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Entendendo a páscoa dentro do seu contexto

Autor: Erberson R. Pinheiro

1. Deus escolhe um homem para fazer dele uma grande nação


Deus sempre teve um plano de redenção para a humanidade, pois o homem
havia pecado e se afastado do seu criador. Era necessário um plano de salvação para
que a humanidade tivesse seus pecados perdoados e o relacionamento do homem
com Deus fosse restaurado.
O plano de Deus consistia em formar uma nação para que dessa nação viesse
esse que iria pagar o preço dos pecados da humanidade e trazer o homem de volta
para Deus. Mas qual nação Deus escolheria? Qual país era digno de ser escolhido
para ser um país abençoado por Deus, para que nascesse o Messias, o Salvador da
humanidade?
Deus olhou para a humanidade e não viu nem uma nação digna de ser
escolhida, pois todas as nações não adoravam a Deus. Então Deus resolveu escolher
alguém, um homem para assim formar uma nação, porém não viu ninguém digno de
ser escolhido para formar essa nação (Rm 3.10-13). Todas as pessoas na face da terra
tinham se afastado de Deus e adoravam outros deuses, mesmo conhecendo a Deus,
não o glorificaram (Rm 1.21).
Alguém pode pensar nesse momento “como Deus executou o seu plano? ”,
visto que não havia ninguém digno de ser escolhido para formar essa nação pela qual
Deus abençoaria todas as pessoas da face da terra através do nascimento do Messias,
o que iria redimir a humanidade. Deus sabia que não havia alguém digno de ser
escolhido, mas é nesse momento que o plano de Deus começa a ser executado, Deus
revela a sua maravilhosa graça, ou seja, o seu favor não merecido.
Pela sua graça Deus escolhe um homem que não tinha mérito nenhum, e era
pecador como os outros para ser o seu escolhido e assim ser o pai de uma grande
nação. Esse homem se chamava Abrão (significa pai exaltado), mas logo depois
Deus mudo o seu nome para Abraão (significa pai de uma grande nação). Abraão é
conhecido como o pai da fé, pois ele creu em Deus (Rm 4.3) e somente a sua fé foi
suficiente para que ele fosse abençoado por Deus, não houve obras, não houve
mérito da parte de Abrão, ele foi justificado pela fé. Devemos admirar Abraão pela

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sua obediência a Deus, não pelos seus méritos, pois ele não tinha mérito nenhum
diante de Deus.
Não vou detalhar a história de Abraão aqui, mas gostaria de dizer que Deus
abençoou Abraão e fez dele uma grande nação, os seus descendentes se
multiplicaram e se tornaram uma nação grande e poderosa, a nação de Israel. Até os
dias de hoje Israel é uma nação abençoada e poderosa.
2. A ida para o Egito
Os descendentes de Abraão foram para o Egito na época de José por causa da
fome (Gn 47.11-12) por lá ficaram, viveram em uma terra separada, chamada Gósen.
Lá eles estavam no Egito, mas viviam separados do povo egípcio. Viveram muitos
anos em paz e em prosperidade. Porém algum tempo depois houve um rei no Egito
que não conheceu José, e se aproveitou da situação para escravizar o povo de Israel.
O povo abençoado por Deus foi escravizado no Egito e não pôde mais retornar para
sua terra, Canaã.
A vida de escravidão no Egito não era das melhores, pois tinham que se
submeter às humilhações do povo egípcio. Outro problema que aconteceu foi que o
povo de Deus começou a viver segundo os costumes dos egípcios, adquiriram muitos
costumes que desagradavam o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Deus resolveu libertar
o seu povo da escravidão e levá-los de volta para a terra prometida, Canaã.
3. A saída do Egito
Deus pela sua infinita misericórdia escolheu Moisés para ser o libertador do
povo da escravidão do Egito. Moisés passou por um processo de “treinamento” para
conseguir dialogar entre o povo e faraó, e ao mesmo tempo guiar o povo no deserto.
Ele viveu no palácio com faraó por cerca de 40 anos, depois de matar um egípcio
teve que fugir para a terra de Midiã, onde viveu por mais 40 anos. Dessa forma,
Moisés aprendeu a língua dos egípcios, e em Midiã aprendeu falar aramaico, que é
uma língua parecida com o hebraico e que era falada pelo povo de Israel, e de bônus
aprendeu andar pelo deserto.
Quando Deus mandou Moisés executar a plano de libertação do povo,
juntamente com seu irmão Arão, Faraó não deixou o povo ir embora, pois o próprio
Deus endureceu o coração de Faraó. Com o endurecimento do coração de Faraó
Deus pôde mostrar o seu poder para os Egípcios e ensinar o seu povo que os deuses
egípcios não tinham poder para executar milagres, pois não passavam de estátuas de
madeira e pedra que nada podem fazer.
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Cada praga estava relacionada à um deus egípcio. A praga das rãs estava
relacionada a um deus egípcio que tinha a forma de uma rã, a praga dos gafanhotos
estava confrontando o deus egípcio da colheita, e assim foi para todas as pragas.
Dessa forma, tanto os egípcios quanto os israelitas entenderam que somente o Deus
Jeová tinha poder e os deuses egípcios não tinham poder para ajudar ninguém.
Depois de nove pragas Deus resolveu derramar a sua ira sobre o povo egípcio
e mostrar que Ele é o único Deus, e de uma vez por todas libertar o seu povo,
levando-os de volta para a terra prometida. Deus resolveu matar todos os
primogênitos que viviam na terra do Egito, quer seja egípcio, quer seja israelita. A
morte dos primogênitos caracteriza a ira de Deus sobre os pecadores, e havia
somente uma maneira de escapar da morte, realizando o sacrifício da páscoa.
4. A páscoa
Em Êxodo 12 vemos todos os detalhes da páscoa. Deus iria libertar o povo do
Egito, pois depois da morte dos primogênitos Faraó deixaria o povo ir embora. O
povo deveria sacrificar um cordeiro, sem nenhum defeito, e passar o sangue do
cordeiro nos umbrais da porta. Quando o anjo do Senhor passasse para ferir os
primogênitos a casa que não tivesse com o sangue do cordeiro teria o primogênito
ferido pelo anjo do Senhor.
Páscoa no hebraico é pessach que significa passagem ou passar por cima:
"...é a páscoa do Senhor" (Ex.12:11), "Porque o Senhor passará para ferir os
egípcios..." (Ex.12:23), "É o sacrifício da páscoa ao Senhor que passou por cima
das casas dos filhos de Israel..." (Ex.12:27).
Os israelitas deveriam realizar a páscoa todo o ano, de geração em geração,
como um memorial, pois simbolizava a libertação da escravidão do Egito. Vejamos
a passagem de Êxodo 12.12-14:
12 Porque naquela noite passarei pela terra do Egito, e ferirei todos os
primogênitos na terra do Egito, tanto dos homens como dos animais; e sobre
todos os deuses do Egito executarei juízos; eu sou o Senhor.
13 Mas o sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu o
sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga para vos
destruir, quando eu ferir a terra do Egito. :
14 E este dia vos será por memorial, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor;
através das vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.

