Você está na página 1de 11

Home ▼

BREVE FORMAÇÃO PARA PREGADORES

BREVE FORMAÇÃO PARA PREGADORES

Esta formação abarca os seguintes assuntos:

- o chamado de Deus para a pregação

- conteúdo e forma da pregação

- a preparação da pregação

- as técnicas de pregação

Formação 1: O chamado à pregação


1. A pregação

O pregador tem a missão de anunciar a Palavra de Deus. Para compreendermos esse chamado que
Nosso Senhor faz a muitos, voltemos nossa atenção às Suas Palavras aos Apóstolos, antes da Sua
Gloriosa Ascensão:
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas
quem não crer será condenado. Este milagres acompanharão os que crerem; expulsarão demônios em
meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes
fará mal; imporão as mãos e ficarão curados."
(Marcos 16, 15-18)
Os milagres que Nosso Senhor fala aqui tem a função de despertar a fé, e juntamente com outros
sinais, tornar a fé compatível com razão. Diz o Catecismo da Igreja Católica (n.156): "Para que o
obséquio de nossa fé fosse conforme a razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo
fossem acompanhados das provas exteriores da Sua Revelação, Por isso, os milagres de Cristo e dos
santos, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade constituem
sinais certíssima da Revelação, adaptados à inteligência de todos, motivos de credibilidade que
mostram que o assentimento de fé não e de modo algum um movimento cego de espírito."
São Paulo acrescenta, nos mostrando a necessidade do anúncio do Santo Evangelho:
"Se com a tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e creres que Deus o ressuscitou do mortos,
serás salvo. (...) Porém, como invocarão aquele em quem não tem fé? E como crerão naquele de quem
não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem
enviados?" (Romanos 10, 9.14-15)
Aparentemente, pode parecer que esse chamado de anunciar a Palavra de Deus é dirigido somente à
hierarquia da Santa Igreja: ao Papa, aos Bispos, aos Sacerdotes, aos Diáconos...mas isso não
corresponde à realidade! O chamado de anunciar à Palavra de Deus é dirigido também aos demais
membros da Santa Igreja. O próprio Sagrado Magistério da Igreja se pronunciou sobre isso, no Concílio
Vaticano II, quando nos ensina:
"Cristo, o grande Profeta que, pelo testemunho de sua vida e pela força da sua palavra, proclamou o
reino do Pai, cumpre o seu múnus profético até à plena manifestação da glória, não apenas por meio da
hierarquia, que ensina em seu nome e com o seu poder, mas também por meio dos leigos, aos quais
estabelece suas testemunhas e aos quais dá o sentido da fé e a graça da palavra (cf. At 2,17-18; Ap
19,10), para que façam brilhar a força do Evangelho na vida cotidiana, familiar e social." (Lumen
Gentium, n. 35)
A pregação é um dos elementos importantes para o funcionamento de um grupo de oração (nos moldes
que temos muitos hoje), e ocupa um lugar fundamental também em encontros e missões de
evangelização.

2. O pregador

Todos os grandes pregadores da história da Santa Igreja, desde os Santos Apóstolos, passando por
tantos Santos Canonizados, até os santos dos nossos dias, tiveram algo em comum: todos eles tiveram
um encontro pessoal com Nosso Senhor e O seguiram. Por isso o Espírito Santo pode agir tão
poderosamente através deles!
Essa é uma condição essencial para um pregador: ter a Sua vida entregue nas mãos de Nosso Senhor.
Um pregador precisa ter uma vida de oração profunda e vida sacramental constante, participando do
Santo Sacrifício da Missa e do Sacramento da Confissão. Precisa também ter adesão completa ao
ensinamento do Sagrado Magistério da Igreja; caso contrário, seu lugar não é a pregação, pois estará
pregando heresias, ou pregando algo que não crê e não vive.
Tal chamado exige um despojamento da parte do pregador, pois estará ele muitas vezes se expondo à
humilhação e à incompreensão para a anunciar a Palavra de Deus. Mas Nosso Senhor também não
agradou a todos. E como nos ensina São Paulo, "nos não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo,
o Senhor." (II Cor 4, 5)

3. O chamado

Como discernir se somos chamados por Nosso Senhor para servir através da pregação?
Ordinariamente, leva-se um certo tempo para que um discernimento acurado seja feito. Porém, há três
linhas de discernfimento que são importantes que se reflita.
  •    Tenho características pessoais importantes que um pregador tenha? Traços como
certa desenvoltura no falar, didática ao transmitir um conteúdo, memória, capacidade de
improvisação, disposição para ler e estudar, compreensão e assimilação do que se estuda,
favorecem em muito este serviçof. Em geral, bons pregadores costumam ter algumas
dessas características desenvolvidas, algumas mais, outras menos. 

