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A Glória de Deus e o Uso do Véu

Phillip Kayser

“…para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito…”


1 Coríntios 4:6

“…Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Mateus 4:4
Com o objetivo de facilitar a compreensão do leitor brasileiro, optamos considerar cobertura
para a cabeça e véu como sinônimos, ao longo da leitura o leitor deve ter isso em mente.
Entretanto, não desconsideramos as outras formas de coberturas (além do véu) que são
usadas pelas irmãs piedosas. Outrossim, informamos que não restringimos o uso da
cobertura somente ao culto público.
A Glória de Deus e o Uso do Véu: Um estudo em 1 Coríntios 11.1-16
Título original: Glory and Coverings: A Study of 1 Corinthians 11:1-16.

Tradução: Presbiteriano Confessional, 2021

Todos os direitos disponibilizados pelo Presbiteriano Confessional


Contato: presbiteriano.confessional@gmail.com

O Presbiteriano Confessional subscreve integralmente os seguintes documentos: Confissão de


Westminster, Catecismo Maior de Westminster, Breve Catecismo de Westminster, Diretório
de Culto Público, Diretório de Culto Familiar (Assembleia da Escócia), A Forma de Governo
da Igreja Presbiteriana, Liga Solene e Aliança, Pactos, o Primeiro e Segundo Livro de
Disciplina e a e fiel exposição pactual do evangelho no Resumo do Conhecimento Salvífico.

Esse material deve ser compartilhado gratuitamente, pois acreditamos que as verdades de
Deus não devem ser algemadas (2 Tm 2.9) e que a luz da lei de Deus deve brilhar sem
obstáculos (Sl 119.105).

1° Edição, 2021

Editorial: Presbiteriano Confessional


Tradução: Presbiteriano Confessional
Revisão: Bezerra
Capa: Lucas Lemos

Dados para citação

KAYSER, Phillip. A Glória de Deus e o Uso do Véu: Um estudo em 1 Coríntios 11.1-16.


[s.l.]: Presbiteriano Confessional.
Escrituralista. Lógico. Indiscutível. Essas são as impressões após a leitura desse pequeno
artigo de Phillip Kayser. Com maestria, Kayser biblicamente coloca abaixo todos os
conceitos pós-modernos em torno do uso do véu na adoração pública. Como um bom
Escrituralista que é, consegue transmitir fluidez em um assunto que muitos insistem em
colocar grandes dificuldades, inclusive utilizando de argumentos culturais, o que Kayser
destrói facilmente. Kayser nos relembra que, a Escritura detém a verdade, e que todas as
coisas, inclusive a cultura, devem estar submetidas a ela. Outro ponto principal da obra é a
submissão aquela ordem criacional, aquela mesmo estabelecida no Éden, em que Kayser
também retira implicações lógicas e consistentes para o uso do véu. Leitura obrigatória para
aqueles que buscam a irrepreensibilidade na adoração e a oferta de um culto agradável ao
Senhor.
Karol Lemos, presbiteriana reformada.

Em meados de 2017, comecei a estudar sobre a questão do véu e o real significado de 1


Coríntios 11:3-17, fui convencida pelos argumentos a favor e decidi obedecer ao Senhor e
usar a cobertura a respeito da opinião dos homens. Certamente gostaria de ter lido esse livreto
do Phillip Kayser desde do início dos meus estudos, ele é um resumo claro e lógico dos
principais argumentos a favor do véu e uma resposta às principais dúvidas e objeções sobre 1
Co 11:3-17. Ele além da parte hermenêutica, contém também um apêndice sobre a posição e
visão dos pais da igreja em relação ao assunto. “A Glória de Deus e o Uso do Véu", com
certeza reforçou ainda mais minha convicção sobre o uso da cobertura e me convenceu ainda
mais sobre a necessidade de levar a sério a palavra do Senhor e não retirar ou chamar de
cultural aquilo que Deus colocou como mandato, baseado na própria criação dele. Me
reavivou sobre a importância de obedecer a Deus no pouco e sobre a beleza da santidade de
Deus e da ordem da criação. Usamos véu para que só a glória de Deus seja visível na
assembléia solene, usamos véu não porque o cristianismo seja uma religião machista, mas
sim porque a bíblia diz que somos a glória e exaltação do homem, e isso é belo. O uso do véu
é sobre negar o feminismo infiltrado e amar o local que o Senhor te deu no mundo como
auxiliadora. É sobretudo a mulher reconhecer sua autoridade e mostrar sua submissão bíblica
ao Senhor. É a mulher dizer: "que ele cresça e eu diminua". Recomendo com entusiasmo o
livro e para você mulher, digo: Durante a leitura não endureça o coração, leia com a mente
sincera e aberta, em oração, caso a palavra do Senhor fale o seu coração, como falou ao meu,
você não tema ouvir e obedecer com prontidão.

Larissa Macêdo Nogueira, presbiteriana e congrega na Igreja Presbiteriana de Tambay

A palavra submissão tem sido ultimamente tomada como sinônimo de servidão forçada e
escravidão, pela sociedade hodierna. Infelizmente a cada dia que se passa, a influência
negativa dos movimentos sociais de cunho feminista tem afetado muitos cristãos. Isso torna
urgente aos tempos atuais o ensino bíblico acerca dos papéis, da relação e do comportamento
que homens e mulheres devem ter, não apenas no pacto matrimonial, mas também naquilo
que diz respeito aos princípios que regem a adoração. A breve obra em questão, trata de
alguns desses aspectos importantes da relação do homem e principalmente da mulher na
adoração a partir de um panorama teológico-exegético do texto de 1 Coríntios 11:1-16. O uso
do véu ou a cobertura de cabeça por parte das mulheres cristãs durante a adoração, tem sido
alvo de muita controvérsia na igreja e também nos círculos acadêmicos, sendo assim, já era
tempo de termos obras como essa traduzidas para a língua portuguesa, a fim de deixarmos as
sombras da ignorância monolítica através da luz das Escrituras canônicas.

Rev. Aldenor P. Neto


Pastor da Igreja Presbiteriana Betel - IPB
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA:
Quando ouvi sobre a defesa da cobertura em nossos dias, confesso que fui muito covarde.
Fugi do tema todas as vezes que começavam a defendê-lo, pois algo em mim (que hoje sei
que é o Espírito Santo) me incomodava e tornava meu conforto em desconforto. Essa é a
palavra que define o estado de nossa consciência quando estamos longe do desgaste dos
confrontos: “confortável”. “A maioria diz que não precisamos mais usar hoje. Então essa é a
verdade”. Ir contra a maioria, numa sociedade moderna e feminista é mais difícil do que
ignorar alguns poucos irmãos que acreditam que o uso da cobertura se aplica a nós. É mais
confortável ir junto à maré. Entretanto, num dia maravilhoso, Deus venceu todas as minhas
resistências, pois meu ídolo em apegar-me ao conforto da manada, foi vencido diante da
inquestionável e gloriosa autoridade bíblica, que ao contrário do que diziam, não abria
margens para relativizações com base em especulações históricas e arqueológicas. Sola
Scriptura e Tota Scriptura em 1 Coríntios 11 trouxe-me uma paz inexplicável. Tão
inexplicável que me deu forças para usar a cobertura em público mesmo sabendo que eu
poderia ser ridicularizada. Contudo, o poder que venceu minhas resistências e me convenceu
às verdades maravilhosas contidas neste livreto, também me encorajou a ser nesse lugar uma
das primeiras luzes reluzindo com a cabeça coberta, mesmo que isso custasse muito
constrangimento. Definitivamente não é fácil lutar contra a maré, mas foi justamente isso que
todos os nossos irmãos do passado fizeram, não se conformando com esse século. Paulo não
apenas me encorajou a me submeter a Deus em tudo, como alimentou minha ousadia de dizer
com minha cabeça coberta no culto solene: “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens
ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar
a homens, não seria servo de Cristo.” Gálatas 1:10

Com a sociedade em cacos como vemos, não há outra saída a não ser a Igreja voltar para a
Palavra de forma fiel, não continuar sendo moldados como camaleões pela cultura vigente.
Precisamos sair da zona de conforto. Precisamos nos dar o benefício da dúvida. Precisamos
ser humildes e aprendermos a olhar para mais de 2000 anos de teologia cristã e reconhecer
que somos arrogantes em passar por cima da tradição bíblica de toda a igreja em relação a
esse tema. Resgatar o uso da cobertura bíblica é um ato de reafirmar a autoridade de Deus
sobre a igreja e revelar que Sua Glória tem tamanha relevância que não nos importamos em ir
contra os padrões modernos para que ela seja manifestada com maior brilho. Esse livreto é
um bálsamo para aqueles que estão nadando contra a correnteza secular para agradar ao
Senhor fielmente. Somente a Deus a glória, e cobrir a nossa própria é provar nosso amor a
Cristo. Não a nós, Senhor!

Jackeline M. Queiroz,
Administradora do Feminilidade Cristã Brasil
1) Introdução:
2) Exegese da Passagem
3) Objeções Comuns Respondidas
4) Apêndice A: Como a Igreja Primitiva interpretou Paulo?
5) Apêndice B: “Cinco mitos sobre o adorno de cabeça do Corintios"
Introdução:

Meus olhos ficaram cheios de lágrimas quando finalmente percebi que estava ensinando
involuntariamente contra os mandamentos de Paulo em 1 Coríntios 11: 1-16. Pareceu-me que
a tonelada de tijolos que eu estava honrando, Paulo chama de “desonra” (v. 4-5,14) e estava
bastante confortável com uma prática que Paulo chama de “vergonhosa” (v. 6). Devemos
tremer quando nos aproximamos da terrível Palavra de Deus, lembrando o aviso das
Escrituras: "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais
duro juízo." (Tiago 3:1). Eu não tinha percebido o grau em que minha cultura feminista havia
me afetado, ou o grau em que o medo do homem influenciou minha interpretação, até que um
irmão fiel perseverou em me mostrar alguns pontos cegos que eu tinha. “Leais são as feridas
feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” (Provérbios 27:6).

Eu havia defendido anteriormente a posição de que este capítulo é obrigatório, mas a única
cobertura de que Paulo estava falando é o cabelo comprido da mulher. Eu ensinei que
nenhuma cobertura de tecido é obrigatória. O que me surpreendeu desde que voltei à
interpretação histórica1 é como tudo parece claro agora. Sempre pensei que a passagem era
muito difícil, mas uma grande parte da dificuldade estava em defender uma posição que agora
considero não bíblica. É preciso muita engenhosidade para contornar o significado central
desta passagem sobre a cobertura para a cabeça. É difícil extrair um significado do texto que
seja atraente para o homem do século vinte, mas Paulo sabia que sua mensagem era loucura
para sua cultura também (1 Co 1:21). Como ele disse em 1 Coríntios 1:25, “Porque a loucura
de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os
homens.”

Não pretendo dar um tratamento extenso de 1 Coríntios 11. (Existem vários artigos escritos
por outras pessoas que você pode estudar, se tiver esse desejo). Em vez disso, quero dar uma
breve sinopse do que a passagem significa e, em seguida, passar a maior parte deste livreto
respondendo às objeções que as pessoas levantaram. É sempre difícil ser objetivo e aberto ao
ensino bíblico quando há ramificações emocionais, então eu recomendo que você comece seu
estudo com oração, pedindo a Deus para abrir seu entendimento, restringir seus impulsos
carnais e se alegrar na verdade de Deus, onde quer que possa levá-lo.

Em suma, qual é o ensino sobre o véu?

1
Esta tem sido a prática universal da igreja desde o primeiro século até o início de 1900. Embora
possa haver declarações individuais de estudiosos que questionam se a prática era necessária ou
não, acredito que a avaliação do Rev. Richard Bacon está correta: “É a alegação deste autor, que
ainda não foi refutada, que todo comentário alegando que a cobertura foi cabelo foi escrito desde o
surgimento do feminismo igualitário. ” No “Paul’s Discourse on the Use of Head Coverings During
Public Worship,” Richard Bacon, First Presbyterian Church Rowlett
Para homens:

​ Ter cabelo curto - “Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o
homem usar cabelo comprido?” (v.14)
​ Não use chapéu, véu ou qualquer tipo de cobertura na cabeça durante o culto - “Todo
homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.”
(v.4)
​ Isso se aplica a todos os homens, jovens ou velhos, casados ​ou solteiros – a palavra
para “homem” é literalmente masculino.

Para mulheres:

​ Ter cabelo comprido - “…que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória…”
(v.15)
​ Use uma cobertura que desça pela cabeça e cubra a cabeça e o cabelo - “ela deve
cobrir a cabeça” (v.6), a palavra para “cobertura” [véu] que é aplicada às mulheres
nos versos 5-6,13 é uma palavra para uma cobertura de tecido que está envolto sobre a
cabeça.
​ Isso se aplica a todas as mulheres, jovens ou velhas, casadas ou solteiras – a palavra
para mulher sem o artigo indica as mulheres em geral.

Esses ensinamentos são apenas para adoração pública? Sim.

Enquanto outras passagens das Escrituras tratam do assunto do que vestir durante a semana,
esta passagem enfoca exclusivamente um código de vestimenta adequado para homens e
mulheres nas assembleias públicas de adoração formal. Paulo diz que essas questões sobre
roupas eram relevantes para “as igrejas de Deus” (v. 16). Em vez de ser um problema com
ramificações individuais, isso era algo para “julgar entre vós” (v. 13) e no qual os “irmãos” (v.
2) deveriam entrar em conjunto. Assim, não é por acaso que Paulo coloca sua discussão sobre
coberturas para a cabeça bem no meio de seu tratamento prolongado da Ceia do Senhor
(10:1-33 e 11: 17-34). 1 Coríntios 11:1-16 não tem nenhuma conexão lógica com o que Paulo
tem discutido2 ou está prestes a discutir, a menos que se refira à adoração pública (da qual a

2
Observe que o capítulo 10 começa com o batismo (vv. 1-2) e então prossegue para afirmar que os
santos do Antigo Testamento "comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma
bebida espiritual" (vv. 3-4) como nós na Ceia do Senhor. Ele faz isso para mostrar o por que eles são
exemplos dos tipos de julgamentos que nos acontecerão se participarmos da Ceia do Senhor
indignamente (vv. 6ss). Cada refeição sacramental do Antigo Testamento é usada para nos ensinar
como podemos cair nos mesmos julgamentos na Ceia do Senhor.

Para provar que julgamentos podem vir sobre aqueles que fazem mau uso da Mesa do Senhor,
Paulo apela aos julgamentos relacionados com as refeições sacramentais no deserto (10:1-6), a
participação indigna das refeições anexadas aos holocaustos e ofertas pacíficas (10:7), as refeições
sacrificais de Números 15:26 (10:8), os julgamentos para aqueles que comeram em Números 16
Mesa do Senhor era uma parte semanal). Da mesma forma, a cobertura de toda a glória,
exceto a glória de Deus (veja a discussão em “Objeções respondidas”) não faz sentido fora da
adoração. Outras Escrituras indicam que a glória do homem (a mulher) e a glória da mulher
(seu cabelo) não apenas podem, mas devem ser visíveis em outros contextos. Outros artigos
entraram em grandes detalhes para mostrar o contexto e o material do assunto, todos
argumentam que esta seção que exige códigos de vestimenta para o culto público, não para o
traje diário. (Para obter mais detalhes, leia a seção “Objeções respondidas” deste livreto.)

Exegese da Passagem

1 Coríntios 11:1. Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

O que Paulo está prestes a discutir não é apenas tradição apostólica, mas também carrega
consigo a autoridade de Cristo. A imitação dele e da prática de Cristo, em relação à cobertura
para a cabeça, não é uma opção.

1 Coríntios 11:2. De fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e
retendes as tradições assim como vo-las entreguei.

