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Universidade Pedagógica
Maputo
2021
Minélio Chemane
Docentes:
Universidade Pedagógica
Maputo
2021
Índice
0. Introdução.........................................................................................................................1
1. Contextualização...............................................................................................................2
4. Factores de Localização....................................................................................................8
4.2. As matérias-primas....................................................................................................9
4.3. O trabalho................................................................................................................10
4.4. Os mercados.............................................................................................................10
4.5. O local e as infra-estruturas existentes....................................................................11
5.1. Os Clássicos.............................................................................................................14
6. Conclusão........................................................................................................................18
7. Bibliografia.....................................................................................................................18
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1. Introdução
A presente pesquisa enquadra no trabalho científico que foi proposto da cadeira de Geografia
da Indústria com fim de avaliação cujo tema é “A problemática da Localização das Industrias”.
Com esse trabalho não pretendo trazer um estudo acabado mais sim dar a conhecer sobre os
pressupostos gerais sobre a Problemática das localização das Indústrias.
Esse trabalho contém uma linguagem clara, objectiva procurando ser de fácil compreensão
ao leitor. Com o mesmos pretendemos alcançar objectivo geral e específicos dos quais destacam
se os seguintes:
2. Contextualização
Segundo Woiler & Mathias (1996, p. 125) “o problema de encontrar a localização óptima
corresponde, em termos de empresa, a achar a localização que dê a maior diferença entre receitas
e custos”. De maneira sintética, as organizações procuram se estabelecer em locais em que
consigam maximizar as receitas e minimizar as despesas, ampliando desta forma seus resultados
finais.
Uma boa localização tem influência directa na capacidade competitiva da empresa. Woiler &
Mathias (1996) destacam que o problema locacional para as organizações tem natureza
dinâmica, ou seja, a decisão locacional deve ser constantemente revisada e alterada caso
necessário, pois ao longo do tempo pode ocorrer a necessidade de expandir ou subcontratar.
Nos processos de produção, são empregados alguns factores como recursos naturais, pessoas,
tecnologia e capital. Os sistemas económicos estabelecem uma interacção e uma maneira
racional de usá-los porque como já percebemos os recursos são escassos.
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Como os recursos são escassos e por mais eficiente que seja o processo de produção, esta
produção é limitada para atender as necessidades dos indivíduos que por sua vez são ilimitadas.
Isto significa que o uso descontrolado de certos recursos naturais, a gestão equivocada de
pessoal ou de tempo podem acarretar em um desequilíbrio no sistema económico.
Quando citamos factores de produção, devemos nos lembrar de alguns elementos que são
essenciais para a actividade económica, ou seja, extremamente necessários para produzir algo ou
realizar algum tipo de serviço. (DA SILVA e MARTINELLI, 2012, p.25)
Este conceito abrange os recursos naturais que encontramos no planeta e fora dele. O solo,
subsolo, águas, clima, flora e fauna e energia do sol, na forma de radiação são exemplos desses
factores. As reservas naturais estão na base de todos os processos de produção, sendo renováveis
ou não renováveis. Por mais que existam vastas regiões de terras espalhadas pelo mundo, sabe-se
que muitas delas não são produtivas.
O desafio da produtividade da terra é fazer com que o cultivar produza mais e também reduza
o custo de produção por unidade de produto. A selecção de cultivares e a utilização de insumos
modernos, diante da adversidade provocada por pragas e doenças, podem contribuir na
produtividade da terra (ALVES, 2018). Quando não se considera o custo da terra, o modo de
utilização deste factor tende a ser extensivo, e não intensivo, a fim de atingir maiores retornos de
capital e trabalho (MARSHALL, 2013). O modelo do uso da terra depende de circunstâncias
locais. Contudo, existem três elementos que estão presentes nos padrões de todas as regiões, bem
como: i) os valores da terra atingem o ponto mais alto no centro das cidades e decrescem, em
quantidades variáveis, em direcção à periferia da área urbana; ii) Os valores da terra são mais
altos ao longo das ‘artérias’ de tráfego de maior importância; iii) Os picos locais de valor mais
elevado do que o nível geral a uma distância determinada do centro da cidade ocorrem nas
intersecções das ‘artérias’ de tráfego mais importantes. A superposição desses componentes
resulta em uma superfície geral do preço da terra (GARNER, 1975).
