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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Revelação em Abraão, Moisés e Profetas

Nome: Preselina Pérola de Fátima Mahundla


Código: 708191440

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Fundamentos da Teologia Católica
2º Ano

Maputo, Maio de 2020


Índice
0. Introdução.........................................................................................................................1

0.1. Objectivo Geral..........................................................................................................1

0.2. Objectivos Específicos...............................................................................................1

0.3. Metodologia...............................................................................................................1

1. Contextualização...............................................................................................................2

1.1. Revelação...................................................................................................................2

1.1.1. Conceito de revelação........................................................................................2

1.2. Conteúdo da revelação...............................................................................................2

1.3. Etapas da revelação....................................................................................................3

2. Revelação de Deus na Criação..........................................................................................3

2.1. Conceito de Criação...................................................................................................3

2.2. Deus criador...............................................................................................................4

3. A revelação em Abraão, Moisés e profetas.......................................................................4

3.1. Abraão........................................................................................................................5

3.2. Moisés........................................................................................................................5

3.3. Profetas......................................................................................................................6

4. Jesus Cristo –Mediador e plenitude de toda a Revelação.................................................6

4.1. Transmissão da revelação divina...............................................................................6

5. A atitude do homem para com a revelação divina............................................................7

5.1. Haverá Outra Revelação............................................................................................7

5.2. União espiritual da Igreja Católica com Israel..........................................................8

6. Conclusão..........................................................................................................................9

7. Bibliografia.....................................................................................................................10
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0. Introdução

A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações. Deus, em


sua bondade e condescendência, se aproxima para se revelar e se doar ao homem e para lhe
revelar o seu desígnio de salvação. A revelação divina é autorrevelação e auto-doação.

O que Deus revela não é algo alheio ao próprio Deus. O objecto da revelação não é
primeiramente um conjunto de ideias e de doutrinas, mas é o próprio Deus: Ele mesmo se revela.
Assim o sujeito e o objecto da revelação coincidem. Por isso usa-se o termo autorrevelação.
Revelação não é mera comunicação de proposições e mensagens. Se fosse só isso, bastaria para
Deus usar o e-mail ou o facebook. A revelação divina, porém, é a comunicação da própria vida
de Deus. Ao se revelar, Deus se comunica a si mesmo ao homem. O que Deus dá na sua
revelação é a si mesmo. Por isso diz-se que a revelação é auto-doação.

A presente pesquisa enquadra no trabalho científico que foi proposto da cadeira de


Fundamentos da Teologia Católica, cujo tema é Revelação em Abraão, Moisés e Profetas. Com
esse trabalho não pretende-se trazer um estudo acabado mais sim dar a conhecer sobre os
pressupostos gerais desse tema.

0.1. Objectivo Geral


 Compreender a revelação mostrada a Abraão, Moisés e Profetas.

0.2. Objectivos Específicos


 Contextualizar o termo revelação.
 Descrever o modo de revelação que Deus monstro a Abraão, Moisés e Profetas.
 Analisar as atitudes dos homens para com a revelação divina.

0.3. Metodologia
Segundo Gil (2008, p. 50) A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Para a materialização dos
objectivos deste trabalho, definiu-se o: Método bibliográfico.
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1. Contextualização
Para que a salvação divina tenha, de fato, essa forma de realização humana, Deus segue uma
pedagogia.
A pedagogia divina indica o modo respeitoso e amoroso com que Deus “conquista” o
coração humano em vista de uma comunhão plena de vida. Seguindo essa pedagogia salvadora,
Deus age com grande respeito e delicadeza em relação ao homem. Pedagogia divina significa
que Deus procura se adaptar ao homem a fim de fazer com que este se torne familiar a Ele.
Uma vez que o homem não é espírito puro, a familiaridade com Deus não é algo que se
realiza de modo instantâneo. Sendo ele um ser histórico e social, a pedagogia divina salvadora
inclui um desenvolvimento histórico, feito de etapas (as alianças com Noé, Abraão, Moisés e em
Cristo), e a constituição de uma humanidade unida e reconciliada (a unidade de todo o género
humano).

Pela razão natural, o homem pode conhecer Deus com certeza, a partir das suas obras. Mas
existe outra ordem de conhecimento, que o homem de modo nenhum pode atingir por suas
próprias forças: a da Revelação divina. Por uma vontade absolutamente livre, Deus revela-se e
dá-se ao homem. E fá-lo revelando o seu mistério, o desígnio benevolente que, desde toda a
eternidade, estabeleceu em Cristo, em favor de todos os homens. Revela plenamente o seu
desígnio, enviando o seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo.

