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Introdução
Oração
Elucidação
Vejamos que, nos versículos 19 e 20, José inicia a sua fala acalmando os
seus irmãos, ao dizer “Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na
verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para
fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida”. José consola
os seus irmãos, dizendo que não temessem, porque ele não poderia se colocar
no lugar de Deus (v. 19). Ele afirma isso por pelo menos duas razões. A
primeira delas é que apenas Deus poderia trazer juízo pelo pecado dos seus
irmãos. Em Dt 32:35, Deus diz “a mim me pertence a vingança, a retribuição,
a seu tempo”. A segunda razão é que José resolveu olhar para a sua história
não pela perspectiva humana, mas pela ótica de Deus. Comentando sobre
esse texto, Tremper Longman, em seu livro “Como ler Gênesis”, conclui que
“de uma perspectiva humana, a vida de José se parece com uma série de
golpes duros sem nenhum sentido. José, porém, entende que sua vida tem um
significado imenso”. Observemos que no versículo 20, José vê significado no
seu sofrimento, entendendo que um dos propósitos em Deus haver permitido
todo aquele mal em sua vida era o de salvar muitas pessoas da grande fome
que afetaria o mundo até então conhecido, tanto em Canaã, quanto no Egito.
Por isso, meus irmãos, no primeiro encontro de José com os seus irmãos no
Egito (45:5-7), ocasião em que Jacó ainda era vivo, ele já lhes tinha dado o
perdão e o consolo, reconhecendo que não foram os seus irmãos que o
levaram para o Egito, mas Deus é que o tinha enviado para ser o governador de
todo o império, com o propósito de preservar a vida humana.
Sidney Greidanus, comentando sobre este texto em seu livro “Pregando
Cristo a partir de Gênesis”, afirma que “na Sua providência, Deus usou as
intenções malignas deles [irmãos] para salvar muita gente (...) Conquanto dê
aos seres humanos a liberdade de agir, Deus está definitivamente no controle
dos resultados”. É maravilhoso saber que Deus preserva a Sua criação. Ele
derrama de Sua graça em favor até dos ímpios, não para salvação eterna, mas
para preservação da vida humana na Terra. O texto de Lc 6:32-36 ilustra bem o
que estamos tratando aqui, quando Jesus, ao falar do amor ao próximo, diz que
temos de ser “misericordiosos como o nosso Pai é misericordioso” (36), “pois
Ele é benigno até para com os ingratos e maus” (35). Nós também podemos
ver, pelo relato de Gn 39:5, a benignidade de Deus na vida de um homem
ímpio, de Potifar. Deus abençoou toda a sua casa depois que José passou a
morar nela, como escravo. De fato, a graça de Deus é derramada na Sua
criação, o que glorifica o Seu nome e traz bênçãos para todos os homens,
embora redima especialmente os eleitos.
Deus, meus queridos irmãos, é sempre bom e tem sempre um bom
propósito a cumprir na nossa vida. E mesmo que Ele permita que o mal recaia
sobre nós, certamente o tornará em bem, para cumprir a Sua vontade que é
sempre boa, perfeita e agradável (Rm 12:2). O que nos conforta é saber que
o Senhor tem sempre um bom propósito em meio ao mal. Precisamos pensar
que se Deus é benigno até com os ímpios, dando-lhes bênçãos, sustento,
saúde, derramando de Sua graça para preservação da vida humana na Terra,
quanto mais Ele será para conosco, que somos o Seu povo escolhido, filhos do
Seu amor, eleitos desde antes da fundação do mundo para sermos o Seu
rebanho e povo do Seu pastoreio? Precisamos descansar nEle, confiando que
tudo que acontece conosco cumpre o bom propósito da Sua vontade,
contribuindo para o nosso bem, e glorificando o nome do Senhor Jesus Cristo,
como aquele que governa soberanamente sobre todas as coisas.
Portanto, meus irmãos, Deus transforma o mal em bem controlando a maldade
dos homens, preservando a vida humana na Terra e...
No último versículo desta perícope que nós lemos (21), José novamente
conforta os seus irmãos, (leiamos) “Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós
outros e a vossos filhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coração”. José
novamente diz para os seus irmãos não temerem, pois sustentaria a eles e aos
filhos deles. José consola mais uma vez o coração dos seus irmãos. Mas, dessa
vez, ele especifica o cuidado para com os da sua casa, para com o povo de
Canaã, a terra da promessa de Deus. José está sendo instrumento de Deus
para abençoar o povo de Israel. E aqui, meus irmãos, eu gostaria de chamar a
atenção para o fato de que a providência do Senhor em preservar a vida
humana nessa época, tem o mais magnífico propósito de toda essa história.
A vida de José ganha muito em significado quando vemos que ele estava
sendo usado por Deus para preservar a vida do povo de onde viria o Messias,
o Cristo, o Redentor do mundo. O propósito de Deus ter levado José ao Egito,
além de preservar a vida humana, era especialmente preservar a
descendência da mulher, a linhagem de Cristo, conforme Gn 3:15. Vemos
claramente, portanto, uma analogia entre José e Jesus, o que na Teologia nós
chamamos de tipologia, José era um tipo, uma sombra de Cristo. Segundo
afirma Longman, o bem que Deus está o tempo todo operando através da
história da vida de José é “a sobrevivência do povo da promessa. A aliança não
vai fracassar. (...) É possível observar uma analogia entre a maneira como
Deus operou a salvação por meio da vida de José e como ele fez de modo tão
supremo na vida de Jesus. José foi o agente divino no resgate da família de
Deus.”
Poderíamos ilustrar essa verdade com o comentário que Wiersbe faz do
texto de Atos 2:22-24, no qual relaciona José com Jesus, na reflexão que o
apóstolo Pedro faz da morte de Cristo. Ele diz que a prevalência de Deus
“sobre esses atos perversos a fim de realizar os Seus bons propósitos (...) nos
faz lembrar do que aconteceu na cruz. Pedro disse: ‘sendo [Jesus] entregue
pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-
o por mãos de iníquos; o qual, porém, Deus ressuscitou’ (At 2:23, 24). Por
meio do maior pecado cometido pela humanidade, Deus trouxe a maior bênção
já concedida à humanidade.” Fazendo minhas as palavras de Longman,
“enquanto os soldados romanos estavam cravando as mãos de Cristo na cruz,
estavam cumprindo o plano divino de redenção. O que planejaram para o mal,
Deus planejou para a salvação do mundo.”
De fato, meus irmãos, Deus tem domínio pleno sobre o universo. Os Seus
planos não podem ser frustrados. Nada pode impedir a soberana operação da
vontade do Senhor em salvar e santificar o Seu povo. Nós devemos crer que
nossa vida é sustentada pelo Senhor. Assim como Deus criou situações para
preservar a vida dos israelitas num momento de grande fome na terra, Ele, hoje,
ministra sobre nós o Seu cuidado, a Sua provisão. Não devemos andar
ansiosos de coisa alguma, nem do que haveremos de comer ou vestir, pois o
Senhor é quem nos alimenta. O Senhor Jesus exerce o Seu sábio governo
sobre o mundo. Ele nos prometeu que não nos faltará pão para o corpo. Ele
também nos garantiu saciar a nossa fome e sede de justiça, porque, pelo
poder de Sua obra, pelo Seu sacrifício naquela cruz, Ele nos livra da miséria
do pecado e nos farta da maravilhosa graça da salvação eterna.
Aplicação Final
Conclusão