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Um produto surge diante da aplicação do trabalho aos recursos fornecidos pela natureza, cuja
utilização é voltada para atender as necessidades e desejos humanos. O trabalho é uma actividade
humana que tem uma utilidade económica. Nas palavras de Marshall (2013, p. 115), “by Labour
is meant the economic work of man, whether with the hand or head”. Aqui, o factor trabalho é
interpretado como trabalhadores.
Para Marshall (2013), a primeira condição para que uma organização seja eficiente é que os
empregados sejam alocados conforme suas habilidades e treinamentos que lhe permitam ter um
bom desempenho da actividade, podendo ser auxiliado por máquinas e outros equipamentos. A
produtividade do trabalho é medida pela área que cada trabalhador cultiva, influenciada pela
tecnologia mecânica. A escassez do trabalho, insegurança jurídica na esfera trabalhista e outras
complicações em relação à administração de recursos humanos influencia na demanda dessa
tecnologia (ALVES, 2018).
População Total
Figura: Este esquema mostra a distribuição económica das pessoas quanto a sua faixa etária.
O capital, conforme Marshall (2013, p. 115), pode ser definido como “the main stock of
wealth regarded as an agent of production rather than as a direct source of gratification”.
Consiste em grande parte do conhecimento e da organização, podendo ser uma parte de
propriedade privada e outra parte não. O conhecimento é o mais poderoso mecanismo de
produção e permite subjugar a natureza e moldá-la a fim de satisfazer as necessidades desejos. A
organização auxilia o conhecimento (MARSHALL, 2013).
Duarte e Alves (2016) classificam a tecnologia em duas tipologias: i) física, que se refere à
um atributo qualquer com características materiais, sendo a inovação incorporada (por exemplo,
maquinários agrícolas, fertilizantes e defensivos, sementes adaptadas, raças melhoradas); e ii)
não física (por exemplo, como cuidados com a terra, gerenciamento da produção e épocas de
plantação e colheita). Portanto, os efeitos da tecnologia superam o simples aumento da
produtividade, suas implicações também geram efeitos na viabilidade financeira e técnica,
efeitos ecológicos e sociais pela redução do custo social.
O uso de tecnologia moderna pode ter três efeitos: i) fornecer ganhos de produtividade sem
redução no custo marginal; ii) aumentar da capacidade produtiva e diminuir os custos marginais;
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iii) proporcionar maior retorno por meio da redução do custo marginal e/ou aumento da
produtividade, sem exigir maiores custos adicionais (VIEIRA FILHO; FISHLOW, 2017). A
mudança técnica na agricultura pode ser analisada por meio da curva de possibilidade de
inovação, utilizando um envoltório de isoquantas unitárias correspondentes à um determinado
estado de tecnologia (como diferentes tipos de máquinas para colheita). Um modelo de
desenvolvimento de tecnologia mecânica pode ser representado pelas variáveis terra, trabalho e
potência, onde diferentes combinações de produção podem ser mensuradas diante da quantidade
de recursos utilizados em cada variável (HAYAMI; RUTTAN, 1988).
De acordo com Antunes (1985, p.61) as cidades desde sempre exercem um forte poder de
atracão sobre a indústria porque nelas encontra uma abundante e diversificada mão-de-obra,
capitais, terminais vias de comunicação, uma vasta gama de consumadores e variados serviços
de apoio (bancos, repartições publicas, conselhos jurídicos). Para além dos factores atrás
referidos a localização industrial no interior do perímetro urbano está muito ligada à história do
seu desenvolvimento e expansão.
Mas é com a primeira fase da revolução industrial (fins do século XVIII e século XIX) que a
indústria se instala acentuadamente nas cidades estabelecidas nas proximidades das minas, as
primeiras indústrias modernas ligadas ao carvão e ao ferro (industria têxtil e siderúrgica).