1.1. Revelação

1.1.1. Conceito de revelação


Entende-se por revelação o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar
acessível uma verdade até então velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a realidade
ampla que constitui o dado de fé que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo. (Sapato, Cuniela &
Maria, 2016, p.20)

1.2. Conteúdo da revelação


A constituição Dogmática sobre a revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo
da Revelação na Economia da Salvação nos seguintes termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade
e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do
qual os homens, através de Cristo, verbo incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele
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se tornaram participantes da natureza divina” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum 2, cit. Sapato,
Cuniela & Maria, 2016). Está claro que é livre iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente
da tal liberdade é a sua bondade e sabedoria. Era natural que Deus que é suma bondade não
permanecesse fechado em sim mesmo intimamente. E a sabedoria sempre move para o bem. A
intenção do acto é salvífica, porque é para que os homens tenham acesso ao Pai pelo Espírito.
Deus faz-se conhecer para o homem entrar no mundo de Deus.
A revelação divina concretiza por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o
mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o
agente porque Ele mesmo é Deus em acção.

1.3. Etapas da revelação


São diferentes momentos nos quais as verdades sobre Deus foram reveladas à humanidade.
«Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo, oferece aos homens um testemunho
perene de Si mesmo nas coisas criadas, e, além disso, decidindo abrir o caminho da salvação
sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais».
Convidou-os a uma comunhão íntima consigo, revestindo-os de uma graça e justiça
resplandecentes.
Esta Revelação não foi interrompida pelo pecado dos nossos primeiros pais. Com efeito,
Deus, «depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação, e
cuidou continuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos aqueles que,
perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação».
«E quando, por desobediência, perdeu a vossa amizade, não o abandonastes ao poder da
morte [...] Repetidas vezes fizestes aliança com os homens».

2. Revelação de Deus na Criação


Um dos aspectos nos quais Deus se revelou ao homem é como o Deus criador. Este aspecto
da revelação é comum às três grandes religiões: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão. (Sapato,
Cuniela & Maria, 2016, p.21)
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2.1. Conceito de Criação


O termo criação é um conceito propriamente teológico de fé judaico-cristão e trata do
conjunto de todos os seres com o sinónimo de criaturas. A criação é o fundamento de todos os
divinos desígnios salvíficos, e manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro
passo para a aliança do único Deus com o seu povo; é o inicio da historia da salvação que
culmina em Cristo; é a primeira resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da
própria origem e do próprio fim. (cfr. CIC 279-289 315)
O termo criar, assim designa uma actividade própria e exclusiva de Deus, uma actividade
diferente de fabricação humana. Não se trata, portanto, de um mero fazer teórico e instrumental
que exige provas científicas, mas sim um agir que envolve a intencionalidade do agente (Deus)
pela própria iniciativa como seu projecto por Ele iniciado e que envolve o homem através do seu
convite a ser co-criador.
Para designar a acção criadora de Deus, se emprega o verbo hebraico barã (criar), da tradição
sacerdotal, para designar a criação de Deus. Ele significa a criação, não condicionada e livre de
requisitos, como marco histórico da natureza e do espírito. O que não existia passa a existir nesse
momento (Ex 34, 10; Nm 16, 30; Sl 51, 12). Esta actividade divina carece de analogias (Conte,
1994, p. 237)

2.2. Deus criador


A omnipotência de Deus tem como ultima consequência a sua actividade criadora, ou mais
exactamente, a criação do nada.
O evento da criação é apresentado como criação mediante a palavra: ele cria pela sua palavra
(Bauer, 1988, p. 233).
A ideia de criação do nada, ou seja, do nada tudo proveio, vem da expressão creatio ex nihil,
expressão que se encontra na boca da mãe dos filhos Macabeus (cf. 2Mac 7,28).
Deus cria livremente, sem necessidade alguma, sem coação alguma. No entanto, a expressão
creatio ex nihil indica um limite. O nihil é limite “do nada”, i. é do puro nada (La peña, 1986,
pp.134-139). A preposição “de” não aponta para algo preexistente, mas exclui toda matéria.
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3. A revelação em Abraão, Moisés e profetas


O projecto da revelação obedeceu um plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer
dele um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos
Profetas para que o reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo
juiz, e para que esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3, cit. Sapato,
Cuniela & Maria, 2016, p.23). Como se pode depreender do texto conciliar, Deus se revelou
primeiro a Abraão, em seguida ma Moisés, sucessivamente aos profetas e quando chegou a
plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos falou por meio do seu
filho, Jesus Cristo (Heb 1, 1-2), o profeta por excelência. Neste projecto estão envolvidos a
palavra, o encontro, a experiencia num percurso histórico. Os padres conciliares não deixam
margens para dúvidas que “a economia1 cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e
não se há-de esperar outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor
Jesus Cristo” (Concilio Vaticano II, O.C, 4 Sapato, Cuniela & Maria, 2016).