Por quais coisas Paulo os estava elogiando? Os comentaristas apontam que não pode ser o
resultado da Ceia do Senhor (capítulos 10; 11:17-34) porque ele diz exatamente o contrário
ao abordar esse assunto: “Agora, ao dar estas instruções, não vos louvo ...” ( v. 17). Em vez
disso, ele os elogia por manter a tradição apostólica sobre o uso de coberturas e cabelos
compridos. Embora alguns membros talvez tenham questionado a política da igreja sobre o
uso do véu, a igreja como um todo estava mantendo tudo o que Paulo havia ensinado.

A frase “as tradições como vo-los entreguei.” usa a palavra grega paradosis, que significa
"entregando, transmissão" (Liddel & Scott), "uma entrega ou transmissão, uma tradição."
(NAS grego) A palavra ocorre duas vezes nessa frase e pode ser traduzida como "as coisas
entregues, eu vos entreguei". A Escritura conhece apenas dois tipos de tradições transmitidas.
Proíbe qualquer sujeição por um momento às "tradições dos homens" (Mt 15: 1-9; Marcos

(10:10) e as refeições do templo que estavam sendo feitas no momento em que Paulo estava
escrevendo (10:18) Ele trata da carne sacrificada aos ídolos em 10:14-31 para dizer que é
inconsistente participar ritualmente da carne oferecida aos ídolos e também da Ceia do Senhor. “O
cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não
é a comunhão do corpo de Cristo? Você não pode beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios;
você não pode participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (10:16,21). Essa é a base
para sua discussão sobre a carne oferecida aos ídolos no restante do capítulo. É claro então que o
tema do capítulo 10 é retomado em 11:17-34. Se for assim, 11:1-16 deve de alguma forma se
relacionar. Os símbolos da cabeça, pão e vinho devem estar todos relacionados com a adoração
7:1-13; Cl 2:8), mas trata como infalíveis e vinculantes as tradições transmitidas pelos
apóstolos (2 Ts 2:15; 3:6).

O que os defensores "ligados à cultura" ironicamente estão dizendo é que Paulo estava
ordenando que os cristãos de Corinto sujeitassem suas consciências às tradições dos homens,
apesar do fato de que Paulo havia dito anteriormente, "para que em nós aprendais a não ir
além do que está escrito” (4:6). Paulo nunca teria imposto tradições feitas pelo homem na
linguagem da ética (“não deveria” [v. 7], “deveria” [v. 10], “imitar a Cristo” [v. 1], etc.). Isso
violaria a máxima de Cristo: "Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos
dos homens." (Mt 15: 9). Ou é um mandamento dos homens (cultura) ou um mandamento de
Deus.

Não posso conceber que o mesmo Paulo que criticou os homens quando eles sucumbiram às
tradições 'inocentes', como "Não toques, não proves, não manuseies" (Colossenses 2: 20-23),
ligaria suas consciências aos caprichos da cultura em 1 Coríntios 11. Onde isso deixa o
princípio regulador da adoração? A máxima de Paulo é “ninguém vos julgue” e não se
submeta “aos mandamentos e doutrinas dos homens” (Colossenses 2:22). Em 1 Coríntios 2:4,
Paulo insistiu que “as coisas que ele falado, não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito”. Paulo tinha recebido uma convicção
sagrada no ensino desses primeiros 16 versículos e ele estava passando para os discípulos.
Essas tradições não se originaram em Corinto, nem se originaram em Paulo. Eles foram um
depósito da verdade dada por revelação de Cristo para Paulo, de Paulo para Corinto (assim, a
ordem no versículo 1 de "Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.")

Observe também a aprovação de Paulo de que eles "guardais as tradições como vo-los
entreguei." A palavra para “guardar” é uma palavra muito forte que significa “prevenir de ir
embora; para segurar rápido; para proteger ”(BAGD). Assim, este versículo é traduzido de
várias maneiras como “guarde as tradições” (BAG), “mantenha as tradições” (ASV) e
“mantenha as regras inalteradas” (Con). Por que eles precisariam guardar esses ensinamentos
se eles fossem culturalmente relativos? Se podemos nos adaptar aos nossos códigos de
vestimenta cultural (como muitos afirmam), por que os Coríntios não poderiam fazer isso?
Além disso, por que Paulo insistiria que eles fossem guardados “assim como vo-las
entreguei”? Este é um forte argumento contra a questão das coberturas para a cabeça e do
cabelo serem culturalmente relativos. Havia pressões culturais externas que estavam fazendo
com que eles se afastassem da prática apostólica (assim como tais pressões culturais fazem as
pessoas se envergonharem desses versículos hoje).3 Paulo quer que eles guardem a tradição
do código de vestimenta de qualquer mudança.

3
Está claro no Apêndice A que Paulo estava contrariando a cultura, não se acomodando à cultura.
Então, como agora, havia pressões para se estar "com os tempos”. Este apêndice examina as fotos
da Grécia para ver se os argumentos dos defensores do anti-cobertura podem resistir às evidências.
1 Coríntios 11:3. Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e
o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.

Observe que a questão da autoridade vem em primeiro lugar, não em segundo lugar. Paulo faz
do véu uma implicação necessária do fato de que o homem é o cabeça da mulher. Enquanto
essa estrutura de autoridade continuar a ser relevante, o véu que dela emana é relevante.

Isso também significa que seria hipocrisia usar o véu enquanto se rebelava contra a estrutura
de autoridade que ele simbolizava. Em 1800, havia muitas feministas que continuaram a usar
coberturas para a cabeça enquanto derrubavam, inconsistentemente, as distinções entre os
sexos. Um ataque contra a estrutura de autoridade é um ataque contra o símbolo. Por outro
lado, um ataque contra o símbolo (como veremos) é um ataque contra a estrutura de
autoridade (veja v.10).

1 Coríntios 11:4. Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta,
desonra a sua própria cabeça.

Observe que Paulo diz: “todo homem”. Este não era um princípio antiquado que se aplicava
apenas ao homem do primeiro século em Corinto. É uma linguagem universal.4 A palavra
“homem” é literalmente “masculino” e, portanto, essa proibição se aplica a jovens e idosos.
Observe também que não são apenas as mulheres que são escolhidas para a correção. Os
códigos de vestimenta se aplicam igualmente a homens e mulheres.

Observe como isso era importante para Paulo. O homem que cobriu sua cabeça desta forma,
desonrou sua “cabeça”. Paulo já definiu a “cabeça” do homem como Cristo no versículo 3. Se
algo desonra a Cristo, devemos sentar e tomar conhecimento. A palavra grega para “desonra”
significa humilhar, desgraçar ou envergonhar. Se nossa cabeça, Jesus Cristo, é desgraçada ou
desonrada por qualquer comportamento que podemos nos envolver, devemos fugir disso. Não
devemos descartar este assunto levianamente como uma questão de incerteza. Se é tão
importante para Cristo, não pode ser uma mera convenção cultural.

A frase grega traduzida “tendo a cabeça coberta”, ocorre apenas aqui e é o mais geral dos três
termos para “coberta” usados ​neste capítulo. O grego é κατα κεφαλης εχων e significa
literalmente "ter [qualquer coisa] na cabeça". Mais tarde, ele amplia o que ele quer dizer ao
proibir um homem de vestir qualquer cobertura (v. 7) ou de ter cabelo comprido (v. 14).
Qualquer tipo de cobertura que desça pela cabeça é proibida ao homem. (Isso dá uma pista
sobre o tipo de cobertura que Deus chama as mulheres a ter. ‎A cobertura natural do cabelo
paira sobre a cabeça e o tecido cobrindo o pano paira sobre a cabeça).

4
Curiosamente, há muitas referências à vergonha para os homens relacionadas com a cobertura da
cabeça. Na verdade, em alguns pontos, é chamado de "vestimenta da vergonha”. Consulte o capítulo
2: “Objeções comuns respondidas”.
Alguns fizeram a seguinte objeção: “Talvez houvesse apenas dois ou três homens que não
usavam xales, já que 1 Coríntios 14:29 diz que apenas dois ou três profetas podem falar. Já
que o pastor geralmente é o único que fala, é o pastor sozinho que deve ter sua cabeça
descoberta?” No entanto, o contexto de toda a passagem exige o código de vestimenta não
apenas durante a oração e a profecia, mas durante todo o culto. Paulo frequentemente usa
uma figura de linguagem chamada sinédoque, onde uma parte é usada para descrever o todo.
Visto que a oração e a profecia são as partes principais dos serviços de adoração, essa frase
representa todo o culto. Paulo confirma isso pelo fato de que ele faz proibições aos homens
nos versículos 7 e 14 como proibições absolutas, não apenas durante a oração e profecia. Esta
conclusão é ainda confirmada quando é lembrado que o cabelo não poderia ser colocado ou
retirado seletivamente durante várias partes de um culto de adoração e há uma necessidade
paralela de ambas as coberturas. Tudo isso argumenta que o homem não deveria manter a
cabeça coberta durante todo o culto. (Consulte “Objeções respondidas” para obter mais
informações.)

1 Coríntios 11:5. Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.

Muitos ficaram intrigados com este versículo que parece permitir que as mulheres orem e
profetizem na igreja, uma vez que parece estar em aparente contradição com 1 Coríntios
14:27-36, onde as profetisas são explicitamente proibidas de trazer suas profecias durante o
culto de adoração ou falar publicamente (como uma só voz). Muitas tentativas de resolver
isso foram sugeridas.5 A explicação mais simples é a tradicional, que explico sob o título da

5
Alguns sugeriram que Paulo proíbe todas as três atividades (orar, profetizar e a cabeça descoberta)
aqui como uma desonra para a cabeça da mulher (o homem). Outros sugeriram que as mulheres
oravam e profetizavam em voz alta, mas que usavam coberturas para a cabeça ao fazê-lo. Embora
possível, acredito que essa interpretação cria muito mais problemas do que resolve. Além disso,
como veremos ao discutir as três glórias desta passagem, ela falha em explicar o contexto imediato.
Outros sugerem que Paulo não está comentando se orar e profetizar é apropriado aqui. Ele está
simplesmente abordando o problema das cabeças descobertas aqui, e lida com o problema de
profetizar e orar no capítulo 14.

Outros sugerem que Paulo está simplesmente argumentando ad hominem – assumindo a posição
das feministas a fim de mostrar o quão inconsistente sua posição seria. (Se eles pudessem orar e
profetizar, então não haveria necessidade de cobertura, visto que assumiriam a posição de um
homem, e se precisarem da cobertura, então não poderão orar e profetizar.) Outros sugerem que
Paulo está simplesmente usando a figura de linguagem usada anteriormente para descrever o culto
de adoração como um todo. Comentários de Greg Price:

“Como no caso dos homens “orando ou profetizando” (1 Co 11:4), no caso das mulheres “orando ou
profetizando” (1 Co 11:5), a “oração ou profetização” deve ser entendida como representante de
todos os atos de adoração (uma figura de linguagem em que uma parte é declarada para o todo é
conhecida como uma sinédoque) em que as mulheres devem se envolver espiritualmente (embora
sua participação na oração e pregação seja silenciosa, é, no entanto, uma participação ativa de todo
o seu ser na adoração a Deus). No entanto, eles recebem a ordem de, juntamente com os homens,
objeção n° 5. Em resumo, Paulo descreve o problema que aconteceu em dois lugares: no
capítulo 11 e no capítulo 14. Neste capítulo (que trata da cobertura da cabeça), ele aborda
apenas a parte do problema relevante para as coberturas para a cabeça. No capítulo 14 (que
trata de línguas e profecia), ele aborda apenas a parte do problema relevante para a profecia.

Existem três argumentos principais em defesa dessa visão. Primeiro, deve-se lembrar que
11:5 proíbe uma atividade, não endossa uma atividade. Deve-se sempre ser muito mais
cauteloso ao extrair implicações positivas de uma declaração negativa, especialmente porque
14:34-35 é tão absoluta em sua proibição de falar “na igreja” para uma mulher.6 Em segundo
lugar, Paulo normalmente argumenta dessa maneira. Precisamente o mesmo método foi usado
em 1 Coríntios 8:10 e 10:20-21 ao lidar com o problema de comer e beber nos templos
pagãos. Em 8:10, Paulo diz: "Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa
no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas
sacrificadas aos ídolos?" Isso significa que as pessoas com conhecimento podem comer no
templo de um ídolo, desde que os cristãos mais fracos não saibam disso? Não. Tanto comer
quanto fazer com que o irmão mais fraco tropece são proibidos. No capítulo 8, Paulo está
satisfeito em lidar com a consciência do irmão mais fraco e em 10:20-21 ele proíbe
absolutamente comer e beber em templos pagãos. Terceiro, é uma falácia lógica derivar a
permissão positiva para orar e profetizar dessa proibição negativa. Como diz John Robbins,

“A lição de lógica que Calvino dá é extremamente importante: ‘Ao condenar aqui um


[falando com a cabeça descoberta], ele não elogia o outro [falando].’ Se alguém dissesse que
é errado passar por um sinal vermelho enquanto está em alta velocidade, ele não poderia ser
entendido como se dissesse que é certo acelerar. É errado acelerar e ignorar os sinais
vermelhos. O mesmo ocorre com as mulheres que falam na igreja sem cobertura. Mulheres
falando descobertas na igreja é errado, assim como as mulheres falando na igreja.”7

Mesmo que uma pessoa acredite que as mulheres têm permissão para falar na igreja, ela ainda
não consegue contornar as implicações claras sobre o uso do véu. Primeiro, Deus diz que este
mandato se aplica a “toda mulher”. Novamente, isso defende uma prática universal, não
apenas algumas mulheres na congregação, ou mulheres em uma determinada idade. O artigo
definido não está anexado à palavra para “mulher” (γυνὴ), indicando que é o gênero feminino
e não somente as esposas que está sendo referido.

elevar vocalmente seus louvores a Deus “em salmos, hinos e cânticos espirituais” (Efésios 5:19;
Colossenses 3:16).”
6
Curiosamente, o estudioso evangélico Gordon Fee argumenta que não há como evitar o argumento
tradicionalista se 14: 34-35 for uma parte das Escrituras. Sua solução? Ele diz que aqueles dois
versículos não poderiam ter sido escritos por Paulo e, portanto, eles não fazem parte das Escrituras e
não são vinculativos. Ele não oferece suporte textual para esta conclusão. (Veja as citações extensas
fornecidas na objeção n° 5)
7
Robbins, p. 26.
Em segundo lugar, a mulher desonra sua cabeça (seu marido ou pai) se ela não tiver essa
cobertura na cabeça. Novamente, Paulo não está falando sobre o que o homem ou a mulher
sentirão subjetivamente; isso está falando sobre o padrão objetivo de honra e desonra de
Deus.

Em terceiro lugar, ao longo desta passagem, Paulo distingue a cobertura do cabelo do tecido
que as mulheres devem usar. No versículo 4, Paulo usa um termo geral8 para descartar um
homem com qualquer coisa pendurada na cabeça (seja cabelo ou tecido). A palavra grega
para cobertura usada nos versículos 5-13 significa uma vestimenta jogada sobre a cabeça.9 A
palavra usada para cobrir no versículo 15 é literalmente “embrulhar ao redor”10 e se refere ao
cabelo esvoaçante de uma mulher. Não é válido usar a “cobertura” no versículo 15 para
invalidar a cobertura diferente nos versículos 5-13.

Quarto, há uma conexão clara entre a desonra experimentada em relação à cobertura de tecido
dos versículos 5-13 e a desonra experimentada em relação à cobertura de cabelo nos
versículos 14-15. Paulo diz que para uma mulher não ser coberta “é a mesma coisa como se
tivesse a cabeça raspada”? Observe que ele não diz que ela está raspada. Se ela fosse raspada,
alguém poderia argumentar que o cabelo e a cobertura eram os mesmos, mas isso é "um e o
mesmo como se". Ele usa a linguagem do “como se” para distinguir a cobertura de tecido
(que ela não está usando) da cobertura de cabelo (que ela teria vergonha de cortar). A
linguagem “como se” revela poderosamente o quanto a falta de uma cobertura para a cabeça é
uma desonra. Assim como a cabeça raspada de uma mulher envergonharia o homem que era
sua cabeça, Deus vê o fato de não ter o véu como algo igualmente vergonhoso.

