter propiciatório do sangue, o caráter substituto da
expiação, e, acima de tudo, o caráter de expiação da obra de Cristo
no Calvário, claramente, são apresentados de maneira mais indubi-
tável na triplicidade dos escritos históricos, didáticos e proféticos
de João.
e) O testemunho de Paulo
Paulo tornou-se, na província de Deus, o gênio construtivo do
cristianismo. Seu lugar na história, por intermédio do Espírito, foi
o de elucidar os fatos relevantes do cristianismo e, especialmente,
daquele grande assunto que Cristo deixou em certa medida sem
explicação — Sua própria morte (St. Paul [São Paulo], Stalker, p. 13).
Este grande assunto — sua causa, seu significado, seu resultado
— tornou-se o próprio fundamento do evangelho de Paulo. Foi o
começo, o centro e a consumação de sua teologia. Foi a verdade ele
mentar de seu credo, pois ele iniciou com essa verdade. A morte de
Cristo permeia a vida dele. Ele a glorificou o máximo que pôde, até
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O aspecto prático
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Os fundamentos
Sir David Brewster diz: “Ó, a expiação, é tudo para mim! Ela
conhece minha razão e satisfaz minha consciência, preenche meu
coração.” (ver também essa sublime passagem em Drummond,
The Ideal Life [A Vida Ideal], pg 187).
Ou, tomemos nossos hinos. Não queremos teologia melhor e
religião melhor do que as apresentadas nesses hinos, diz o grande
teólogo (Hodge, Syst. Theol., ii: 591), que clama o triunfo, a confian
ça, a gratidão e a lealdade da alma, da seguinte maneira:
Rocha das Eras, quebrada por mim,
Oculte-me em Ti.
Minha fé olha para Ti,
Tu Cordeiro do Calvário.
Quando eu observo a cruz maravilhosa,
Na qual o Príncipe da glória morreu.
Ou considere a força do pastor. Deve ser construída e fundamen
tada na realidade e, quando for descrever o que o Filho de Deus fez
por nós, deve ser tão real quanto a própria vida. Um dos grandes
pregadores do século dezenove diz: “Olhando para trás, para os
caminhos cheios de vicissitudes, digo que a única pregação que me
fez bem é a pregação de um Salvador que, sobre o madeiro, levou
meus pecados em Seu próprio corpo, e a única pregação pela qual
Deus me capacitou a fazer o bem a outros é a pregação na qual
apresento meu Salvador, não como um exemplo sublime, mas como
o Cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo! E a obra de
Cristo não terminou com Sua morte na cruz. Sua vida continuou,
mesmo depois que ele ressurgiu e ascendeu. O Crucificado ainda
está colhendo almas para si. Ele ainda está aplicando Seu sangue
curativo à consciência ferida. Não pregamos um Cristo que viveu e
está morto; pregamos o Cristo que morreu, mas está vivo. Esta não
é apenas a extensão da encarnação; é a perpetuação da crucificação
que é a espinha dorsal do cristianismo.
Mas a ortodoxia não deve ser em detrimento da ortopraxia.
Maclaren, de Manchester, nos conta, em um de seus volumes encan
tadores, que, certa vez, escutou a história de um homem que tinha
um caráter muito sombrio, mas que era firme e profundo em relação
à expiação. Mas o que há de bom em ter firmeza e profundidade
quanto à expiação, se a expiação não o faz são? Alguém que lê o
Novo Testamento ou compreende a essência do cristianismo apos
tólico deve entender que uma mera aceitação teórica da expiação,
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36 A graça de Deus
C. I. S c o f i e l d , D.D .
Editor da Bíblia de Referência Scofield,
Editado por Charles L Feinberg, Th.D., Ph.D.
Definição
As definições da graça do Novo Testamento são tanto inclusivas
quanto exclusivas. Elas nos dizem o que a graça é, mas há também
o cuidado em nos dizer o que ela também não é. As duas grandes
definições centrais são encontradas em Efésios 2 e Tito 3. O lado
inclusivo ou afirmativo está em Efésios 2.7; o aspecto negativo,
o que a graça não é, se encontra em Efésios 2.8,9. O judeu, que
está debaixo da lei, quando vem a graça, fica debaixo de sua
maldição (G1 3.10); e os gentios estão “sem Cristo, separados da
comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não
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A graça de Deus
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Os fundamentos
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A graça de Deus
para o inferno, ele não é um objeto para a graça de Deus, mas para
a obra esclarecedora, convincente e que trata da morte contida em
Sua lei.
Alei é justa (Rm 7.12) e, portanto, aprova cordialmente a bonda
de, ao mesmo tempo em que condena implacavelmente a maldade;
mas, com exceção de Jesus de Nazaré, a lei jamais viu um homem
íntegro por intermédio da obediência. A graça, ao contrário, não
procura por homens bons a quem ela possa aprovar, porque isso
não é graça, mas mera justiça para aprovar a bondade. Ela, porém,
procura pelos condenados, culpados, emudecidos e desamparados
a quem ela possa salvar por meio da fé, para depois os santificar e
glorificar.
Para a graça, portanto, Paulo chamou os gálatas. Qual foi
sua controvérsia com eles? (1.6). Apenas esta: eles estavam se
afastando da graça de Cristo para um outro evangelho, que não
é em absoluto outro (G1 1.7). Não poderia haver outro evangelho.
Mudar, modificar a graça de Cristo, por menor que fosse essa
mudança, o resultado seria não ter um evangelho. Um evangelho
é uma novidade feliz; e a lei não é uma novidade feliz (Rm 3.19). A
lei, portanto, tem apenas uma linguagem; ela declara todo o mundo
— bons, maus e “ótimos” — culpado.
Mas, então, o que deve um simples filho de Deus, que não conhe
ce nenhuma teologia, fazer? Apenas isso: lembrar-se que qualquer
evangelho que não seja puro, em que a graça seja adulterada, é
um outro evangelho. Se ele propõe, sob qualquer motivo especial,
obter o favor de Deus por obras ou bondade ou caráter ou qualquer
outra coisa mais que o homem possa fazer, é espúrio. Esse é o teste
infalível.
Mas é mais do que espúrio, é amaldiçoado, ou melhor, os que
o pregam é que são amaldiçoados (G1 1.8,9). Não é um homem
quem diz, mas o Espírito de Deus que o diz por meio do apóstolo.
Isto é extremamente solene. Nem mesmo a negação do evangelho
é tão terrivelmente séria, quanto perverter o evangelho. Deus pode
conceder, a seu povo hoje, poder para discriminar e distinguir
aquilo que se difere do evangelho. Bem, esse é o discernimento
que parece faltar tão dolorosamente.
Se um pregador é culto, gentil, honesto, intelectual e bastante to
lerante, a ovelha de Deus correrá para ele. Ele, claro, fala de modo
formoso sobre Cristo e usa os velhos termos — redenção, cruz,
403
Os fundamentos
Os dois erros
Na epístola aos Gálatas, Paulo responde a dois grandes erros,
nos quais, em graus diferentes, os sistemas teológicos fracassaram.
O curso dessa demonstração é como a marcha irresistível de um
exército armado. O raciocínio dos legalistas, antigos e modernos,
são espalhados como a palha do trigo moído no verão. A maioria de
nós foi criada e, agora, vive debaixo da influência dessa epístolas
aos Gálatas. A teologia protestante é, em sua maior parte, comple
tamente adepta da teologia apresentada em Gálatas, pois nem a lei
nem a graça tem um lugar distinto e separado, como nos conselhos
de Deus, mas estão misturadas em um sistema incoerente. A lei
não é mais, como na intenção divina, uma ministração da morte
(2Co 3.7), da maldição (G1 3.10), da convicção (Rm 3.19), porque
nos ensinam que devemos tentar guardá-la, e que podemos fazer
isso com a ajuda divina. Nem a graça, por outro lado, nos traz a
libertação abençoada do domínio do pecado, porque somos manti
dos sob a lei como uma regra de vida, apesar da clara declaração de
Romanos 6.14.
a) O primeiro erro
O Espírito, primeiramente, encontra satisfação de que a justifica
ção é em parte por obras da lei e em parte pela fé por meio da graça
(G12.5; 3.24). Os passos são: 1. Mesmo os judeus que não são como
os gentios, desesperados e sem Deus no mundo (Ef 2.12), mas já em
relação de aliança com Deus, mesmo eles, “sabendo, contudo, que
o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
Cristo Jesus” (G12.15.16), creram; “pois, por obras da lei, ninguém
será justificado”. 2. A lei executou sua sentença sobre o crente
(G12.19); a morte o livrou. Identificado com a morte de Cristo pela
fé, para Deus, ele morreu com Cristo (Rm 6.3-10; 7.4). 3. Mas a
justiça é pela fé, não pela lei (G1 2.21). 4. O Espírito Santo é conce
dido à fé, não às obras da lei (G1 3.1-9). 5. Aqueles que estão sob a
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A graça de Deus
lei, estao sob a maldiçao (G13.10). A lei, portanto, nao pode ajudar,
mas só pode fazer sua grande e necessária obra de condenação
(Rm 3.19, 20; 2Co 3.7, 9; G13.19; Tg 2.10).
Em Romanos 5.1-5, o apóstolo resume os resultados da justifi
cação pela fé excluindo cuidadosamente toda aparência de mérito
humano. A graça por meio da fé em Jesus Cristo levou o crente à
paz com Deus, uma posição resultante da graça que assegura a
esperança de glória. A tribulação não pode servir para desenvolver
nele novas graças. O próprio amor que o salvou por meio da graça
agora preenche seu coração; o Espírito Santo lhe foi concedido, e
ele se alegra em Deus. E tudo pela graça, por meio da fé.
b) O segundo erro
O Espírito próximo refuta o segundo grande erro concernente
às relações da lei com a graça — a noção de que o crente, embora,
seguramente justificado pela fé por meio da graça, inteiramente
sem obras da lei, depois da justificação é colocado debaixo da lei
como uma regra de vida. Essa é a forma atual do erro dos gálatas.
Desde Lutero, o protestantismo tem consistentemente aceito a
justificação pela fé por meio da graça. No entanto, de forma incon
sistente, a teologia protestante tem sustentado a segunda forma de
perceber o evangelho, conforme o erro dos gálatas.
Uma seção inteira da epístola aos Romanos e dois capítulos de
Gálatas são devotados à refutação desse erro e à apresentação da
verdadeira regra de vida do crente. Romanos, nos capítulos seis,
sete e oito, e Gálatas, nos capítulos quatro e cinco, apresentam o
novo evangelho ao crente que está firmado na graça. Romanos 6.14
declara o novo princípio. O apóstolo não está aqui falando da justi
ficação de um pecador, mas da libertação de um santo do domínio
do pecado que habita nele. Em Gálatas, depois de mostrar que a lei
foi para o judeu como um pedagogo, ou um aio, em uma casa grega
ou romana, um tutor de crianças em sua infância (G1 3.23,24), o
apóstolo diz explicitamente (3.25): “Mas, tendo vindo a fé, já não
permanecemos subordinados ao aio” (pedagogo). Nenhuma eva
são é possível aqui. O pedagogo é a lei (3.24); a fé justifica, mas a fé
que justifica também acaba com a regra do pedagogo. A moderna
teologia reivindica que estamos debaixo do pedagogo. Esse é um
assunto claro, há uma absoluta contradição entre a Palavra de Deus
e a teologia. Em qual você acredita?
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Os fundamentos
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A graça de Deus
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R ev . T h o m a s S pu r g e o n
Pastor batista, Londres, Inglaterra.
Editado por Arnold D. Ehlert Th.D.
O que é “Graça”?
Certa vez, encontrei, a bordo de um navio australiano, um
homem de idade avançada, de temperamento cordial e cuja
instrução era bem fundamentada e extensa. Ele conseguia viver
quase que em um perpétuo dia ensolarado, pois ele seguia o sol
ao redor do globo ano após ano, e ele mesmo era tão “ensolarado”,
que os passageiros faziam amizade com ele e procuravam tirar
dele alguma informação. Certa vez, quando surgiu uma discussão
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Salvação pela graça
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Os fundamentos
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Salvação pela graça
Retidão é essencial
Uma coisa é evidente — retidão é essencial. Mas qual deve ser
a natureza e a qualidade dessa justiça, e como e de onde ela deve
ser obtida? Será que minha retidão deve ser produzida em casa,
ou deve ser de Deus e vir de cima? Devo formar a minha própria
retidão ou devo me sujeitar à de Deus? A salvação deve ser por meio
das obras ou da fé? Cristo é um Substituto para o pecador, ou será
que o pecador é um substituto para o Salvador? Devemos preferir o
cheiro do altar do sacrifício, designado por Deus e proporcionado
por Deus, ou preferiremos enfeitá-lo com flores que murcham
e com frutas que secam, embora à primeira vista nos pareçam
justas? A bondade é pessoal, ou é a graça de Deus, como revelada
em Jesus Cristo, que nos leva ao mundo onde tudo está bem? A
primeira é uma escada que nós mesmos colocamos e subimos com
muito esforço; a outra é um elevador que Deus provê, no qual, na
verdade, passamos pela fé penitencial, mas cujo poder de elevação
é apenas de Deus. A salvação por obras é a escolha do fariseu, a
salvação por graça é a esperança do publicano.
üm ou outro
Esses dois princípios não podem ser combinados. Eles são
totalmente distintos; além disso, estão em discrepância um com a
outro. Uma mistura dos dois é impossível. “E, se é pela graça, já não
é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6). Não
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Os fundamentos
Assim a escolha deve ser feita entre esses dois caminhos para
o céu. A grande questão ainda é: “Como o homem pode ser justo
diante de Deus?”, e parece que ele mesmo ou deve ser essencial e
perfeitamente santo, ou deve, por algum meio, adquirir uma justiça
que sustentará o escrutínio da onisciência e a revista da alta corte
celestial.
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Salvação pela graça
Sem saída
De qual testemunho precisamos mais? E evidente que o caminho
das obras está fechado. A Arvore da Vida e as tábuas quebradas
da Lei caíram através do caminho estreito, e Deus fixou um aviso,
grande e legível, de maneira que quem lê pode percorrer um caminho
melhor — SEM SAÍDA! Isso é uma ordem, e o selo vermelho do Rei
está nele; então, obedeça-a sempre. As instruções levíticas, as con
fissões davídicas, as declarações proféticas e apostólicas são todas
a voz do Senhor — a voz que derruba o cedro do Líbano e limpa as
florestas — declarando que a salvação é apenas pela graça.