•    Quais as moções ou inspirações de Nosso Senhor que tenho percebido em oração à
respeito deste discernimento?

•    A comunidade confirma que tenho a missão da pregação? A comunidade confirma isso


fse percebo Nosso Senhor agindo na vida das pessoas através minha pregação, se sou
convidado a pregar novamente em um meio onde já preguei, e assim por diante.

Nenhum desses três elementos traz uma resposta definitiva, nem positiva nem negativa, mas nos dão
pistas para o discernimento.

Formação 2: Conteúdo e forma da pregação


1.Conteúdo da pregação

O pregador à serviço de Nosso Senhor não prega simplesmente uma opinião própria, mas prega a
Verdade, ou seja, a Palavra de Deus, revelada na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição, e nos
transmitida e interpretada unicamente pelo Sagrado Magistério da Igreja.

•    A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita, ou seja, a Bíblia.


•    A Sagrada Tradição é aquela tradição oral que nos é transmitida desde o tempo dos
apóstolos, expressa sobretudo nas definições dos primeiros concílios da Igreja e nos
escritos dos Santos Padres.
•    O Sagrado Magistério são os ensinamentos do Papa e dos Bispos ensinando algo em
Comunhão com ele: o Magistério, pela ação do Espírito Santo, é infalível quando faz
definições em matéria de fé e moral (Cânon749) É ele que nos transmite a Sagrada
Escritura e a Sagrada Tradição.

Diz o Concílio Vaticano II: "O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou
transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome
de Jesus Cristo. (...) A Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, segundo o
sapientíssimo plano de Deus, estão de tal maneira ligados e unidos que uma coisa sem as outras não
se mantém, mas juntos, cada uma a seu modo, sob a ação do Espírito Santo, colaboram eficazmente
para a salvação das almas."
(Dei Verbum, n.10)
Um dos erros fundamentais do protestantismo é a aceitação da Bíblia como Palavra de Deus e a não
aceitação do Sagrado Magistério como instituído por Nosso Senhor - não é difícil de perceber que tal
raciocínio carece de lógica, tendo em vista que foi o próprio Magistério da Igreja quem definiu os livros
que deveriam fazer parte da Sagrada Escritura (os chamados "canônicos") e quais não deveriam (os
chamados "apócrifos"), no pontificado do Papa São Dâmaso, próximo ao Concílio de Éfeso (século IV).
É uma questão de lógica ainda pensar que Nosso Senhor tenha instituído na terra uma autoridade para
interpretar o que Ele revelou; caso contrário, cada um pegaria a Sagrada Escritura e sairia interpretando
do jeito que bem quisesse - e é exatamente o que os protestantes fazem; por isso existem mais de
milhares de denominações protestantes diferentes, cada uma interpretando a Sagrada Escritura de uma
maneira diferente.
Com isso, podemos tirar duas conclusões:

•    Um pregador precisa ter conhecimento não apenas da Bíblia, mas também do
ensinamento do ensinamento do Sagrado Magistério da Igreja, nos seus concílios,
documentos, e sobretudo, no Catecismo da Igreja Católica, redigido à pedido do Papa João
Paulo II; principalmente à respeito das questões mais controversas da atualidade, como a
unicidade salvífica de Nosso Senhor e da Igreja Católica, a imoralidade do aborto, da
eutanásia, dos sistemas comunistas e socialistas e outras questões.

•    Um pregador deve ter uma adesão completa ao ensinamento do Magistério da Igreja;


caso contrário, seu lugar não deve ser a pregação, pois estará pregando heresias, ou
pregando algo que não crê e não vive.