A concentração das indústrias nas cidades em especial durante a fase da expansão industrial,
levantou muitos e complexos problemas, no interior das cidades o solo escasseia e é caro o que
impede o alargamento espacial das estruturas físicas das fábricas de modo a que se possam
adaptar às modernas técnicas de produção.
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O transito citadino à medida que cresce o volume de transito nas cidades, nomeadamente nas
áreas industriais, as artérias rodoviárias vão-se congestionando, o que implica uma crescente
dificuldade para o fluxo de mercadorias, tanto de entrada como de saída.
O impacto do transporte marítimo manifesta-se quer pela grande capacidade de carga dos
navios, sempre superior à de outros meios de transportes quer pelo relativamente baixo custo de
transporte por unidade de volume ou de peso.
O tipo mais vulgar das indústrias dispersas é o que está ligado à exploração de jazigos
minerais relativamente limitados, a dispersão não se explica somente pela localização das
respectivas matérias-primas, muitas unidades industriais, a que não estão ligadas razoes
importantes de aprovisionamento de meios rurais, sobre tudo nos de forte densidade
populacional, aproveitando não só a existência de mão-de-obra abundante e barata como a fácil
aquisição de terrenos a preços relativamente baixos.
5. Factores de Localização
Face à realidade actual e às perspectivas sobre o futuro, sublinha-se que a atractividade dos
territórios passa inevitavelmente pela conjugação de um combinado de factores, ao invés da
dotação singular patente na teoria clássica.
Habitualmente quando é abordada a questão dos factores que influenciam a implantação das
indústrias pelo território, o primeiro indicador que nos surge é o transporte, apontado como o
maior determinante da escolha locacional.
Mas em diante quando formos a falar das teorias clássicas, veremos que a principal
problemática das análises efectuadas focavam-se na minimização dos custos de transporte, para a
obtenção das matérias-primas, das fontes de energia, dos produtos intermédios e do escoamento
dos produtos finais. Era uma preocupação para a empresa localizar-se em locais estratégicos que
lhe permitisse encurtar as distâncias a estes locais e, desta forma, diminuir os tempos de viagem,
as despesas e o preço final dos produtos.
Mas, tais teorias eram muito parciais, pois ignoravam as variações espaciais dos custos de
produção, dos produtos acabados e outros factores distintos dos custos de transporte (Richardson,
1981, p. 54).
A significativa evolução registada nos sistemas de transporte ao nível mundial, retirou ênfase
à importância do transporte, ao facilitar o contacto das empresas com os fornecedores, com o
mercado e o consumidor final e um abastecimento de energia mais rápido, o que lhes permitiu
diminuírem significativamente os seus custos. Com o progresso contínuo da tecnologia de
laboração das indústrias, reduz-se o volume de matéria-prima necessária para a mesma
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quantidade de produto final e as novas indústrias já não utilizam produtos tão pesados como as
indústrias antigas. “Na maior parte das novas indústrias o peso do custo do transporte no caso da
produção é bastante baixo (menos de 3%) e não desempenha um papel importante na definição
da localização” (Ramos, 2000, pp. 54-55). Ainda assim, a grande maioria da literatura contínua a
dar um lugar de destaque ao papel do transporte para a escolha locacional, sobretudo no que
respeita às indústrias pesadas que ainda apontam a proximidade às infra-estruturas rodoviárias,
ferroviárias, portuárias, aéreas e, mais recentemente, às plataformas logísticas como indicador
fundamental para a instalação das unidades industriais em determinado lugar, quer pela
facilidade de obtenção das matérias-primas e de outros produtos necessários ao processo
produtivo, quer pela maior simplicidade de escoarem os produtos finais.
5.2. As matérias-primas
5.3. O trabalho
Como afirma Rui Ramos (2000), “o trabalho é a chave mestra em todas as escolhas das
localizações”, pelo que o primeiro factor que um local deverá fornecer às empresas é a força de
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5.4. Os mercados
A proximidade aos mercados é outro dos factores clássicos da localização industrial e está
directamente relacionada com a problemática dos custos de transporte pela distância da unidade
industrial aos mercados de consumidores e clientes.