O veredicto da história
A história do homem é a história do pecado. E um relato longo,
lúrido de queda e fracasso. Adão teve a melhor oportunidade de
todas. A lei, naquela época, era fragmentária e rudimentar. Havia
apenas uma ordem — um teste solitário. Mas essa única ordem foi
demais para nossos primeiros pais. Mais tarde, o mundo, varrido
pelo dilúvio, foi logo profanado novamente. Mais um pouco ainda,
e veio a lei para Israel, santa, justa e boa. Eles obedeceram? Deixe
que as carcaças que se espalharam no deserto testemunhem. Será
que há uma vida sequer perfeita nos anais de todos os tempos? Os
fariseus eram preeminentes como religiosos profissionais, contudo,
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Os fundamentos
Jesus disse: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escri-
bas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). Eles
viajavam em um trem expresso e, naturalmente, de primeira classe,
mas era o trem errado! Saulo de Tarso era o fariseu dos fariseus,
mas, lembre-se, ele não era hipócrita, no entanto, também estava
na trilha errada, até que mudou de trem na junção de Damasco. Ali,
ele renunciou a toda confiança na carne, e daí em diante exclamou:
“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa
de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da
sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por
amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo,
para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria,
que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça
que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3.7-9).
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A natureza da regeneração
Thom as B o s to n (1676-1732)
Resumido e editado por James 11. Christian, Th.D.
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A natureza da regeneração
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A natureza da regeneração
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Regeneração,
39 conversão,
transformação
R ev . G e o r g e W . L a s h e r , D .D ., L L .D .
Autor de Teologyfor Plain People [Teologia para as
Pessoas Comuns] Cincinnati, Ohio,
Editado por James H. Christian, Th.D.
Regeneração
Jesus Cristo não fala muito da regeneração, mas usa a palavra
equivalente em grego (palingenesis) apenas uma vez, e em seguida
(Mt 19.28) faz referência às coisas criadas, uma nova ordem no
universo físico, em preferência à nova condição da alma individual.
Ele ensina, porém, a grande verdade em outras palavras pelas quais
ele torna evidente que uma regeneração é o que a alma humana
necessita e deve ter para ajustá-la ao reino de Deus.
Nos outros evangelhos, Jesus ensina coisas que envolvem um
outro nascimento, sem o qual é impossível cumprir as exigências
divinas; mas no evangelho de João, isso é nitidamente apresentado
logo no primeiro capítulo, e a idéia é levada até o fim. Quando (em
Jo 1.12,13) se diz que aqueles que receberam a Palavra de Deus
receberam também “poder”, ou direito, de se tornar filhos de Deus,
declara-se expressamente que esse poder, ou direito, não é inerente
à natureza humana, não é encontrado no nascimento natural, mas
envolve um novo nascimento — “os quais não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus”. E este novo, ou segundo, nascimento que produz os filhos de
Deus. A declaração de João (3.3) cria confusão com a reivindicação
comum de que Deus é o Pai da humanidade universal, assim como
torna absurdo falar de “paternidade de Deus”, “o Pai celestial”, “a
paternidade divina”, e outras frases mais com as quais sempre nos
deparamos nestes dias modernos. Nada é mais distante da verdade,
e nada é mais perigoso e sedutor, do que a reivindicação de que os
filhos de Adão são, por natureza, filhos de Deus. Essa é a base de
muitos raciocínios falsos com respeito ao estado futuro e à continui
dade da punição futura.
E dito que embora um pai possa castigar seu filho, “para
seu proveito”, a relação de paternidade e filiação ainda proíbe o
pensamento de que o pai pode empurrar seu filho para queimá-lo
e mantê-lo ali para sempre. Não importa qual a ofensa, ele pode
ser expiado pelo sofrimento; o coração do pai certamente cederá,
e o pródigo será recebido com alegria e contentamento pelo pai
ansioso. Claro que, a falácia do argumento está na suposição de que
432
Regeneração, conversão, transformação
433
Os fundamentos
Conversão
A conversão (que na realidade significa apenas “mudança”),
conforme já dissemos, está incluída na idéia de regeneração; mas
as palavras não significam a mesma coisa. Regeneração implica
conversão; mas pode haver conversão sem regeneração. O perigo
é que a distinção pode não ser observada e que, por haver uma
conversão visível, pode se supor que houve uma regeneração
prévia. A conversão pode ser um mero processo mental; a com
preensão convencida, mas o coração permanece inalterado. Pode
ser efetuado como a educação e o refinamento são efetuados. As
escolas estão constantemente fazendo isso. A regeneração envolve
uma mudança do pensamento; mas a conversão pode ser efetuada
apesar de a condição moral permanecer inalterada. A regeneração
pode ocorrer apenas uma vez na experiência da mesma alma; mas
a conversão pode ocorrer muitas vezes. A regeneração implica uma
nova vida, vida eterna, a vida de Deus na alma humana, uma filiação
divina e um habitar contínuo do Espírito Santo. A conversão pode
ser como a do Rei Saul, quando ele tomou lugar entre os profetas
do Senhor, ou como a de Simão, o feiticeiro, que disse: “Rogai vós
por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a
mim” (At 8,24).
A conversão pode ser o resultado de uma convicção que, afinal,
pode ser uma mudança de vida útil para a vida que está por vir,
como também para a vida que é agora; que no mundo futuro um
homem consiga o que ele ganha nesta vida. Ela não implica um
coração apaixonado por Deus e pelas coisas de Deus. Os homens
do mundo são convertidos muitas vezes. Eles mudam seus pensa
mentos e, freqüentemente, mudam seu modo de viver para melhor
sem se regenerarem.
Um dos perigos mais iminentes da vida religiosa de hoje é colocar
a conversão no lugar da regeneração, e contar como convertidos os
homens cristãos, contar os “convertidos” em encontros de reaviva-
435
Os fundamentos
Reforma
A reforma implica conversão, mas não implica regeneração.
A regeneração assegura a reforma, mas a reforma não implica a
regeneração. Os reformadores foram ao estrangeiro em todos os
tempos e são conhecidos tanto pelo paganismo como pelo cristia
nismo. Buda era um reformador. Maomé era um reformador. Reis
e sacerdotes foram reformadores, embora não soubessem nada da
vida de Deus na alma humana. O engano mais brilhante e fatal no
mundo religioso hoje é o esforço de reformar os homens e a socie
dade, fazendo da reforma um substituto para regeneração.
A vida social de hoje está cheia de dispositivos e expedientes
para melhorar a condição física dos indivíduos, das famílias e
das comunidades, embora a vida da alma esteja intacta. Temos
inumeráveis organizações cívicas, cujo mais alto objetivo é o me
lhoramento não apenas das condições mundanas, mas do caráter
da fraternidade. Um argumento pela existência de muitas destas
organizações é que elas podem melhorar os homens graças à
confiança e à fraternidade asseguradas pelo contato efetuado, por
juramentos, assim como pelo cultivo da vida social.
Não se pode negar que estas atuações reformatórias são boas e
cumprem bem seu papel. Mas há um engano fatal na noção de que
a elevação da sociedade, ou seja, a eliminação de suas misérias, leve
a uma vida religiosa e promova o cristianismo. Talvez os maiores
obstáculos para a conquista buscada hoje pelo cristianismo, em paí
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Regeneração, conversão, transformação
437
439
Justificação pela fé
H . C. G. M o u le , D .D .
Bispo DE Durham, Inglaterra
Revisado por Gerald B. Stanton, Th.D.
440
Justificação pela fé
441
Os fundamentos
442
Justificação pela fé
O que é fé?
Podemos agora adequadamente nos aproximar de nosso segun
do grande termo, f é , e perguntar: o que significa? Como aconteceu
com a justificação, também com a fé, podemos nos aproximar
melhor da resposta perguntando primeiro: o que a fé significa
na vida e no discurso comum? Consideremos frases como: ter fé
na política, fé em um remédio, fé em um líder político ou em um
líder militar, fé em um advogado, fé em um médico. Aqui a palavra
fé é usada de um modo obviamente paralelo àquele no qual nosso
Senhor se utiliza, quando apela aos apóstolos para terem fé Nele. O
uso é paralelo também ao seu uso habitual nas epístolas, por exem
plo, em Romanos 4, em que Paulo discursa sobre a fé de Abraão,
em íntima relação com a fé que ele procura desenvolver em nós.
Não está claro, para todas as intenções e propósitos práticos,
que a palavra significa confiança? Será que — quando um homem
doente chama o médico em quem ele tem fé e quando o soldado se
gue, talvez literalmente em escuridão absoluta, o general em quem
ele tem fé — o significado não é óbvio? Confiança em uma coisa ou
pessoa que se supõe ser digna de confiança, isto é fé.
Os fundamentos
Confiança prática
Notemos um aspecto a mais da palavra fé, no uso comum atual,
que parece significar confiança prática. Raramente, se alguma vez,
a usamos como uma mera opinião que é passiva na mente. Ter fé
em um comandante não significa meramente ter convicção de que
ele é hábil e competente. Podemos ter em mente tal crença sobre o
comandante do inimigo — conseqüentemente, com muitas impres
sões desagradáveis em nossa mente. Podemos ser confiantes de que
ele é um grande general, no sentido bem oposto à confiança pessoal
nele. Não, ter fé em um comandante implica um ponto de vista, em
que se confiamos realmente nele, estamos completamente prontos
para confiar nós mesmos e nossa causa a seu comando. A mesma
coisa é verdade quanto à fé em uma promessa divina, fé em um Re
dentor divino. Significa uma confiança, genuína e prática. Significa
um colocar a nós mesmos e nossas necessidades, em confiança
pessoal, em suas mãos.
Aqui observamos que a fé, dessa forma, insinua um elemento
da escuridão, do desconhecido. Onde tudo é visível ao coração e à
mente dificilmente pode haver fé. Estou em curso de água perigo
so, em um barco com um barqueiro habilidoso e experiente. Eu o
cruzo, não sem tremor talvez, mas com fé. Aqui a fé é exercitada
em um objeto digno de confiança e conhecido, o barqueiro. Mas
é exercida, pelo menos para mim, com relação às circunstâncias
incertas — a porção de perigo e o caminho a percorrer com o
barco. Onde não há circunstâncias incertas, minha opinião sobre
o barqueiro não seria de fé, mas mera opinião; de estima, e não de
confiança nele.
Nosso exemplo sugere a observação que a fé, como um elemento
relacionado com nossa salvação, necessita de um certo objeto digno
de confiança, como Jesus Cristo. Ao aceitá-Lo, temos a correta con
dição para exercer a fé — a confiança em Sua capacidade e poder
sobre nosso comportamento em circunstâncias desconhecidas ou
misteriosas.
Fé sem mérito
“A virtude da fé repousa na virtude de seu Objeto”. Este Objeto,
nessa questão de justificação, assim nos asseguram abundante
mente e com a extrema clareza as Escrituras, é nosso próprio
Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós e ressuscitou.
Um assunto importante dessa reflexão é: somos alertados con
tra a tentação de erigir a fé em um Salvador, quer dizer, pôr nossa
confiança em nossa fé. Isto é uma tentação real para muitos. Ao
ouvir que para ser justificados eles devem ter fé, eles logo se ocu
pam com uma análise ansiosa de sua fé. Será que confio o bastante?
Será que minha confiança é satisfatória em tipo e quantidade? Mas
se fé salvadora é apenas uma atitude de confiança, então a questão
de seu efeito e virtude é imediatamente transferida para a questão
da adequação de seu Objeto. Eles não deveriam perguntar: Será
que confio o bastante? Mas: Jesus Cristo é grande o bastante
445
Os fundamentos
Definição de “pela”
Consideremos, agora, a questão dessa palavra que está no meio
da frase e serve como um conectivo em nosso título, “pela”. Justifi
cação pela fé, o que significa? Essa recepção divina dos culpados,
como se eles não fossem culpados, pela confiança em Jesus Cristo
— o que temos de pensar sobre isto?
Vimos que um significando mais acertado não pode ser dado pela
palavra “pela”. Ela não pode significar “em razão de”, como se a fé
fosse uma consideração valiosa que nos autorizou a justificação. O
rebelde que se rende não é anistiado devido à consideração valiosa
de sua rendição, mas em razão da graça do soberano, ou Estado,
que anistia. Por outro lado, sua rendição é o meio necessário para a
anistia se tornar realmente sua. Essa é sua única atitude apropria
da (em um suposto caso de rebelião legítima) para com o poder
ofendido. Este poder não pode fazer paz com um sujeito que está
agindo de maneira errada para com ele. Ele o quer bem, ou não pro
porcionaria a anistia. No entanto, o soberano, ou estado, não pode
fazer paz com ele, enquanto este rejeitar a provisão. A rendição não
é adequadamente o preço pago pela paz, mas é, não obstante, a mão
aberta necessária para se apropriar da dádiva dela.
Em certa medida, isto ilustra nossa palavra “pela” na questão da
justificação pela fé. Fé, confiança, é a “chegada” do homem pecador
Justificação pela fé
O laço matrimonial
“Fé”, diz o Bispo Hopkins de Derry, “é o laço matrimonial entre
Cristo e o crente; e, portanto, todas as dívidas do crente são res
ponsabilidade de Cristo, e a justiça de Cristo é instituída no crente.
[...] Na verdade esta união é um mistério sublime e inescrutável,
pois há uma união íntima, espiritual e real entre Cristo e o crente.
Assim, a fé é o caminho e o meio de nossa justificação. Pela fé,
somos unidos a Cristo. Por esta união, somos verdadeiramente
retos. E sobre esta retidão, a justiça, assim como a misericórdia de
Deus, estão empenhadas em nos justificar e absolver [E. Hopkins,
The Doctrine ofthe Covenants (A Doutrina das Alianças)].
449
41 enfatizadas no
evangelismo bem sucedido
L. W. M u n h a ll, M .A ., D.D.
F ilad élfia
Revisado por Gerald B. Stanton, Th.D.
450
As doutrinas que devem ser enfatizadas no evangelismo bem sucedido
As condições
Novamente, aparece a questão: “O que constitui o evangelismo
bem sucedido”? E respondo: “Pregar o evangelho de acordo com as
condições e direções divinas”. Quais são essas condições?
Primeiro, discipulado. Jesus comissionou apenas alguns. Deve-se
conhecer, por experiência própria, o poder e a alegria do evangelho
antes que a pessoa seja competente para divulgá-lo.
Segundo, poder. Aos discípulos, foi dito: “Eis que envio sobre
vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que
do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Como os apóstolos
e os discípulos de nosso Senhor, que esperaram por seu ministério
maravilhoso e testemunharam suas ações maravilhosas, não esta-
vam qualificados para testemunhar e servir sem o poder do alto,
nós, seguramente, devemos ter ajuda divina, que virá pelo habitar
do Espírito.
Terceiro, fé. Deus prometeu: “assim será a palavra que sair da
minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e
prosperará naquilo para que a designei” (ls 55.11). O proclamador,
portanto, não tem nenhuma necessidade de desconfiar do resultado,
sabendo muito bem que “quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23).
As Instruções
Quais são as instruções? Primeiro, “E disse-lhes: Ide por todo o
mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). O campo
é o mundo; e as boas novas, para todos os homem.
Segundo, o evangelho deve ser pregado. O pregador enviado
por Deus é um arauto. Ele não tem mensagem própria; ele deve
proclamar a mensagem do Rei. De acordo com a lei heráldica, se o
arauto substituísse uma palavra do Rei pela sua, ele era decapitado.
Se essa lei fosse seguida atualmente, muitos pastores perderiam
suas cabeças. Na verdade, muitos perderam suas cabeças, a julgar
pelo tipo de mensagem que estão entregando.