3.1. Abraão
Para reunir a humanidade dispersa, Deus escolhe Abraão, chamando-o para «deixar a sua
terra, a sua família e a casa de seu pai» (Gn 12,1), para fazer dele “Abraão”, quer dizer, «pai de
um grande número de nações» (Gn 17,5): «Em ti serão abençoadas todas as nações da Terra»
(Gn 12,3).
O povo descendente de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo
eleito, chamado a preparar a reunião, um dia, de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja.
Será o tronco em que serão enxertados os pagãos tornados crentes.
Os patriarcas, os profetas e outras personagens do Antigo Testamento foram, e serão sempre,
venerados como santos em todas as tradições litúrgicas da Igreja.
Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para
onde ia (Gn 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é
ser pai de um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é arquétipo da fé. O Deus que se
revela em Abraão é Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de
salvação.

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Economia: é o plano de salvação de Deus para a humanidade. Esse plano foi revelado através da criação e,
sobretudo, através da redenção realizada em Jesus Cristo (Ef 1,10; 3,9).
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3.2. Moisés
Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo, salvando-o da escravidão do
Egipto. Concluiu com ele a aliança do Sinai e deu-lhe, por Moisés, a sua Lei, para que Israel O
reconhecesse e O servisse como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e justo Juiz, e
vivesse na expectativa do Salvador prometido.
Israel é o povo sacerdotal de Deus, sobre o qual «foi invocado o Nome do Senhor» (Dt
28,10). É o povo daqueles «a quem Deus falou em primeiro lugar», o povo dos «irmãos mais
velhos» na fé de Abraão.
Deus revelou se a Moisés oferecendo a liberdade ao povo escravo no Egipto. O seu nome
“Sou Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o seu humano. Por isso o Deus de
Moisés é o Deus da Liberdade.

3.3. Profetas
Pelos profetas, Deus forma o seu povo na esperança da salvação, na expectativa duma aliança
nova e eterna, destinada a todos os homens, e que será gravada nos corações. Os profetas
anunciam uma redenção radical do povo de Deus, a purificação de todas as suas infidelidades,
uma salvação que abrangerá todas as nações. Serão sobretudo os pobres e os humildes do Senhor
os portadores desta esperança. As mulheres santas como Sara, Rebeca, Raquel, Miriam, Débora,
Ana, Judite e Ester conservaram vivam a esperança da salvação de Israel. Maria é a imagem
puríssima desta esperança.
Os profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o
cuidado de Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos
pobres e dos vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e
injustiçados.

4. Jesus Cristo –Mediador e plenitude de toda a Revelação


«Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos, falou-nos pelo seu Filho» (Hb 1,1-2). Cristo, Filho de Deus feito
homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai.
N'Ele, o Pai disse tudo. Não haverá outra palavra além dessa. São João da Cruz, após tantos
outros, exprime-o de modo luminoso, ao comentar Hb 1,1-2:
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«Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra – e não tem outra – (Deus)
disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem para
dizer. [...] Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos
o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-lhe alguma
visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos
totalmente em Cristo e buscar fora d'Ele outra realidade ou novidade».

4.1. Transmissão da revelação divina


Cristo mandou os apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos
profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade
salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concilio
Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho
com palavras e a própria vida, (Sapato, Cuniela & Maria, 2016, p. 26)
Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos
deixaram os Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu III,
3). Portanto, a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que
um espelho, no qual a igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até
chegar a vê-lo face a face, tal qual Ele é (1Jo 3,2). Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a
sagrada Tradição é a garantia da integridade do despositum fidei. (Idem)

5. A atitude do homem para com a revelação divina


O homem na qualidade de destinatário da revelação tem uma atitude a tomar. Este pode-se
abrir ou permanecer indiferente. Mas como a finalidade da revelação é a salvação do homem, no
sentido que é para que o homem tenha acesso a Deus, Deus espera do homem a obediência da fé
(Rom 16, 26), isto é adesão ao projecto divino.
O encontro entre Deus e a pessoa humana acontece no coração e uma vez aberto o coração
professa-se com a boca o que se crê. Paulo atesta: “Acredita-se com o coração e, com a boca,
faz-se a profissão de fé” (Rom 10, 10). A abertura do coração é manifestada pelo testemunho
público. Pois a fé não é um acto privado. Porque o encontro com Deus é renovador. Deus
comunica-se para nos introduzir no seu mundo. Esse toque do coração é um acto de graça. Os
Actos dos Apóstolos descrevem muito bem esse movimento na cena de Lídia onde encontramos
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explicitamente afirmado que “O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia” (Act
16, 14).