2. Forma da pregação

A forma com que a Palavra de Deus é pregada depende de algumas variáveis, tanto do pregador, como
da situação em que acontece a pregação. As variáveis referentes ao pregador dizem respeito
principalmente às suas características de personalidade e a sua espiritualidade própria. As variáveis
referentes à situação dizem respeito principalmente ao público e ao objetivo da pregação em
específico.
Pregadores diferentes tem características de personalidade diferentes. Assim, um pregador é mais
extrovertido, outro mais tímido; um é mais divertido, outro mais sério; um é mais voltado à
concreticidade e objetividade, outro é mais voltado à sensibilidade.
Pregadores diferentes tem formas de espiritualidade diferentes, pois Nosso Senhor se revela a cada
pessoa de uma forma única; e essa diferença de espiritualidade tem grande influência na forma como a
pessoa prega. Assim, um pregador que tenha sua espiritualidade mais voltada para a realidade do Amor
de Deus, transmitirá isso na sua pregação; o mesmo se dá com o pregador que tenha sua
espiritualidade mais voltada para o combate espiritual, mais eucarística ou mais mariana.
Todas essas diferenças trazem uma riqueza muito grande a cada pregador, e uma riqueza muito grande
para a Igreja. Pessoas diferentes são mais facilmente atingidas por formas diferentes de pregação, e
Nosso Senhor se utiliza desta diversidade para que Sua Palavra atinja poderosamente à todos.
Podemos lembrar aqui de pregadores conhecidos, Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior (reitor do
seminário de Cuiabá-MT), Pe. Roberto Lettieri (Toca de Assis), Prof. Felipe Aquino (Editora Cléofas) e
Dunga (Canção Nova), e como cada um deles tem uma forma diferente de pregar.
Aqui é importante lembrarmos o quanto é importante, principalmente para o pregador iniciante, o auto-
conhecimento, para que possa descobrir sua forma própria de pregação, que em outras palavras, que
pode ser a missão específica que Nosso Senhor tem para o seu serviço enquanto pregador. Nesse
sentido, grandes pregadores conhecidos devem servir como referência, mas jamais como modelos a
serem copiados.
Quanto ao público para quem prega, o pregador deve adaptar à ela a sua forma própria de pregação. Se
o público é mais jovem ou mais velho; se tem alguma caminhada na Igreja ou não; se vive em um
contexto social ou em uma casa de recuperação; e assim por diante.

3.    Pregação em grupos de oração ou missões de evangelização

Quanto ao objetivo da pregação, devemos ter em conta que a pregação em um grupo de oração aberto
ao público ou no geral em um encontro de evangelização, normalmente deve ser o que chamamos de
uma pregação querigmática. "Querigma" significa "anúncio". Pois podem haver pessoas que ainda não
tiveram um encontro pessoal com Nosso Senhor ou nem iniciaram ainda um processo de conversão.
Assim, tudo o que for falado nestas pregações deve partir desse pressuposto.
Uma pregação querigmática costuma girar em torno dos seguintes temas: Amor de Deus, pecado e
salvação, fé e conversão, efusão do Espírito Santo. Isso não impede que se fale também de outras
realidades essenciais da fé católica, eu também podem e devem ser faladas: os Sacramentos, a
devoção à Virgem Santíssima, e assim por diante, e isso pode ser feito de uma forma querigmática.
Aliás, é possível falar de qualquer assunto da fé católica de forma querigmática.
Certamente, em um grupo de oração ou em uma missão de evangelização no geral, se deve em geral
evidenciar mais os aspectos positivos do querigma (o Amor de Deus, a Salvação, etc) do que
os aspectos ascéticos (o pecado, a necessidade da conversão, etc). É preciso convencer as pessoas de
que viver com Nosso Senhor é melhor do que viver sem Ele. Porém, também os aspectos ascéticos, em
determinados momentos, precisam ser falados, caso contrário, nossa evangelização será uma
evangelização incompleta, ou em outras palavras, uma "evangelização light".
Nesse sentido, dizer "você precisa mudar de vida para ser de Deus" é algo tão querigmático quanto
dizer "Deus ama você!". Com  certeza, a pregação de certas verdades não agradará a todos, é isso é
algo natural, pois com próprio Senhor foi assim. É o que acontece também com o Santo Padre Bento
XVI, quando se posiciona  de uma forma contraria a cultura geral da nossa sociedade, dada a crise de fé
e moral que vivemos. E há algo que nem Nosso Senhor mesmo intervém, que é a liberdade de cada um
aderir ou não aderir à Verdade Revelada. Tenhamos, portanto, um prudente equilíbrio neste sentido,
para que nossa evangelização seja realmente uma evangelização eficaz.