Os fundamentos
A mensagem
Agora, tratemos da mensagem em si. Timóteo teve como recomen
dação: “Faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério” (2Tm 4.5), e, ao fazer isso, “prega a palavra, insta, quer
seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longa-
nimidade e doutrina” (2Tm 4.2) ”, a pregação doutrinai, portanto, é
necessária para o êxito evangelista. Mas qual doutrina? E respondo:
P r im e ir o , o pecado — sua universalidade , natureza e conseqüência .
Universalidade. “Como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram. [...] Porque, [...] se, pela
ofensa de um só, morreram muitos [...]; Pois assim como, por uma
só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação
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As doutrinas que devem ser enfatizadas no evangelismo bem sucedido
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Os fundamentos
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As doutrinas que devem ser enfatizadas no evangelismo bem sucedido
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Os fundamentos
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As doutrinas que devem ser enfatizadas no evangelismo bem sucedido
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Prega a palavra
H ow ard C rosby
Chanceler da Universidade da Cidade de Nova York
Resumido e editado por Glenn 0 ’Neal, Ph.D.,
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Prega a palavra
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Os fundamentos
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Prega a palavra
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Os fundamentos
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Prega a palavra
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Os fundamentos
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R ev. J ohn T im o t h y S t o n e , D . D .
Ministro Presbiteriano, Chicago
Revisado e editado por Charles L Feinberg, Th.D., Ph.D..
O Espírito Santo
O primeiro requisito para ganhar homens para Cristo deve ser
a presença e o poder do Espírito Santo (Jo 16.7; At 1.8). Viver no
poder do Espírito e conhecer sua liderança são, em si mesmos, a
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Evangelismo pastoral e pessoal,
ou ganhar homens para Cristo um a um
469
Os fundamentos
As escrituras
Um segundo elemento bastante necessário para ganharmos ho
mens para o Senhor é o conhecimento e o uso adequado da Palavra
de Deus. Devemos ser obreiros que não precisam se envergonhar,
que podem dividir justamente a palavra da verdade. O uso da Bíblia
é a arma de maior avanço para Cristo. O obreiro que conhece sua
Bíblia a lerá constantemente para se fortalecer e aplicá-la no trato
com o não convertido. Ele não argumentará com homens, nem fa
lará sobre a Palavra de Deus, mas ele a explicará e, repetidamente,
fará referência a ela.
Uma Bíblia aberta diante de um inquiridor quase sempre signi
fica conversão e conseqüente desenvolvimento espiritual. Quando
estiver tratando sobre algum assunto, pergunte se a pessoa, a quem
você estiver pregando, alguma vez considerou o que a Bíblia diz
sobre o assunto em discussão. Passagens pertinentes, pelo menos,
atrairão sua atenção, e, inconscientemente, essa pessoa passará a
ter algum interesse na leitura da própria Bíblia.
Lembre-se de ter uma Bíblia aberta diante de sua companhia
enquanto você lê. Ler para um homem não o ajudará a ouvir, mas
ler com ele sim. Deixe que os olhos ajudem os ouvidos e torne-o
íntimo, deixando-o que o siga enquanto você ler. Algumas vezes,
peça, talvez, para ele ler um versículo ocasional que necessite de
ênfase e, a seguir, comente sobre ele, perguntando-lhe sobre o que
leu. Se um homem não entende como Deus pode amá-lo, não discu
ta, mas vá ICoríntios 13 e leia, lentamente e de forma ponderada, e,
em seguida, leia João 3.16. Em outras palavras, ganhe um homem
pelo amor de Deus. Não omita Lucas 15, com sua parábola do filho
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Evangelismo pastoral e pessoal,
ou ganhar homens para Cristo um a um
Oração
Não calculamos o lugar e o poder que a oração tem para ganhar
outros para Cristo, oração de intercessão pelos outros e a oração
com os outros enquanto nós os abordamos individualmente na
própria presença de Deus. Primeiramente, há uma oração para
eles. Não importa qual seu método ou falta de método, leve aqueles
por quem você está trabalhando em oração a Deus. Ore por eles
dizendo o nome deles; ore para que você possa se aproximar deles
corretamente e apelar para eles com sabedoria divina. Ore para que
você possa ser paciente, como também sábio, com eles. Ora para
que você possa encontrar as passagens corretas para ajudá-los.
Ore para que você possa levá-los a Cristo, em vez de falar com eles
sobre Ele. Ore para que eles sejam responsivos e fiquem desejosos
de aceitar Cristo. Ore para aqueles que os cercam não possam ser
obstáculos para eles. Ore para que você possa conversar com eles
sobre questões essenciais, e não perder tempo com coisas sem
importância. Ore para que você possa ser destemido, claro e exato.
Ore para que a simpatia e o amor humanos possam influenciar
você, para que possa mostra seu coração e sua alma e, dessa
maneira, tocar e derreter seus corações. Ore para que apenas a
abertura favorável da conversa possa vir até você e para que você
possa estar pronto para usá-la. Ore acima de tudo para que o poder
do Espírito Santo esteja contigo.
Em segundo lugar, ore com o indivíduo. Depois de mostrar-lhe
as Escrituras, a decisão deve ser feita: ajoelhem-se e peça-lhe para
tomar uma decisão após você derramar, com esse indivíduo, seu
coração diante de Deus. Deixe-o saber que você o ama pelo amor
de Cristo que quebra muitos corações. Quando você orar desse
modo, não importa quão frio seu coração possa ter estado no início
da oração, você sentirá que há três pessoas presentes, e a terceiro
é o Salvador dos homens.
Quando você orar com alguém que você está evangelizando,
seja bastante específico e claro em sua petição. Se possível, leve-o
471
Os fundamentos
Método e meio
O método é, afinal, secundário, mas se ele se tornar fixo e orde
nado, será auto-destrutivo. Assim que alguém percebe seu método,
o coração e a mente ficam endurecidos, e há pouco ou nenhum
interesse. Quando o Espírito de Deus guia, somos sensíveis a todo
tipo de abertura e caminho. E sábio e justo para nós, portanto,
considerar os métodos e os meios. O próprio Cristo começou sua
obra alcançando os indivíduos e os preparando para trabalhar
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Evangelismo pastoral e pessoal,
ou ganhar homens para Cristo um a um
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Os fundamentos
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Evangelismo pastoral e pessoal,
ou ganhar homens para Cristo um a um
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477
44
O verdadeiro evangelismo da
escola dominical
C h a r le s G a lla u d e t T ru m b u l
Editor do The Sunday School Times
Revisado e editado por Glenn 0 ’Neal Ph.D.
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O verdadeiro evangelismo da escola dominical
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Os fundamentos
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O verdadeiro evangelismo da escola dominical
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Os fundamentos
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O verdadeiro evangelismo da escola dominical
I 484
O verdadeiro evangelismo da escola dominical
para a terra, não somente para que os homens pudessem ser salvos
da segunda morte, mas também para que eles pudessem viver sem
pecar nesta vida atual. Aqui estão as Boas Novas de verdade; tão
boas que para muitos elas parecem muito boas para ser verdade.
Mas, graças a Deus, o evangelho é verdadeiro! Quando o Espírito
Santo nos diz, “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois
não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14), Ele realmente
quer dizer isto. Quando Paulo, na alegria exultante do Espírito,
declarou: “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te
livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2), ”, ele realmente
quer dizer isto. E o mesmo Espírito de vida em Cristo Jesus está
tornando os homens livres hoje da lei do pecado, quando eles estão
prontos para recebê-Lo em Sua palavra. Quando o amado apóstolo
escreveu, sob a direção do Espírito Santo, “Filhinhos meus, estas
coisas vos escrevo para que não pequeis” (ljo 2.1), ele realmente
quer dizer apenas isto. Quando nosso Senhor Jesus disse, primeiro,
“Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34); mas,
em seguida, em vez de nos deixar em desespero, continuou a
dizer: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”
(Jo 8.36), ele está tentando nos dizer o que sua salvação é.
A vida vitoriosa não é uma vida feita sem pecado, mas é uma vida
que se guarda do pecado. Não é, como bem foi dito, que o pecador
se torna perfeito aqui nesta vida, mas que o pecador, mesmo nesta
vida, tem um Salvador perfeito. E que o Salvador é mais do que
poderoso, enquanto nós ainda estamos nesta vida, para superar
todo o poder de nosso pecado.
A convenção Keswick, na Inglaterra, foi, por muitos anos, usada
de forma abençoada por Deus para divulgar as Boas Novas do
evangelho, a vitória sobre o pecado. A vida que se rende incon
dicionalmente à fidelidade deste Senhor e Salvador para tornar
suas promessas verdadeiras, começa a admitir o significado das
riquezas inexprimíveis da graça de Deus.
Existem professores de Escola Dominical que se alegram hoje,
pois têm o privilégio de contar a suas classes toda a mensagem
do verdadeiro evangelismo. Que Deus possa poderosamente
aumentar o número desses que dão testemunho, por meio de suas
vidas vitoriosas e por intermédio da mensagem, ardente e alegre,
com relação a todo o evangelismo da Palavra: o poder de salvar e
de guardar de nosso maravilhoso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
485
Os fundamentos
R ev. R. A. T o r r e y , D.D.
Deão do Instituto Bíblico de Los Angeles
Resumido e editado por James H. Christian, Th. D.
à oração. 0 fardo de sua alma muitas vezes era tão grande que ele
era incapaz de ficar de pé, torcendo-se e gemendo em agonia. [...]
Esse Sr. Clary continuou em Rochester tanto tempo quanto eu, e
não deixei a cidade senão após sua partida. Ele nunca, que eu saiba,
aparecia em público, mas dava-se inteiramente à oração”.
Talvez o mais notável despertar jamais visto nos Estados Unidos
tenha sido o reavivamento de 1857. Até onde sua origem humana
pode ser traçada, ele começou nas orações de um missionário de
uma cidade humilde, Landfear, em Nova York. Ele não apenas
orava sozinho, mas organizou um encontro para oração ao meio-
dia. No princípio, a freqüência era bem pequena; em um encontro
havia apenas três presentes, em outro, dois, e ainda em um outro
encontro, apenas ele estava presente. Mas ele e seus companheiros
persistiram na oração até que o fogo foi aceso e se espalhou por
toda a cidade, assim, os encontros de oração passaram a ocorrer a
cada quatro horas, do dia e da noite, não apenas nas igrejas, mas nos
teatros. Após algum tempo de duração, o Dr. Gardner Spring, um
dos mais eminentes ministros da América do Norte, disse ao grupo
de ministros: “E evidente que um reavivamento está acontecendo
entre nós, e devemos pregar”. Um dos ministros respondeu, “Bem,
se é preciso haver pregação, você deve pregar o primeiro sermão”,
e o Dr. Gardner Spring consentiu em pregar. Mas, as pessoas que
vieram para ouvi-lo pregar não era maior do que o número das que
vinham para orar. Assim, a dependência foi colocada na oração, e
não na pregação; o fogo se espalhou para a Filadélfia, e em seguida
por todo o país, até que já não havia nenhuma parte do país onde os
encontros de oração não acontecessem, e toda a nação foi movida e,
em toda parte, houve conversões e acessões à igreja aos milhares.
Esse despertar na América do Norte foi seguido por um des
pertar semelhante, embora em alguns aspectos até mesmo mais
notável, na Irlanda, na Escócia e na Inglaterra, em 1859 e 1860. Os
fatores humanos mais importantes na origem dessa obra maravi
lhosa parecem ter sido quatro jovens que começaram a se encontrar
na antiga escola do subúrbio de Kells, no norte de Irlanda. Ali, noite
após noite, eles lutaram com Deus em oração. Por volta da prima
vera de 1858, uma obra de poder começou a se manifestar. Espa
lhou-se de cidade em cidade e de condado em condado; mas como
o número de pessoas que afluíam às igrejas era muito numeroso
para qualquer edifício, os encontros eram feitos ao ar livre, muitas
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Os fundamentos
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O lugar da oração no evangelismo
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Os fundamentos
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O lugar da oração no evangelismo
Devemos orar para que por meio da igreja e de seus membros, mui
tos possam ser convertidos, e para que haja um despertar genuíno
na igreja e na comunidade. Qualquer igreja ou comunidade que es
teja querendo pagar o preço pode ter uma reavivamento verdadeiro.
Esse preço não é construir um tabernáculo, nem chamar algum
evangelista famoso, ou colocar grandes somas de dinheiro em pro
pagandas e tampouco seguir outros métodos modernos. O preço de
uma reavivamento é a oração honesta e séria no Espírito Santo, a
oração que não pedirá nada em troca. Deixe que algumas pessoas
em qualquer igreja ou comunidade se acertem completamente com
Deus, em seguida que o grupo se reúna com a determinação de
orar, não importando quanto tempo for preciso, e clame a Deus por
um reavivamento até que o reavivamento venha. Em seguida, essas
pessoas devem se colocar à disposição de Deus para Ele os usar em
obra pessoal, testemunho, ou qualquer outra coisa, e o resultado,
certamente, será um reavivamento genuíno da obra de Deus no
poder do Espírito Santo. O escritor disse essencialmente isto pelo
mundo; vez ou outra, o conselho foi seguido, e o resultado sempre
foi o mesmo, uma obra de Deus completamente real e eficaz.
T e r c e ir o , d e v e m o s o r a r p e l a o b r a e m p a ís e s e s t r a n g e ir o s . A
história das missões estrangeiras prova que o fator mais importante
na obra missionária eficaz é a oração. Homens, mulheres e dinheiro
são necessários para as missões estrangeiras, mas o que é mais
necessário de tudo é a oração. Devemos orar de maneira definida
pela liderança de Deus sobre os secretários e outros oficiais de
nossas corporações missionárias estrangeiras. Devemos orar pelos
campos definidos e pelo envio definido de obreiros para esses cam
pos. Deveríamos orar especificamente pelos homens e mulheres
que estão no campo missionário. Quando alguém vai para o campo
estrangeiro, ele sente como se a própria atmosfera fosse possuída
pelo “príncipe da potestade do ar”. Deveríamos orar o tempo todo
no Espírito e com toda perseverança para que Deus possa dar a
esses homens e mulheres a vitória em seu conflito pessoal, assim
como o poder para que por meio de seus esforços possam ganhar
homens iludidos com as falsas religiões que destroem eternamen
te, para a verdade do evangelho que salva eternamente. Devemos
orar também de modo bem definido pelos convertidos nos campos
estrangeiros, por sua libertação do erro, do engano e do pecado,
para que possam se tornar inteligentes, equilibrados, fortes e
493
Os fundamentos
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495
Missões estrangeiras ou
evangelismo mundial
E. S p e e r
R o be rt
Secretário do Conselho Presbiteriano de Missões
Estrangeiras Nova York
Editado por Arnold D. Ehlert, Th.D.
