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Perdão Total na Vida de José —


Impacto Publicações
10-13 minutos

Por: R. T. Kendall

Mesmo depois de entendermos que o perdão é essencial na vida


do cristão, muitas vezes surge a pergunta: “Como posso saber se
realmente perdoei completamente?”
Há várias evidências importantes que caracterizam o perdão total.
Porém, nada como ver o perdão exemplificado na vida de alguém
para se obter um quadro vivo e aplicá-lo à nossa vida. E nenhum
dos personagens bíblicos, com exceção de Jesus Cristo, ilustra
melhor o que é perdão do que José no livro de Gênesis.

Injustiças Sofridas por José

Vamos recordar as principais injustiças praticadas contra José,


para entender melhor o que ele perdoou.

Em primeiro lugar, por pouco não foi morto pelos irmãos. No fim,
resolveram lançá-lo numa cova e, depois, vendê-lo como escravo
(Gn 37.18-24). É verdade que José tivera atitudes prepotentes, por
saber que era o filho preferido do pai e por ter recebido sonhos
indicando que estaria acima dos irmãos. Mas nada justificava a
atitude destes em querer matá-lo ou vendê-lo como escravo para
os ismaelitas.

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Em segundo lugar, ele foi injustiçado pela esposa de Potifar, que


o comprara dos ismaelitas. Ao invés de ser premiado por sua
fidelidade em resistir à sedução daquela mulher, ele foi lançado na
prisão.

Em terceiro lugar, ele foi esquecido pelo copeiro de Faraó. José


havia interpretado corretamente o sonho desse homem, que se
cumpriu quando foi restaurado à sua função no palácio. Antes da
sua libertação, José pediu-lhe que intercedesse em seu favor
diante de Faraó.

José tinha muitas razões para se amargurar, até contra Deus, que
permitiu que tudo isso acontecesse na sua vida. Dá até para
discernir uma nota de autopiedade na sua afirmação ao copeiro na
prisão: “E, aqui, nada fiz, para que me pusessem nesta masmorra”
(Gn 40.15).

Perdão Exemplificado na Vida de José

Não sabemos muito sobre o que se passou no coração de José


durante todo esse processo. O que as Escrituras mostram é que
José realmente perdoou a seus irmãos e não guardou mágoa
contra Deus.

Veja os pontos principais que despontam no final da sua história e


as lições que podemos aprender sobre as características que
identificam perdão total.

1. José manteve em segredo o mal que seus irmãos lhe


fizeram. Quando José revelou sua identidade aos irmãos no Egito,
em Gênesis 45, ele pediu que todos os outros se retirassem de sua
presença. Ele não queria que ninguém no Egito soubesse o que
havia acontecido 22 anos antes, para que ninguém ficasse contra
seus irmãos. Uma das maiores provas de que houve perdão é

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quando não queremos espalhar aos outros o que o ofensor nos


fez. É assim que nós também fomos perdoados: Deus afastou
nossos pecados de nós assim como o Oriente é distante do
Ocidente (Sl 103.12). Todos nós temos esqueletos escondidos em
nossos armários, conhecidos geralmente somente por nós
mesmos. É confortante saber que Deus perdoa totalmente todos
os nossos pecados e jamais revelará aos outros o que sabe a
nosso respeito. Foi assim que José perdoou aos seus irmãos.

2. José não queria que os seus irmãos se sentissem


intimidados ou temerosos perto dele. Ele se revelou aos seus
irmãos com lágrimas e compaixão, não como alguém que quisesse
castigá-los ou deixá-los desconfortáveis. Quando ainda não
perdoamos totalmente, sentimos prazer em perceber que o ofensor
sente medo ou intimidação por nossa causa. Isso prova que ainda
há amargura em nosso coração. “O perfeito amor expulsa o medo,
porque o medo supõe castigo”, escreveu o apóstolo João (1 Jo
4.18, NVI). José percebeu que seus irmãos estavam “atemorizados
perante ele” (Gn 45.3); por isso, chamou-os para perto, conversou
com eles e os abraçou. Não há, em todas as suas palavras,
nenhum sinal de mágoa, de superioridade, ou de que irá
finalmente, após tantos anos, olhar nos olhos deles e recriminá-los
pelo que fizeram. Pelo contrário, há uma sincera demonstração de
querer deixá-los livres de qualquer sentimento de barreira ou
afastamento.

3. José não queria que seus irmãos continuassem se sentindo


culpados. “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis
contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui…” (Gn
45.5). Quem não perdoa totalmente quer exatamente o contrário:
que a pessoa fique muito triste, que demonstre arrependimento,

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que sinta o quanto prejudicou o ofendido. Muitas vezes, podemos


até dizer que perdoamos, mas fazemos tudo para deixar o ofensor
se sentindo extremamente culpado. José quis liberar seus irmãos
dessa sensação de culpa, embora em momento algum negou o ato
terrível que haviam praticado contra ele. Pelo contrário, mostrou
que Deus estava acima da intenção deles e que o enviara ao Egito
com uma missão de salvar vidas (vv. 5-8). Foi exatamente assim
que Jesus perdoou a seus discípulos depois da ressurreição. Não
disse uma palavra sobre a covardia deles, quando fugiram na hora
em que mais precisava do seu apoio, ou sobre o que Pedro fizera
para negá-lo. Simplesmente apareceu onde estavam trancados e
lhes disse: “Paz seja convosco” (Jo 21.19).