Formação 3: A preparação da pregação


Diz Santo Inácio de Loyola: “Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai como se tudo
dependesse de vós´.
Em uma pregação, precisamos deixar Nosso Senhor fazer a parte Dele e nós fazermos a nossa.
Para fazermos a nossa parte, é importante que se faça uma preparação prévia da pregação; porém, não
devemos nos prender escrupulosamente à ela, mas sim, ter a sensibilidade de nos adaptarmos à
situação na qual estivermos pregando e permanecer abertos para as inspirações que o Espírito
Santo pode dar no momento da pregação. Em geral, o pregador mais experiente tem uma necessidade
menor desta preparação prévia; porém, nenhum pregador iniciante deverá cair em uma confiança
temerária e não realizar nenhuma preparação.
Há desvantagens em o pregador ter um papel na mão; passa para o público a impressão que ele está
simplesmente transmitindo o que está em um papel. Se ele for utilizar "cola" (e é bom que utilize,
principalmente se for um pregador iniciante), a alternativa é que ele que o coloque um papel preso ou
colado dentro da Bíblia; assim, não fica uma coisa tão chamativa.
Como sugestão de um modelo prático para a preparação de uma pregação, apresentamos aqui
o "modelo dos 6 passos", que constituem seis passos para a preparação de uma pregação. São eles:

1.    Introdução

2.    Leitura bíblica

3.    Contextualização

4.    Aplicação

5.    Exemplos

6.    Conclusão

Vamos falar sobre cada um desses passos:

1. Introdução

Na introdução, o pregador pode fazer, se for conveniente:

•    Uma rápida apresentação pessoal


•    Estabelecer uma boa relação com o público, falando algo de forma descontraída,
fazendo perguntas para o público responder, etc
•    Falar algo que sirva como uma motivação inicial para a pregação, para assim despertar
a atenção do público para o que vai ser pregado.

2.    Leitura bíblica


É importante que o pregador leia a Sagrada Escritura junto com o público, para que o público faça de
fato a experiência de ler a Palavra de Deus. Em geral, é preferível que em uma pregação se leia apenas
um ou dois textos da Sagrada Escritura, para que se possa aprofundar nele(s).

3.    Contextualização

Consiste em contextualizar o texto bíblico que foi proclamado. Dependendo do texto e do assunto da
pregação, pode-se responder aqui perguntas como:

•    Quem fala?


•    Para quem fala?
•    Por que fala isso?
•    Em que situação isso ocorre?
•    Qual o significado do que é dito na situação em específico?

4.    Aplicação

Consiste em aplicar na vida do público aquilo diz no texto bíblico proclamado.  Dependendo do assunto
da pregação, pode-se responder aqui perguntas como:

•    Quais são as verdades importantes para nossa vida que são reveladas aqui?
•    Quais são as promessas de Nosso Senhor que há aqui?
•    A que atitudes nossas estão condicionadas o cumprimento destas promessas na nossa
vida?
•    Qual o chamado de Nosso Senhor para nós aqui? 

5.    Exemplos

Consiste em ilustrar aquilo que é pregado, com exemplos, que podem tratar-se:

•    De situações vividas pelo pregador ou por outras pessoas


•    De situações hipotéticas
•    Testemunhos do pregador à respeito do que está sendo pregado
•    Analogias com coisas relativas à realidades que o pública esteja familiarizado

Nosso Senhor, durante sua pregação pública, manifestou a Sua Divina Sabedoria, quando falava de
realidades espirituais profundíssimas, utilizando muitas analogias a qual o povo estava familiarizado:
semeador, sementes, trigo, joio, fermento, sal, luz, ovelhas, pastor, e assim por diante. Aprendamos
com Ele!
Aqui, é importante que o pregador seja o mais concreto possível nos exemplos, pois o  público quer
ouvir coisas concretas, e não teorias. Tenho percebido que este é um dos principais pontos de uma
pregação, pois é aí que o público se identifica. No modelo de preparação de pregação que estamos
falando, tenho observado que em boas pregações a parte dos exemplos muitas vezes é a mais longa de
todas.
6.    Conclusão
A conclusão pode ser feita, conforme a conveniência da situação, com:

•    um rápido resumo a respeito do que foi falado


•    uma exortação final ao público que sirva como fechamento da pregação. 

Feita a conclusão, o pregador pode introduzir a oração que segue-se à pregação.