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Missões estrangeiras ou evangelismo mundial
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Os fundamentos
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Missões estrangeiras ou evangelismo mundial
499
Os fundamentos
brilha e queima, para ser colocada sobre cada colina que deveria
brilhar muito mais e ser mais luminosa na brisa, e continuar se
espalhando assim sobre o território circundante de forma que nada
deste mundo jamais pudesse ser capaz de o extinguir ou o ocultar”.
A doutrina saudável da igreja foi salvaguardada pela saudável e
higiênica ação reflexiva do culto, da obra e da conquista. E sua
luz e vida convenceram os homens, porque os homens as viram
conquistando as almas.
A igreja foi estabelecida para disseminar o cristianismo e para
conservá-lo do único modo pelo qual as coisas vivas podem ser
conservadas, pela ação viva. Quando em qualquer era ou em qualquer
terra a igreja se esqueceu disso, ela pagou por sua desobediência.
Enquanto houver homens não alcançados no mundo ou qualquer vida
não alcançada, a ocupação da igreja será seu dever missionário.
A quarta base profunda do dever missionário é a necessidade da
humanidade. O mundo necessita de Cristo hoje tanto e quanto ele
verdadeiramente precisou Dele dois mil anos atrás. Se o judaísmo e
o Império Romano necessitavam do que Cristo lhes trouxe então, o
hinduísmo e a Ásia necessitam Dele hoje. Se eles não necessitam de
Cristo agora, nunca mais necessitarão. Se eles podem progredir sem
Ele, todo o mundo pode dispensá-Lo. Se não há dever missionário, a
base é tirada de debaixo da necessidade e, portanto, de debaixo da
realidade da encarnação. Mas este mundo para o qual Ele veio pre
cisava de Cristo. Os homens estavam mortos sem Ele. Foi Ele quem
lhes deu vida, que purificou sua conspurcação, que lhes ensinou a
pureza, o culto, a igualdade, a fé e lhes deu esperança e companhia.
Só ele pode fazer isso agora. O mundo não cristão necessita agora do
que Cristo, e somente Cristo, pode fazer por ele.
O mundo necessita da mensagem social e da redenção do
cristianismo. Paulo nos conta que encontrou e conquistou as desi
gualdades de seu tempo, a brecha entre o cidadão e o estrangeiro,
o senhor e o escravo, o homem e a mulher. Essas ainda são as
brechas do mundo não cristão. O mundo não tem nenhum ideal
de fraternidade humana a não ser quando ouve falar dela por inter
médio do cristianismo. Nenhuma das religiões e das civilizações
não cristãs concedeu às mulheres ou às crianças, especialmente
às meninas, seus direitos. Há uma afeição humana. A declaração
de um escritor recente com respeito a China, onde as “crianças são
geradas e não nascem”, é certamente muito falsa, a não ser nas
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Os fundamentos
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Missões estrangeiras ou evangelismo mundial
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Quais motivos missionários devem prevalecer?
b) O segundo motivo
Há muitas passagens nos evangelhos que falam de Cristo como
alguém que tem compaixão, ou sendo movido por ela. Uma é
quando Jesus viu dois homens cegos e Ele lhes deu a visão; a outra
é quando ele viu um leproso e Ele o tocou e o curou; uma outra é
quando viu uma viúva chorando a perda de seu filho e Ele trouxe
de volta o menino à vida; ainda uma outra é quando viu a multidão
faminta e Ele a alimentou; e a última é quando ele viu a multidão
abandonada e Ele pediu a Seus discípulos para que orassem em
favor dela.
Todas essas passagens são interessantes, como uma revelação
do coração de Cristo, pois Ele é o “Deus da compaixão, a compai
xão que nunca falha”. Mas a última passagem é particularmente
interessante, pois nos dá uma visão das condições seculares
presentes e da idéia de Deus com relação a elas. Porque o que era
verdadeiro naquele dia na Galiléia ainda é verdadeiro em relação a
este mundo; e o que Cristo era, Ele ainda é. Consideremos, por um
momento, a passagem.
Jesus tinha ido para Sua própria cidade, Nazaré, e, mais tarde,
Ele foi dali para os distritos da circunvizinhança. Como resultado
de suas ministrações de cura, ele juntou uma grande multidão a
seu redor, constituída de homens, mulheres e crianças, e naquele
momento Ele não tinha como voltar, pois já era quase noite, mas ha
via ainda muitas necessidades físicas e espirituais que não tinham
sido tratadas. Este Jesus teve compaixão do povo durante todo o
dia, e isto é atestado por Suas palavras e atos. Mas agora, vendo a
multidão em uma condição lastimável, conforme o relato — porque
esta é a implicação — Ele teve uma compaixão peculiar por eles.
Ele viu que estavam famintos e cansados, como as ovelhas ficam no
fim do dia quando estão famintas e exaustas; ele viu também que
eles eram como um grande campo de colheita, cujo grão passou
da época, por falta de mãos para juntá-lo no seleiro, e estava se
estragando no talo. Então, — estas condições físicas sugerem a
espiritual — aconteceu que o grande o coração revelou Seu desejo,
e ali começou o apelo com um clamor comovedor, “Rogai, pois,
ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”
(Mt 9.38).
Não insinuaríamos, por um momento sequer, que não havia
nenhuma causa suficiente na presença da multidão naquele dia
Quais motivos missionários devem prevalecer?
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Os fundamentos
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Quais motivos missionários devem prevalecer?
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Consagração
48 (Êxodo 28.40-43)
R ev. H en ry W . F rost
Diretor Norte Americano da Missão no Interior da China
Editado por Arnold D. Ehlert, Th.D
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Consagração
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Os fundamentos
A terceira coisa que notei foi que a pessoa que devia ser
consagrada tinha que ter a vestimenta apropriada. Foi ordenado
a Moisés, antes de se apresentar para o ato da consagração, fazer
roupas de linho tanto as debaixo quanto as externas, e colocá-las
em Aarão e nos filhos de Aarão. Estas eram “as vestes sagradas
[...] para glória e ornamento” (Ex 28.2). E percebam a ordem das
palavras. Se Moisés, como mero homem, tivesse de escrever, ele
teria dito, as vestes sagradas para ornamento e glória; mas como
um homem inspirado pelo Espírito, ele disse, “as vestes sagradas
[...] para glória e ornamento”. Isto é importante, porque a ordem
das palavras nos dá a chave quanto ao significado das roupas. O
homem sempre procura colocar a beleza diante da glória, pois ele
argumenta que uma pessoa deve se tornar bela para que possa se
tornar gloriosa. Mas Deus não diz o mesmo, porque é impossível
para um homem se tornar belo, e, portanto, é impossível para ele se
tornar glorioso, e, desse modo, ele deve tornar-se glorioso para que
possa tornar-se belo. Em outras palavras, Deus só vê uma beleza
neste mundo; e essa é a glória de Seu Cristo; e, portanto, devemos
ser revestidos com Sua glória se queremos ser belos em Sua santa
presença. Esses pensamentos são amplamente confirmados por
uma comparação de Apocalipse 19.8 e 2Coríntios 5.21: “Pois lhe
foi dado [para a noiva] vestir-se de linho finíssimo, resplandecente
e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”;
“Aquele que não conheceu pecado, ele [Deus] o fez [Cristo] pecado
por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. Em suma,
se temos fé em Cristo, estamos vestidos com as roupas sacerdotais
e, portanto, podemos ser consagrados.
A quarta coisa que notei foi que Aarão e seus filhos, antes que
fossem consagrados, deviam ser ungidos. No capítulo seguinte,
nos versículos vinte e vinte e um, aprendemos o que era esta
unção. Primeiro, havia um carneiro de consagração que era morto
em sacrifício. Em seguida, seu sangue era colocado sobre a orelha
direita do sacerdote, o polegar direito e o dedo do pé direito do
sacerdote. E, finalmente, o óleo era colocado sobre o sangue. Note
os emblemas e a ordem. Não era o óleo, nem o sangue; era óleo e
sangue. E não era óleo, e depois sangue; era primeiro sangue, e
em seguida o óleo. Em outras palavras, havia primeiro o sinal de
apropriação por meio da redenção, depois havia o sinal da aceitação
para o culto sacerdotal e, finalmente, a autorização para esse culto.
524
Consagração
E, uma vez mais, aquele que crer em Cristo passou por esse pro
cesso. O crente é borrifado com o sangue precioso e é ungido com
o óleo santo, porque fomos comprados por um preço, o precioso
sangue de Cristo, e nós todos fomos batizados por um Espírito em
um corpo.
Tendo observado essas condições preliminares, cheguei por fim,
naquele domingo, à idéia da própria consagração. E ali me deparei
com uma grande surpresa. Tinha, como pensei, uma concepção
bastante clara do que era a consagração. Estava indo a um encontro
de consagração e lá me unindo com outros para nos entregar a Deus.
Ora, se isto não fosse o bastante, trancar-me em uma sala e ali fazer
resoluções e tomar votos para separar isto e aquilo, e receber isto e
aquilo, e, desse modo, para sempre ser o servo de Deus. Contudo,
notei à margem de minha Bíblia e vi diante da palavra “consagrar”
três palavras, “encher suas mãos”, e, não sabia, o que encher as
mãos tinha que ver com consagração. Assim foi que li o contexto
da passagem e cheguei ao capítulo vinte e nove, versículos vinte e
dois a vinte e quatro. E, assim, foi que aprendi o que significava a
verdadeira consagração, e o que ela deve sempre significar. Isso foi
o que encontrei. Moisés, depois de vestir e ungir Aarão e os filhos
de Aarão, tomou as vísceras do carneiro e sua coxa direita, como
também um pedaço de pão, um bolo assado com azeite e um pão
sem fermento da cesta e pôs tudo isto nas mãos de Aarão e seus
filhos. Então Aarão e seus filhos ficaram de pé e apresentaram
estes na presença do Senhor. E quando eles fizeram isto — nada
mais e nada menos — eles foram consagrados. Será que você está
admirado, de que quando li isto, fiquei surpreso? Quão diferente
era do que tinha imaginado. E mesmo, quão simples era. Embora
muito simples, é bastante profundo. Este cordeiro da consagração
simbolizava Cristo, porque estas ricas partes internas e a coxa
direita, bem forte, representam sua divindade eterna, e estas várias
porções de pão, feitas de trigo com farinha fina, manifestavam sua
humanidade sem fim. Em outras palavras, quando estes sacerdotes
ficavam de pé ali sustentando esses vários símbolos diante de
Deus, eles declararam —quer tenham entendido completamente
quer não — que seu único direito na presença santa era por meio da
redenção e do mérito eterno de Um outro; e que foi na vida e glória
desta Pessoa que eles apareceram e se dedicaram ao ministério
sacerdotal. E, quando Deus olhou do céu viu os símbolos elevados
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Os fundamentos
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Consagração
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Os fundamentos
diante dos homens. Mais tarde, ele se tornou editor de dois jornais
religiosos amplamente lidos, e professor sobre os escritos de
homens como Dr. Brookes, de St. Louis, Dr. Erdman, da Filadélfia,
Dr. Gordon, de Boston e o Sr. Moody, de Northfield. Ele morreu em
1872, mas seu nome ainda é mantido de forma reverente e grata
na lembrança de muitos dos santos mais espirituais de Deus, na
América e na Europa. O Sr. Inglis era por natureza um homem de
disposição orgulhosa e ambiciosa; mas ficou manifesto que, em sua
vida, se tornou verdadeiro que para ele viver era Cristo.
Um amigo meu — cujo nome não fornecerei — foi um homem
de negócios em uma de nossas grandes cidades americanas. Ele
era um hábil financeiro e tinha ficado rico. Assim, aconteceu que
ele estava vivendo em uma bela casa de pedras, situada em uma
avenida proeminente e luxuosa. Ao mesmo tempo, ele era cristão,
presbítero em uma igreja presbiteriana e, em geral, ativo em boas
obras. Foi assim, quando Sr. Hudson Taylor visitou sua cidade em
1888, esse meu amigo se ofereceu para hospedá-lo. A provisão foi
feita, e o Sr. Taylor ficou em sua casa por quase uma semana. Meu
amigo foi assim levado a ter contato íntimo com um homem de
Deus, alguém como ele jamais vira antes. Com o passar dos dias,
ele ficou grandemente impressionado com a piedade e simpatia da
vida diante dele. Finalmente, depois que o Sr. Taylor partiu para
outro lugar, meu amigo se ajoelhou e disse a Deus: “Senhor, se
Tu queres fazer de mim algo semelhante àquele pequeno homem,
eu te darei tudo que tenho”. E o Senhor tomou-o em sua palavra.
Daquele tempo em diante, sua vida espiritual se aprofundou e
se desenvolveu visivelmente. Por fim, um dia ele disse para sua
esposa: “Minha querida, você não acha que podemos viver em uma
casa mais barata do que esta, de maneira que possamos reduzir
nossos gastos e dar mais dinheiro ao Senhor?” Em seguida, ele
propôs que eles vendessem a propriedade, construíssem uma
casa mais barata e dessem o que pudessem economizar para as
missões estrangeiras. Felizmente, ele tinha uma esposa que era
uma verdadeira “colaboradora”, e ela, cordialmente, concordou
com a proposta. Assim, a antiga propriedade foi vendida, a nova
casa construída e a soma obtida foi dada ao Senhor para sua causa
no estrangeiro. Cerca de dois anos mais tarde, meu amigo falou no
vamente para sua esposa, desse modo: “Querida, estou preocupado
por causa dessa casa. O arquiteto me pediu mais dinheiro do que
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Consagração
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49 O romanismo é cristianismo?
T. W . M e d h u r s t
Glasgow, Escócia
Revisado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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O romanismo é cristianismo?
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Os fundamentos
Ele nos conta que Roma recebe “As Sagradas Escrituras” e “As
tradições não escritas [...] preservadas em contínua sucessão na
Igreja Católica, com igual afeto de piedade e reverência” (Sessão 4);
também que “ninguém pode ousar interpretar as Sagradas Escri
turas” de um modo contrário à “igreja, que deve julgar, respeitando
o verdadeiro sentido e interpretação das Escrituras Sagradas”. Nem
é possível interpretá-las “de uma maneira contrária ao consenso
unânime dos padres” (Sessão 4).
Cristo nos ordena a julgar “todas as coisas” (lTs 5.21); a exa
minar “as Escrituras” (Jo 5.39); averiguar por nós mesmos, como
fizeram os bereanos, se o que ouvimos está de acordo com o que
lemos nas Escrituras (At 17.11). Ele nos ordena a manter “o padrão
das sãs palavras”, proferida por Ele mesmo e Seus apóstolos, (2Tm
1.13); para exortar para que batalhassem, “diligentemente, pela
fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3; grifo
do autor). Mas Roma diz, “Ninguém ouse fazer assim” — que
todos os príncipes cristãos [...] façam os homens observar”
nossos decretos (Sessão 16), nem “permitam” que eles sejam
“violados pelos hereges” (Sessão 25). O romanista não deve
ousar ter uma opinião própria; pois sua mente deve existir
em estado de completa prostração e escravidão; ele não deve
tentar compreender por si as Escrituras. E se outros o tentarem
— se ele ousar receber o ensino e fazer a vontade de Cristo, em
vez de receber ficções e obedecer às ordens dos homens, que
subvertem completamente e destroem a verdade e a vontade de
Jesus, Roma ordena ao regente civil que os detenha e, por meio
de multas, prisão e morte, os compila, se possível, a renunciar ao
que Deus exige que mantenham e sigam, até mesmo se for para
perder a vida por isso.