1 Coríntios 11:6. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que raspe o
cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou raspar-se, cumpre-lhe usar véu.

Na primeira frase, Paulo argumenta que, se as mulheres vão ser unissex no vestuário, também
podem ser unissex no estilo de cabelo. Na segunda frase, ele desenvolve seu argumento
usando uma cláusula condicional de primeira classe (o “se” da certeza ou o “se” do
argumento). Ele está dizendo: "Se (como certamente é verdade) é vergonhoso para uma
mulher ser tosquiada ou raspada, que ela seja coberta." Alguns traduzem como “visto que é
vergonhoso para uma mulher ser tosquiada ou raspada, que ela seja coberta”. A palavra para

8
Κατα κεφαλης εχων que significa literalmente "tendo [qualquer coisa] na cabeça."
9
A palavra grega é ἀκατακαλῦπτω e é a forma verbal de καλυμμα para cobertura de tecido. É
traduzido na Bíblia como véu ou cobertura. S.T. Bloomfield diz: “Mas a partir do contexto, e de estar
em ver. 15 intercambiado com peribolamento, deveria antes parecer significar um lenço
(couvre-chef). Então, Teofilato, kalumma… parece denotar uma espécie de capacete, como o antigo
couvre-chef (ou lenço), consistindo em um pedaço de pano de forma quadrada jogado sobre a
cabeça e amarrado sob o queixo, e assim quase cobrindo o rosto, exceto os olhos… ”(vol. 2, p. 162)
10
περιβολαιου é definido em Liddel e Scott como "qualquer coisa que é jogada ao redor." Paulo usa
cuidadosamente uma palavra diferente para não confundir os leitores. Aqui, é usado para se referir
ao cabelo pendurado para baixo na cabeça e envolto como um “enrolamento”.
cobertura aqui é uma palavra comum para uma cobertura de tecido que fica pendurada ao
redor dos ombros.

Sobre a distinção entre tosquiada [tosada] ou raspada, Price diz:

“Enquanto “raspado” se refere ao cabelo cortado rente com uma navalha, tosado refere-se
ao cabelo cortado curto por meio de outros instrumentos. Embora os implementos possam
variar no corte do cabelo, o resultado é o mesmo: a mulher assume a aparência de um
homem.”

O ponto chave que Paulo enfatiza é que o Antigo Testamento deixa claro que é uma
abominação homens e mulheres se parecerem e se vestirem um como o outro. Isso é
especialmente verdadeiro no culto. Sua aparência deve refletir a ordem criada.

1 Coríntios 11:7. Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser
ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.

A questão da glória e da vangloria unifica todas as diversas vertentes do livro de 1 Coríntios.


É um livro que contrasta a glória do homem e a glória de Deus. Nesta passagem, Paulo aplica
o conceito de glória à adoração. Este é realmente o cerne de seu argumento: nenhuma glória
deve estar presente no culto, exceto para a glória de Deus. O versículo 15 diz que o cabelo de
uma mulher é sua glória. Este versículo diz que a mulher é a glória do homem. Portanto, se
apenas a glória de Deus deve ser representada simbolicamente, apenas o homem deve estar
descoberto. A glória da mulher e a glória do homem são ambas cobertas por uma vestimenta.

Como demonstraremos em “Objeções respondidas”, a questão do comprimento do cabelo e


cobertura da cabeça está claramente enraizada no Velho Testamento. Mesmo este conceito da
glória de Deus versus a glória do homem pode ser visto no Antigo Testamento em conexão
com o uso de coberturas para a cabeça. Por exemplo, este conceito é a chave para entender
por que a cabeça do sumo sacerdote sempre estava coberta quando ele representava o homem
para Deus (antes da nuvem de glória no santo dos santos), mas ele sempre tirava a cobertura
da cabeça quando deixava o lugar sagrado e representou Deus para o povo.11 Em ambos os
locais de adoração formal, apenas a glória de Deus deveria ser visível. No santo dos santos, a
glória de Deus era simbolicamente representada pela nuvem de glória e, visto que o sumo
sacerdote estava representando a glória do homem para Deus, ele estava coberto. Quando ele
ministrou perante o povo, no entanto, ele teve que tirar a cobertura da cabeça (como qualquer

11
Ezequiel 44:19 diz: “Quando eles saírem para o átrio exterior, para o átrio exterior do povo, tirarão
as vestes com que ministraram, deixá-las-ão nas câmaras sagradas e colocarão outras vestes; e em
suas vestes sagradas não santificarão o povo”. 42:14 diz: “Quando os sacerdotes entrarem neles
[nas câmaras sagradas], não sairão da câmara sagrada para o átrio externo; mas ali eles deixarão as
vestes com que ministram, pois são santos. Eles devem vestir outras vestes; então eles podem se
aproximar daquilo que é para o povo.” Ezequiel 44:20 indica que o sacerdote deve sempre ter cabelo
curto (já que ele não poderia colocá-lo e tirá-lo)
outro homem) porque agora representava a glória de Deus para aqueles que estavam sob sua
autoridade. Os homens, como representantes visíveis da glória de Deus, tinham que
permanecer descobertos.

Portanto, Paulo não está inventando um novo conceito ao aplicar a glória de Deus e a glória
do homem à questão de quem deve ou não ser coberto. Este é um conceito claramente
enraizado no Antigo Testamento. 12

1 Coríntios 11:8. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher do
homem.
1 Coríntios 11:9. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e
sim a mulher, por causa do homem.

Paulo dá mais duas razões pelas quais os homens devem estar descobertos na adoração
enquanto as mulheres devem estar cobertas. Ele baseia a necessidade de distinções na
cobertura da cabeça na criação de Eva a partir de Adão e, em segundo lugar, o fato de que
Eva foi feita como auxiliadora de Adão, e não vice-versa. Sempre que Paulo baseia um
argumento na ordem da Criação, ele está impondo um princípio permanente. Se a cabeça
coberta reflete essa distinção de criação entre homens e mulheres, então isso argumenta que
eles não são uma estranheza cultural.13

1 Coríntios 11:10. Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na
cabeça, como sinal de autoridade.

O vocabulário, a gramática e o significado desse versículo se mostraram difíceis de entender


para comentaristas de todas as convicções teológicas. Como as frases “por este motivo” e
“por causa de” se relacionam? Devemos inserir a palavra “símbolo de” no versículo (como
muitas versões fazem), ou devemos deixá-la literalmente “ter autoridade sobre sua cabeça”
(como fazem as Bíblias WEB, Genebra, KJV, TNIV e Bispo)? A “autoridade” é uma
referência à própria autoridade da mulher ou à autoridade de seu marido/pai? Devemos
traduzir o verbo como “ter” ou “manter?” Qual é o papel dos anjos em tudo isso? Hodge
disse: “Praticamente não existe uma passagem no Novo Testamento que tenha sobrecarregado
tanto o aprendizado e a engenhosidade dos comentaristas quanto esta. Depois de tudo o que

12
Para obter mais detalhes sobre os antecedentes do Velho Testamento, consulte as respostas à
objeção nº 4 e à objeção nº 8.
13
Veja meus comentários sobre o versículo 15 para obter mais informações sobre a provisão de
Deus de cobrir tanto antes quanto depois da queda. Antes da queda, Deus dá cabelo comprido à
mulher. Embora Gênesis 3:21 não especifique que tipo de roupa Deus fez para Adão e Eva,
podemos presumir que isso não contradiz Sua vontade em Deuteronômio 22: 5. Durante a era da
vestimenta, o homem deve imitar a cobertura de Deus com uma cobertura apropriada de roupas ao
se reunir perante o Todo-Poderoso. Paulo não vê nada de novo na prática que está defendendo.
Estando inspirado, ele tem o insight para saber como relacionar as questões da criação de Adão e
Eva com o assunto da cobertura.
foi escrito, continua tão obscuro como sempre.”14 Embora isso possa ser exagerado, quase
todos os comentaristas concordam com Gordon Fee, que diz:“ este é um dos textos
verdadeiramente difíceis nesta carta.”15 Então, eu abordo este versículo com humildade e não
afirmo ter a última palavra sobre o assunto.

No entanto, embora ainda existam algumas ambiguidades, acredito que Gordon Clark está
correto quando diz: “apesar da dificuldade, o versículo deve significar que a subordinação da
mulher ao homem, como afirmado no versículo anterior, implica uma obrigação moral de ter
algo sobre sua cabeça…”16 Isso parece estar claro e, para os propósitos deste livro, deve ser
suficiente.

No entanto, encontrei encorajamento para minha adoração pessoal neste versículo, e gostaria
de dar brevemente minha compreensão do versículo no que se refere ao argumento de Paulo.
Farei isso quebrando o versículo em pedaços menores.

Por esta razão [Portanto]... Isso aponta para trás para o argumento nos versículos 7-9 (a
maneira mais natural de lê-lo no grego), ou aponta para o “por causa dos anjos?” Gordon Fee
provavelmente está correto quando observa que nos argumentos de Paulo em outros lugares,
muitas vezes vai em ambas as direções ao mesmo tempo:

“Em primeiro lugar, indica que o que está para ser dito é a inferência adequada do que
imediatamente precedeu: a mulher deve ter autoridade sobre sua cabeça porque ela é a
glória do homem. Ao mesmo tempo, ele antecipa mais uma razão intimamente relacionada a
ser dada na conclusão que está sendo apresentada. A NVI captou o sentido - e as
dificuldades - ao traduzir “por esta razão, e por causa dos anjos [a mulher deve ter o sinal
da autoridade sobre a cabeça]”.17

Isso significa que a estrutura de autoridade do homem e da mulher está de alguma forma
relacionada ao que Paulo está dizendo sobre os anjos.

Por esse motivo, uma mulher deveria ter… No mínimo, isso reforça nossa afirmação de
que Paulo não está tentando fazer com que os coríntios sejam mais sensíveis culturalmente.
Em vez disso, ele trata isso como um mandato moral. Seu argumento é que a ordem criada
(versículos 7-9) e a presença dos anjos (v. 10c) determinam (“deve”) determinado
comportamento. Esse comportamento é que ela deve possuir, ter ou manter algo em sua
cabeça.

14
Charles Hodge, A Commentary on 1 & 2 Corinthians (Carlisle, Pennsylvania: Banner of Truth Trust,
1978), p. 211
15
Gordon Fee, The First Epistle to the Corinthians (Grand Rapids: Eerdmans, 1987), p. 518. O
comentário de Thiselton gasta cinco páginas tentando desvendar a passagem e sem chegar a uma
conclusão clara.
16
Gordon Clark, First Corinthians (Jefferson: Trinity Foundation, 1975), p. 173.
17
Fee, Corinthians.
…deve ter um símbolo de autoridade em sua cabeça… Os comentaristas estão divididos
sobre se o véu é um símbolo de que ela está sob autoridade ou de que ela tem autoridade. Eu
acredito que este é um falso dilema, visto que a Bíblia indica que só temos autoridade quando
estamos “debaixo da autoridade” (Mt 8: 8-9). Quando as mulheres atacam o símbolo de
autoridade18, elas ironicamente perdem autoridade aos olhos de Paulo. Isso fica mais claro na
última frase:

… Deve ter um símbolo de autoridade em sua cabeça, por causa dos anjos. Visto que o
contexto da passagem é a adoração, e especificamente os votos da aliança de submissão na
Mesa do Senhor (capítulos 10-11), é hora de mencionar que os anjos estão presentes em
nossos cultos. Eles são testemunhas de nossos votos (Ec 5:6; 1 Tm 5:21), nosso canto (Salmo
138:1), nossas orações (Apocalipse 8:1-6), nosso arrependimento (Lucas 15:10), e nossa
fidelidade à aliança ou a falta dela (Apocalipse 3:5). Eles se juntam a nós em nossa adoração
a Deus (Hb 12:22; Ap 5:11; 7:11) e ficam perturbados quando o fazemos com hipocrisia (Ec
5:6). Deus deu a cada um de Seus filhos anjos para serem “espíritos ministradores enviados
para ministrar àqueles que herdarão a salvação” (Hebreus 1:14). Esses anjos às vezes são
chamados de “vigilantes/guardas” (Dn 4:13,17,23; 10:13; 12:1) porque são designados para
nos proteger (Salmo 34:7; 91:11-12; Dn 6:22; Lucas 4:10; Mt 18:10; Atos 27:23-24). Esses
anjos também tomam partido em disputas e/ou ofensas entre os crentes (Mt 18:10) e são
usados ​pelo Senhor para infligir disciplina (Ec 5: 6; 2 Sm 24:10-25).

Portanto, ao contrário do que algumas pessoas pensam, esses anjos são muito relevantes para
a discussão de Paulo sobre adoração. É minha opinião que os anjos ficam altamente
ofendidos quando veem mulheres abandonando seu símbolo de autoridade. Também é minha
opinião que os anjos-maus (demônios) consideram isso um convite para tentar essas famílias.
19
Os anjos-maus abandonaram a ordem criada por Deus e Ele os julgou. Os anjos eleitos
devem estar estupefatos porque homens e mulheres rejeitam rotineiramente a ordem da
criação de Deus. Os anjos demoníacos certamente sabem tirar vantagem dessa rebelião. O
símbolo, portanto, não é apenas um testemunho aos homens, mas aos anjos (caídos e eleitos).
Embora os homens possam não apreciar o símbolo, os anjos apreciam.

18
A palavra “símbolo” não está no grego, embora a maioria das traduções a inclua. Literalmente, o
texto diz “a mulher deve ter autoridade sobre sua cabeça…” Jamieson, Fausset e Brown dizem
“Paulo tinha em mente a conexão raiz entre os termos hebraicos para ‘véu’ (radid) e ‘sujeição’
(radad).” Para Paulo, parece claro que a cobertura pode ser chamada de “autoridade” porque
representa autoridade. Portanto, não tenho nenhuma objeção em adicionar as palavras “símbolo de”,
embora elas não sejam necessárias para tornar o significado claro.
19
Esta interpretação tem um fundo judaico antigo, conforme explicado pela interpretação de
Edersheim de 1 Coríntios 11:10. Veja Alfred Edersheim, Sketches of Jewish Social Life (Grand
Rapids: Eerdmans, 1978), pp. 154-155.
Bengel destaca que ao rejeitar o símbolo de sujeição, a mulher salta além dos homens e dos
anjos para assumir uma autoridade que não é dela.20 Derrubar o símbolo é derrubar o sistema.
Assim como uma pessoa que desfigurou uma propriedade do governo atacou o próprio
governo, também Paulo indica que aquele que rejeita o símbolo da autoridade (o véu) rejeita a
própria autoridade.

A referência aos anjos é mais uma evidência de que Paulo não está impondo um costume
culturalmente relativo a esta igreja. Como disse Greg Price:

“Deve ficar claro para todos que o argumento de Paulo da observação do anjo sobre a
adoração cristã não é um argumento da cultura. Os anjos não são seres culturais, nem estão
limitados a culturas específicas para ministrar ao povo de Deus ou testemunhar a adoração
do povo de Deus. Se as mulheres são obrigadas a ter o sinal da chefia do homem sobre suas
cabeças em adoração por causa dos anjos, então essa obrigação é universalmente
obrigatória em todas as igrejas de Jesus Cristo até que Cristo volte.” 21

1 Coríntios 11:11. No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem,


nem o homem, independente da mulher.
1 Coríntios 11.12. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o
homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.

Paulo esclarece que homens e mulheres são mutuamente dependentes uns dos outros, mas
essa dependência mútua nunca apaga as distinções dos sexos ou a estrutura de autoridade que
Deus estabeleceu.

É interessante que todas as ilustrações que Paulo deu para reforçar a ideia de que as mulheres
devem usar o véu, e não os homens, são ilustrações de um caráter duradouro. Os homens
nascem das mulheres, e o papel da mulher como portadora de um filho é incrivelmente
honrado. Em 1 Timóteo 2:1-15, que também lida com o que é apropriado para a roupa, oração
e submissão de uma mulher no serviço de adoração, termina com este mesmo argumento da
criação. Contanto que seja uma vocação feminina ter filhos, o véu é um símbolo apropriado
para se usar.