Está exposto abaixo um exemplo de uma pregação:


Tema: "Amor de Deus"

1.    Introdução

"Meu nome é X, tenho X anos, faço parte da associação X (...) Hoje, vamos falar sobre um assunto que
pode mudar a nossa vida, pois vamos falar sobre aquilo que é a essência do Evangelho: o amor de Deus
(...)"

2.    Leitura da Sagrada Escritura I Jo 4,16

3.    Contextualização

"São João, quem escreve, teve uma experiência tão grande do amor de Deus que se dizia: "O discípulo
amado". Ele escreve esta carta para que os cristãos tenham consciência da maravilhosa realidade do
amor de Deus (...)"

4.    Aplicação

"Se Deus é amor, Deus me ama, Deus ama você! Como os primeiros cristãos viveram esta experiência
do amor de Deus, hoje nós também podemos viver (...)"

5.    Exemplos / testemunho

"Deus está presente na sua vida e está te amando em todos os momentos. Nos momentos você se
sente sozinho, está passando por dificuldades (aqui o pregador pode dar exemplos de dificuldade, se
situações para que as pessoas possam se identificar), Deus está te amando. (...) O amor de Deus é
como o amor de pai, que cuida do filho; como o amor de mãe, que é terno. (...) Santa Teresinha viveu de
forma muita intensa a experiência do amor de Deus, por exemplo, quando... (...) A minha vida mudou
quando eu tive a minha grande experiência com o amor de Deus, que foi assim: (...) "

6.    Conclusão / exortação

"Se você quer que sua vida também seja transformada, se abra agora ao amor de Deus..."

Formação 4: Técnicas de pregação


1.    Técnicas gerais

Por meio da utilização das técnicas gerais, o pregador estimula a atenção do público, estabelece uma
boa relação com ele torna-o mais receptivo aquilo que ele prega. Elas dizem respeito tanto à aparência,
postura do corpo, movimentação, olhar, mãos, voz e linguagem.

•    Aparência: a fonte que comunica uma mensagem é importante para que o público tome
em consideração o que ela fala; e que, com o passar do tempo, as pessoas concentram-se
na própria mensagem e não na pessoa que a comunica. Por isso, uma boa apresentação
externa por parte do pregador é importante.

•    Postura do corpo: é importante evitar atitudes que transmitam preguiça ou falta de
entusiasmo. Por isso, o pregador deve evitar sentar na mesa, se encostar nas paredes, e
assim por diante.

•    Movimentação: é bom que o pregador se movimente por todo o espaço disponível que
ele tem.

•    Olhos: é bom que o pregador olhe para todo o público, alternadamente. Não é bom o
pregador fale olhando pra Bíblia, olhando para o chão, olhando para cima ou olhando para
apenas uma parte do público.

•    Mãos: a mão é o órgão que mais fala, depois da boca. Na pregação, a movimentação
das mãos deve enfatizar o que está sendo dito. Devem ser evitadas posturas que
transmitem insegurança, como manter as mãos nos bolsos, os braços cruzados, mexendo
no cabelo exageradamente, e assim por diante.

•    Voz: o volume e o tom da voz deve ser variar conforme o que o pregador está dizendo.

•    Linguagem: deve ser acessível e clara, sem utilizar terminologias com as quais o
público não está familiarizado e procurando-se evitar tanto a gagueira quanto a repetição
constante de vícios de linguagem, como "né", "tá", e assim por diante.

2. Técnicas da comunicação

Por meio das técnicas da comunicação, o pregador estimula a atenção do público e ilustra o que está
sendo dito, de modo a facilitar a compreensão e assimilação do que está sendo pregado. São elas:

•    Motivação: consiste em motivar o público para que faça aquilo que a pregação exorta.
Por exemplo: "Só quem for fiel à Jesus poderá entrar no céu!"

•    Argumentação lógica: consiste em convencer o público do que está sendo pregado
através da argumentação lógica. Por exemplo:"Se a própria essência de Deus é o amor...Deus
ama você." Uma variação deste técnica é o pregador procurar pensar em quais contra-
argumentos o público poderá pensar a respeito do que ele fala, e já responder tais contra-
argumentos. Por exemplo: o pregador fala que "nós precisamos entregar nossa vida pra
Jesus." Aí pensa que alguém do público poderá estar pensando: "Ah, mas tem muita
renúncia." Aí o pregador já responde tal contra-argumento: "Vale a pena apesar das
renúncias."