“A Bíblia, toda a Bíblia, nada senão a Bíblia” é o padrão e regra
do cristianismo. Conhecer seu significado por nós mesmos, rece
ber seu ensinamento, confiar em suas promessas, confiar em seu
Redentor, obedecê-Lo com delícia de amor e recusar seguir outro
ensinamento, isto é cristianismo. Mas o romanismo nega tudo isso;
portanto, o romanismo não é cristianismo.
E m s e g u n d o l u g a r , C r i s t o n o s o r d e n a a m o s t r a r “ m a n s id ã o ”
(2Tm 2.25). Ele diz:
p a r a com a q u e le s q u e n o s s ã o c o n t r á r io s
“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem” (Mt5.44).
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O romanismo é cristianismo?
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Os fundamentos
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O romanismo é cristianismo?
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Os fundamentos
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O romanismo é cristianismo?
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Os fundamentos
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O romanismo é cristianismo?
seu abraço. O Filho estará pronto para dar perdão gratuito, pleno e
completo a todo pecador redimido, e justificar todo aquele que vêm
a Deus por meio Dele. O Espírito Santo está pronto para santificar,
renovar, instruir e ajudar a todos que invocam o nome do Senhor.
A assembléia dos pecadores salvos na terra está pronta para dar as
boas-vindas a vocês, para que participem de sua comunhão e de sua
alegria. Os anjos estão prontos, com harpas afinadas e dedos sobre
as cordas, para dar a vocês uma recepção triunfante, regozijando-
se por você com alegria. Venha como está; venha imediatamente.
“E o que vem a mim”, diz Cristo, “de modo nenhum o lançarei fora”
(Jo 6.37; grifo do autor).
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R ev. J. M . F o s te r
Boston, Massachusetts
Revisado e Editado porArnold D. Ehlert, Th.D.
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Roma, a antagonista da nação
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Os fundamentos
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Roma, a antagonista da nação
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Roma, a antagonista da nação
não pode ler qualquer livro que não tenha essa aprovação; ele,
portanto, é obrigado a não ler algo que seja contrário à doutrina
católica. Em caso de dúvida, supõe-se que ele deva consultar seu
padre. Há o famoso “Index Librorum Prohibitorum” [índice dos
Livros Proibidos], que tem centenas de anos de idade e é revisto
de tempos em tempos, mas a maioria dos títulos nesse catálogo
não são livros em língua inglesa. Pressões locais e gerais são fei
tas sobre alguns livros de autores protestantes, que são inimigos
dos interesses católicos, os quais constituem a parte mais efetiva
e geral da censura. Os católicos que lêem livros condenados são
culpados de pecado grave.
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Os fundamentos
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Roma, a antagonista da nação
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51 A Igreja verdadeira
John C. R y l e , D.D.
Bispo de Liverpool
Editado por Charles L Feinberg, Th.D.
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A Igreja verdadeira
que deveriam ter sido seus amigos. Sua existência não depende de
nada mais do que a presença de Cristo e Seu Espírito; e eles estão
sempre com ela, assim a Igreja não pode morrer.
Essa é a Igreja para a qual os títulos escriturais de honra e
privilégios atuais e as promessas da glória futura, em especial,
pertencem. Este é o corpo de Cristo; este é o rebanho de Cristo.
Esta é a casa da fé e a família de Deus. Este é o edifício de Deus, o
fundamento de Deus e o templo do Espírito Santo. Esta é a igreja do
primogênito cujo nome está escrito nos céus. Este é o sacerdócio
real, a geração escolhida, o povo particular, a possessão adquirida,
a habitação de Deus, a luz do mundo, o sal e o trigo da terra. Esta é
a “Santa Igreja Católica” do Credo Apostólico; esta é a “Única Igreja
Católica e Apostólica” do Credo de Nicéia. Esta é aquela igreja à
qual o Senhor Jesus promete que “as portas do inferno não prevale
cerão contra ela”, e sobre a qual Ele diz, “E eis que estou convosco
todos os dias até à consumação do século”, (Mt 16.18; 28.20).
Esta é a única igreja que possui a verdadeira unidade. Seus
membros estão completamente de acordo sobre todos os assuntos
mais centrais da fé, porque todos eles são ensinados por um mesmo
Espírito: aprendem sobre Deus, Cristo, o Espírito, o pecado, seus
próprios corações, a fé, o arrependimento, a necessidade de santi
dade, o valor da Bíblia, a importância da oração, a ressurreição e
o julgamento futuro — assim, sobre todos estes pontos, eles têm
um só pensamento. Tomemos três ou quatro deles, estranhos
uns aos outros, dos cantos mais remotos da terra; examinemo-los
separadamente sobre estes pontos e descobriremos em todos eles
um só julgamento.
Esta é a única Igreja que possui a verdadeira santidade. Todos
seus membros são santos. Eles não são apenas santos por profis
são, santos no nome, santos no julgamento da caridade; eles todos
são santos em atos, ações, realidade, vida e verdade. Todos eles são
mais ou menos conformados à imagem de Jesus Cristo. Nenhum
homem profano pertence a esta Igreja.
Esta é a única Igreja que é verdadeiramente católica. Ela não é a
igreja de qualquer nação ou povo; seus membros são encontrados
em todas as partes do mundo onde o evangelho é recebido e aceito.
Ela não está confinada dentro dos limites de qualquer país, ou
encerrada dentro de qualquer recinto de qualquer forma particular,
ou dirigida por um governo externo. Nela não há diferença entre
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Os fundamentos
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A Igreja verdadeira
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52 Os propósitos da encarnação
Rev. G. C a m p b e l l M o r g a n , D.D.
Pastor da Capela de Westminster, Inglaterra
Revisado por Gerald B. Stanton , Th. D.
Revelar o Pai
“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio
do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18). “Quem me vê a mim vê o Pai”
(Jo 14.9).
Esta última, a declaraçao do próprio Cristo em relação à verdade
deste assunto, é caracterizada pela simplicidade e sublimidade.
Entre todas as coisas que Jesus disse com relação ao Seu rela
cionamento com o Pai, nenhuma é mais abrangente, inclusiva e
exaustiva do que esta.
As últimas horas de Jesus com seus discípulos estavam passando
rapidamente. Ele estava lhes falando, e por quatro vezes mais eles
o interromperam. ‘Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai,
e isso nos basta” (Jo 14.8). A interrupção de Felipe foi devido, em
primeiro lugar, à convicção da relação de Cristo, de algum modo,
com o Pai. Ele tinha estado muito tempo com Jesus a ponto de se
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53 A filosofia moderna
P h il ip M au r o
Procurador de Justiça, Nova York
Revisado e editado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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A filosofia moderna
A filosofia definida
A razão para isso pode ser percebida, de um modo geral, pelo
menos, quando averiguamos o que é a filosofia, a saber, a ocupação
da tentativa de inventar, pelo exercício da razão humana, uma
explicação para o universo. E uma ocupação interminável, porque
se a explicação que a filosofia está sempre procurando fosse
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Os fundamentos
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A filosofia moderna
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Os fundamentos
Frutos da filosofia
Seria bem possível, para alguém que teve o deleite e a curiosi
dade exigidos, traçar os principais desenvolvimentos da filosofia
e examinar as muitas diferentes “escolas” às quais ela tem dado
força no período destes vários milhares de anos. Ao fazer isso,
ele descobriria que a filosofia consiste na busca do inatingível,
e que, entre todos os variados campos da atividade humana, não
há nenhum que tenha testemunhado tal gasto estéril e absoluta
mente fútil de energia como o campo da filosofia especulativa.
Um filósofo de renome declarou que a “filosofia tem sido um falso
aroma desde os dias de Sócrates e Platão”. Este dizer acerca de
um falso aroma por mais de dois mil anos certamente não é um
relato do qual devemos nos orgulhar; embora seja verdade que,
até onde os resultados alcançam, a filosofia não tem nada mais
encorajador do que isto para oferecer como uma encorajamento
para se engajar nela.
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A filosofia moderna
Dualismo e panteísmo
Ao limitar nossa atenção, portanto, às filosofias teístas, encon
traremos várias classes destas, a saber, “a dualista” e “a panteísta”.
O dualismo é o nome que os filósofos atribuem àqueles sistemas
que sustentam que Deus (ou a “Causa Primeira”) criou o universo
como um ato de sua vontade, mas tem uma existência distinta e
aparte dele. Esses sistemas são chamados “dualistas”, porque eles
consideram Deus como uma entidade, e o universo ou a criação
como outra entidade, assim, há duas entidades. O leitor deve enten
der claramente que quando um professor instruído de filosofia fala
de “dualismo”, ele tem em mente também o cristianismo.
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Os fundamentos
Monismo e pluralismo
O panteísmo, por outro lado, sustenta que Deus e o universo
são uma e a mesma coisa. Há várias variedades de panteísmo que
têm seguidores entre os filósofos, e, g., o monismo e o pluralismo.
O monismo é o sistema que assume como a base da realidade um
“absoluto” ou a “onisciência” — uma monstruosidade que com
preende em seu vasto ser todas as coisas e todas as suas relações
e atividades. O monismo, portanto, afirma que há apenas uma
entidade. Deus não tem existência aparte do universo e jamais teve.
Este, portanto, é eterno, e não houve nenhuma criação.
A situação atual
Para obter, para nossa consideração, uma afirmação justa e
precisa da posição da recente filosofia, faremos referência às
conferências de Hibbert, de 1909, sobre “A Atual Situação da Filo
sofia”, proferida pelo Professor William James, da Universidade de
Harvard, no Manchester College, em Oxford. Essas conferências
foram publicadas em um volume intitulado, A Pluralistic Universe
[Um Universo Pluralista] (Longmans, Green).
O professor James é um dos raros filósofos de destaque que rejei
tam o ensinamento do monismo. Ele defende uma teoria nomeada
“pluralismo”, da qual uma boa idéia pode ser obtida das seguintes
citações. E de primordial importância para que aprendamos com
o professor James qual é o status atual do dualismo, pois, como
vimos, esta classe abrange o cristianismo fora de moda, a saber,
o bíblico. Quanto a isto ele diz: “O teísmo dualista é professado,
como jamais o fora antes, em todas as cadeiras de ensino católico,
ao passo que, nos últimos anos, há uma tendência a desaparecer de
nossas universidades britânicas e americanas para ser substituído
por um panteísmo monista, mais ou menos aberto ou disfarçado”
(op. cit., p. 24).
De acordo com essa autoridade competente, as faculdades
católicas romanas são as únicas que afirmam, conforme a Bíblia,
a criação e o governo do universo, a origem das criaturas vivas, in
cluindo o homem, a origem do mal, etc., e, até mesmo, “professam”
esses eventos. As grandes universidades da Inglaterra e da Améri
ca que foram fundadas com o propósito de manter as doutrinas das
Escrituras, para divulgar o conhecimento delas como a revelação
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A filosofia moderna
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Os fundamentos
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A filosofia moderna
Buda ou Cristo?
E essencial proclamar esse alerta concernente a um sistema de
filosofia que, em suas várias formas, tem impedido que a verdadeira
doutrina de Cristo prevaleça em nossas universidades. Já declaramos
que esse sistema reinante, que muda agora o domínio na Inglaterra e
nos EUA, outrora indiscutível e predominantemente países cristãos,
é o panteísmo que tem florescido por milhares de anos como o culto
religioso filosófico da índia. Vimos como o Professor James condes-
cende ao comentário hindu sobre a doutrina bíblica da criação e se
alia a ela. Se o teste de uma doutrina é o modo como que ela é aceita
pelos hindus, seria bastante lógico ir a eles para a interpretação do
universo que deve ser ensinado em nossas escolas e faculdades.
Os filósofos de hoje não têm, portanto, nada a oferecer a nós,
que nossos ancestrais não entendessem tão bem quanto eles, ou
que nossos ancestrais não fossem tão livres para escolher como
nós. Será que nossos ancestrais, portanto, preferiram o pior, em vez
do melhor, quando escolheram e fundaram grandes universidades
para preservar as doutrinas ensinadas por Jesus Cristo e seus após
tolos, em vez das doutrinas associadas com o nome de Buda (como
eles poderiam ter feito)? Nossos professores de filosofia de hoje
parecem dizer isso. Mas se ainda permanece qualquer juízo no ho
mem do século vinte, ele se lembrará — antes de aquiescer, mesmo
que levemente, com a remoção dos antigos fundamentos — que o
que quer que possa ser considerado superioridade na ordem social
da Inglaterra cristianizada sobre a da índia panteísta é devido à
escolha que nossos ancestrais fizeram quando aceitaram o ensino
do evangelho de Cristo, e ao fato de que toda geração subseqüente,
até hoje, ratificou e aderiu firmemente a essa escolha.
Responsabilidade nacional
Aprendemos com a Bíblia e com a história secular que Deus não
apenas trata tanto com indivíduos com base no privilégio e respon
sabilidade, mas também com as nações. Devido aos extraordiná
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54 O conhecimento de Deus
O homem que não conhece Deus, ainda não começou a viver. Ele
come, bebe, casa-se, acumula uma fortuna ou é coroado; mas ele não
entrou naquela vida melhor, de grandes esperanças e nobres propó
sitos e aspirações, que nos faz dignos de nosso direito de nascimento
divino. Porque “a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
Ter uma relação adequada com Deus é literalmente uma questão
de vida ou morte. Todas os “ismos” são dignos para ser aprendidos,
mas a TEOLOGIA é indispensável. Devemos conhecer a Deus.
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O conhecimento de Deus
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O conhecimento de Deus
pequena fé?” (Mt 6.30). Na persuasão deste fato, Ele nos encoraja
a orar, dizendo, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Oh, grande coração do Infinito, rápido
para responder a todo nosso clamor por ajuda! A doutrina da ora
ção, como ensinada por Jesus, é a simplicidade. Devemos recorrer
a Deus com nossos desejos como crianças recorrem a seus pais:
“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas
aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11). Quanto aos atributos morais de
Deus, o ensino de Jesus não é apenas claro, mas muito enfático,
pois nesse ponto Ele toca de forma vital em nosso bem-estar eter
no. A santidade divina não é apresentada tanto como um atributo,
mas como a condição do ser de Deus. E a luz que emana de Seu
trono, do qual Cristo é a suprema manifestação. Cristo disse: “Eu
sou a luz do mundo” (Jo 8.12); e esta luz deve sempre se refletir
na vida de seus discípulos, conforme Ele disse, “Vós sois a luz do
mundo. [...] Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que
está nos céus” (Mateus 5.14,16). Esta santidade não é meramente a
liberdade da contaminação moral, mas uma aversão sensível ao pe
cado que torna impossível para Deus olhar com complacência para
qualquer criatura que esteja maculada por ele. Conseqüentemente,
há o apelo ao cultivo de uma vida santa, visto que sem santificação
“ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
Dessa atmosfera de santidade procedem dois atributos que,
como braços abertos, abraçam o mundo. Um deles é a justiça, ou
o que diz respeito à lei. Nenhum mestre que já viveu, nem mesmo
Moisés, enfatizou tão profundamente, como Jesus Cristo o fez, a
integridade da lei moral. Ele não apenas defendeu a própria lei, mas
as penalidades fixadas para sua violação. O decálogo, no que toca à
inviolabilidade da lei, não é tão severo na acusação do pecado como
o Sermão do Monte.