1 Coríntios 11:13. Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus
sem trazer o véu?

Existem duas maneiras possíveis de interpretar essa frase. A primeira é para dizer que Paulo
está apelando para o costume nos versículos 13-15 (o argumento sociológico). Esta é

20
Johann Albrecht Bengel, Gnomon, translated by Charlton Lewis and Marvin Vincent (Philadelphia:
Perkinpine & Higgins, 1862), pp. 222-227.
21
Greg Price, “Headcoverings in Scripture” (Unpublished paper, 1996), p. 26.
certamente uma possibilidade (mas veja a exposição do versículo 14). Se esta interpretação
estiver correta, a progressão do pensamento de Paulo seria a seguinte:

​ Argumento cristológico (v. 1) - faça-o para imitar a Cristo.


​ Argumento apostólico (vv. 1-2) - faça-o porque esta é a prática apostólica.
​ Argumento de liderança (vv. 3-6) - faça-o porque honra os princípios de liderança.
​ Argumento da glória (vv. 7-15) - faça-o porque toda a glória, exceto a glória de Deus,
deve ser coberta com adoração. A glória do homem deve ser coberta e, uma vez que a
mulher é a glória do homem (ver v. 7), a mulher deve ter o cabelo coberto. A glória da
mulher deve ser coberta e, uma vez que seu cabelo é sua glória (ver v. 15), seu cabelo
deve ser coberto.
​ Argumento da criação (vv. 7-12) - faça-o para honrar a ordem da criação de Deus.
​ Argumento angélico (v. 10) - faça-o para não ofender os anjos.
​ Argumento sociológico (vv. 13-15) - faça-o porque o próprio costume reforça a norma
bíblica.
​ Argumento eclesiástico (v. 16) - faça-o porque este é o costume de todas as igrejas; ser
contencioso por causa desse costume é ir contra a igreja.

Algumas pessoas adotam a explicação sociológica e, em seguida, presumem que todo o


argumento de Paulo era simplesmente para honrar as normas culturais. Adicionar uma razão
sociológica para coberturas não elimina os outros sete argumentos.

Embora eu tenha sido atraído pelo argumento acima, não posso aceitá-lo porque não é assim
que Paulo usa a frase “julgue entre vós” em outro lugar. Por exemplo, em 1 Coríntios
10:14-15 ele deseja que os coríntios fujam do costume arraigado de idolatria. Quando ele diz
a eles, “julguem por si mesmos”, ele não está tornando seu mandamento relativo, mas está
pedindo que eles “como homens sábios” julguem se ele não apresentou um caso bíblico.

É assim que devemos entender 1 Coríntios 11:13. Depois de instruí-los sobre os


ensinamentos do Antigo Testamento sobre este assunto, Paulo agora pede-lhes para julgar
novamente toda a questão e verificar se eles chegaram à mesma conclusão, ou seja, que não é
adequado para uma mulher orar a Deus com a cabeça descoberta. Ele não pede que julguem a
adequação com base na cultura ou nos sentimentos, mas em suas instruções anteriores. O
mesmo uso do termo “adequado” (grego πρέπον) aparece na outra passagem do Novo
Testamento que exige roupas específicas para oração.22 Lá, significa claramente adequado
22
A questão de qual roupa é “apropriada” (grego "prepon") para a oração é comentada por Paulo em
1 Timóteo 2: 8-10, onde Paulo diz que os homens devem orar com as mãos levantadas (mostrando
liderança), enquanto as mulheres devem orar com “vestimentas modestas… que é apropriado
[prepon] para mulheres que professam piedade” [ênfase adicionada]. Em ambas as passagens há
uma cobertura de tecido que é considerada “apropriada” para a oração e que mostra submissão. Há
apenas um tipo de roupa no Antigo ou no Novo Testamento que mostra submissão, que é a cobertura
para a cabeça.
quando julgado pela Bíblia: “o que é apropriado para mulheres que professam piedade” (1
Timóteo 2:10). Observe esses outros exemplos desse uso de “adequado”:

“Mas Jesus respondeu e disse-lhe: "Deixa por agora, porque assim nos convém (πρέπον)
cumprir toda a justiça." Então ele o permitiu.” (Mt 3:15)

“Mas quanto a você, fale as coisas que são próprias para a sã doutrina.”
(Tito 2:1)

1 Coríntios 11:14. Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o
homem usar cabelo comprido?

Thiselton descreve quatro possíveis significados da palavra “natureza”.

“(1) um senso intuitivo ou inato do que é apropriado, certo ou apropriado (Bengel e Meyer);
(2) a forma como os humanos são criados, ou seja, sua constituição como homem e mulher
(de Wette); (3) a realidade física de como o mundo é organizado (Osiander, Hofius); e (4) os
costumes de uma dada sociedade (Crisóstomo, Calvino, Grotius, Schrage).”23

A primeira definição do termo significaria que Deus havia escrito esta distinção de cabelo
comprido e curto nas consciências dos homens como parte de Sua lei natural. Aqueles que
têm essa opinião dizem que Paulo está apelando para sua consciência.

A segunda opção tem a seu favor que esta é a maneira que Paulo usa o termo em outro lugar
(veja Rm 1:26; 2:14; 11:24; Gl 2:15; 4:8). Curiosamente, em Romanos 1:26, Paulo discute o
quão antinatural é a homossexualidade, e usa os mesmos termos para natureza (phusia) e
desonra/vergonha (atimia) que são usados ​em 1 Coríntios 11:14. Se esta é a definição do
termo que Paulo tinha em mente, então Paulo está dizendo que a intenção de Deus ao criar
homens e mulheres era fazer com que parecessem diferentes uns dos outros em seus
penteados. Em Romanos 1:26, a naturalidade não é ditada pelo costume cultural porque o
costume grego não tinha dificuldade com a homossexualidade – na verdade, eles a
glorificavam. Da mesma forma, o que é natural em 1 Coríntios 11:14 não é o que o costume
ditava porque muitos homens gregos em Corinto tinham cabelo comprido.24 Em vez disso, era
o que Deus havia feito para os homens e as mulheres. Mudar as diferenças de cabelo é tanto
uma derrubada da ordem de Deus quanto vestir-se como o sexo oposto (Deuteronômio 22:5).
Os demônios são descritos como destruindo a ordem de Deus quando tinham rostos "como os

23
Anthony C. Thiselton, The First Epistle to the Corinthians (Grand Rapids: Eerdmans, 2000), p. 844
24
Adam Clarke comenta: “Nos tempos antigos, o povo da Acaia, a província onde ficava Corinto, e os
gregos em geral, eram conhecidos por seus cabelos longos; e, portanto, chamado por Homero, em
uma grande variedade de lugares, 'os gregos cabeludos'.” Adam Clarke’s Commentary on the Bible,
Abridged by Ralph Earle (Grand Rapids: Baker Book House, 1967), p. 1110
rostos dos homens ... [mas] cabelos como os cabelos das mulheres" (Ap 9:7-8). A ordem
criada que Deus estabeleceu parece ser a interpretação mais natural.

A terceira definição possível desse termo “natureza” é que essa é a natureza física das coisas.
25
Embora haja algum suporte na literatura para isso, é improvável. Como Fee diz: “Afinal, o
que a ‘natureza ensina’ ocorre por meios ‘não naturais’- um corte de cabelo.” 26

O quarto argumento é que Paulo está introduzindo uma explicação sociológica ou cultural.
Embora isso seja possível, é improvável por dois motivos. Primeiro, a cultura em Corinto não
exigia cabelo curto para os homens. Em segundo lugar, Paulo está se opondo a um problema
cultural que está entrando na igreja, e não adotando-o. (Veja as respostas à objeção nº 1.).
Mas mesmo se alguém adotasse essa interpretação, é claro que, caso a cultura mudasse, as
outras sete razões que Paulo deu não mudariam.

1 Coríntios 11:15. E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o
cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha.

Alguns tentaram argumentar que Paulo está finalmente definindo seus termos, e que agora ele
deixa claro que todas as referências a "cobrir" no início do capítulo significavam
simplesmente "cabelo comprido". A falha fatal com este argumento é que o termo grego que
Paulo deveria estar definindo não ocorre no versículo 15 e, portanto, não teria definido o
termo para o leitor grego. Paulo usa uma palavra totalmente diferente para “cobrir” no
versículo 15 do que em outras partes do capítulo. Isso seria extremamente confuso se alguém
tivesse a visão de "o cabelo é a única cobertura", mas faz todo o sentido se Paulo está
argumentando a partir da cobertura natural de Deus (cabelo) para reforçar a necessidade da
cobertura pós-queda (vestimenta da cabeça). Essa mudança repentina de termos não pode ser
acidental. Se Paulo quisesse dizer que cabelo é a única cobertura que ele pretendia no
capítulo, ele poderia a) usar a mesma palavra para cobrir em outro lugar e/ou b) usar a palavra
cabelo para deixar isso claro. Paulo parece se esforçar para distinguir entre dois tipos de
cobertura para dois tipos de glória.

Esta distinção entre duas coberturas também está implícita no versículo 14. A palavra
"mesmo" em "nem mesmo a natureza te ensina", mostra que Paulo está usando um novo
assunto (cabelo) para ensinar sobre o assunto anterior (colocando algo sobre o cabeça), e que

25
Veja, por exemplo, Clarke, ibid. Ele argumenta: “O cabelo do homem raramente cresce como o de
uma mulher, a menos que a arte seja usada, e mesmo assim tem uma proporção escassa em
relação ao primeiro. Portanto, é verdadeiramente feminino ter cabelo comprido, e é uma vergonha
para um homem que o afeta.” Outros apontam para a propensão dos homens a ficarem calvos com
mais frequência do que as mulheres e outras diferenças nos pelos corporais. Por exemplo, eles
apelam a Epicteto, que diz que diferenças de cabelo entre homens e mulheres fazem parte da
natureza e que os homens não devem fazer a barba. Em vez disso, “não devemos, no que diz
respeito a nós, confundir os sexos que foram distinguidos desta forma” (Loeb. I, 111.).
26
. Fee, Corinthians, p. 527.
mesmo a cobertura do cabelo implica uma diferença entre homens e mulheres na questão das
coberturas. Assim, a interpretação “somente cabelo” carece de simplicidade e ignora as
distinções no vocabulário que Paulo usa.

Além disso, esta objeção perde completamente o fluxo do argumento de Paulo nos versos
7-15 à medida que ele desenvolve as duas glórias que devem ser cobertas para que apenas a
glória de Deus seja vista. Visto que a mulher é a glória do homem (v. 7), ela deve ser coberta
(com seu cabelo), e uma vez que o cabelo da mulher é a glória da mulher (v. 15), o próprio
cabelo precisa ser coberto. Como diz Richard Bacon: “O cabelo de uma mulher não pode ser
a glória e o que cobre a glória!”27 Visto que escrevi em grandes detalhes sobre este assunto
sob a objeção n° 2 no final do livro, encaminho o leitor para ler essa seção. A referência até
mesmo à natureza nos ensinando por meio do cabelo (v. 14) indica que a cobertura da
natureza não é a mesma cobertura da qual Paulo tem falado. Assim, há uma cobertura natural
e uma cobertura de vestimenta. A natureza tinha apenas uma cobertura física (o cabelo), ao
passo que Deus insistiu em uma cobertura adicional após a queda.

É importante lembrar que Deus deu uma cobertura natural a Eva no momento em que ela foi
criada. Como disse John Lightfoot:

“Cabelo foi dado a nossa avó Eva como uma cobertura, (como o apóstolo claramente afirma
neste lugar), desde o primeiro momento de sua criação, antes de ser submetida a um marido,
e ouvir que "Ele te governará"; sim, antes de se casar com Adão.” 28

Existem duas implicações importantes desse fato. Primeiro, a questão do cabelo comprido e
uma cobertura correspondente na cabeça não é apenas para as esposas, visto que Eva foi
criada com uma cobertura de cabelo comprido antes de ser dada a Adão. Lightfoot continua:
“O apóstolo não trata apenas das esposas, mas das mulheres em geral, sejam elas esposas,
virgens ou viúvas.” 29

Em segundo lugar, Deus estabelece o padrão que o homem deve seguir. A obra de Deus de
fazer uma cobertura natural antes da queda deve ser imitada após a queda durante a era das
roupas. Adão e Eva perderam a cobertura da inocência (que alguns consideram uma glória
que irradiava deles) com a queda, e imediatamente buscaram uma cobertura para sua
vergonha.30 O pecado introduziu a necessidade de coberturas de roupas. O que Paulo quer

27
https://web.archive.org/web/20160423031222/http://www.fpcr.org/blue_banner_articles/headcovr.ht
m
28
John Lightfoot, Commentary on the New Testament from the Talmud and Hebraica (Peabody, MA:
Hendrickson Publishers, 1989), vol. 4, p. 234
29
Ibid., p. 235.
30
A falta de vergonha que Adão e Eva tinham antes da queda e a vergonha que precisava ser
coberta é um tema que precisa ser explorado mais amplamente. É claro que Paulo extrai essa
questão de “vergonha” e “desonra” não apenas das outras passagens do Antigo Testamento que
aludi em outra parte deste livreto, mas também do relato de Gênesis 1-3.
dizer é que, se a ordem natural criada por Deus antes da queda exigia uma cobertura para a
mulher, muito mais depois da queda. (É assim que eu tomo a força do "mesmo" em "nem
mesmo a própria natureza te ensina ...")

1 Coríntios 11:16. Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não
temos tal costume, nem as igrejas de Deus.

Quando Paulo diz “não temos tal costume”, a que ele está se referindo? Esta é a chave,
porque seja o que for, todas as igrejas se posicionaram contra aqueles que são contenciosos.
As opções fornecidas são:

1. Nenhum costume de ser contencioso.


2. Este era o costume pagão em Corinto, mas não em outros lugares.
3. Nenhum costume de ter o véu.
4. Nenhum costume de usar o véu ou cabelos compridos.
5. Nenhum costume de obscurecer as distinções de gênero.
6. O véu “não é algo que [Paulo] tenha grande paixão… [não] deve ser elevado ao
Direito Canônico” 31
7. Nenhum costume das mulheres terem suas cabeças descobertas ou dos homens
cobrindo suas cabeças em adoração.

Esta última visão é a interpretação histórica da passagem e aquela que eu sustento. É a


declaração apostólica de que isso não era cultural, mas era transcultural e praticado por todas
as igrejas da cristandade.

A primeira opção, embora possível, parece improvável. É difícil imaginar Paulo se referindo
ao contencioso como um costume, e não como um pecado. No entanto, uma vez que não
derruba nossa tese, mas sim a apoia, não perderei tempo procurando derrubar essa
interpretação.

A segunda opção é diretamente contradita pelo propósito declarado do livro que era guiar não
apenas “a igreja de Deus que está em Corinto”, mas também “todos os que em todo lugar
invocam o nome de Jesus Cristo nosso Senhor” (1: 2). Também é contradito pela linguagem
universal usada em 1 Coríntios 11: 1-16 em si: “todo homem que ora ou profetiza, tendo a
cabeça coberta, desonra a sua cabeça” (v. 4). “Mas toda mulher que ora ou profetiza com a
cabeça descoberta desonra sua cabeça…” [grifo nosso].

Parece extremamente improvável que Paulo tenha gasto tanto espaço e energia impondo
costumes em Corinto que nenhuma outra igreja a seguiu, especialmente porque Corinto era
uma grande cidade familiarizada com muitos costumes diferentes. Além disso, Paulo e Cristo

31
Fee, Corinthians, p. 530.
falam nos termos mais duros sobre a imposição de quaisquer mandatos morais sobre a igreja
que não tenham o respaldo das Escrituras. O lema de Paulo é: “para que aprenda em nós a
não pensar além do que está escrito” (1 Coríntios 4: 6). Veja as respostas às objeções n° 1 e
n° 7 para uma refutação detalhada dessa visão.