•    Citação: consiste em argumentar o que está sendo pregado através da citação de uma
frase da Sagrada Escritura, documentos do Sagrado Magistério da Igreja, escritos dos
santos padres da Igreja, doutores da Igreja, de grandes teólogos ou de pessoas que
tenham certa credibilidade. Entretanto, é preciso tomar cuidado para não se utilizar esse
recurso de forma exagerada; isso pode deixar a pregação técnica demais.

•    Testemunho: consiste em o pregador testemunhar a respeito do que Nosso Senhor fez
na vida dele; isso faz com que o público se identifique com ele  e perceba que o mesmo
pode acontecer na vida de cada um.

•    Analogias: Nosso Senhor, durante sua pregação pública, manifestou a Sua Divina
Sabedoria, quando falava de realidades espirituais profundíssimas, utilizando muitas
analogias a qual o povo estava familiarizado, sal, luz, ovelhas, pastor, e assim por diante.
Aprendamos com Ele!

•    Dramatização: com ela, o pregador dá vida aos personagens na situação que ele está
comentando.

•    Repetição: consiste em o pregador repetir algumas vezes uma verdade que é
anunciada, com o objetivo de enfatizá-la. Por exemplo: "Jesus é Deus! Jesus é Deus! Jesus é
Deus!" Uma variação  desta técnica é convidar o público a ele mesmo repetir algumas
frases que ele estão sendo anunciadas pelo pregador ou do texto da Sagrada Escritura que
é proclamado.

•    Indagação: consiste em indagar o público para fazê-lo refletir à respeito do que está
sendo pregado, seja deixando espaço para o pública se expressar, se isso for convienente
ou mesmo não deixando esse espaço, apenas para que o público reflita.. Por exemplo: "A
Igreja já canonizou muitos santos. Quem é que pode dar alguns exemplos?" Ou então: "Será que
nós temos buscado a santidade na nossa vida?"

•    Descrição: consiste em descrever com palavras para que o público imagine com mais
detalhes a situação (bíblica ou não) que está sendo comentada. Por exemplo (sobre a
mulher que é curada por Jesus em Mc 5, 25-34): "Imaginem a situação daquela mulher, que
tinha tal doença, o desespero dela! Aí ela ouve falar de Jesus e vai em busca dele. Vai se
aproximando dele, talvez com dificuldade, por meio de toda aquela multidão, e consegue tocar
Jesus."

•    Piadas: consiste em auxiliar a entendimento, de uma forma divertida, do que está sendo
pregado. Para ser eficaz, o pregador deve ter uma perspectiva de que o público vai achar
divertido, antes de contá-la.

•    Histórias: consiste em ilustrar aquilo que é pregado com alguma história da qual se tira
uma lição em relação ao que está sendo pregado.

•    Emprego de exageros: consiste em empregar comparações exageradas. Por


exemplo: "É mais fácil um gato latir do que alguém que não reza conseguir ser santo!"

•    Frase de efeito: consiste em ilustrar o conteúdo da pregação com uma frase de efeito
ou ditado popular. Exemplo: “As grandes conquistas são suadas”.

•    Música: consiste em o pregador, durante a pregação, inserir uma música, seja cantada
por outra (s) pessoa (s), ou por ele mesmo (se tiver voz suficientemente afinada para isso)
ou por todo o público.

•    Dinâmicas: consiste em o pregador ilustrar aquilo que está sendo pregado através de
uma dinâmica a qual o público possa de alguma forma participar - vale aqui a criatividade.

•    Cativar emocionalmente: consiste em o pregador falar algo que emocione o público e
possa despertar sentimentos que favorecerão que ele se abra para Deus. Por
exemplo: “Sabe quando você chorou? Deus estava contigo!” Uma variação desta técnica pode
ser usada conjuntamente com a técnica de motivação, procurando-se associar uma
emoção positiva à fazer o que Deus quer, e uma emoção negativa a fazer o eu Deus não
quer. Exemplo: “Não existe maior heroísmo do que ser de Deus”.