O outro dos braços estendidos é o amor. A plenitude do amor
divino é apresentada nas palavras de Jesus: “Quando orardes, di
zei: Pai ” (Lc 11.2). Madame de Stáel, sabiamente, observou que se
Jesus jamais tivesse feito qualquer coisa no mundo exceto nos ensi
nar o “Pai Nosso”, Ele já teria conferido um benefício inestimável a
todos os filhos dos homens. O amor de Deus é manifesto nos dons
incessantes de Sua providência; mas seu símbolo de coroamento é
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Os fundamentos
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O conhecimento de Deus
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55 A ciência da conversão
R e v . H . M. S y d e n s t r ic k e r , P h .D.,
West Point, Mississippi,
Editado por Arnold D. Ehlert, Th.D.
O caso declarado
A penetração da investigação científica nas regiões antes des
conhecidas das coisas é uma das maravilhas desta era. Todos os
departamentos de criação estão rendendo seus segredos ao olhar
pesquisador da ciência.
As causas das coisas estão sendo buscadas, não somente no
mundo natural, mas em todos os domínios, de maneira que as
coisas podem ser mais correta e diretamente trazidas à vontade
humana. As operações invisíveis pelas quais os poderosos resul
tados são produzidos são forçadas a render-se e a contar seus
O caso diagnosticado
Um diagnóstico cuidadoso do caso em consideração poderá nos
ajudar na busca de uma resposta científica para nossa investigação.
Conhecer o paciente, e, em especial, conhecer de modo preciso
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A ciência da conversão
A hipótese divina
Em vista desse caso aparentemente desesperado, qual é a
hipótese divina a respeito dele? O que o plano divino contempla? E
bem evidente que o objetivo final da hipótese divina é livrar-se do
pecado. Mas para livrar-se do pecado, devemos também nos livrar
do pecador, de outro modo o pecado permanece.
603
Os fundamentos
Os meios descobertos
Após afirmar que a hipótese de Deus e declarar que seus méto
dos são científicos, devemos, em seguida, descobrir os meios pelos
quais a obra deve ser realizada. Devemos lembrar que em todas
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A ciência da conversão
Os meios aplicados
Aqui é onde a ciência da conversão é manifestada de maneira es
pecial. Tudo na natureza deve ser feito de acordo com a maneira de
Deus, e a maneira de Deus é sempre científica, e todas as coisas são
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Os fundamentos
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A ciência da conversão
As condições impostas
Em todas as operações científicas existem condições que devem
ser obedecidas, caso contrário os resultados ou serão espúrios ou
desastrosos. Isto devido ao vasto número de conversões espúrias
e lapsos nas igrejas. Homens inescrupulosos e ignorantes que pro
curam exibir os números usam de todos os tipos de artimanhas e
todas as maneiras possíveis para produzir as conversões aparentes.
Como se o químico pudesse entrar em seu laboratório e juntar isto
e aquilo e esperar resultados corretos e científicos. Os resultados
corretos podem se dar acidentalmente, mas os resultados, quase
inevitavelmente, serão venenos e explosões. Será que o mesmo não
acontece em relação aos métodos não escriturais e não científicos
usados por muitos que posam como peritos em conversões, assim
como em relação aos pseudo-reavivamentos agora tanto em voga?
As condições impostas pela verdadeira conversão de almas são
tanto filosóficas quanto científicas, e, ao mesmo tempo, sumamente
graciosas e benevolentes, com o olhar sempre voltado para o bem
mais alto de todos, tanto em relação à alma que está sendo salva
quanto em relação ao obreiro por meio de quem os resultados são
obtidos.
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Os fundamentos
Os resultados obtidos
Os resultados obtidos na conversão de uma alma humana são
igualmente científicos com os meios usados para isso.
O resultado primário é um novo homem. Não um velho homem
transferido, mas um novo homem, possuído por uma nova vida e
dotado com novas e ampliadas possibilidades. Um homem com
uma nova visão tanto desta vida quanto da futura, a eterna. Um
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A ciência da conversão
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Os fundamentos
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O transcurso da evolução
P r o f. G eo rg e F. W r i g h t , D.D., L.L.D.
Faculdade de Oberlin, Oberlin, Ohio
Revisado e editado por Glenn 0 ’Neal, Ph.D.
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O transcurso da evolução
A origem da vida
Não é necessário dizer que essas conclusões devem repousar
sobre evidências bastante atenuadas, as quais não são permitidas
nas tarefas ordinárias da vida. Mas mesmo isto é apenas o início
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Os fundamentos
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O transcurso da evolução
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Os fundamentos
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Os fundamentos
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O transcurso da evolução
A origem do homem
O fracasso da evolução para explicar o aparecimento do homem
é conspícuo. No princípio da discussão darwiniana, Alfred Russel
Wallace, o mais destacado cooperador de Darwin, exemplificou
várias peculiaridades no homem que não teriam se originado
apenas por intermédio da seleção natural, mas que necessitariam
da interferência de um poder diretor superior.
Entre estas estão:
(a) a ausência de qualquer cobertura de proteção natural no
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Os fundamentos
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Os fundamentos
O argumento cumulativo
Agora, todas essas peculiaridades do homem, tanto no corpo
quanto na mente, para ser vantajosas, devem ter, ao mesmo tempo,
acontecido simultaneamente e em em quantidades consideráveis.
Supor que tudo isso ocorreu sem a intervenção da suprema mente
artificiosa é cometer um “suicídio” lógico. Essa oportunidade de
combinações está além de toda possibilidade da crença racional.
E justo acrescentar, no entanto, que Darwin jamais supôs que o
homem descendesse de qualquer espécie de macacos existentes;
mas ele sempre falou de nosso suposto ancestral como “seme
lhante ao macaco”, uma forma, da qual os macacos, conforme se
supunha, teriam se desenvolvido em uma direção diversa da do
homem. Todos os esforços, no entanto, de encontrar os vestígios
desses elos de ligação, como supõe essa teoria, fracassaram. O
crânio de Neanderthal era, de acordo com Huxley, capaz o bastante
de sustentar o cérebro de um filósofo. O Pitecantropo Erectus, de
Du Bois, tinha, como já salientamos, a forma ereta de um homem;
e, de fato, era um homem. Os esqueletos do homem pré-histórico
já descobertos não se diferem mais dos das raças atuais de homens
do que as diferenças existentes entre as raças e os indivíduos.
Em suma, tudo aponta para a unidade da raça humana e para o
fato de que, embora construído no padrão geral dos animais mais
elevados associados com ele nas últimas eras geológicas, ele se di
fere deles em muitos particularidades importantes, que, portanto,
se torna necessário supor que ele veio à existência como a Bíblia
relatou, pela criação especial de um único par, de quem todas as
variedades da raça derivaram.
E importante observar, além disso, em relação a esse assunto,
que o progresso da raça humana não foi uniformemente superior.
De fato, a degeneração das raças tem sido mais conspícua do que seu
avanço; apesar de o avanço ter sido principalmente por intermédio
da influência de forças externas. As primeiras artes da Babilônia
e do Egito foram melhores do que as posteriores. As concepções
religiosas das primeiras dinastias do Egito foram mais altas do
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O transcurso da evolução
Conclusão
O título desta dissertação talvez não seja apropriado. Pois, sem
dúvida, o transcurso da atual fase da evolução não é final. Teorias
da evolução têm perseguido umas às outras em relação à rápida su
cessão ocorrida em milhares de anos. A evolução não é uma coisa
nova na filosofia, e a fragilidade da natureza humana é tamanha
que não é provável que desapareça de repente entre os homens.
A loucura da última metade do século 19 é pouco mais do que a
recrudescência de uma filosofia que dividiu a opinião dos homens
desde os primeiros tempos. Tanto na mitologia do Egito quanto na
mitologia indiana Oriental, o mundo e todas as coisas que foram
desenvolvidas nele a partir de um ovo; e o mesmo acontece com os
mitos polinésios. Mas os polinésios tinham de ter um pássaro para
botar esse ovo, e os egípcios e os brâmanes tinham de ter algum
tipo de divindade para criar os seus. Os filósofos gregos se esfor
çaram para resolver o problema sem chegar a qualquer conclusão
mais satisfatória. Anaximandro, como o Professor Huxley, atribuiu
o início a um “infinito”, que se transformava gradualmente em um
tipo de “lama” prístina (alguma coisa como a explosão bathybius,
de Huxley), de onde tudo mais evoluiu; Tales de Mileto procurou
pensar na água como a mãe de todas as coisas, e Anaxímenes pra
ticamente deificava o ar. Diógenes imaginou uma “mente material”
(alguma coisa como os biophoros, de Weissmann, as “gêmulas de
Darwin, que tinham de afinidade umas com as outras”, e as “molé
culas vitalizadas” de Spencer) que agia como se tivesse inteligência;
Heráclito pensava que o fogo era o único elemento puro suficiente
para produzir a alma do homem. Essas especulações culminaram
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O valor apologético
das epístolas de Paulo
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Pastor do Tabernáculo de Spurgeon, Londres
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A eficácia divina da oração
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A eficácia divina da oração
Intercessão
Há um aspecto da oração ao qual particular atenção necessita
ser evocada, por ser fortemente enfatizado na Palavra e ser menos
usado em nossa vida diária, a saber, a intercessão.
Essa palavra, com o que a subjaz, tem um uso e significado
único nas Escrituras, pois difere da súplica, primeiramente nisto,
de que a súplica faz principalmente referência ao suplicante e à
sua própria provisão; e, novamente, porque a intercessão não
somente se importa com os outros, mas implica a necessidade
total de interposição divina direta. Há muitas orações que, em
suas respostas, permitem nossa cooperação e implicam nossa
atividade. Quandooramos: “Dai-nos hoje nosso pão de cada dia”,
vamos trabalhar para ganhar o pão pelo qual oramos. Essa é a
lei de Deus. Quando pedimos a Deus para nos livrar do mau,
esperamos estar sóbrios e vigilantes e resistir ao adversário. Isso
é certo; mas nossa atividade em muitas outras questões impedem
a plena exibição do poder de Deus e, conseqüentemente, também
nossa impressão a respeito de Sua obra. As convicções mais
profundas da resposta à oração a Deus são, portanto, forjadas nos
casos em que, devido à natureza das coisas, somos impedidos de
toda atividade para promover o resultado.
A Palavra de Deus nos ensina que a intercessão com Deus é mais
necessária nos casos em que o homem é mais impotente. Elias nos
é apresentado como um grande intercessor, e, para exemplificar
isso, há o relato de sua oração pedindo por chuva. Contudo, nesse
caso, ele só poderia orar, não havia nada mais que ele pudesse fazer
para abrir os céus depois de três anos e meio de seca. E não há
um toque de poesia divina na forma pela qual veio a resposta? A
nuvem que se levantou do mar tomou a forma da “palma da mão
do homem” (lRs 18.44), como para assegurar ao profeta que Deus
viu e atendeu à mão suplicante, elevada a Ele em oração! Daniel
era impotente para demover o rei ou reverter seu decreto; tudo que
ele podia fazer era pedir “misericórdia ao Deus do céu sobre este
mistério” (Dn 2.18); e foi porque ele não podia fazer nada mais, não
podia nem mesmo supor a interpretação, já que ele nem mesmo
conhecia o sonho — que ficou absolutamente claro, quando tanto o
sonho quanto seu significado se tornaram conhecidos, de que Deus
tinha se interposto, e, assim, até o próprio rei pagão viu, sentiu e
confessou.
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Os fundamentos
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A eficácia divina da oração
A verdadeira oração
Nosso Senhor ensinou uma grande lição em Mateus 18:19. Ele
disse: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre
a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura,
pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus”. O
acordo ao qual se refere não é de um mero pacto humano, nem
mesmo solidariedade; é sinfonia.
Sinfonia é a combinação de sons em um acorde musical e
depende das leis fixas da harmonia. Não pode ser assegurada
por qualquer arranjo arbitrário. Ninguém que toque seus dedos
acidentalmente ou descuidadamente sobre as cordas de um ins
trumento musical produz a sinfonia de sons. Tal toque acidental só
pode evocar desacordo intolerável, pois o toque só será agradável
quando regulado pelo conhecimento dos princípios da harmonia.
Na verdade, há uma necessidade mais profunda, isto é, de que as
teclas tocadas devam estar afinadas com o instrumento inteiro. Duas
condições, portanto, são necessárias; primeiro, que uma mão hábil
afine todo o instrumento; e, depois, uma mão igualmente habilido
sa toque os acordes que são capazes de produzir o que é chamado
de um “verdadeiro acorde”.
Esta linguagem evidencia o desígnio divino. Ele está ensinando
uma grande lição sobre o mistério da oração, que igualmente exige
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A eficácia divina da oração
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Os fundamentos
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A eficácia divina da oração
que torna Deus real — a mais alta realidade e verdade; e que nos
envia de volta ao mundo com a convicção e a consciência de que Ele
está em nós e é poderoso para operar em nós, e por intermédio de
nós, os instrumentos Dele, de maneira que nada será impossível ao
instrumento, porque o operador do instrumento sustenta e maneja
a arma.
O poder dessa oração desafia toda a competição ou imitação
pelas formas mais perfeitas de liturgia. Quem pode copiar ou pin
tar, com um mero pincel e pigmentos, a chama aprisionada de uma
pedra preciosa inestimável. Ou quem pode falsificar a fotosfera do
sol com giz amarelo! Há uma chama de Deus que ilumina a oração
por dentro; há brilho e luz e calor na vida que pode ser acesa apenas
pela brasa do altar dourado que está diante do trono. São poucos os
que encontram seu caminho até lá e conhecem o poder flamejante;
mas, àqueles poucos, a igreja e o mundo devem a transformação e
as efusões poderosas (Ap 8).
O galvanismo químico possui essa peculiaridade, de que um
aumento de seus poderes não pode ser obtido pelo aumento das
dimensões das células da bateria, mas é possível alcançar esse
efeito se o número de células for aumentado.
Necessitamos de mais intercessores, se tivermos de aumentar
nosso poder. O número de células deve ser aumentado. Mais
pessoas de Deus devem aprender a orar. Os inimigos são muitos
para que poucos contendam com eles, mas os intercessores são
fortalecidos por Deus. A variedade do desejo e da aflição humanos,
os milhões de não salvos que estão espalhados, o amplo território a
ser coberto pela intercessão — todas essas e outras considerações
semelhantes exigem forças multiplicadas. Cada ser humano tem
apenas um conhecimento muito limitado da necessidade humana.