A proximidade aos mercados não pode ser analisada do mesmo modo para as diferentes
unidades empresariais, dependendo esta análise da dimensão das mesmas (pequena ou grande
empresa), pois tal como refere Rui Ramos (2000), “para uma fábrica, o mercado tem um sentido
claro: lugar para onde será escoada a produção; mas este lugar tanto pode ser uma cidade como
uma outra fábrica, uma região, um país ou um porto de exportação. No caso de uma fábrica
integrada num conjunto empresarial mais vasto, o seu mercado pode ser outra ou outras fábricas
desse mesmo grupo que poderão estar espalhadas pelo território ou até noutros países” (p. 56).
Durante vários anos, os elevados custos com o transporte das mercadorias faziam com que a
localização próxima dos mercados fosse crucial (Scott, 1988, p. 33). Mas tal como aconteceu
noutros factores, a sua significância foi perdendo peso com os avanços tecnológicos registados e
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as importantes melhorias assinaladas ao nível das vias de comunicação, pela maior facilidade
existente nas deslocações e o menor custo que estas operações representam, fazendo sobressair
novas variáveis e deixando um pouco de parte estes “velhos” factores, essencialmente no que
respeita a unidades dotadas de alta tecnologia e grandes unidades empresariais, permanecendo as
preocupações com a proximidade aos mercados particularmente relacionadas com pequenas
unidades fabris.
Até há algumas décadas a maioria das unidades tendiam a localizar-se junto das linhas de
água, como forma de obtenção de energia, e do caminho-de-ferro, de modo a facilitar o
escoamento das mercadorias. Actualmente grande parte das empresas apresenta maiores e mais
diversificadas exigências:
o Procuram ligações cada vez mais distintas, aos grandes eixos rodoviários, às plataformas
logísticas e aos aeroportos, para a melhor facilidade de deslocação;
o Têm uma maior necessidade de energia que lhes chega através da alta tensão;
o As tecnologias são uma ferramenta essencial para o funcionamento normal da actividade
e os locais devidamente infra-estruturados e informatizados são os mais apetecíveis para
a sua localização;
o Necessitam de uma edificação mais exigente e requerem maiores fracções de terreno para
se instalarem (Ramos, 2000, p. 59).
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As taxas e impostos a nível nacional ou local/regional são, também, um factor decisivo para a
localização de qualquer empresa, simbolizando a atracção ou repudiação empresarial. Muitas
vezes, os elevados custos com a carga fiscal originam que as empresas procedam à relocalização
das suas unidades e até à sua deslocação definitiva para outro país, optando por regiões mais
favoráveis a este nível. Com o aumento da globalização e a abertura fronteiriça, alguns estados
diminuíram os impostos e a criaram incentivos para o sector empresarial, como forma de impedir
a deslocalização das unidades existentes nos seus territórios mas também como incentivo a novas
empresas. As taxas de tributação são frequentemente decisivas para a escolha locacional das
empresas multinacionais que pretendem estabelecer-se em novos países. (Pereira, 2011, p. 5).
É fundamental que exista uma atitude favorável das instâncias estatais sobre a indústria, que
se reflectirá nas leis instituídas para o sector, sobretudo no que se refere à legislação laboral, dos
licenciamentos e regulação de taxas e impostos (aspectos fundamentais para os empresários
aquando da decisão locacional) (Djwa, 1958, p. 57). Neste âmbito, têm sido desenvolvidos
alguns “incentivos públicos que podem relevar-se muito eficazes para atrair a localização das
empresas: desenvolvimento de sistemas locais de financiamento às empresas; criação, pelos
poderes públicos nacionais e locais, de meios favoráveis à indústria (centros de investigação,
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universidades, facilidades várias no dia-a-dia dos quadros das empresas, etc.)” (Ramos, 2000, p.
62).
