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CLASSE DE ADULTOS

LIÇÃO 6
Peregrinos e Estrangeiros

Deus ouve o gemido e o clamor do seu povo


Peregrinos e Estrangeiro s – Êxodo 2.11-25

Introdução
Depois de tantas atrocidades do Faraó, percebemos que a situação no Egito ficou
insuportável para o povo de Deus. O povo, em amargor de alma, começou a gemer e
clamar por socorro. Nesse momento, Deus surge na história como Aquele que ouve o
gemido do seu povo, compadece-se dele e lhe providencia um redentor. Nesse
momento da história vemos por que Deus poupou a vida de Moisés e o levantou para
ser o redentor dos hebreus.
Na lição de hoje aprenderemos como Deus é fiel à sua aliança e, por causa disso,
providenciou um Redentor para salvar seu povo amado da escravidão.

Um povo que geme e clama por causa da escravidão


O verso 11 nos informa que muitos anos se passaram sob dura escravidão no Egito. A
prosperidade dos primeiros anos entre os egípcios gradativamente se transformou em
escravidão e opressão. Eles foram afligidos. O Faraó e egípcios fizeram “amargar a vida
dos filhos de Deus” (Ex 1.14). Foi essa vida amarga que fez o povo voltar-se para Deus.
Assim ele gemeu diante da agonia da servidão e clamou ao Senhor por socorro e Ele o
ouviu.
Gemidos e gritos sob a escravidão
A realidade da longa e dura escravidão imposta pelos egípcios provocou nos hebreus
dor intensa, tanto física quanto espiritual. Este povo tem experimentado agressões
físicas e morais, privação da liberdade e a morte de filhos queridos. Então, oprimidos,
afligidos e debaixo de tamanha escravidão, os hebreus gemem e gritam por socorro.
Note que dois termos são usados para descrever a reação do povo à amargura que
estavam vivendo: gemido e clamor.
Gemido é o som quase inaudível do sofrimento. O suspiro que vem com a dor e que
revela insatisfação, agonia e o sofrimento íntimo do coração. É o som que sai sem que
haja controle, que não pode ser contido porque o coração ferido não o pode deter. Na
condição em que se encontravam, os filhos de Israel gemiam para expressar seu mais
profunda sofrimento.
Lembro que nos seus últimos dias de vida, minha mãe sentia muitas dores por causa
do câncer que a havia acometido. Uma noite, quando dormi ao seu lado, pude ouvir
seu gemido. Era incontrolável. Mas era presente e, mesmo sendo baixinho, ele
denunciava a dor constante que minha mãe estava sentindo. Naquela noite aprendi
uma lição sobre gemidos: só pode ouvi-los quem está muito perto.
Por Rev. Aláuli Oliveira
Deus ouve o gemido e o clamor do 2
seu povo
Acredito que se estivéssemos bem perto daquele povo poderíamos ouvir o gemido
dele:
• Nas noites solitárias de um homem lamentando a condição de sua família e o
sofrimento imposto à sua esposa e filhos.
• Quando uma mãe geme pelo assassinato de seu bebezinho.
• Ao ver um jovem casal cuja mulher está grávida e teme que em seu ventre
esteja sendo gerado um menino.
• No jovem nascido escravo e sem expectativa de conhecer a verdadeira
liberdade.
• No velho cansado e ainda obrigado a trabalhos forçados.

Como falei, é necessário estar perto para ouvir o gemido de alguém. No verso 24, lemos
que o Senhor ouviu o gemido do seu povo. Isso quer dizer que Ele estava perto o
suficiente para ouvi-los. Essa é a primeira vez que Deus é citado em Êxodo, mas isso
não significa que Ele estava ausente. Pelo contrário, Ele está bem perto.
O Clamor, diferentemente do gemido, é um grito de socorro que vem do
convencimento de que escravos não podem fazer nada por si mesmos, que somente
alguém mais forte e poderoso que o Egito poderia livrá-los das mãos tirânicas do Faraó.
O clamor é o grito humilde, urgente e desesperado de um necessitado pedindo a
alguém que o socorra. É o grito por socorro dirigido a Deus. Leia Deuteronômio 26.6–
7 e veja como Moisés relata essa experiência com Deus.

Deus ouve o gemido do povo


Aquele povo não gemeu à toa! Seus gemidos e clamores foram ouvidos por Deus. É
exatamente o fato de Deus os ter ouvido que fez a sorte daquele povo mudar
completamente. Podemos dizer que tudo começou quando Deus misericordiosamente
se inclinou para os ouvir.
Muitas vezes somos tentados a pensar que gememos sozinhos ou que nossos gritos são
vazios. Porém, a Palavra de Deus e a experiência do seu povo nos garantem que isso
não é verdade. A realidade é que Deus, como Pai amoroso e fiel, está muito perto de
nós e sempre ouve nossas orações, mesmo quando elas são apenas gemidos. Para ser
mais preciso, a Bíblia diz que, Ele não apenas ouve o nosso gemido, mas que Ele mesmo
geme intercedendo por nós na pessoa do Espírito Santo (Leia Rm 8.26-27). Não apenas
isso, quando estudarmos o cap. 3, veremos que Deus efetivamente age para nos
socorrer. Por hora nos basta saber que o que ninguém ouve, Deus sempre ouve:
“Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando
clamei por socorro.” (Sl 40.1).