Nosso círculo individual de pessoas é, comparativamente, muito
estreito, e, portanto, até mesmo o espírito mais poderoso na oração
não pode inspecionar todo o campo. Mas quando, em todas as
partes do território destituído, se multiplicam os suplicantes, até
mesmo esses círculos estreitos, colocados lado a lado e grande
mente sobrepostos, cobrem o amplo campo da necessidade. Nosso
próprio conhecimento pessoal, e limitado, e a gama de compreensão
inteligente se encontram e se tocam com almas semelhantes e
solidárias, de maneira que o que não vemos, nem sentimos, ou
até mesmo os motivos de oração, chamam a atenção de outros de
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A rthur T. P ie r s o n , D .D .
Pastor do Tabernáculo de Spurgeon, Londres
Revisado e editado porArnold D. Ehlert, Th. D.
O princípio da administração
A base do ensino de Cristo sobre dinheiro é a concepção funda
mental da administração (Lc 12.42; 16.1-8). Não somente o dinheiro,
mas todo dom de Deus, é recebido em confiança para uso Dele. O
homem não é dono, mas fiduciário, pois apenas administra os bens e
as propriedades de outro, de Deus, que é o único proprietário original
e inalienável de tudo. As duas coisas requeridas dos administradores
são que eles sejam “fiéis e sábios”, que eles se apliquem ao empregar
os dons de Deus com fidelidade e sagacidade — fidelidade para que a
confiança de Deus não seja pervertida pela auto-indulgência; sagacida
de, para que eles sejam convertidos em ganhos, os maiores possíveis.
Esse é um princípio básico perfeitamente plano e simples,
contudo não é o fundamento aceito de nossa fabricação e uso do
dinheiro. A grande maioria, mesmo de discípulos, praticamente
deixa Deus de fora de suas idéias, quando eles se ocupam de
finanças. Os homens se consideram donos; eles “fazem dinheiro”
por seu trabalho, economia e astúcia; portanto, consideram que
esse dinheiro é deles para fazer o que desejam com ele. Há pouco
ou nenhum sentido de administração ou de obrigação. Se eles dão,
isto é um ato, não de dever, mas de generosidade; esse ato não
está debaixo da lei, mas debaixo da graça. Conseqüentemente,
não há inconsistência no acumular ou gastar vastas somas para
fins mundanos, reservando uma fração insignificante para os
propósitos benevolentes. Esses métodos e noções seriam virados
completamente de cabeça para baixo, se os homens pudessem
pensar em si mesmos como administradores, responsáveis, para
com o Mestre, por terem desperdiçado seus bens. O grande dia
do acerto de contas trará uma conta terrível, não somente para os
esbanjadores, mas para os acumuladores; porque até mesmo os
servos infiéis devolvem o talento ao seu senhor, mas sem lucro, e a
condenação foi por não ter usado esse dinheiro para aumentar os
bens que lhe foram confiados.
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O ensino de nosso Senhor a respeito do dinheiro
O princípio do investimento
Nos ensinos de nosso Senhor, encontramos esse princípio de
investimento: “Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro
aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu”
(Mt 25.27). Trocar dinheiro e investir são transações antigas. Os
“banqueiros”, como Lucas traduz, são os antigos trapezitae7, que
recebiam dinheiro em depósito e pagavam por seu uso, como
algumas instituições modernas de poupança. O argumento de
nosso Senhor refuta o servo infiel em sua própria declaração, pois
sua atitude não serviu como desculpa, mas pretexto. Não é verdade
que ele não ousou arriscar negociar por sua própria conta; por
que a ausência desse risco, ao não emprestar aos comerciantes
profissionais, demonstrou uma falta moderada de interesse por seu
Mestre? Não foi medo, mas a indolência que esta por trás de sua
infidelidade e sua inutilidade.
Portanto, isso nos ensina indiretamente uma lição valiosa, a
saber, que almas tímidas, não preparadas para o serviço ousado
e independente em favor do Reino, podem associar essa incapaci
dade à capacidade e sagacidade de outros que usam seus dons e
possessões para servir o Mestre e Sua Igreja.
James Watt, em 1773, fez uma parceria com Matthew Boulton, de
Soho, para a manufatura de máquinas a vapor — Watt, entrou com a
idéia, e Boulton, com o dinheiro. Isso exemplifica o ensino de nosso
Senhor. O administrador tem dinheiro, assim como pode ter outros
dons, dos quais pode fazer uso, mas carece de fé e previsão, energia
e sabedoria prática. Os “cambistas” do Senhor podem mostrar-lhe
como ganhar para o Mestre. Os administradores da igreja são os
banqueiros de Deus. Eles são compostos de homens práticos, que es
tudam como e onde colocar o dinheiro para os melhores resultados
e os maiores rendimentos, e quando eles são o que eles devem ser,
eles multiplicam o dinheiro muitas vezes com resultados gloriosos. A
igreja existe, em parte, para que a força de um membro possa ajudar
a fraqueza do outro e para que, pela cooperação de todos, o poder do
menor e do mais fraco possa ser aumentado.
A subordinação do dinheiro
Um outro princípio muito importante é a subordinação do
dinheiro, como ensinado e ilustrado, de forma enfática, com a
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Os fundamentos
A lei da recompensa
Ascenderemos um passo a mais e consideraremos o ensino de
nosso Senhor quanto à lei da recompensa. “Dai, e dar-se-vos-á”
(Lc 6.38). Somos ensinados que adquirir é para dar e, por
conseguinte, que dar é o caminho real para adquirir. Deus é um
economista. Ele confia seus dons maiores àqueles que usam bem
os menores. Talvez uma razão para nossa pobreza é que somos
escravos da parcimônia. O futuro pode revelar que Deus não nos
tem dado, porque não damos a Ele.
Qualquer estudante cuidadoso do Novo Testamento dificilmente
pode dizer que nosso Senhor encoraja Seus discípulos a procurar
a riqueza terrena ou a pedir por ela. Contudo, é igualmente certo
que centenas de almas devotas, que escolheram voluntariamente a
pobreza para sua segurança, receberam imensas somas para sua
obra. George Müller conduziu, por mais de sessenta anos, iniciati
vas que exigiam pelo menos cento e vinte e cinco mil dólares por
ano. Note-se também as experiências de William Quarrier e Hud-
son Taylor, assim como D. L. Moody e dr. Barnardo. Esses servos
de Deus sustentaram tudo que faziam para Deus, gastando pouco
ou nada com eles próprios e, desse modo, acabaram por receber
e usar milhões para Deus; e, em alguns casos, como o de Müller,
sem qualquer apelo aos homens, olhando apenas para Deus. Este
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O ensino de nosso Senhor a respeito do dinheiro
Bem-aventurança superior
Agregada a essa lei de recompensa está a lei da bem-aventurança
superior. “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20.35). Paulo
cita isto como um dizer de nosso Senhor, mas isto não é encontrado
em nenhuma narrativa dos evangelhos. Se ele queria apenas
indicar o que é substancial no ensino de nosso Senhor, ou estava
preservando algumas palavras preciosas de nosso Grande Mestre,
que não foram, de outro modo, registradas, isso não é importante.
Basta que esse dizer tenha a autoridade de Cristo. Qualquer que seja
a bem-aventurança a receber, a de dar pertence a um plano mais alto.
Qualquer que seja a quantia que eu ganhe, e qualquer bem que me
seja entregue, somente eu sou beneficiado; mas o que dou, leva o
bem a outros — a muitos, não a um. Mas, por um decreto singular
de Deus, o que retenho para mim mesmo pelo amor de outros, volta
para mim em bênção maior. E como a umidade que a primavera
concede para riachos, que evapora, mas retorna em forma de chuvas
para prover os mesmos riachos que alimentam a própria primavera.
653
Os fundamentos
Desinteresse na doação
Ainda daremos mais um passo no tocante à lei do desinteresse
na doação. “Fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga”
(Lc 6.35). Muito do que é dado não é dado, mas apenas emprestado
ou trocado. Aquele que dá a outro, de quem ele espera receber no
vamente, está comercializando. Ele está procurando ganhar, é um
egoísta. O que ele esta promovendo não é a melhoria do outro, mas
sua própria vantagem. Convidar à mesa aqueles que o convidarão
novamente é simplesmente como se fosse feito um trato baseado na
coragem de pedir um favor semelhante quando for preciso. Isso é
reciprocidade, e pode ser que signifique até mesmo um cálculo.
A doação verdadeira tem apenas um objetivo em vista, o bem,
e conseqüentemente empresta para aqueles que não podem e não
reembolsarão, aqueles que são destituídos do poder de reembolsar
e também muito degradados, talvez, para apreciar o que é feito para
eles. Essa é a doação proporcionada pelo amor.
Portanto, a pergunta: “Valerá a pena?”, trai o espírito egoísta.
O doador mais nobre e mais verdadeiro é aquele que pensa apenas
na bênção que pode levar a outro corpo e alma. Ele lança seu pão
sobre as águas. Ele ouve o clamor do desejo e da aflição, mas se
importa apenas em suprir o desejo e em suavizar a aflição. Este
tipo de doação mostra a bondade de Deus e, por ela, alcançamos a
perfeição da benevolência.
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O ensino de nosso Senhor a respeito do dinheiro
Doação santificada
Nosso Senhor anuncia também uma lei de santificação. “0 altar
que santifica a oferta” — a associação concede dignidade a uma
oferta (Mt 23.19). Se a causa para a qual contribuímos é exaltada,
ela enobrece e exalta a oferta a seu próprio plano. Dois objetos não
podem ou não devem apelar a nós com força equivalente, a menos
que eles sejam equivalentes em valor moral e dignidade, e um
doador de discernimento responderá melhor ao que se mostrar
mais merecedor. 0 altar de Deus era para o judeu o foco central de
todo dom; era associado a seu culto, e todo o calendário de jejuns
e festas se movia ao seu redor. 0 dom colocado sobre ele adquiria
uma nova dignidade, apenas por ser depositada sobre ele. Temos
a liberdade de pôr de lado alguns objetos que apelam por dádivas,
pois eles não são sagrados. Podemos dar ou não como julgarmos
melhor, porque eles dependem da iniciativa e dos esquemas huma
nos, os quais podemos não aprovar completamente. Mas alguns
casos têm sanção divina, e isso os consagra; a doação, quando tem
relação com o altar, se torna um ato de cultuar.
Transmutação
Uma outra lei da doação verdadeira é a da transmutação. “E eu
vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para
que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos
tabernáculos eternos” (Lc 16.9). Esta parábola, embora considerada
por muitos um tanto obscura, contém uma das maiores sugestões
sobre as dádivas de dinheiro que nosso Senhor já deu.
As riquezas, aqui, são o equivalente para dinheiro, que é
praticamente adorado. Ele nos lembra do bezerro de dourado que
foi feito com os brincos e as jóias da multidão. Agora, nosso Senhor
se refere a uma segunda transmutação. 0 bezerro de ouro pode,
por sua vez, ser derretido e cunhado em Bíblias, igrejas, livros,
folhetos e, até mesmo, em almas de homens. Assim, o que era
material e temporal torna-se imaterial e espiritual, como também
eterno. Aqui está um homem que possui cem dólares. Ele pode
gastá-lo em um banquete, em uma festa da qual, no dia seguinte,
nada restará para mostrar. Ele assegurou uma gratificação tempo
rária do apetite — isso é tudo. Por outro lado, ele pode investir em
Bíblias, a dez centavos cada uma, e comprar mil cópias da Palavra
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“As escrituras”
R ev. A . C. D ixon, D .D .
Pastor da Igreja Metropolitan Tabernacle, Londres
Revisado e editado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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O que a Bíblia possui para o crente
infalível de Deus. Não é raro ouvirmos uma pessoa dizer que crê
que a Palavra de Deus é verdadeira; mas, mesmo assim, no instante
seguinte, quando pressionada por alguma afirmação ou declaração
daquela Palavra ela diz, “Ah! Mas acredito assim e assim” — algo
inteiramente diferente do que Deus declarou. E, novamente, mui
tas pessoas que professam crer na Palavra de Deus parecem nunca
pensar em se colocar em uma relação prática e para a salvação com
ela. Elas acreditam que Jesus Cristo é o Salvador do mundo, mas
nunca crêem Nele; em outras palavras, que Ele o Salvador delas.
O livro de Deus está cheio de doutrinas e promessas. Nós as
declaramos, e alguém diz: “Você tem que provar que esta doutrina
ou que esta promessa é verdadeira”. O único modo de provar uma
doutrina como verdadeira é por meio da experiência pessoal por
intermédio da fé em Jesus Cristo. Jesus Cristo diz: “Importa-vos
nascer de novo” (Jo 3.7). Poderíamos tentar dominar o significado
e o poder dessa doutrina pela mera especulação, mas você se colo
caria hoje na posição de Nicodemos e diria, “Como pode suceder
isso?”. Em vez de fazer isso, suponha que você atenda ao que foi
dito, a saber, “todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido
de Deus” (ljo 5.1; Jo 1.12,13). Em obediência a este ensinamento
divino, sem saber como isso deve ser feito em nós, recebemos essa
Palavra e nos rendemos a Jesus Cristo; e veja! Aí amanhece e surge
em nós uma experiência que lança luz sobre tudo aquilo que antes
era um mistério. Não experimentamos nenhum choque físico, mas
uma grande mudança é operada em nós, especialmente em nossa
relação com Deus (2Co 5.17). Assim, chegamos a um entendimento
experimental da doutrina do novo nascimento. Assim, qualquer
outra doutrina que pertence à vida espiritual pela graça de Deus
é transmudada em experiência. Pois, como uma palavra está para
uma idéia ou pensamento, as doutrinas de Deus estão para as
experiências; mas a doutrina deve ser recebida antes que se tenha
a experiência. E, além disso, devemos receber todas as doutrinas,
toda a verdade, por meio da fé Nele, porque Cristo e sua Palavra
são inseparáveis, assim como a reputação de um homem só é atual
e válida, porque o homem é bom.
Mas há algumas coisas reveladas na Palavra de Deus que cre
mos mesmo sem ter a experiência. Por exemplo, cremos que este
“corpo de humilhação” (Fp 3.21), desonrado pelo pecado e sobre
o qual a morte logo colocará seus pés, no dia de seu aparecimento
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Os fundamentos
e reino (2Tm 4.1; lTs 4.15) será mudado e moldado segundo seu
corpo glorioso (Fp 3.21). Como você sabe que podemos estar
certos ao crer nestas coisas? Respondemos apenas isso: “Porque
Deus provou para nós muitas coisas de Sua palavra, de modo que,
quando Ele anuncia algo que ainda será verdadeiro, com base na
experiência passada, aceitamos como verdadeira a promessa das
coisas futuras. Na verdade, Ele já tornou esse fato verdadeiro em
nosso coração, porque a “fé é a certeza de coisas que se esperam, a
convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1). Porque aqui temos
uma experiência espiritual presente que culminará no futuro; pois
já ressuscitamos com Cristo (Cl 2.13; 3.1; Ef 2.5, 6; Rm 8.11).