5.1. Haverá Outra Revelação


Apesar de a Revelação já estar completa, ainda não está plenamente explicitada. E está
reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos.
No decurso dos séculos têm havido revelações ditas «privadas», algumas das quais foram
reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel
não é «aperfeiçoar» ou «completar» a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais
plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos
fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou
dos seus santos à Igreja. A fé cristã não pode aceitar «revelações» que pretendam ultrapassar ou
corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude. É o caso de certas religiões não-cristãs, e
também de certas seitas recentes fundadas sobre tais «revelações».

5.2. União espiritual da Igreja Católica com Israel


A união espiritual da Igreja Católica com Israel se dá por diversas razões:
 Primeiramente a Igreja reconhece que está presente já no chamado divino feito aos
Patriarcas e na Aliança de Deus com Abraão.
 Em segundo lugar, a união espiritual se verifica no êxodo (que é o evento fundador da
Aliança), cujo significado e efeito não dizem respeito somente a Israel, mas assinala o
início da salvação que Cristo realizou e, por isso, inclui a Igreja.
 Uma vez que os dons de Deus são sem arrependimento, a Igreja reconhece, em terceiro
lugar, que é devedora de Israel porque dele recebeu a revelação veterotestamentária. Em
relação ao AT, a Igreja sente que tanto se apropria dela, quanto é acolhida nela. Em
outras palavras, os cristãos se sentem destinatários da revelação veterotestamentária e,
contemporaneamente, se veem inseridos e mergulhados nela.
 A união espiritual, por fim, está fundada na reconciliação e na paz que Cristo estabeleceu
pela sua cruz entre os judeus e os gentios, derrubando o muro de separação e fazendo dos
dois uma só coisa nele.
A partir dessa união espiritual, que vincula Israel e a Igreja, podemos estabelecer alguns
princípios que guiam o diálogo com os nossos irmãos mais velhos.
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6. Conclusão
A Revelação é a característica peculiar da nossa fé cristã. De facto, o cristianismo não é mera
religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é religião do livro. O cristianismo
vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus (=Revelação).
A revelação é uma actividade pessoal de Deus. Não é uma acção necessária ou um processo
involuntário de Deus, como uma emanação. Como acção pessoal, Deus empenha seu próprio ser
e inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual o Deus
transcendente condescende para se fazer próximo do homem e para o chamar à comunhão
consigo.
Ao mesmo tempo que se revela a si mesmo, Deus manifesta ao homem o seu desígnio de
salvação. A revelação é uma verdade e uma realidade salvadora.
Deus se dirige ao homem num diálogo de amor. Esta revelação, que procede do amor de
Deus, persegue também uma obra de amor: Deus quer que o homem se introduza na sociedade
de amor que é a Trindade. Pela revelação, Deus vence a distância infinita que separa o Criador
da criatura. O Altíssimo, o Transcendente se torna próximo, o Deus connosco, o Emanuel. Deus
sai de seu mistério, condescende e se torna presente ao homem para estabelecer com este uma
relação de salvação e de amizade. Essa acção é designada por este termo: “revelação”.
O plano da salvação de Deus consiste em fazer com que a pessoa humana participe da
natureza divina e receba a filiação divina. O ser “capaz de Deus” acede assim a uma nova ordem
do ser: ele é chamado por Deus a ser mais do que ele é.
A Aliança com Abraão e Moisés marca um salto qualitativo nessa presença e ação pessoal
de Deus em um povo que Ele escolhe para si. Essa Aliança tem uma grande importância para os
cristãos, pois ela indica que a Igreja e Israel não estão ligados por laços étnicos ou nacionais, mas
por uma relação de união espiritual. De facto, o povo que tem sua origem em Abraão é a raiz
onde são enxertados os pagãos tornados crentes pela graça de Cristo.
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7. Bibliografia
Bíblia Sagrada Africana. (2008). Maputo, Moçambique: Paulinas livraria e Audiovisuais.
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola.
Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de
Coimbra.
Conte, F. (1994). Os heróis míticos e o homem de hoje. São Paulo: Ed. Loyola.
De La Peña, J.L. (1989). Teologia da Criação. São Paulo: Edições Loyola.
GIL, C. António. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. (6ª. Ed). São
Paulo, Brasil: Editora Atlas S.A.
Sapato, B.R.P., Cunlela, F.P & Maria, L.E.I (2016). Manual de Fundamentos de Teologia
Católica. Beira, Moçambique: Universidade Católica Editora.

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