•    Comer pelas beiradas: consiste em enfatizar em algum momento as conseqüências


positivas de ser de Deus, buscando motivar o público, ao invés de enfatizar as razões
últimas para ser de Deus. Esta pode ser a brecha inicial para atingir um público hedonista,
materialista e fechado à graça divina. Exemplo: “O céu começa aqui na terra para quem é de
Deus, pois o céu é a nossa esperança e nossa alegria! O resto vai passar” ou “Deus tem o poder
de resolver todos os seus problemas, então entrega-te a Ele” ou “Um namoro santo é sinal de
um casamento estável.” Para evitar más interpretações, se esta técnica for utilizada é bom
que, em algum momento da pregação, o pregador mostre que a razão última para ser de
Deus é o fato de Deus ser digno de ser adorado e amado e que disso depende nossa
salvação.

•    Oração: consiste em o pregador, em algum momento durante a pregação, conduzir uma
oração, seja para levar o público a já vivenciar o que está sendo pregado ou para predispor
o público para o que está sendo pregado.

•    Melodia de fundo: a utilização de uma melodia de fundo pode ser usada quando o
pregador quiser dar à pregação ou à parte dela um clima mais reflexivo.
Apêndice: os 23 erros do pregador

1. Não buscar uma vida espiritual profunda, através da oração pessoal e da participação constante
no Santo Sacrifício da Missa e no Sacramento da Confissão
2. Não buscar aprofundar o seu conhecimento da doutrina da nossa Santa Mãe Igreja e da Sagrada
Escritura
3. Pregar com roupas escandalosas ou inadequadas, como, no caso dos homens, bermudas curtas
ou camisas regatas, ou no caso das mulheres, roupas curtas, decotadas, transparentes, coladas
ou blusas de alcinha; em ambos os casos, camisetas que de alguma forma exaltem idéias anti-
cristãs ou que não sejam adequadas para o momento da pregação (por exemplo, camisetas de
times de futebol ou partidos políticos)
4. Não se preocupar com a boa aparência durante a pregação
5. Não se preocupar com a postura do corpo durante a pregação
6. Pregar com um papel na mão
7. Pregar em grupos de oração abertos ou retiros de evangelização sem ter em mente que muitas
pessoas ali não tiveram um encontro pessoal com Nosso Senhor, nem iniciaram o processo de
conversão
8. Pregar utilizando uma linguagem que o público não compreende
9. Não pregar, quando há necessidade, a respeito de certas verdades comprometedoras do Santo
Evangelho (como pecado, demônio, inferno), com receio de desagradar algumas pessoas
10. Pregar algo de forma desnecessariamente forte ou agressiva; isso gera uma reação negativa
desnecessária por parte do público
11. Exortar o público a coisas que ele não tem condições de realizar (como exortar pessoas que
estão em uma casa de detenção à participarem da Santa Missa dominical, se eles não tiverem
essa possibilidade)
12. Pregar o puritanismo ao invés de pregar a moral católica (o puritanismo, tendência gnóstica
presente no protestantismo, considera moralmente más coisas que são moralmente neutras)
13. Pregar de forma demasiadamente técnica, sem ilustrar a pregação com exemplos, testemunho e
analogias
14. Não se preocupar em corrigir os vícios de linguagem (como "né,", "tá", e assim por diante)
durante a pregação
15. Falar coisas que lhe tirem a credibilidade (como "eu acho que" ou "eu não sou a pessoa mais apta
para estar falando isso")
16. Fazer críticas imprudentes dirigidas a pessoas (principalmente autoridades da Igreja) ou grupos
(por mais que tais críticas sejam verdadeiras)
17. Anunciar, explicitamente, datas ou épocas para a concretização de fatos proféticos, com base
em revelações particulares ou estudos de profecias bíblicas, e consequentemente, gerar
polêmicas desnecessárias e deixar o pregador desacreditado caso o fato não se concretize
18. Escandalizar partilhando publicamente pecados graves que tenha cometido recentemente
19. Não corrigir (com caridade) se alguém do público falar algo equivocado durante a pregação que
não esteja de acordo com o ensinamento de nossa Santa Mãe Igreja
20. Cantar no microfone se não tiver voz suficientemente afinada para isso
21. Não ter a abertura para adaptar ao momento aquilo que preparou para a pregação e para as
inspirações e moções que o Espírito Santo talvez conceda durante a pregação
22. Pregar ultrapassando o tempo que lhe foi concedido
23. No momento da oração, continuar falando ao invés de conduzir a oração

Autor: Francisco Dockhorn


0

Página inicial

Visualizar versão para a web

Tecnologia do Blogger.

Você também pode gostar