É essencial para uma empresa estar implementada num meio em que exista uma atmosfera
empresarial capaz de assegurar a estruturação de redes e elos de ligação entre o tecido
empresarial aí existente, pois nenhuma unidade age sozinha, mas é antes uma das componentes
de um sistema bastante complexo, com necessidades de relações a montante (com os
fornecedores de matérias-primas) e a jusante (com o mercado final) mas também durante o
processo produtivo (utilização de produtos semiacabados e utilização de serviços externos, ao
nível técnico, financeiro e comercial). A integração num meio empresarial é também importante
quando se trata de uma unidade de pequena dimensão, uma vez que, esta é incapaz de conseguir
produzir todos os bens e serviços de que necessita (Jeremias, 2012, p. 6).
Por último, a aceitação da empresa por parte da população local pode, também, exercer
influência na escolha da localização. Embora possa parecer um indicador menos relevante, em
certos casos, algumas empresas assinalam-no como essencial, recusando “a instalação em meios
onde possa haver reacções hostis por parte da população, dos sindicatos ou das colectividades
locais”. E evitando também “as regiões onde existe uma atmosfera de crise, um ambiente de
lutas sociais, onde o poder dos sindicatos é elevado ou onde as administrações locais são hostis
às empresas privadas” (Ramos, 2000, p. 62).
Nesse ponto evidencia-se alguns aspectos da contribuição dos teóricos de localização como
forma de melhor elucidar o tema.
6.1. Os Clássicos
A localização é uma das primeiras decisões do estabelecimento de uma empresa, sendo ainda
mais importante pelo fato de ser bastante difícil voltar atrás, se a escolha vier a gerar
insatisfação.
Apesar do assunto ter sido tratado há mais de um século, somente nos últimos decénios vem
crescendo de interesse, tanto para economistas teóricos, quanto industriais e comerciais, que tem
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Assim, cabe salientar que as teorias da localização industrial vêm considerando cada vez
mais, a influência que as localizações de energia podem exercer na distribuição espacial das
indústrias. Este interesse cresce de importância à medida que se apreciam os possíveis impactos
que as novas fontes de energia, virão a ter sobre o desenvolvimento industrial de países ou de
regiões em que escasseiam os recursos tradicionais de energia.
Von Thünen (apud Machado, 1990), economista alemão, tratou de como se distribuíam as
actividades agrícolas em torno dos centros urbanos, em função dos custos de transporte dos
produtos.
Para o referido autor, os problemas de uma economia espacial por ele analisada são: a
influência da cidade sobre a formação dos preços de produtos agrícolas; a influência da distância
da cidade sobre a agricultura e sobre a renda dos agricultores e a influência do crescimento das
cidades sobre a área rural cultivada. O cenário básico de sua análise é uma área agrícola plana,
cujo solo é igualmente fértil em todos os pontos.
Para Thünen (apud POLESE, 1998) os modelos económicos do espaço urbano tiveram
origem na teoria de localização dos produtos agrícolas. A razão é simples. Tanto para a cidade
como para o campo, trata-se de modelos de utilização do solo concebidos para explicar a
afectação dos terrenos e diversas funções. Haja vista que, as utilizações de solos agrícolas,
industriais e outras disputam espaço. Entretanto, explicar a utilização do solo é o mesmo que
propor uma teoria de renda fundiária., sendo que, renda e localização são inseparáveis,
constituindo as duas faces de uma mesma realidade.
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No centro desses pontos encontra-se uma cidade acessível por todos os lados, cujos
habitantes consomem os produtos agrícolas. Além disso, o autor acrescenta custos de transporte
uniformes, como função da distância; preços, na cidade, uniformes para cada produto e, como
princípio orientador da actividade do agente económico, a maximização da renda, definida esta
como a receita residual, depois da remuneração de todos os factores de produção e do pagamento
dos fretes.
Como o preço na cidade é constante, a renda líquida do agricultor diminui à medida que
aumenta sua distância da cidade. Esta análise trata do consumidor que paga determinado preço
pelo produto, incluindo todos os custos de frete nos portos. Thünen concluiu, a partir dessas
afirmações, que as culturas agrícolas se distribuíam em anéis concêntricos, os "anéis de Thünen",
em torno das cidades, expressão utilizada para identificar sua teoria.