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Deus ouve o gemido e o clamor do 3
seu povo
Deus lembrou-se da sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó
“Lembrou-se” não significa que Deus tenha esquecido, mas que Ele foi fiel à sua aliança.
Esse “lembrar-se” é a resposta redentora de Deus em fidelidade a seu pacto com os
patriarcas.
Deus fez um juramento (Hb 6.13-20) a Abraão de que lhe daria uma descendência
incontável e uma terra que mana leite e mel. Os descendentes de Abraão se
esqueceram dessa aliança, mas Deus não. O povo foi infiel, mas Deus permanece fiel.
Essa fidelidade de Deus ao pacto que fez com Abraão, Isaque e Jacó o levou a atentar
para condição do seu povo e a efetivamente agir para redimi-lo da escravidão.
Quando pensamos em nossa realidade como peregrinos nesse mundo caído, é
importante percebermos que estamos seguros porque temos um Deus fiel. Ele fez um
pacto conosco em Cristo. Desta forma, nossa redenção está fundada no Pacto da Graça,
do qual, Cristo é o nosso representante e fiador. Deus sempre se lembrará disso e,
assim, seremos salvos.
Moisés, um redentor para o povo de Deus
Moisés foi a resposta de Deus para o gemido e o clamor do povo. Ele foi o redentor
providenciado pelo Senhor para os hebreus. Vemos a providência divina na vida de
Moisés e como ela o preparou para a missão de redimir os filhos de Israel.
1. Na infância, Moisés deveria ter sido morto no Nilo, mas o zelo de seus pais e a
providência graciosa de Deus fizeram com que ele fosse salvo pela filha do Faraó e
vivesse na corte egípcia.
2. Na juventude, foi educado corte do Egito.
3. Adulto, foi para Midiã, região por onde conduziria o povo após a saída do Egito.
O verso 11 diz: “Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos e viu os
seus labores penosos”.
Moisés era um homem crente e isso fez ele passar a se compadecer de seu próprio
povo. Em Hebreus, lemos sobre o que estava no coração de Moisés: “Pela fé, Moisés,
quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser
maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado;
porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do
Egito, porque contemplava o galardão.” (Hb 11.24–26).
Esse interesse de Moisés não foi mera curiosidade, mas um movimento de fé. Ele
deixou o conforto do Egito e juntou-se aos hebreus em seu sofrimento. Hebreus fala
que Moisés considerava, pela fé (o que ainda não podia ser visto), o sofrimento do
verdadeiro Redentor, do qual ele era apenas uma sombra, Jesus Cristo. Ele creu que
nisso estava o seu real galardão e não nos prazeres transitórios do pecado.
Além disso, Moisés era um homem compadecido e defensor do direito, o que
testemunhamos em três ocasiões diferentes: quando ele mata um egípcio que
espancava um hebreu (v. 11), quando ele tenta impedir um hebreu de espancar outro

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Deus ouve o gemido e o clamor do 4
seu povo
hebreu (v. 13) e quando os pastores tentaram se aproveitar das filhas de Jetro (v. 16-
17).
Há algo importante que deve ser dito a respeito de Moisés: ele entendeu que o Egito
não era sua casa. No versículo 22, Moisés deu ao seu primeiro filho o nome de Gérson
(hb. estrangeiro) e disse: “sou peregrino em terra estranha”.
Assim, quando olhamos a vida e a conduta de Moisés, podemos enxergar as
semelhanças com Jesus. Moisés deixou a glória do Egito e desceu à miséria dos
hebreus, como Jesus esvaziou-se de sua glória e assumiu a miséria humana. Moisés se
compadeceu dos que sofriam na escravidão do Egito da mesma forma que Jesus se
compadeceu da humanidade caída em pecado e miséria. Entretanto, Moisés é mera
sombra. A realidade é Jesus.

Jesus, o Redentor do Povo de Deus


Jesus é o único Redentor dos eleitos de Deus (1Tm 2.5; BCW, pergunta 21). Isso é
verdade tanto para o próprio Moisés, quanto para os outros filhos de Israel e para nós.
os que cremos Nele. Moisés foi um redentor temporal para uma circunstância temporal
e específica. Porém, Jesus é o nosso Redentor eterno que por seu sangue nos libertou
do pecado e da morte e nos deu vida eterna.
Leia Gálatas 1.1-5 e Mateus 1.21. Essas passagens nos dizem que Jesus se entregou a
si mesmo “para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso
Deus e Pai” e que nos salvará dos nossos pecados.
Portanto, Jesus é a resposta de Deus para todo aquele que geme e clama por causa do
seu pecado, para todo que clama debaixo de um estado de pecado e miséria.

Aplicações
1. Não podemos fazer nada sozinhos
Se estamos escravizados, precisamos de um Redentor. Em nosso caso o Redentor é
Cristo (Jo 15.5; Mt 11.29).
2. Os que gemem e clamam aguardam uma Redenção
Leia Romanos 8.23-24. Veja que mesmo nós que temos o Espírito gememos por causa
das fadigas desse mundo e pelo anseio de nossa completa redenção. Se você tem
gemido por causa de sua condição e por causa dela tem clamado ao Senhor, saiba que
Jesus é a resposta de Deus ao seu clamor. Console-se na cruz, na ressurreição e na volta
do nosso Redentor.
A boa notícia é que se estamos gemendo é porque estamos insatisfeitos com esse
mundo. Às vezes, não conseguimos perceber que essa insatisfação não pode ser
satisfeita com nada daqui. Isso porque essa é uma insatisfação da alma cansada do
pecado que há lá fora e que é remanescente em nosso coração. Nós desejamos o novo
céu e a nova terra onde a justiça habita e onde estaremos com Cristo. Nós gememos
porque ansiamos o nosso Redentor.

Por Rev. Alauli Oliveira

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