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Os israelitas cumpriram o que Deus ordenou, fizeram o sacrifício do
cordeiro, passaram o sangue nos umbrais das portas, e a noite o anjo do Senhor
passou e matou todos os primogênitos do Egito, porém nem um primogênito de
Israel morreu, pois foram poupados pelo sangue do cordeiro.

5. O real significado da páscoa


Mas o que isso tem a ver com nós?
O que a libertação de um povo que não fazemos parte tem a ver com nossa
vida?
Depois de tudo isso, podemos nos questionar o porquê da páscoa ser uma festa
que envolve todos os povos e não somente o povo judeu (como os israelitas são
conhecidos hoje). E por que não fazemos o sacrifício de um cordeiro? O que faz da
páscoa um evento cristão e não somente judeu?
A resposta para esses questionamentos é encontrada em apenas um lugar, ou
melhor, uma pessoa, Jesus Cristo. Isso mesmo, Cristo entra em cena, mostra o real
significado da páscoa.
No começo do texto eu falei que Deus havia traçado um plano de salvação, e esse
plano consistia em escolher um homem, Abraão, formar uma grande nação, Israel, e
a partir da grande nação abençoar todas as nações da terra (Gn 12.3) com nascimento
do Messias, que iria redimir a humanidade dos seus pecados.
E foi o que aconteceu, Jesus é o messias prometido. A páscoa foi uma
sombra de algo maior que ia acontecer no futuro, e aconteceu. Um dia, quando João
Batista estava ao lado do Rio Jordão, olhou e disse “eis o cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo” (Jo 1:29). O sacrifício perfeito pelos pecados havia chegado.
Ele era conhecido antes da fundação do mundo e veio para a terra para realizar o
maravilhoso plano de redenção do Senhor através do derramamento do seu precioso
sangue (1 Pe 1:18-20).
O sangue do cordeiro que foi passado nos umbrais das portas para evitar a
morte dos primogênitos, era apenas um símbolo do sangue de Cristo que iria nos
redimir dos nossos pecados. O evento correspondente à páscoa no Novo Testamento
é a redenção. Assim como um cordeiro foi sacrificado no dia da páscoa para a
libertação dos judeus do Egito, Cristo foi sacrificado para a libertação dos nossos
pecados: "...Ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt.1:21); "...pelo seu sangue
nos libertou dos nossos pecados" (Ap.1:5); "...Cristo, nosso cordeiro pascal, foi
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imolado" (I Co.5:7). Cristo se fez oferta pelo pecado. Há uma perfeita identificação
entre o pecado do crente e a oferta pelo pecado (Jo.3:14). Esta identificação é ainda
mais evidente no Antigo Testamento, pois "a palavra hebraica hattâ't usada para
traduzir pecado é derivada de uma forma verbal que significa purificar, de modo
que o substantivo significa um sacrifício que obtém a purificação
O que torna a páscoa mais significativa para os cristãos é o fato de Jesus ter
morrido na páscoa, pois de fato ele simbolizava o cordeiro que deveria ser
sacrificado na celebração desse memorial.

A primeira páscoa foi comemorada numa sexta-feira. Yeshua Cristo também foi
crucificado numa sexta-feira (Mt.27:62; Mc.15:42; Lc.23:54; Jo.19:14), às 09h00, isto
é, na "hora terceira" (Mc.15:25). Das 12h00 às 15h00, isto é, da hora sexta à hora nona,
houve trevas sobre a terra (Mt.27:45; Lc.23:44-46). Depois disso Ele rendeu o espírito,
no período entre 15h00 e 18h00. Este período compreendido entre a hora nona (15h00)
e o pôr do sol (18h00), no qual Yeshua morreu é o mesmo período designado para o
sacrifício da páscoa, ou seja, no crespúsculo da tarde, (Lv.23:5; Nm.28:4,8).

Como podemos ver, a comemoração da páscoa nada tem a ver com coelhos e ovos
de páscoa. Está relacionada à libertação do povo de Deus da escravidão do Egito e a
nossa libertação da escravidão do pecado. Na páscoa devemos refletir sobre o sacrifício
de Cristo e o seu real significado para a nossa vida, pois Ele morreu pelos nossos pecados
e a única maneira de termos um verdadeiro relacionamento com Deus é crendo em seu
sacrifício. Devemos fazer como Abraão, ter fé, pois apenas a fé em Cristo pode nos
justificar diante de Deus.

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