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O que a Bíblia possui para o crente
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O que a Bíblia possui para o crente
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Os fundamentos
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O que a Bíblia possui para o crente
bem sucedida para Ele. Muitos cristãos, jovens e velhos, vêm, com
freqüência, a nós, perguntando e dizendo, “Você não poderia vir
para falar com meu amigo?”
E respondemos:
— Por que você mesmo não fala com ele (ou ela)?
— Porque não sei o que dizer para ele, e, além disso, você sabe
muito mais sobre a Bíblia.
— Bem, e porque você não sabe mais sobre a Bíblia? — pergunto
surpreso.
A isso, várias respostas são dadas. De qualquer maneira,
encontramos aqui um grave equívoco. Uma ignorância a respeito
da Bíblia, que não somente nos investe com suas armas espirituais,
“a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habi
litado para toda boa obra” (2Tm 3.17), leva muitos cristãos sérios
ao uso duvidoso de sua própria argumentação para tratar com os
seus ou com outras almas. E uma tarefa inútil tentar demolir as
fortalezas das mentes e dos corações não regenerados com alguma
coisa menor do que esse arsenal divino. Contudo, todos podem
se equipar com esse grande arsenal. A Bíblia contém idéias que
nenhuma filosofia ou teoria humana podem fornecer, e, portanto,
coloca-nos em posse de armas que o inimigo não pode resistir,
quando duramente atacado por elas, pois elas são reforçadas pela
poderosa presença do Espírito Santo, que nos torna inconquistáveis
às investidas do adversário. O caso de Estêvão e de outros discípulos
primitivos, cujas palavras, quando proferidas conforme as Escritu
ras, os judeus não puderam resistir, são um exemplo esplêndido
desse poderoso poder da Palavra e do Espírito de Deus. Jamais
encontramos um infiel ou ateu cujos argumentos não pudéssemos
contornar, quando dependemos apenas da Palavra de Deus. Na
verdade, jamais encontramos alguém em nossos gabinetes que foi
capaz de resistir à Palavra de Deus e aos fatos poderosos da Bíblia,
quando, em humilde dependência de Deus, os apresentamos a Ele.
Se você conhece os pensamentos de Deus e procura ser guiado pelo
Espírito Santo, Ele dirá por meio de nossa boca a palavra correta
no momento correto, tanto para repelir uma agressão quanto para
lançar um sopro revelador para a verdade. E, em meio a toda essa
guerra, a luz e o amor e a bondade de Jesus Cristo brilharão em seu
procedimento e suas maneiras para que eles sejam convencidos de
sua sinceridade, e Deus lhe dará vitória.
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A esperança da Igreja
deste mundo após sua primeira vinda, Ele deixou seus discípulos
radiantes com a garantia jovial de sua nova vinda.
2. Os apóstolos ensinaram os convertidos a esperar pela vinda
do Senhor. Todas as igrejas do Novo Testamento tinham essa
atitude de expectativa. Não importa em que parte do mundo
ou em qual estágio do desenvolvimento elas se encontravam,
elas tinham essa característica em comum. A conversão dos
Tessalonicenses é descrita da seguinte maneira: “Deixando os
ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e ver
dadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho” (lTs 1.9,10).
Aos Coríntios foi dito: “De maneira que não vos falte nenhum
dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo”
(ICo 1.7). Para os Gálatas, Paulo escreve: “Porque nós, pelo
Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé”
(G15.5); e aos Filipenses: “Pois a nossa pátria está nos céus, de
onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,”
(Fp 3.20). Na epístola aos Hebreus, encontramos a mesma atitu
de (Hb 9.28). E evidente que os primeiros cristãos não somente
olhavam para trás, para o Salvador que tinha morrido por eles,
mas também para frente, para o Salvador que estava por vir.
Havia dois pólos na conversão deles, pois a fé estava ancorada
tanto no passado, na morte e na ressurreição do Senhor, como
também no futuro, na esperança assegurada de seu retorno.
Portanto, fica claro por que a Segunda Vinda do Salvador ocupou
um lugar de destaque no evangelho que os apóstolos pregavam,
e que os cristãos recebiam.
3. Toda a vida e obra da igreja do Novo Testamento têm a vinda do
Senhor em vista. Todas as linhas de sua atividade e experiência
levam a esse evento. A santificação do discípulo é uma prepara
ção para a vinda do Senhor (lTs 5.23; ljo 2.28). O culto cristão
obtém seu encorajamento na mesma afirmação inspiradora
(lTm 6.14; lPe 5.2,4). A paciência dos primeiros cristãos quan
do sofriam e eram julgados está relacionada ao mesmo evento
(Tg 5.7, 8;Fp 4.5). A vida de comunhão e amor fraterno deles al
cança sua santa consumação no retorno do Senhor (lTs 3.12,13).
seus atos de adoração, como, por exemplo, a observação da Ceia
do Senhor, tem o mesmo fim em vista (ICo 11.26). Assim,
qualquer que seja o aspecto da vida e da obra da igreja que con
sideremos, descobrimos que é uma corrente que leva na direção
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A esperança da Igreja
63 A vinda de Cristo
R. E r d m a n , D.D.
P r o f. C h a r le s
Seminário Teológico de Princeton
Revisado e editado por Gerald B. Stanton, Th.D.
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trono. Assim, “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos
céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Hb 10.12,13;Fp 2.10,11).
Estas expressões necessitam ser interpretadas a fim de insistir
que Cristo regerá de forma visível em alguma localidade terrena,
“estabelecendo em Jerusalém uma corte oriental”. Mas elas signifi
cam, pelo menos, que a vinda de Cristo será seguida pelo reino uni
versal de Cristo. “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade
e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória”
(Mt 25.31). Ele determinará quem pode entrar e quem deve ser
excluído de seu reino. Ele então dirá: “Vinde, benditos de meu Pai!
Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação
do mundo” (Mt 25.34). Então, será cumprida sua predição: “Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não
temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim,
os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Ele será o Juiz supremo,
mas Ele também se manifestará como o Regente universal em seu
reino aperfeiçoado. Então, vozes serão ouvidas proclamando: “O
reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele
reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15).
Nesta glória de Cristo, seus seguidores terão parte. A ressurreição
dos mortos acontecerá quando ele voltar; “Porque, assim como,
em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados
em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as
primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda”. O corpo do
crente deve ser assim ressuscitado em glória. “Semeia-se o corpo
na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra,
ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder”.
Quanto a se os espíritos agora com Cristo devem ser unidos com
seus corpos na ressurreição, a Bíblia silencia totalmente a esse
respeito; mas sabemos que isto acontecerá na vinda do Senhor
(ICo 15.22,23, 42,43).
Em seguida, também, os corpos dos crentes que vivem serão glo-
rificados e tornados imortais como o corpo do seu Senhor divino.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o
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O testemunho
64 da experiência cristã
P r e s . E . Y. M ullins , D .D ., L L .D ..
Louisville, Kentucky
Editado e Revisado por James H. Christian, Th.D.
Experiência e filosofia
A experiência cristã é o elo suplementar para completar a filoso
fia. A filosofia é o homem que busca alcançar a Deus. A experiência
cristã é o efeito de Deus que busca alcançar o homem.
A Filosofia parece estar sempre a ponto de descobrir o segredo
do universo, mas nunca consegue alcançar seu intento. Bem, por
que a filosofia parece gastar tanto tempo por nada? Para mim, fica
claro que a razão do porquê trabalhar tanto tempo sem resultados
satisfatórios é que ela se recusa a considerar toda experiência hu
mana, inclusive a religiosa. Ela divide a experiência em pequenas
partículas e procura entre essas partículas algum princípio abstrato
único que explicará todo o restante. E como se alguém fosse tentar
explicar o oceano, seu conteúdo, sua variedade e sua maravilhosa
abundância de vida e tomasse apenas uma escama de peixe e sobre
essa escama construísse o fundamento de sua teoria sobre o ocea
no e seus conteúdos. Quão preciso você supõe que esse relato seria?
Isso é análogo ao que os filósofos fizeram. Spinoza extraiu do mundo
da experiência e do ser a idéia da substância e construiu um siste
ma panteísta a partir dessa partícula. Hegel extraiu a concepção
da razão ou da idéia e criou um vasto sistema idealista sobre ela.
Schopenhauer extraiu a concepção da vontade e criou seu sistema
pessimista de filosofia sobre ela. Haeckel extraiu a concepção da
matéria e construiu seu sistema materialista sobre ela.
O resultado do processo é que os filósofos deixam de lado a vida
e a experiência humana. Eles fixam seu olhar em uma fotografia
de uma imagem obscura e distante da realidade e ficam absorvidos
em demasia pela observação das estrelas, escalando o precipício
metafísico e soprando bolhas de sabão transcendental. Eles são
como o prestidigitador indiano que pôs sua escada no ar rarefeito
e sem tocar o chão abaixo dela, sobe nela, sai fora da visão, puxa a
escada para si e desaparece nas nuvens.
Tudo isso não deve desacreditar a filosofia, mas dar-lhe uma li
ção. Os homens fracassam em sua tentativa de descobrir o segredo
do mundo até que Deus e as relações de Deus com os homens são
levadas em consideração. O dr. Ashmore fala de alguns homens
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O testemunho da experiência cristã
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O testemunho da experiência cristã
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Os fundamentos
Pragmatismo cristão
Em terceiro lugar, a experiência cristã transfere todo o problema
das evidências cristãs para a esfera de vida prática.
Bem, todo o método cristão é o método prático de responder à
seguinte questão: “O que devo fazer para ser salvo?”. A resposta
está na experiência cristã. Ela diz a cada homem: “Você pode
provar a realidade e o poder de Cristo na prática”. Ela diz a cada
homem: “Você tem um foco de visão em sua alma, que Deus lhe
dá e que o leva a reconhecer o Cristo, se você se submeter a Ele.
Aliás, como a filosofia nos diz, todos nós temos um foco cego e que,
mesmo quando focado corretamente, não podemos ver uma marca
preta em uma folha branca, nem com os olhos abertos e com essa
folha bem em frente de nossos olhos. O cristianismo não diz que
precisamos renunciar à razão, mas apenas que devemos renunciar
às dificuldades especulativas no interesse de nosso bem-estar
moral.
O evangelho é prático em seus métodos. O homem que nasceu
cego não tem de aceitar uma teoria qualquer a respeito de Cristo,
de Deus ou do universo, nem monismo ou idealismo, tampouco
qualquer forma especial de teísmo. Somente uma coisa é exigida.
Diz Cristo, “Deixe-me ungir seus olhos com barro e vá lavá-los no
poço de Siloé”. O cego assim fez. sua fé operou. Cresceu por inter
médio do exercício. Eles o assediaram com perguntas e ele disse:
“Um homem chamado Jesus me curou”. Posteriormente, “Ele era
um homem bom”. Depois, “Ele é um profeta”. E finalmente, esse
homem O adorou. Ele caminhou de fé em fé sob a orientação e
inspiração de Cristo, e essa é a experiência de todo aquele que
coloca sua confiança Nele.
704
<*
índice remissivo
Heagle, David, 31
K
Kyle, M. G., 121
L P
Lasher, George W., 431 Paternidade de Deus:
a revelação de Jesus sobre a, 253s;
Lei: implicações práticas da, 256s;
relacionamento com a graça, relação com a vida de oração,
401s; relacionamento com o peca 259s.
do, 306, 356s.
Pecado:
M___________________________ concepção bíblica de, 339s; con
quista do, 360s; conseqüências
Mauro, Philip, 217, 575 do, 358s, 452s; culpabilidade do,
344s; fato na história humana,
McNichol, John, 677 350s; natureza do, 340s, 354s,
453; origem do, 342s, 352s, 363;
Medhurst, T. W., 531 testemunho de Paulo sobre o,
Milênio, o, 697s 349s; persistência do, 359; relação
da carne com o, 357s; relação do
Missões (veja também juízo com o, 361s; relação da lei
Evangelismo), 495, 496s, 513s. com o, 356s; remoção do, 346s,
565s
Moorehead, Wm. G., 177
Morgan, G. Campbell, 559 Pentateuco (veja também
Antigo Testamento):
Morte, 358 análise literária do, 24s; má-com-
preensão dos sistemas sacrificiais
Moule, H. C. G., 439 do, 26s; autoria mosaica do, 27s.
Mullins, E. Y., 699
Pentecost, George F., 665s
Munhall, L. W., 165, 449
Pentecostes, 319s
N___________________________ Pierson, Arthur T., 199, 633,
Nascimento virginal: 649
necessidade do, 272s; objeções
ao, 277s; evidências das Escritu Pregação, 452, 459s
ras para o,273s Procter, Wm. C., 369
Profecia:
O___________________________ classes de, 209s; cumprimento
da, 211s; messiânica, 211s.
Oração:
eficácia da, 633s; no evangelismo,
471s, 487s; objetos da, 492s. Propiciação (veja também
Expiação), 387s
Orr, James, 37, 81,129, 271
708
709
R W
Reconciliação (veja também Warfield, Benjamin, 263
Expiação), 367 Whitelaw, Thomas, 241, 327,
Reforma, 436s 339
Regeneração: Williams, Charles, B., 349
natureza da, 425s, 432; necessidade
de, 455; relação com a reforma, 436s Wilson, Joseph, 97
Wright, George Frederick,
Ressurreição: 23,121, 611
provas da — do corpo de Cristo,
298s; sujeitos à, 693; tempo da,
693
Retribuição, 369s
Revelação, 579s, 594-595
Robinson, George L., 89
Romanismo, 531s, 543s
s_____________
Santificação, 522s
Scofield, C. I., 399
Segunda Vinda (veja
também Cristo; Escatologia),
572s, 689s, 695s
Speer, Robert E., 251, 495
Stock, John, 281
Stone, John Timothy, 467
T_____________________
Thomas, W. H. Griffith, 49
Torrey, R. A., 297, 313, 487
Troop, G. Osborne, 73
V
Vida, 229s, 232s, 236s
Notas
710
A FAMOSA COLETÂNEA DE TEXTOS DAS
VERDADES BÍBLICAS FUNDAMENTAIS
FUNDAMENTOS
Nestes dias de comunhões fragmentadas e doutrinas
diluídas, a igreja deve descobrir novamente a ampla base que
os "Pais Fundamentalistas" construíram e da qual eles
ministraram. Nossa moderna sociedade pluralista faz com que
seja fácil para nós ser tão tolerantes, que quase deixamos de ter
convicções, ou tão intolerantes, que pensamos que nosso
grupo particular é o único guardião da verdade. É bom ter Os
Fundamentos novamente impresso, e acredito que a nova
geração de estudiosos da Bíblia se identificará com esta plêiade
de grandes líderes e aprenderá com eles os elementos
fundamentais da doutrina e da prática.
Warren W. Wiersbe
de R. A. Torrey e a fértil terra cada vez mais de "Nosso Senhor" permitam que
esta obra seja uma bênção para todos que dela utilizarem
Luiz Sayão