A terceira visão é respondida em detalhes na objeção n° 2. Essa visão sustenta que o


versículo 15 deveria ter sido traduzido como “seu cabelo foi dado a ela em vez de uma
cobertura” (em oposição a “como uma cobertura”). O versículo 16 supostamente segue
dizendo que o uso de uma cobertura de tecido não é um costume em qualquer lugar nas
igrejas. A força dessa visão é que leva a sério o mandato de Paulo, em vez de relegá-lo a um
costume culturalmente relativo. A dificuldade é que a palavra para “cobrir” no versículo 15 é
totalmente diferente daquela usada em toda a passagem. Isso só faz sentido se o cabelo for
um tipo diferente de cobertura.

A quarta visão é ridícula à primeira vista. Se não há um costume na igreja de ter cabelo
comprido ou cobrir a cabeça, por que Paulo teria argumentado tão vigorosamente a favor
disso? Por que ele teria chamado de “tradição” de Cristo nos versículos 1-2? Por que ele teria
usado tais repreensões como “desonra” (vv. 4-5,14) e “vergonhoso” (v. 6)? Por que ele usaria
a linguagem imperativa da ética se ela não é obrigatória? Afinal, Paulo diz que eles “não
devem” (v.7) fazer uma coisa e eles “devem” (v.10) fazer outra. Com efeito, esta interpretação
diz que o versículo 16 acaba com tudo o que foi estabelecido nos versículos 1-15. Não faz
sentido exegético ou lógico.

A quinta interpretação é que não há costume de obscurecer as distinções homem/mulher em


qualquer uma das igrejas. Embora a passagem como um todo tenha isso como um motivo
subjacente, ela falha em lidar adequadamente com o contexto imediato de coberturas e
cabelos longos (vv. 1-15). É um tipo específico de distinção que Paulo tem defendido, e a
menos que boas razões exegéticas possam ser produzidas para ignorar os detalhes, elas ainda
devem ser aplicadas. As respostas à objeção n° 3 lidam com essa interpretação.

A sexta visão é que Paulo agora está dizendo que esse conselho é opcional. Diz que embora
Paulo prefira cobrir a cabeça, ele não se preocupa muito com isso. O problema deve ser
evidente para qualquer pessoa que leu até aqui; Paulo estava muito preocupado com isso. Ele
deu ordens e repreensões a qualquer pessoa que estivesse pensando em mudar a política da
igreja e elogiou a igreja por guardar seu ensino sobre este assunto. Nem há qualquer
indicação nas Escrituras de que existam imperativos éticos opcionais e imperativos da Lei
Canônica na Bíblia. Esta passagem tem todas as características da ética bíblica. Que não
sejamos profanos a ponto de relegar questões de desonra e vergonha ao que não é importante.

Minha interpretação é que não há suporte para que a pessoa contenciosa possa apelar em
qualquer lugar na prática da igreja. Cada igreja estava seguindo o costume de Paulo, não o
costume que estava sendo disputado. Como F.F. Bruce traduz isso em seu comentário: “não
temos esse costume como você está tentando introduzir, e nem as igrejas de Deus em outros
lugares”. Assim, o mandato de Paulo é universalmente praticado no primeiro século. Ele está
terminando dizendo (com efeito): “Se você ainda quer ser argumentativo, só há mais uma
coisa a dizer: Você está em desacordo com o costume que foi estabelecido por todos os
apóstolos em todas as igrejas.'” Isto não era uma coisa grega, ou romana. Este foi um
mandato transcultural para cada igreja. Além disso, Paulo não estava sozinho em dar esse
mandato. Ele teve o apoio de Cristo (vv. 1-2) e dos apóstolos (“nós” - v. 16).

Seria de se esperar que, se esse fosse realmente o costume de todas as igrejas na época de
Paulo, que aqui deve haver uma tradição ininterrupta dentro da igreja nos primeiros séculos.
E isso é exatamente o que encontramos, apesar do fato de os pais da igreja dizerem que esse
costume era ridicularizado pelos pagãos. Veja o Apêndice A para alguns exemplos da época
das catacumbas em diante.
Objeções Comuns Respondidas

Objeção nº 1 - “Os mandamentos para cabelo comprido e o véu são


culturalmente relativos e questões de tempo limitado.”

Essa visão diz que Paulo estava pedindo aos cristãos de Corinto que se adaptassem à sua
cultura. Já que cabelo comprido não é mais vergonhoso para os homens, nem cabelo curto
para as mulheres, não estamos obrigados. Visto que ser coberto com um véu na adoração não
é mais considerado vergonhoso para os homens ou necessário para as mulheres, não estamos
vinculados.

As únicas provas usadas para demonstrar isso são supostamente retiradas da


arqueologia.

No entanto, os pontos a seguir demonstram que, mesmo que a arqueologia tivesse autoridade
para derrubar a exegese, a arqueologia agora mostra o oposto dessa objeção.

Consulte o Apêndice B, “Cinco mitos sobre os chapéus coríntios”, do professor Bruce Terry.
Este artigo examina os afrescos arqueológicos, pinturas, etc. de mulheres do século 8 a.C. ao
século 1 a.C. Essas imagens despedaçam os seguintes mitos:
1. Que se esperava que as mulheres em Corinto cobrissem a cabeça ao aparecerem em
público.
2. Que apenas prostitutas apareciam sem cobertura para a cabeça.
3. Que as mulheres usavam uma cobertura que cobria toda a cabeça, incluindo o rosto.
4. Que os gregos raspavam as cabeças das mulheres apanhadas em adultério.
5. Que os homens sempre oravam com a cabeça descoberta.

O que fica claro a partir da evidência arqueológica, é que Paulo estava contrariando a cultura
de Roma (já que tanto homens quanto mulheres oravam com a cabeça coberta), a cultura da
Grécia (já que tanto homens quanto mulheres oravam com suas cabeças descobertas) e a
cultura do Judaísmo posterior (já que os homens cobriam a cabeça ao orar).

Paulo era indiferente a muitas questões culturais. Em 1 Coríntios 8-9, ele trata da questão da
liberdade de consciência. Observe o forte contraste entre a linguagem desses capítulos e a
linguagem do capítulo 11. Em 8:8, ele diz: “porque nem se comemos somos melhores, nem
se não comemos, pioramos”. Com respeito ao véu, Paulo usa a linguagem do imperativo
divino: “imitar a Cristo” (v.1), “desonra” (veja vv. 4-5,14), “vergonhoso” (v.6), “não devo”
(v.7), “deve” (v. 10) e “julgar” (v.13). É claro que Paulo trata do véu como imperativo não
opcional, ao passo que ele deu grande liberdade de escolha individual nas questões dos
capítulos 8-9. Este é um forte testemunho divino de que Paulo não pode estar falando de
assuntos culturais aqui.

Além disso, há evidências de homens pagãos com cabelos longos. Adam Clarke comenta:
“Nos tempos antigos, o povo da Acaia, a província onde ficava Corinto, e os gregos em geral,
eram conhecidos por seus cabelos longos; e, portanto, chamado por Homero, em uma grande
variedade de lugares, 'os gregos cabeludos'”32. Paulo estava claramente indo contra a cultura,
não se conformando com gostos e costumes culturais.

É uma prática perigosa explicar a doutrina baseada na arqueologia. Devemos compartilhar a


atitude de Paulo: "para que aprenda em nós a não pensar além do que está escrito" (1
Coríntios 4:6).

Paulo dá mais razões para mostrar que isso une todas as igrejas, em todas as culturas e
em todos os períodos de tempo, do que qualquer outra doutrina em 1 Coríntios.

Paulo não apenas escreveu esta epístola "à igreja de Deus que está em Corinto”, mas "aos que
são santificados em Cristo Jesus, chamados a serem santos, com todos os que em todo lugar
invocam o nome de Jesus Cristo nosso Senhor, tanto deles como nossos ”(1 Co 1:2, ênfase
adicionada). Isso por si só deve mostrar que ele pretendia que esses princípios fossem
mantidos por Roma, Éfeso e as igrejas de outras partes . Além disso, Paulo diz explicitamente
que o que foi exigido em Corinto também era o costume das “igrejas de Deus” (v.16).

Essa passagem usa o universal: "todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta,
desonra a sua cabeça." (v.4, ênfase adicionada). “Mas toda mulher que ora ou profetiza com a
cabeça descoberta desonra sua cabeça…”

Paulo apela à sua própria autoridade apostólica nesta questão, bem como à autoridade de
Cristo: “Imita-me, assim como eu também imito a Cristo”. (v. 1) Essa frase, por si mesma,
leva toda esta seção para fora do reino daquilo que é relativo e culturalmente ligado a àquilo
que é universalmente obrigatório.33

Paulo diz: “Eu vos louvo, irmãos, porque vocês se lembram de mim em todas as coisas e
guardam as tradições como eu as entreguei a vocês” (v.2). Por quais coisas Paulo os estava
elogiando? Os comentaristas apontam que não pode ser o resultado da Ceia do Senhor
(capítulos 10; 11: 17-34) porque ele diz exatamente o contrário ao abordar esse assunto:
“Agora, ao dar estas instruções, não te louvo…” (v.17). Embora alguns membros talvez

32
Adam Clarke, The New Testament of Our Lord and Savior Jesus Christ, vol. II (New York: Peter C.
Smith, 1831), p. 264

33
Alguns objetam que Cristo, como um homem judeu, teria usado uma cobertura para a cabeça
quando nas sinagogas. Veja uma parte da resposta à objeção n° 8.
tenham questionado a política da igreja sobre o uso do véu, a igreja como um todo estava
mantendo tudo o que Paulo havia ensinado. Com isso como pano de fundo, considere o
próximo ponto muito importante.

A frase "as tradições como eu as entreguei a vos” usa a palavra grega paradosis, que significa
"uma passagem, transmissão" (Liddel & Scott), "uma passagem ou transmissão, uma
tradição." (NAS grego) A palavra ocorre duas vezes nessa frase e pode ser traduzida como "as
coisas transmitidas, eu vos transmiti". A Escritura conhece apenas dois tipos de tradições
transmitidas. Proíbe qualquer sujeição por um momento às "tradições dos homens" (Mt 15:
1-9; Marcos 7:1-13; Cl 2:8), mas trata como infalíveis e ligadas as tradições transmitidas
pelos apóstolos (2 Ts 2:15; 3:6). O que os defensores dos “limites da cultura” estão dizendo,
ironicamente, é que Paulo estava ordenando que os cristãos coríntios submetessem suas
consciências às tradições dos homens; isso apesar do fato de que Paulo havia dito
anteriormente, “para que aprendais em nós a não pensar além do que está escrito” (4: 6).
Paulo nunca teria imposto tradições feitas pelo homem na linguagem da ética (“não deveria”
[v. 7], “deveria” [v. 10], “imitar a Cristo” [v. 1], etc.). Isso violaria a máxima de Cristo: "em
vão me adoram, ensinando como doutrinas os mandamentos dos homens" (Mt 15: 9). Ou é
um mandamento dos homens (cultura) ou um mandamento de Deus. Não posso conceber que
o mesmo Paulo que castigou os homens quando eles sucumbiram às tradições 'inocentes',
como "não toque, não prove, não toque" (Colossenses 2: 20-23), ligaria suas consciências aos
caprichos da cultura em 1 Coríntios 11. Onde isso deixa o princípio regulador do culto? A
máxima de Paulo é “ninguém te julgue” e não se submeta “aos mandamentos e doutrinas dos
homens” (Colossenses 2:22). Em 1 Coríntios 2:3, Paulo insistiu que “as coisas que também
falamos não são em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas naquelas ensinadas pelo
Espírito”. Paulo tinha recebido uma confiança sagrada no ensino desses primeiros 16
versículos e ele estava passando para os discípulos. Essas tradições não se originaram em
Corinto, nem se originaram em Paulo. Eles foram um depósito da verdade dado por revelação
de Cristo a Paulo a Corinto (assim, a ordem no versículo 1 de "imitar-me, assim como eu
também imito a Cristo.")

Observe também o paralelo na linguagem entre o versículo 2 e o versículo 23. O ensino sobre
coberturas para a cabeça e cabelo é uma paradosis (v. 2) e o ensino sobre a Ceia do Senhor é
uma paradosis (v. 23). Se uma “tradição” é cultural e relativa, talvez a outra também o seja.
Se o símbolo do véu não tem sentido hoje, o que dizer da Ceia do Senhor? A autoridade de
um é a mesma autoridade do outro.

Perdoe mais uma aplicação do versículo 2: Paulo deseja que os cristãos de Corinto “retendes
as tradições como vo-las entreguei”. A palavra para “guardar” é uma palavra muito forte que
significa “prevenir de ir embora; para segurar rápido; para proteger ”(BAGD). Assim, este
versículo é traduzido de várias maneiras como “guarde as tradições” (BAG), “mantenha as
tradições” (ASV) e “mantenha as regras inalteradas” (Con). Por que eles precisariam guardar
esses ensinamentos se eles fossem culturalmente relativos? Além disso, por que Paulo
insistiria que eles fossem mantidos “como vo-las entreguei”? Isso também implica que não
deve haver qualquer mudança.

Paulo apela para o costume apostólico e o costume da igreja (v.16), mas não para os costumes
do mundo. Na verdade, ele está contrariando os costumes culturais do mundo grego.

Paulo torna este ensino uma implicação necessária da liderança de Cristo e das relações do
papel duradouro entre homens e mulheres na igreja. (vv. 3-5,7-9,11-12) Se a liderança exige
este “sinal”, então o sinal deve ser tão permanente quanto a liderança de um homem.

Paulo clama para que toda a “glória” seja coberta em adoração, exceto a glória de Deus. (Veja
a exposição sob a Objeção nº 2.) Certamente, se era importante cobrir a glória do homem (a
mulher) e a glória da mulher (o cabelo da mulher) naquela época, ainda existe a necessidade
de somente a glória de Deus ser mostrada hoje. (Veja mais na objeção nº 2.)

É uma implicação da imagem de Deus no homem (v.7). Se o “sinal” é relativo, por que Paulo
apela a tantas razões não relativas para forçar o uso desse sinal? A ordem da criação da
mulher vinda do homem precedeu as culturas (v.8). Paulo apela a esta ordem da criação ao
discutir as coberturas.

Paulo apela para o papel da mulher como auxiliadora (v.9). Isso também enraíza a discussão
de Paulo no relato da criação e a coloca acima de qualquer relatividade cultural. Ela deixou
de ter esse papel de auxiliadora? Obviamente não.

Paulo apela à presença de anjos no culto como uma razão pela qual as mulheres precisam ter
uma cobertura (v. 10).34 Não vou entrar no significado dessa frase aqui, mas está claro que
seja o que for que signifique, Paulo apela para algo além da cultura.

O parto (vv. 11-12) continua a acontecer e a interdependência do homem e da mulher se torna


mais uma razão pela qual os cristãos não devem se desviar das admoestações de Paulo sobre
as coberturas. Se este “sinal” é tão transitório e relativo como muitos fazem parecer, parece
difícil explicar o apelo de Paulo a tantas normas supraculturais para aplicá-lo.

Muitos apelam para 1 Coríntios 11:13 para tentar provar que Paulo estava falando sobre
convenção não ética. No entanto, o texto prova exatamente o contrário. O texto diz: “Julguem

34
Há muitas razões diferentes que as pessoas deram para explicar por que os anjos ficariam
preocupados, ofendidos, etc. A interpretação de Bengel é esta: "Assim como os anjos estão em
relação a Deus, a mulher está em relação ao homem. O rosto de Deus está descoberto; os anjos em
Sua presença são velados (Isaías 6: 2). O rosto do homem está descoberto; mulher em Sua
presença deve ser velada. Se ela não fosse assim, por sua indecência, ofenderia os anjos (Mateus
18:10, 31). Ela, por sua fraqueza, precisa especialmente do ministério deles; ela deve, portanto, ser
mais cuidadosa para não ofendê-los.” (Bengel, Gnomon, p. 224).
entre vocês. É adequado uma mulher orar a Deus com a cabeça descoberta? ” (v. 13). Se isso
prova que a questão do véu era cultural ou relativa, então a Ceia do Senhor também é cultural
e relativa, porque Paulo usa a mesma linguagem para descrever a Comunhão: "Eu falo com
homens sábios, julguem por si mesmos o que eu digo. O cálice de bênção que abençoamos
não é a comunhão do sangue de Cristo...” (1 Co 10:15-16). Apelar para a consciência torna
esta uma questão moral, não uma questão cultural. Em segundo lugar, a palavra para
“adequado” (πρέπον - prepon) é usada em todas as outras partes do Novo Testamento em
conexão com os absolutos éticos: “… nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3:15). “Mas
fornicação e toda impureza ou avareza, nem mesmo seja nomeada entre vós, como convém
aos santos” (Ef 5:3, ênfase adicionada); “O que é próprio para mulheres que professam
piedade, com boas obras” (1 Timóteo 2:10). Veja também Tito 2: 1-5; Hb 2:10; 7:26.