Ele enfatizava uma localização de uma unidade baseada na minimização de custos. Seu
argumento relacionava, especialmente, os pontos de localização de produção agrícola, com
custos de transporte, podendo, assim, estes últimos custos serem minimizados para resultar em
maximização de lucros para os fazendeiros. O seu modelo afirmava que preços de mercado e
custos de produção poderiam não ser idênticos, mas próximos, em alguma etapa da produção. A
partir do momento em que os lucros dos fazendeiros fossem iguais aos preços de mercado,
menos custos de produção e transportes, a localização ideal seria aquela que minimizasse os
gastos com transportes.
Sob seu ponto de vista, os factores específicos - economias de custo que podem ser auferidas
por um número reduzido de indústrias, e gerais - economias de custo que podem ser auferidas
por qualquer tipo de indústria, podendo esta última ser classificada quanto à escala geográfica
em que actuam:
a) Factores regionais e
Os factores regionais - são capazes de explicar a escolha locacional entre regiões (custo de
transporte e custo de produção). Os factores técnico-locacionais - capazes de explicar a
concentração ou dispersão da indústria em certa região; economia e deseconomia de escala,
economia e deseconomia de localização, além da economia e deseconomia de urbanização.
Conforme o Escritório Etene (s.d.) os “factores regionais” são causas primárias que influem
sobre a distribuição espacial das indústrias, enquanto os factores “técnico-locacionais” podem ser
encarados como causas secundárias e, por isso, influem, principalmente sobre uma redistribuição
espacial das indústrias.
Clemente e Higachi (2000), destacam dois factores (gerais) regionais identificados por
Weber (1909): transporte e mão-de-obra, e desenvolve análise comparativa dos custos desses
dois factores para obter a localização mínima de custo. Esta análise parte dos seguintes
pressupostos:
raramente são eternas ou imutáveis. Em qualquer indústria, a natureza exata das economias de
localização depende, antes de mais nada, do nível de desenvolvimento de tecnologia, mas
também de factores que podem modificar as vantagens comparativas de diversas localizações. Já
as economias de urbanização são aquelas economias externas de que se beneficiam as indústrias
pelo simples fato de estarem localizadas na cidade x. Estas economias são internas à região
urbana mas externas ás empresas ou indústrias que delas beneficiam. O seu peso varia, em
principio, em função da dimensão da cidade. Para Manzagol (1985) as economias de escala, que
também são dependentes da combinação custos fixos/custos variáveis, vinculam-se inicialmente
à divisão do trabalho, à especialização da mão-de-obra ligada à produção.
Weber (1909) preocupou-se com a questão da localização industrial, apresentando uma teoria
geral e abstracta, e, utilizando uma forma individual, analisou separadamente a influência dos
custos de transporte, do factor mão-de-obra e das forças aglomerativas. No primeiro caso,
utilizou o que denominou de "triângulo locacional" e nos demais, as curvas "isodapanas",
instrumentos que se tornaram importantes na análise locacional. As isopanas permitem visualizar
o padrão de variação espacial do custo de transporte tal como as curvas de nível de uma carta
topográfica permitem visualizar a altitude e as curvas de variação (CLEMENTE e HIGACHI,
2000).
A sua análise baseava-se em três suposições gerais: as localizações das fontes de matérias-
primas são dadas e conhecidas; a posição e o tamanho dos centros de consumo são dados e
conhecidos; a mão-de-obra pode ser encontrada em oferta ilimitada a uma taxa de salário
determinada, em várias localizações dadas e fixas. Há outras suposições como: concorrência
perfeita, coeficientes fixos de produção e a minimização de custos.
Diante dessas suposições, Weber (1909) teve seu modelo qualificado de "técnico", em
oposição ao "económico". Dois pontos de sua teoria devem ser destacados: a importância
concedida ao custo de transporte, tendo em vista que os demais factores são considerados em
função da localização, que leva à minimização desse custo, enfatizando esse último ponto; e a
demanda já determinada e independente da localização da firma. Diante disso, a localização
óptima para Weber (1909) é aquela que proporciona o menor custo de produção possível, sendo
o factor transporte o aspecto primordial desses custos.