4. José até argumentou que fora Deus quem o enviara para o


Egito. Com isso, estava preservando a dignidade de seus irmãos,
evitando qualquer referência à sua própria justiça ou ao erro deles
(Gn 45.5-8). “Deus me enviou aqui na frente porque sabia da fome
que viria e quis preparar um meio para preservar nossa família e
muitas outras vidas”, ele lhes disse. Não há como superar um
perdão como esse. Quando perdoarmos dessa maneira, é porque
chegamos lá – experimentamos o perdão total! É aqui que tocamos
numa das questões mais difíceis para nossa mente humana
compreender ou aceitar: como Deus pode fazer com que um ato
criminoso, um terrível pecado contribua para seu plano? Do jeito
que José colocou para seus irmãos, parecia até que não haviam
feito nada de errado. Outro grande exemplo disso é o fato de Bate-
Seba figurar entre os ascendentes de Jesus na genealogia em
Mateus 1. Será que foi pela vontade de Deus que Davi tomou a
mulher de Urias ou que os irmãos de José o venderam como
escravo? Claro que não! O fato de Deus ser capaz de transformar

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os piores erros humanos em eventos que cooperam para o bem do


seu plano não significa que Deus planejou que fosse assim ou que
o ato não tenha sido condenável. Pelo contrário, é uma glória
maior para Deus conseguir tirar o bem de tais situações e perdoar
aquele que praticou o mal. Os irmãos de José ficaram atônitos –
tanto assim que anos depois ainda não haviam-se convencido de
que seu perdão fosse para valer.

5. José ajudou seus irmãos a evitar seu maior temor: ter de


contar toda a verdade para o pai. Outra vez, se não houvesse
perdão, José teria até prazer em imaginar a consternação com que
seus irmãos teriam de encarar o pai e contar o que realmente
acontecera há tantos anos e como o haviam enganado e feito
sofrer por tanto tempo. José, porém, não somente os liberou do
sentimento de culpa em relação a si próprio, como também lhes
deu instruções precisas sobre como falariam com o pai. Não
precisavam tocar em nada do passado, nem revelar o que haviam
feito. Só precisariam dizer que o filho José estava vivo, que era
governador no Egito e que estava convidando toda a família para
ser sustentada por ele lá. Jacó continuaria pensando que seus
outros filhos nada tinham a ver com o sumiço de José. E assim
ficou até a sua morte. Muitos cristãos zelosos e legalistas com
certeza diriam que os filhos de Jacó não poderiam ser perdoados
sem confessar tudo ao pai. Embora a confissão de pecados seja
bíblica e necessária, muitas vezes aquilo que já foi tratado por
Deus no passado não precisa ser remexido. Ainda temos muito a
aprender sobre a natureza de Deus e o perdão.

6. José manteve sua atitude de perdão até o final de sua vida.


Perdão total é um compromisso para toda a vida. Quantas vezes,
ficamos decepcionados quando alguém que nos havia “perdoado”

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levanta a questão novamente, mostrando que ainda não a


esqueceu nem a conseguiu superar. A impressão é que a pessoa
não foi sincera quando disse que perdoou, mas isso nem sempre é
verdade. Dependendo da profundidade da ferida, pode ser
necessário voltar muitas vezes ao mesmo ponto e perdoar
novamente. Perdão total é um compromisso que precisa ser
renovado continuamente, assim como nossas alianças com Deus e
uns com os outros. Dezessete anos depois da reunião de José
com seus irmãos, Jacó faleceu. Imediatamente, os irmãos se
encheram novamente de temor, achando que agora José
finalmente aproveitaria para se vingar deles. Será que agora lhes
retribuiria “todo o mal que lhe fizemos” (Gn 50.15). Até inventaram
uma história para dizer que o pai deixara instruções para que José
lhes perdoasse. José, ouvindo isso, chorou. Seus irmãos ainda não
haviam acreditado no seu perdão. “Não temais”, ele lhes
respondeu. “Acaso estou eu em lugar de Deus?” Isso nos ensina
que reter o perdão de alguém é colocar-se no lugar de Deus. Não
temos direito de fazer isso. Quem vai julgar é Deus. Nosso papel é
perdoar. José voltou a afirmar a mesma coisa que lhes dissera
tantos anos atrás: que Deus pegou o ato pecaminoso (“vós, na
verdade, intentastes o mal contra mim”) e o transformou em bem,
para conservação de vida. Portanto, nada mudara em seu perdão
incondicional; ele continuaria sustentando a seus irmãos e a suas
famílias. Quem já enfrentou situações injustas sabe que não é
suficiente perdoar uma vez; é preciso perdoar, perdoar e perdoar
novamente, tantas vezes quantas a tentação de se amargurar
surgir em nossos corações.

Extraído e adaptado do livro “Total Forgiveness” (Perdão Total), R.


T. Kendall, Charisma House, 2002. Autor de mais de trinta livros,

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Kendall foi pastor de Westminster Chapel (igreja pastoreada antes


dele por G. Campbell Morgan e Martyn Lloyd Jones), em Londres,
durante 25 anos, de 1977 a 2002.

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