Paulo apela à “natureza”. Em Romanos 1:26-27, ele faz o mesmo para provar que a
homossexualidade é contra a natureza. Em outras palavras, ele viola a ordem da criação de
Deus. Não é natural, porque Deus não pretendia que fosse assim quando criou a ordem
natural. Novamente, isso seria uma hipérbole grosseira se não tivesse a intenção de ser um
“sinal” permanente. O sinal particular que Paulo diz ser natural é o cabelo. Após a queda,
Deus adicionou uma cobertura de pano conforme necessário.

O fato das mulheres não usarem coberturas na cabeça desvia-se do costume universal de
todas as igrejas, não apenas das igrejas em uma área geográfica ou cultural (v.16).

Objeção nº 2 - “A passagem pede apenas cabelo comprido. Não exige o véu.”

Muitos ensinam (e eu costumava acreditar) que a cobertura de que Paulo fala nos versículos
2-16 é cabelo e apenas cabelo. Eles baseiam isso no versículo 15: “Mas, se a mulher tiver
cabelo comprido, isso é uma glória para ela; pois seu cabelo lhe foi dado como cobertura”
[grifo nosso]. Dizem que, se o cabelo dela é uma cobertura, ela não precisa de outra
cobertura. Eles dizem que o versículo 15 é a chave para a compreensão de todas as outras
capas da passagem.

O valor desse argumento depende inteiramente da suposição de que Paulo está


definindo seus termos no versículo 15.

A falha fatal com esse raciocínio é que o termo grego que Paulo deveria estar definindo não
ocorre no versículo 14. Paulo usa uma palavra totalmente diferente para "cobrir” no versículo
15 do que em outras partes do capítulo. Isso é extremamente confuso se alguém sustentar a
visão "o cabelo é a única cobertura”, mas faz todo o sentido se Paulo está argumentando a
partir da cobertura natural de Deus (cabelo) para reforçar a necessidade da cobertura
pós-queda das roupas (ver comentário anterior ) Essa mudança repentina de termos não pode
ser acidental. Se Paulo quisesse dizer que cabelo é a única cobertura que ele pretendia no
capítulo, ele poderia a) usar a mesma palavra para cobrir em outro lugar e/ou b) usar a palavra
cabelo para deixar isso claro. (Veja o ponto 5 para uma citação que traça as distinções que
Paulo faz). Assim, a interpretação “somente cabelo” carece de simplicidade e ignora as
distinções no vocabulário que Paulo usa.

Este entendimento falha em apreciar o argumento de Paulo nos versículos 5-6.

“A desculpa comum que as mulheres (e alguns homens) dão para isso [1 Cor. 11: 4-6] é que
o cabelo da mulher é a sua cobertura. Vamos olhar para isso logicamente. Se uma mulher
orar sem cobrir a cabeça, ela deve ser raspada. Portanto, se ela deveria ser barbeada, ela
não poderia já ter sido barbeada. É meio difícil raspar a cabeça raspada … Se ela não tiver
cabelo (ou seja, uma cobertura), ela deve ser raspada. Mas como você pode raspar a cabeça,
se não tem cabelo pra raspar!? Paulo está falando de mulheres que têm cabelo, e cabelo não
pode ser a cobertura. Se fosse uma cobertura, os homens deveriam ser calvos.” 35

“Isso parece bastante claro do ver. 6: ‘Se a mulher não for coberta, que também seja
tosquiada.’ Se o cabelo fosse a cobertura referida, este versículo seria: ‘Se ela não tem
cabelo, que corte o cabelo’! o que [não faz] sentido.” 36

A interpretação “somente cabelo” falha em distinguir a glória da mulher, a glória do


homem e a glória de Deus.

Na verdade, isso destrói o mandato central de Paulo de que nenhuma glória seja vista na
congregação, exceto a glória de Deus.

Paulo fala de três glórias nesta passagem: a) a glória de Deus, b) a glória do homem e c) a
glória da mulher. O homem é a glória de Deus (v. 7). A mulher é a glória do homem (v. 7). O
cabelo da mulher é a glória da mulher. Somente a glória de Deus deve permanecer descoberta
durante a adoração. A glória do homem (a mulher) deve ser coberta e a glória da mulher (seu
cabelo) deve ser coberta. Como explica Richard Bacon: “o cabelo de uma mulher não pode
ser a glória e o que a cobre! ‘A’ não é ‘não-A’. Nada pode ser tanto ‘A’; e ‘não-A’ ao mesmo
tempo e da mesma maneira. Paulo nos ensinou que o objeto que é a glória não pode cobrir
também a glória! E ele nos ensinou que somente a glória de Deus pode ser vista no culto.”37
Veja também o excelente artigo do Dr. Peter H. L. Wee, "Woman’s Head Covering & the
Glory of God".38

35
Gsy em http://www.angelfire.com/wi/godseesyou/headcovering.html
36
W.H. em https://web.archive.org/web/20020220224034/http://www.iit.edu:80/~khoogid/bible/bi
bprob5.html
37
Richard Bacon, “Paul’s Discourse on the Use of Head Coverings in Public Worship” (First
Presbyterian Church of Rowlett, 1997) at
https://web.archive.org/web/20080331095007/http://www.fpcr.org/blue_banner_articles/headcovr.htm
38
Disponível em:
https://www.biblebeliever.co.za/Brethren%20Assemblys/Woman%27s%20Head%20C
overing%20%26%20The%20Glory%20of%20God.html
Certamente, uma leitura cuidadosa do texto mostraria que tal interpretação é uma forma de
evitar a verdade conforme ela é apresentada. Observe que para a mulher há duas glórias
envolvidas. Ela é uma glória: ‘A mulher é a glória do homem’ (v. 7). Mas ela também tem
uma glória própria. Seu cabelo é uma glória para ela (versículo 15). Para a glória que ela é (a
glória do homem), Deus deu a ela uma cobertura natural, seus cabelos longos. Para a glória
que ela tem (seu cabelo), ela deve submeter sua vontade para cobri-la com outra cobertura
que ela coloca sobre sua própria glória.39

A questão de qual vestimenta é “apropriada” (“prepon” do grego) para a oração é


comentada por Paulo em 1 Timóteo 2:8-10.

Nessa carta, Paulo diz que os homens devem orar com as mãos levantadas (mostrando
liderança), ao passo que as mulheres devem orar com “vestes modestas… que são próprias
[prepon] para mulheres que professam piedade” [ênfase adicionada]. Em ambas as passagens,
há uma cobertura de tecido que é considerada “apropriada” para a oração e que mostra
submissão. Há apenas um tipo de roupa no Antigo ou no Novo Testamento que mostra
submissão, e esse tipo de roupa é a cobertura para a cabeça.

O que se entende no versículo 5 a respeito de qualquer mulher orando ou profetizando


com a cabeça “descoberta”.

Muitas pessoas dizem que a “cobertura” em 1 Coríntios 11 são cabelos; então o v. 5 significa
que ela tirou o cabelo? Alguns dizem que significa cabelo comprido, mas há implicação aqui
de que a descoberta da cabeça dela é voluntária e imediatamente reversível. Obviamente, não
se pode alongar o cabelo, exceto por um longo período de tempo. O versículo 6 afirma ainda
que SE ela não for coberta, que TAMBÉM seja tosquiada, o que parece excluir que seu
cabelo sendo cortado era o que se queria dizer com “se ela não fosse coberta”.

Além disso, os versículos 4 e 7 nos dizem que um homem não deve usar cobertura para a
cabeça. Isso significaria que ele deveria remover o cabelo ou usá-lo extremamente curto? Se
sim, quão curto? 1 Coríntios 14:33 nos diz que Deus não é o autor de confusão, e certamente
parece que tentar injetar cabelo de QUALQUER natureza aqui é, no mínimo, confuso! (Será
que isso ocorre porque o cabelo de qualquer comprimento é uma interpretação muito recente
do homem moderno para se afastar da intenção verdadeira e original desta passagem? O
homem hoje em dia realmente se tornou muito consciente do estilo.)

O versículo 10 diz que as mulheres devem usá-lo por causa dos anjos. Poderíamos usar
cabelo ou mesmo cabelo comprido como referência (“que deve ter cabelo na cabeça” ou
mesmo “que deve ter cabelo comprido na cabeça”)? Se fosse cabelo ou cabelo comprido,

39
Veja J. Boyd Nicholson, Sr. em
https://web.archive.org/web/20011218055114/http://www.iserv.net:80/~tkoets/church/
jbnsr1.htm para mais detalhes
como os anjos poderiam diferenciar entre a aparência da mulher de Deus e a mulher do
mundo? Aparentemente, eles precisam ser capazes, por qualquer motivo, de ver uma
cobertura externa e visível.

“Deve ser óbvio neste ponto que a intenção da cobertura nesta passagem é algo que poderia
ser colocado ou retirado – uma cobertura não fornecida pela natureza, mas aquela que
escolhemos usar ou não usar. A confusão a respeito do uso do cabelo como cobertura parece
vir dos versículos 14 e 15. Esses versículos nos dizem, entretanto, que MESMO A
NATUREZA ressoa a vontade de Deus para a mulher cobrir sua cabeça por SI MESMA
cobrindo sua cabeça com cabelos longos. Seu cabelo comprido é, por si só, uma glória para
ela, e a essência de toda essa passagem é que a glória da mulher deve ser coberta. Para
encobrir essa glória da mulher, seria necessário usar algo em cima do cabelo.”40

Objeção nº 3 - “Se o que é simbolizado for honrado, não importa o sinal que
usamos”.

Muitos ensinam 1) que o coração é tudo o que importa se o sinal está lá ou não, ou 2)
podemos usar um sinal culturalmente relevante para demonstrar nossa submissão.

Existem três símbolos chamados no capítulo 11: a cabeça, o pão e o vinho.

Se tivéssemos com o pão e o vinho a mesma atitude que tomamos com o cabelo e a cobertura
da cabeça, teríamos problemas. Qual seria sua reação se alguém dissesse: “Temos comunhão
com Cristo em nossos corações. Que diferença faz se usarmos os sinais do pão e do vinho”?
Os reformados objetariam com razão que a linguagem de 11:23 torna a observância
obrigatória: “Porque recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus na
mesma noite em que foi traído tomou pão…” (11:23). Observe que exatamente a mesma
linguagem é usada para prefaciar a discussão de Paulo sobre coberturas para a cabeça. Paulo
diz: “Imitai-me, assim como eu imito a Cristo…guarda as coisas transmitidas conforme eu as
entreguei a vocês” (vv. 1-2). Todos os três símbolos foram entregues a Paulo por Cristo e, por
sua vez, foram entregues ao povo. (Veja notas nos versículos 1-2.) Qualquer ataque contra o
véu pode igualmente vir contra a Ceia do Senhor. Se alguém quisesse fazer um sinal
culturalmente mais relevante do que pão ou vinho, objetaríamos com razão, mesmo que o que
o pão e o vinho simbolizam ofenda profundamente nossa cultura moderna. Logicamente, o
que o pão e o vinho simbolizam torna as opiniões da sociedade irrelevante. O mesmo se
aplica à submissão e ao sinal de submissão.

Paulo não era um inovador.

40
Karen McDaniel, em “Why Do Some Women Cover Their Heads?” at
https://web.archive.org/web/19990506115709/http://www.prophezine.com/search/database/is37.7.htm
l
Leia o que a Escritura diz sobre as três palavras conectadas a este símbolo:

​ “Tradição” (1 Co 11:2; 2 Ts 2:15; 3:16)


​ “Recebido” (1 Co 11:23; 15:3; Gl 1:12)
​ “Entregue” (1 Co 11:2,23; 15:5; Judas 3)

Objeção nº 4 - “Esta interpretação contradiz a lei do nazireu e o fato de que o


sumo sacerdote cobria a cabeça quando entrava no lugar santo”.

Muitos tentam escapar do ensino claro desta passagem apelando para outras passagens
“problemáticas”.

A complexidade não é desculpa.

Deus não permite que as pessoas se livrem da responsabilidade simplesmente porque não
podem responder a todos os motivos. Não precisamos saber por que Deus ordenou algo antes
de obedecermos. Tudo o que precisamos saber é que Ele ordenou.

Resolvendo a dificuldade.

Vamos apenas assumir, por causa do argumento, que existe uma contradição entre as
passagens do Antigo Testamento e esta do Novo Testamento. O que isso prova?
Simplesmente prova que Deus tem o direito de mudar as regras da adoração em relação ao
véu da mesma maneira que mudou as regras da adoração em relação a sacerdotes, sacrifícios,
etc. Para minha vergonha, esse era um argumento que eu costumava evitar uma conclusão,
muito depois de saber o que 1 Coríntios 11 significava. Não podemos ignorar as regras do
Novo Testamento apelando para as regras da adoração do Antigo Testamento que já
passaram.

Não há contradição entre Paulo e o Antigo Testamento.

Com relação ao voto do nazireu.

É claro que o voto do nazireu se aplicava tanto à mulher quanto ao homem: “Quando um
homem ou uma mulher consagra uma oferta para fazer o voto de um nazireu, separar-se para
o Senhor…” (Nm 6:2). Isso significa que tanto o homem quanto a mulher sentiram vergonha
igual ao contrariar a ordem natural de fazer esse voto de submissão radical: o homem com
cabelos longos e a mulher com a cabeça raspada. Tudo sobre o voto nazireu era uma exceção
às regras comuns da vida. As exceções não removem as regras, elas comprovam as regras.
Estava claro que os homens normalmente não tinham permissão para deixar o cabelo
comprido e as mulheres normalmente não tinham permissão para raspar a cabeça. Diz a
respeito dos homens: “Não rasparão a cabeça nem deixarão o cabelo crescer; mas manterão
os cabelos bem aparados” (Ezequiel 44:20). Então, quando o nazireu deixou crescer o cabelo
e raspou a cabeça, ele estava indo contra a norma. As exceções para cabelos longos para a
mulher eram quando uma mulher gentia se convertia ao cristianismo (Deuteronômio 21:12),
purificando-se da lepra (Levítico 14:9) e quebrando ou encerrando um voto nazireu (Nm. 6).
Nenhuma dessas situações se aplica hoje, exceto para a questão da saúde. Alguns podem
dizer que Jesus era um nazireu e que devemos imitá-lo no crescimento de nossos cabelos. No
entanto, Cristo não era um nazireu, mas um nazareno. Se Ele fosse um nazireu, teria
quebrado a lei bebendo vinho (Nm 6:3-4 com João 2; Mateus 11:19; 27:34,48). Alguns veem
nos comentários de Paulo uma aplicação da lei do nazireu a todas as mulheres. Embora eu
discorde, a nota de rodapé fornece uma citação de exemplo.41

Com relação a cobertura do sumo sacerdote.