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Dessa maneira, tanto para Weber, quanto para Von Thünen, o local ideal era aquele que
proporcionasse menor custo em transportes – da matéria-prima para as fábricas e dos produtos
finais para o mercado. A localização fazia referência à disponibilidade geográfica das matérias-
primas, aquelas que apresentassem um melhor acesso às mesmas teriam poucos problemas na
localização das unidades.
Caso diminuísse, a melhor localização seria aquela próxima da origem das matérias-primas,
pois o custo com o transporte das mercadorias finais seria menor devido ao menor peso do
produto final. Da mesma forma, se o processamento resultasse em bens finais pesados, a
localização das unidades seria melhor próxima aos clientes finais. Entretanto, se o peso não se
modificasse, tanto a localização próxima das matérias-primas quanto a localização próxima dos
clientes finais seria equivalente.
O modelo de Weber tem recebido a atenção de economistas desde a sua divulgação, seja para
aperfeiçoá-lo ou criticá-lo. Entre as demais obras do século XX, que seguiram Weber, está a de
Andreas Predöhl, na década de 20, que também considerou a demanda dada e concentrada em
um ponto, destacando a busca da minimização de custos como princípio orientador da escolha de
localização. Esse autor aperfeiçoou a obra de Weber, e sua principal contribuição está no
desenvolvimento com um enfoque neoclássico para os problemas locacionais. Para Predöhl
(apud Azzoni, 1982, p.20), “a substituição de insumos está relacionada com mudanças
locacionais, e o problema de localização é tratado de acordo com a teoria neoclássica da
produção”.
Para Clemente e Higachi (2000), a contribuição de Lösch é muito distinta das demais por sua
postura intelectual. Lösch considera impossível explicar a localização de uma empresa, de uma
indústria, ou de uma cidade, mas não apenas isso, também considera que essa explicação não tem
valor. Para Lösch a verdadeira obrigação do economista não é explicar a triste realidade
existente, mas melhorá-la. A questão da melhor localização é de longe mais relevante do que a
determinação daquela que é escolhida na prática. Além disso, é necessário frisar que sua
principal preocupação é desenvolver um modelo de equilíbrio geral do espaço, que sirva como
orientação básica para o planeamento eficiente, tanto do ponto de vista privado, quanto público.
Lösch introduz a demanda na teoria da localização, sendo assim, admite que “a elasticidade
da curva de demanda varia segundo as regiões, conforme a preferência dos consumidores e,
principalmente, de acordo com o seu poder aquisitivo” (MANZAGOL, 1985, p. 34). Seguindo
esta perspectiva, segundo o autor, pode-se classificar as forças aglomerativas em:
De certa forma, Lösch (1957) estaria sublinhando a concentração nos grandes centros
urbanos, pois neles ou muito próximo a eles encontrar-se-ia necessariamente o óptimo locacional
proporcionando os maiores rendimentos, isto é, a maximização do lucro. Ao contrário de seus
antecessores, Lösch considera que a escolha locacional deve buscar o maior lucro possível e não
o menor custo possível.
Em 1972, Walter Isard uniu várias considerações teóricas (Weber, Von Thünen e Lösch) e
tratou não só da localização industrial, mas também do conjunto das atividades econômicas. Esse
teórico sintetizou os trabalhos de seus antecessores, formalizando um modelo geral de
minimização de custos, o qual incorpora a substituição de factores em função de variações de
preços relativos de insumos. Depois, analisou as áreas de mercado, para considerar os elementos
ligados às variações espaciais de receitas, integrando esses dois aspectos ao final. Classificou,
ainda, os factores locacionais em três grupos, levando em conta apenas o lado dos custos: de
transporte, de transferência (com base na distância) e outros custos de produção (CLEMENTE e
HIGACHI, 2000).
transporte como a principal explicação para a escolha locacional e para o padrão de distribuição
espacial das actividades económicas.