Os sacerdotes tinham roupas especiais (incluindo chapéus) que deveriam ser usados ​no lugar
sagrado (Êxodo 28:40; 29: 9; 39:28; Ezequiel 44:18). No entanto, o sacerdote não tinha
permissão para tirar as vestes do templo do lugar sagrado do templo (Levítico 16:24 NVI).
Sempre que ele ficava diante das pessoas, ele tirava o chapéu. Por exemplo, Ezequiel 44:19
diz: “Quando eles saírem para o átrio exterior, para o átrio exterior do povo, devem tirar as
vestes com que ministraram, deixá-las nas câmaras sagradas e vestir outras vestimentas; e em
suas vestes sagradas não santificarão o povo”. Ez 42:14 diz: “Quando os sacerdotes entrarem
[nas câmaras sagradas], não sairão da câmara sagrada para o átrio externo; mas ali eles
deixarão as vestes com que ministram, pois são santos. Eles devem vestir outras vestes; então
eles podem se aproximar daquilo que é para o povo.”

Por que essa distinção? A resposta se encaixa perfeitamente com a discussão de Paulo sobre a
glória em 1 Coríntios 11. Na adoração, apenas a glória de Deus pode ser visível. Dentro do
Santo Lugar estava a glória Shekinah de Deus e o símbolo dessa glória era chamada de "a
arca da aliança", "a glória de Israel",42 o trono de Sua glória, etc. Fora do Santo Lugar, só a
glória de Deus que era visível era representativa no sacerdote. O sacerdote desempenhou dois
papéis no templo. Quando estava diante do povo, ele representava Deus para o povo e era a
glória de Deus; mas quando ele entrava no Lugar Santo, ele representava o povo perante

41
Adam Clarke comenta: “O costume do nazireu pode lançar alguma luz sobre esta parte. Como
nazireu significa aquele que se separou por voto de alguma austeridade religiosa, usando seu próprio
cabelo, etc., então uma mulher casada era considerada nazireu vitalícia, ou seja, separada de todos
os outros, e unida a um marido, que é senhor dela. E, portanto, o apóstolo, aludindo a esta
circunstância, diz: A mulher deve ter poder sobre sua cabeça, ou seja, usar seu cabelo e véu; pois o
cabelo dela é uma prova de que ela era nazireu, e de sua sujeição ao marido, como o nazireu estava
sujeito ao Senhor, de acordo com a regra ou lei de sua ordem ”Adam Clarke The New Testament of
Our Lord and Saviour Jesus Christ (New York: Phillips & Hunt, 1884), p. 139. Ênfase dele.
42
1 Samuel 4:22 diz: “A glória se retirou de Israel, porque a arca de Deus foi capturada.”
Deus.43 Ao representar o homem, ele estava coberto. Ao representar Deus, ele estava
descoberto. Portanto, longe de estar em contradição com 1 Coríntios 11, é totalmente paralelo
ao ensino de Paulo. Quando o sacerdote estava no Lugar Santo, ele tinha que ser coberto
porque a única glória que deveria ser visível era a glória de Deus. Quando o sacerdote estava
fora do Lugar Santo e diante do povo, ele tinha que ser descoberto porque a única glória que
deveria ser visível era a glória de Deus, e ele representava a glória de Deus. Nas sinagogas (o
Antigo Testamento equivalente à igreja), as vestes sacerdotais não desempenhavam qualquer
função.44 Todos os homens foram descobertos na adoração da sinagoga. (Para a prova, veja a
objeção n° 8) Paulo disse: “Pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, visto que é a
imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem” (1 Co 11:7). O homem, como
representante da glória de Deus, não deve ser coberto, enquanto a mulher como a glória do
homem, deve ser coberta.

Objeção nº 5 - “O véu era para ser usado apenas durante a oração ou


profetização (v. 4) e, uma vez que esses dons sobrenaturais de oração extática e
profetização desapareceram, as mulheres não precisam mais usar cobertura para
a cabeça ou usar cabelos compridos.”

Essa interpretação falha em lidar com o problema pegajoso do capítulo 14, onde Paulo
proíbe especificamente as mulheres de orar em línguas ou profetizar no culto de
adoração.

(Por favor, leia os comentários que fiz em 11:5, que mostram como Paulo usou um método
idêntico de argumentação em outras passagens. Esses devem ser a chave para entender o que
ele está fazendo aqui.)

43
Paulo aponta que, visto que Cristo é o único Sumo Sacerdote que temos atualmente, somente Ele
é a cabeça de cada homem (11:3)
44
Douglas Bannerman diz: “É digno de nota que um sacerdote judeu como tal não tinha lugar ou
direitos especiais na sinagoga. Se for adequado em outros aspectos para ser um ancião ou professor
na congregação, ele pode ser escolhido para essa posição; mas seu sacerdócio em si (com uma
exceção, a ser notada imediatamente) não deu a ele privilégios peculiares. Foi expressamente
prescrito que "ninguém deve presumir usar a roupa de um sacerdote no serviço da sinagoga"
[Schurer, i. p. 277]. A única marca excepcional de honra paga na sinagoga ao sacerdócio repousava
na antiga regra de que 'o sacerdote, os filhos de Arão, deveria abençoar o povo'. Se um ou mais
membros de uma família sacerdotal estivessem presentes no serviço, foi-lhes pedido que se
apresentassem e pronunciassem com as mãos erguidas a bênção final: 'O Senhor te abençoe e te
guarde; o Senhor faça Sua face brilhar sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor levante Seu
semblante sobre ti e te dê paz; 'ao que toda a congregação responderia Amém." “Se ninguém de
ascendência sacerdotal estivesse na congregação, a bênção era falada na forma de uma oração por
um dos chefes da sinagoga” Douglas Bannerman, The Scripture Doctrine of the Church, (Grand
Rapids: Baker Book House, 1976), pp. 137-138. Ele dá muitas outras evidências de que as vestes
sacerdotais não tinham qualquer papel na adoração do povo na sinagoga, e é a sinagoga que forma
a base para a igreja do Novo Testamento.
Deve ser lembrado que 11:5 proíbe uma atividade, não endossa uma atividade. Deve-se
sempre ser muito mais cauteloso ao extrair implicações positivas de uma afirmação negativa.
Embora tal interpretação seja possível, em abstrato, é contraditória com 14:34-35.
Curiosamente, Gordon Fee, um comentarista “evangélico” que defende a interpretação de que
as mulheres não precisam usar coberturas na cabeça e que permite que as mulheres orem e
profetizem na igreja, admite que há uma contradição em sua interpretação. Em vez de se
submeter às Escrituras, Gordon Fee opta por dizer que 1 Coríntios 14: 34-35 não faz parte das
Escrituras e “certamente não é obrigatório”.45 Quão baixo descemos que devemos defender
nossas teorias modernas, rejeitando as Escrituras!? Embora haja dificuldades associadas à
compreensão do versículo, está claro que 14: 34-35 é uma proibição absoluta para as
mulheres falarem. Então, como respondemos a essa pergunta?

Embora a interpretação tradicional possa parecer estranha, as alternativas são muito mais
estranhas. As proibições de mulheres profetizando na igreja são tão fortes, que é mais do que
um pouco estranho colocá-las de lado por uma permissão positiva que está implícita em uma
proibição negativa em 11:5. (Se o mesmo método fosse usado para interpretar 1 Coríntios
8:10, haveria uma contradição flagrante com 10: 20-21!) Considere as coisas que Paulo diz
que as mulheres não podem fazer em 14:34-35. “Que vossas mulheres fiquem caladas nas
igrejas, pois não têm permissão para falar; mas devem ser submissas, como também diz a lei.
E se querem aprender alguma coisa, perguntem a seus próprios maridos em casa; pois é
vergonhoso que as mulheres falem na igreja”. Ele repete a proibição de cinco maneiras
diferentes. Embora Gordon Fee rejeite a autoridade do texto, ele é, pelo menos, honesto no
que ele significa.

Aqui está o argumento tradicional, conforme explicado por Charles Hodge e João Calvino:

“Era a maneira de Paulo cuidar de uma coisa de cada vez. Ele está aqui [11:5] falando
sobre a propriedade de mulheres falarem em público sem véu e, portanto, ele não diz nada
sobre a propriedade de falarem em público em si. Quando esse assunto surge, ele expressa

45
Gordon Fee diz o seguinte: “Esses dois versículos juntos têm uma preocupação singular, que as
mulheres 'permaneçam em silêncio' nas reuniões congregacionais, o que é posteriormente definido
como 'não ter permissão para falar' (v. 34) porque é 'vergonhoso' para elas fazê-lo ( v. 35). A
estrutura do argumento confirma isso. Começa com 'uma sentença de lei sagrada', cuja natureza
absoluta é muito difícil de contornar… ”“Apesar dos protestos em contrário, a própria 'regra' é
expressa de forma absoluta. Ou seja, é dado sem qualquer forma de qualificação. Dada a natureza
não qualificada da proibição adicional de que "as mulheres” não têm permissão para falar, é muito
difícil interpretar isso como significando outra coisa senão todas as formas de falar em público.
Alguém aparentemente estava preocupado em notar por meio de uma glosa que todas as instruções
anteriores dadas pelo apóstolo, incluindo o inclusivo 'cada um' do v. 26 e o 'todos' do v. 31, não
deveriam ser entendidos como incluindo mulheres.” “… É surpreendente que ele deva adicioná-lo
aqui, mas permitir que orem e profetizem em 11: 5 e 13…” “O autor desta peça parece ter a intenção
de impedir as mulheres de se unirem ao culto vocal das igrejas. A regra que ele deseja aplicar ele vê
como universal e amparada pela lei. É difícil encaixar isso em qualquer tipo de contexto paulino…”
“Assim, de acordo com as questões textuais, a própria exegese do texto leva à conclusão de que ele
não é autêntico. Se sim, então certamente não é obrigatório para os cristãos.” Gordon D. Fee, The
New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids: Baker, 1987), pp. 7-5-708
seu julgamento nos termos mais claros, 14,34. Aqui, desaprovando um, diz Calvino, ele não
aprova o outro.”46

“Pode parecer, no entanto, supérfluo para Paulo proibir a mulher de profetizar com a cabeça
descoberta, enquanto em outro lugar ele proíbe totalmente as mulheres de falar na Igreja (1
Timóteo 2:12). Não seria, portanto, permitido para eles profetizam mesmo com uma
cobertura sobre a cabeça, e, portanto, segue-se que é inútil que ele argumente aqui quanto a
uma cobertura. Pode-se responder que o apóstolo, ao condenar um, não elogia o outro. Pois
quando ele os reprova por profetizar com a cabeça descoberta, ele ao mesmo tempo não lhes
dá permissão para profetizar de alguma outra maneira, mas antes adia sua condenação
desse vício para outra passagem, a saber, no capítulo 14.” 47

Terceiro, em apoio ao argumento tradicional, deve ser apontado que Paulo usa exatamente o
mesmo tipo de procedimento na mesma epístola. Como diz John Robbins:

“A questão das mulheres falando na igreja não é o único caso em que Paulo atrasa, por uma
questão de argumento, sua condenação de uma prática questionável para outro capítulo, e
até mesmo para outro livro. Em 1 Coríntios 8:10, falando sobre a questão de ofender um
irmão, ele escreve: “Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo
dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas
aos ídolos?”Mas, não é até 10:20-21 que ele condena a prática de comer em templos
pagãos, e não é até 2 Coríntios 6:14-18 que ele critica os coríntios por sua obtusidade.” 48

Quarto, é uma falácia lógica dizer que 11:5 significa que toda mulher orou e profetizou ou
mesmo que qualquer uma o fez. John Robbins diz:

“A lição de lógica que Calvino dá é extremamente importante: Condenando aqui um


[falando com a cabeça descoberta], ele não elogia o outro [falando].'Se alguém dissesse, é
errado passar pelo sinal vermelho enquanto corre, ele não pode ser entendido para dizer que
é certo acelerar. É errado acelerar e ignorar os sinais vermelhos. O mesmo ocorre com as
mulheres que falam na igreja sem cobertura. Mulheres falando descobertas na igreja é
errado, assim como mulheres falando na igreja.”49

As pessoas objetam que as mulheres cantavam na adoração do Antigo Testamento; Paulo não
proíbe mulheres de cantar. Como John Robbins declara: “Paulo proíbe as mulheres de falar,

46
Charles Hodge, I & II Corinthians (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1978), pp. 208-209
47
John Calvin, Commentary on the Epistles of Paul to the Corinthians, vol. 1. (Grand Rapids: Baker
Book House, 1979), p. 356.
48
John Robbins, Scripture Twisting in the Seminaries (Jefferson, MD: The Trinity Foundation, 1985),
p. 28
49
Robbins, p. 26.
orar, profetizar, ensinar, exercer autoridade e fazer perguntas nas reuniões da igreja. O canto
congregacional na adoração não é proibido por Paulo.”50

Mesmo que você rejeite esse argumento tradicional, não há como contornar a questão do
revestimento da cabeça. Veja as notas de texto na primeira parte do livreto para outras opções
que as pessoas escolheram.

Todo o contexto dos capítulos 10-14 é decoro nas reuniões de adoração do povo.

Como apontamos nas objeções anteriores, o contexto e os temas deste capítulo indicam uma
razão muito mais ampla para o uso do véu, do que simplesmente oração e profecia. Esses são
dois exemplos que Paulo deu para mostrar a confusão que as mulheres estavam procurando
fazer, mas mais adiante no capítulo ele dá proibições mais universais.

O versículo 2 e o versículo 17 são suportes do que é bom e do que não é bom.

“Agora te louvo…” (v. 2) e “Agora, ao dar estas instruções, não te louvo…” (v. 17). Embora
não seja definitivo, o contraste aqui argumenta a favor de um contexto semelhante no qual o
elogio é dado ou negado.

O versículo 16 fala explicitamente para aqueles que se recusam a usar coberturas para a
cabeça.

“Não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.” Este não é apenas um princípio geral para a
noiva de Cristo em seus negócios comuns (a igreja no singular teria sido usada). Em vez
disso, ele tem discutido princípios relacionados às congregações locais (igrejas no plural).

A linguagem das tradições transmitidas a você é a mesma no versículo 2 e no


versículo 23.

A passagem é limitada à adoração pública.

Se você não vê isso como um culto de adoração, ele destrói a unidade estrutural e temática
desta passagem com o resto do discurso de Paulo sobre a glória em 1 Coríntios. (Veja os
artigos do Dr. Peter H. L. Wee e Richard Bacon para a unidade e coesão da passagem).

Objeção nº 6 - “Isso deve ser apenas uma questão de convicção individual, não da
política da igreja”.

Paulo levou o assunto a sério.

50
Robbins, p. 16
O problema com esse ponto de vista é que Paulo fez um grande esforço para convencer os
cristãos coríntios de que isso deveria fazer parte de sua política.

Se os indivíduos têm o direito de ignorar esse mandamento, eles também podem desafiar
muitos outros mandamentos das Escrituras.

Na verdade, a mesma hermenêutica que argumenta contra cabelos longos e coberturas para a
cabeça, também argumenta que a doutrina da liderança do homem e da submissão da mulher
não se aplica mais, e que a homossexualidade era uma coisa cultural contra a qual Paulo
estava argumentando. Se você precisar de evidências, posso facilmente encaminhá-lo para a
literatura que argumenta dessa forma. Existem as chamadas “feministas evangélicas” que
começaram insistindo que seu feminismo não necessitava logicamente de uma defesa da
homossexualidade. Anos mais tarde, eles agora, são os campeões do “movimento gay
evangélico”" e agora argumentam que os evangélicos que rejeitam o uso do véu e/ou a
liderança masculina são inconsistentes, uma vez que a mesma hermenêutica pode derrubar
outros argumentos tradicionalistas como casamento, homossexualidade, etc. (Se estiver
interessado, posso direcioná-lo para vários sites que publicam esse material e para livros
publicados por estudiosos “respeitados”.) Este não é um problema menor!

Objeção nº 7 - “Estas instruções foram escritas apenas para a igreja de Corinto e


não estavam sendo impostas a outras igrejas (cf. verso 16 “tal costume, nem as
igrejas de Deus o fazem”).”

Isso pressupõe uma situação cultural exclusiva de Corinto.

Essa suposição é contradita tanto pelas evidências arqueológicas (ver Apêndice B) quanto
pelo fato de que Corinto era uma cidade multicultural e de mente aberta.