Por volta dos anos 60, surgiu a chamada Teoria Contemporânea da Localização Industrial,
tendo como defensor, que mais se destacava, “Manuel Castells”.
Segundo Castells (1999), a facilidade de comunicação entre as empresas de todo o globo vem
proporcionando um modelo de localização cuja característica concentra-se na divisão espacial
internacional do trabalho.
Para entender um pouco sobre a visão de Manuel Castells em relação à localização das
indústrias, segundo Castells (1983, apud TOLEDO; GUIMARÃES, 2008)
A indústria está cada vez mais liberada com referência a factores de localização espacial rígida, tais
como matérias-primas ou mercados específicos, enquanto, ao contrário, depende cada vez mais de uma
mão-de-obra qualificada e do meio técnico e industrial, através de relações funcionais já estabelecidas. A
indústria, portanto, busca acima de tudo sua inserção no sistema urbano, mais do que sua localização em
relação aos elementos funcionais (matérias-primas, recursos, escoamentos) que determinaram sua
implantação. (p.194)
Na década de 80, Philippe Aydalot começou a despertar interesse nos grupos europeus com
suas ideias inovadoras, foi através delas que eles passaram a desenvolver seus estudos teóricos e
empíricos sob o desenvolvimento da escolha certa da localidade associada à criação de novas
tecnologias e da construção de novos territórios. A teoria é de que haja algo localizado em nível
regional, o qual permite que a região em questão se sobressaia sobre as outras, sendo mais
dinâmica (ANDRADE, 2007).
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Keeble (1981 apud MATOS, 2000) usou como medida de centralidade os modelos
gravitacionais e diz que quanto mais próxima dos grandes centros de produção a região estiver,
mais central ela será. O modelo em questão permite calcular a influência de uma região sobre
outra, e através desse cálculo, avaliar a influência dessas regiões em escalas para um melhor
efeito comparativo. A conclusão a que se chegou é de que sempre que uma empresa tiver um
rendimento superior exercerá uma influência maior sobre as outras com baixo rendimento.
De acordo com Perrin (1986 apud AMARAL FILHO, 2001), hoje em dia, do ponto de vista
estratégico, a competitividade é muito importante para a sustentabilidade do desenvolvimento
endógeno. A realidade actual mudou, e a competitividade que antes pertencia somente ao mundo
das empresas, passa agora a pertencer ao mundo das regiões também.
Ao demonstrar que o factor polarizante não é o tipo de actividade industrial, e sim a sua
capacidade de evoluir, a sua complexidade e a natureza das tecnologias que incorpora, Perrin
(1983 apud MATOS, 2000) acabou contribuindo para a teoria da polarização, afirmando que as
actividades quaternárias (serviços especializados, investigação, gestão de empresas) podem gerar
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7. Conclusão
A localização da indústria é de extrema importância, pois a escolha do local pode propiciar
seu crescimento, facilitar o acesso dos clientes e fornecedores. Para a escolha do local específico,
os gerentes devem levar em consideração todos os factores acima apresentados e também deve-
se levar em consideração a proximidade dos clientes e fornecedores, qualidade e custo de mão-
de-obra e a disponibilidade logística.
Antes de se escolher um local, deve-se ter certeza de que terá materiais de boa qualidade e
em quantidade suficiente disponíveis. Também, tem que se certificar que os materiais acabados
possam ser transportados até o consumidor final se grandes custos e em perfeitas condições.
Tradicionalmente, os economistas, e particularmente desde Jean Baptiste Say, os factores de
produção têm sido apontados em todo o processo produtivo como sendo: a terra (terras
cultiváveis, floresta, minas, recursos naturais), trabalho (o homem) e o capital (máquinas,
equipamentos, instalações).
A teoria da localização pretende explicar a localização de empresas no espaço geográfico; ela
é baseada no conceito de homo economicus. A teoria abrange factores aglomerativos e
desaglomerativos, a renda urbana e a organização do espaço em geral.
A teoria foi, segundo Walter Isard, "fundada" por Johann Heinrich von Thünen. Outros
autores importantes são Alfred Weber, François Perroux, August Lösch, e Walter Christaller.
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