Endereço geral.

Paulo não apenas escreveu esta epístola “à igreja de Deus que está em Corinto”, mas também
“aos que são santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos, com todos os que em todo
lugar invocam o nome de Jesus Cristo nosso Senhor, tanto deles como nossos”(1 Co 1:2).
Paulo afirmou está escrevendo princípios que se aplicavam “a toda parte em cada igreja”
(4:17). À luz dessa linguagem, é difícil imaginar Paulo (sem esclarecimento) excluindo
Corinto do “nós” e “as igrejas de Deus” de 11:16.

Legalismo repreendido.
Paulo e Cristo falam nos termos mais duros sobre a imposição de quaisquer mandatos morais
à igreja que não tenham o respaldo das Escrituras. Veja as respostas à objeção n°1 para uma
análise aprofundada deste problema.

Linguagem universal é usada.

“Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça” (v. 4). “Mas
toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra sua cabeça…”

Consulte a resposta à objeção nº 1.

Veja a primeira objeção para as provas de que isso foi pretendido como um princípio
universal em todas as igrejas e para todos os tempos.

Objeção n° 8 - “Se Paulo estivesse ordenando que os homens não fossem


cobertos, então ele teria entrado em conflito com homens judeus nas sinagogas,
visto que os homens judeus sempre usavam uma cobertura para a cabeça na
sinagoga.”

Situações raras em que homens judeus foram cobertos.

Os únicos casos de homens cobrindo suas cabeças no Antigo Testamento foi 1) durante
tempos de vergonha51 e 2) a situação incomum do nazireu e do sacerdote (enquanto no
templo). Para o meu tratamento de como a provisão de Deus para os nazireus e os sacerdotes
realmente apoia a tese deste livreto, veja a objeção n°4. Os exemplos de homens sendo
cobertos quando envergonhados no Antigo Testamento também são paralelos ao ensino de
Paulo sobre vergonha e desonra em 11:5-7. Considere os seguintes exemplos de uma
cobertura para a cabeça sendo um “manto de vergonha” (Salmo 89:45 NVI). 2 Samuel 15:30
diz: “Então Davi subiu na subida do Monte das Oliveiras, e subiu chorando; e ele teve sua
cabeça coberta e andou descalço. E todas as pessoas que estavam com ele cobriram suas
cabeças e subiram, chorando enquanto subiam.” Jeremias 14:3 diz dos nobres: “...
envergonhados e envergonhados, cobriram as suas cabeças”. Jeremias 14:4 diz: “Visto que a
terra está seca, porque não havia chuva sobre a terra, os lavradores ficaram envergonhados e

51
O contrário também é verdade. As mulheres do Antigo Testamento ficavam envergonhadas quando
eram descobertas. Números 5:18 diz: “Então o sacerdote apresentará a mulher perante o Senhor,
descobrirá a cabeça da mulher e colocará em suas mãos a oferta por lembrança, que é a oferta de
cereal do ciúme. E o sacerdote terá em suas mãos a água amarga que traz uma maldição.” Esta
mulher que foi acusada de rebelião contra seu marido por meio de adultério foi envergonhada em um
local de adoração ao remover a cobertura. A mesma vergonha associada à remoção de uma
cobertura para a cabeça está associada ao corte do cabelo de uma mulher. Por exemplo, quando
uma mulher de outra nação se converteu ao Deus de Israel, Deus fez esta provisão: Deuteronômio
21:12 diz: “então a trarás para sua casa, e ela rapará a cabeça e aparará as unhas”. O sinal de sua
sujeição em outra religião foi removido e ela teve que crescer um novo sinal de sujeição a Deus. Só
depois que os cabelos cresceram foi que essa convertida teve permissão de se casar com um judeu.
cobriram as suas cabeças”. Portanto, o Antigo Testamento trata o que os homens judeus
fazem como algo vergonhoso, assim como Paulo faz. Devemos perceber como o Judaísmo
está em desacordo tanto com o Novo Testamento quanto com o Velho Testamento. É uma
religião feita pelo homem.

Suposição anacrônica.

A prática de homens judeus usarem coberturas para a cabeça na adoração (e muitas vezes
fora da adoração) não começou até depois de 135 d.C. após a rebelião de Bar Kochba.
Mesmo assim, a prática não estava firmemente arraigada até a idade média. Esta tradição feita
pelo homem foi adicionada por rabinos judeus para simbolizar a vergonha de seu exílio e
tinha outras explicações, como a vergonha que os homens deveriam sentir quando na
presença de Deus. Foi um acréscimo tardio e não deveria ter relação com a exegese desta
passagem. John Lightfoot cita evidências de que a tradição farisaica primitiva afirmava que os
homens não cobriam a cabeça nas sinagogas.52 Ele também cita evidências de que os
judaizantes (talvez por reação ao cristianismo, talvez por uma noção pervertida de
hiper-espiritualidade?). Mudaram tanto a cobertura dos homens quanto a cobertura das
mulheres. Os homens que antes eram descobertos ficaram cobertos nas sinagogas e as
mulheres foram descobertas em público, mas cobertas na sinagoga, não foram mais cobertas
(por um tempo) nas sinagogas e tiveram que ser cobertas do lado de fora da sinagoga.53

52
“Podemos observar que Onkelos rendeu ‫ְ מה ָר ָדָ בי‬com a mão alta, por ‫ גלי בריש‬com a cabeça
descoberta: como em Êxodo. 14: 8; Os israelitas saíram do Egito com a cabeça descoberta; isto é,
com confiança, não com medo, ou como homens envergonhados; e Nm 15:30; 'A alma que comete
qualquer pecado ‫ בריש גלי‬com a cabeça descoberta;' isto é, ousada e impudentemente. Assim,
Baraque também em Juízes 5:1; Os sábios voltaram a se sentar nas sinagogas ‫ גלי בריש‬com a
cabeça descoberta; isto é, não temendo seus inimigos, nem envergonhado por eles.” (Lightfoot, pp.
230-231).
53
Por exemplo, na página 231 ele cita o Talmud mostrando como ele ordenou o uso do véu nas
mulheres em público e ter um olho pintado e o outro não. “Mas embora as mulheres estivessem
veladas nas ruas, ainda quando recorriam ao serviço sagrado, tiravam os véus e expunham o rosto
nu; e isso não por leveza, mas por religião.”(p. 231). “Quando as mulheres, portanto, se encontravam
assim separadas, não é de admirar que elas tirassem os véus de seus rostos, quando agora estavam
fora da vista dos homens, e a causa de seu véu removido, que na verdade era para que não fossem
visto por homens.”(p. 232). “Ele foi para sua escola sozinho em particular, e 'velou-se e orou'. Assim
como os homens em particular, e as mulheres também, pelo contrário, revelando seus rostos em
particular. Uma razão é dada para o primeiro, a saber, que os homens estavam velados por
reverência a Deus, e como se envergonhados diante de Deus; mas porque as mulheres também não
usavam véu, a razão é mais obscura.”(p. 233).

Na página 235, ele mostra como os judaizantes haviam invertido completamente os motivos de
descobrir-se e de cobrir-se. O véu para a mulher era sua vergonha, enquanto Paulo diz que é sua
reverência e sinal de autoridade e ser descoberto é uma vergonha. Lightfoot aponta que o costume
judaico de o homem também estar velado surgiu de uma hiper-espiritualidade tentando mostrar a
reverência com que eles tinham a Deus. Ele cita o Talmud: “Onde está o Brilho, ‫'שכינה מאימת מתעטף‬
Ele se cobri por causa do terror de Deus [ou reverência para com Deus], como um homem que se
senta ‫ ואין באים לצדדין פונה‬com medo, e não olha para esse ou aquele lado dele. 'E' Os eruditos dos
sábios”(em jejuns solenes) 'cobrem-se e sentam-se como enlutados e pessoas excomungadas,
‫ הנזופין אדם כבני‬como aqueles que são reprovados por Deus;' a saber, como envergonhados por razão
dessa reprovação. Então, ‫ ’נזוף‬Aquele que foi reprovado por algum grande Rabino’ ‘se manteve em
Nunca houve uniformidade nisso entre as seitas judaicas, e houve até diferenças regionais em
evidência. Assim (como frequentemente acontecia no Judaísmo) a Palavra de Deus foi
distorcida além do reconhecimento. Como Cristo disse: “Jeitosamente vocês rejeitam o
mandamento de Deus, para que possam manter sua tradição.” (Marcos 7:9). Precisamos ter
cuidado para não deixar de lado as declarações claras de Deus neste capítulo por causa da
tradição judaica. Também é importante evitar o erro dos judeus, permitindo que as opiniões
dos homens destruam os escritos claros das Escrituras. O fato de que as mulheres não usam o
véu na igreja na maioria das igrejas protestantes é claramente uma tradição do homem que
começou nos anos 1900.

Para aqueles que pensam que não devemos nos preocupar com doutrinas menores como esta,
deixo as duas seguintes passagens das Escrituras.

“Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra
que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4

“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.
E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa
própria tradição.” Marcos 7:6-9

casa como alguém que estava envergonhado; nem ficou diante daquele que o envergonhou com a
cabeça descoberta '”(Lightfoot, pp. 230). Para uma longa discussão sobre o véu, leia os comentários
de Lightfoot sobre 1 Corinthians 11 in A Commentary on the New Testament from the Talmud and
Hebraica (Peabody, Mass: Hendrickson Publishers, 1989).
Apêndice A: Como a Igreja Primitiva interpretou Paulo?

Pais da Igreja

Hermas (150 d.C.) escreveu: “Uma virgem me encontra, adornada como se estivesse saindo
da câmara nupcial… sua cabeça estava coberta por um capuz.” 54

Irineu (120-202 d.C.) escreveu: “Uma mulher deveria ter um véu [kalumma] sobre a cabeça,
por causa dos anjos”. Ele também deixou claro que a “autoridade” a que Paulo se referia era a
roupa que cobria, não o cabelo.55

Tertuliano (150-225 d.C.) argumentou que todas as mulheres deveriam usar o véu e todos os
homens deveriam adorar sem véu. “Eis dois nomes diversos, Homem e Mulher 'cada um' em
cada caso: duas leis, mutuamente distintas; de um lado (uma lei) de véu, do outro (uma lei) de
desnudar.”56 Curiosamente, Tertuliano disse que os pagãos não tendiam a fazê-lo. “Entre os
judeus, é comum que suas mulheres tenham a cabeça velada, para que assim possam ser
reconhecidas.”57

Clemente de Alexandria (153-217 d.C.) argumentou que a cobertura no versículo 5 era um


véu de tecido. Ele também disse: “… este é o desejo da Palavra, visto que convém a ela orar
velada.”58

Hyppolytus (170-236 d.C.) escreveu o seguinte cânone da igreja que representa a prática da
igreja daquela época: “Cânon Décimo Sétimo. Das virgens, para que cubram o rosto e a
cabeça”.59

54
Alexander Roberts, James Donaldson, and A. Cleveland Coxe, eds., “The Pastor of Hermas,” in
Fathers of the Second Century: Hermas, Tatian, Athenagoras, Theophilus, and Clement of Alexandria
(Entire), trans. F. Crombie, vol. 2, The Ante-Nicene Fathers (Buffalo, NY: Christian Literature
Company, 1885), 18.
55
St. Irenaeus of Lyons, St. Irenaeus of Lyons: Against the Heresies, Book 1, ed. WalterJ. Burghardt,
John J. Dillon, and Thomas Comerford Lawler, trans. Dominic J. Unger,55th ed., vol. I, Ancient
Christian Writers (Mahwah, NJ; New York: The NewmanPress, 1992), 42.
56
Tertullian, “On the Veiling of Virgins,” in Fathers of the Third Century: Tertullian, Part Fourth;
Minucius Felix; Commodian; Origen, Parts First and Second, ed. Alexander Roberts, James
Donaldson, and A. Cleveland Coxe, trans. S. Thelwall, vol. 4, The Ante-Nicene Fathers (Buffalo, NY:
Christian Literature Company, 1885), 32.
57
Tertullian, “The Chaplet, or De Corona,” in Latin Christianity: Its Founder, Tertullian,ed. Alexander
Roberts, James Donaldson, and A. Cleveland Coxe, vol. 3, The Ante-Nicene Fathers (Buffalo, NY:
Christian Literature Company, 1885), 95.
58
Clement of Alexandria, “The Instructor,” in Fathers of the Second Century: Hermas, Tatian,
Athenagoras, Theophilus, and Clement of Alexandria (Entire), ed. Alexander Roberts, James
Donaldson, and A. Cleveland Coxe, vol. 2, The Ante-Nicene Fathers (Buffalo, NY: Christian Literature
Company, 1885), 290.
59
Pseudo-Hippolytus of Rome, “Canons of the Church of Alexandria,” in Fathers of the Third Century:
Hippolytus, Cyprian, Novatian, Appendix, ed. Alexander Roberts, James Donaldson, and A. Cleveland
Crisóstomo (340-407 DC) escreveu um comentário sobre 1 Coríntios 11: 1-16, defendendo
nossa posição. Em um ponto, ele disse: “E se for dado a ela como uma 'cobertura', diga você,
'por que ela precisa adicionar outra cobertura?' Que não apenas a natureza, mas também a sua
própria vontade pode ter parte em seu reconhecimento de sujeição. Para isso tu deves estar
coberto, a própria natureza por antecipação promulgou uma lei. Adicione agora, eu oro, sua
própria parte também, para que você não pareça subverter as próprias leis da natureza; uma
prova da mais insolente precipitação, em esbofetear não só conosco, mas também com a
natureza.”60

Arte da Catacumba

Os primeiros cristãos buscaram refúgio da perseguição romana nas catacumbas. As


catacumbas estão repletas de imagens de homens e mulheres em adoração. Os homens são
retratados com a cabeça descoberta e as mulheres com um xale simples.

Coxe, trans. S. D. F. Salmond, vol. 5, The Ante-Nicene Fathers (Buffalo, NY: Christian Literature
Company, 1886), 257.
60
. John Chrysostom, “Homilies of St. John Chrysostom, Archbishop of Constantinople, on the First
Epistle of St. Paul the Apostle to the Corinthians,” in Saint Chrysostom: Homilies on the Epistles of
Paul to the Corinthians, ed. Philip Schaff, trans. Hubert Kestell Cornish, John Medley, and Talbot B.
Chambers, vol. 12, A Select Library of the Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church,
First Series (New York: Christian Literature Company, 1889), 154.
Apêndice B: “Cinco mitos sobre o adorno de cabeça do Corintios"
Adaptado de Bruce Terry61

1. As mulheres na antiga Corinto tinham algum tipo de obrigação de usar uma


cobertura na cabeça quando apareciam em público.

Provas Supostas que Apoiam o Mito:

Quanto aos Romanos:

“Por que os filhos cobrem a cabeça ao acompanhar os pais ao túmulo, enquanto as filhas
vão com a cabeça descoberta e o cabelo solto? (…) Ou será que o incomum é apropriado no
luto e é mais comum as mulheres saírem em público com a cabeça coberta e os homens com
a cabeça descoberta?” (Plutarco, Moralia, The Roman Questions 14).

Quanto aos espartanos:

“Quando alguém perguntou por que levavam suas meninas a lugares públicos sem véu, mas
suas mulheres casadas com véu, ele disse: 'Porque as meninas têm que encontrar maridos, e
as mulheres casadas têm que ficar com quem os tem!'” (Plutarco, Morália, Provérbios dos
espartanos, Charillus 2)

Contra-evidência ao Mito:

Corinto era basicamente uma cidade grega, seguindo os costumes gregos (cf. Dio Crisóstomo
Orationes 37,26: “tornou-se totalmente helenizado, assim como a tua cidade”).

A inscrição de mistérios de Andania (Ditt. Syll.3, 736), que dá uma descrição exata das
mulheres que participam da procissão, não faz nenhuma menção ao véu. Na verdade, a ordem
cúltica de Lycosura parece proibi-lo. Imperatrizes e deusas… são retratadas sem véus…
(Oepke em Kittel TDNT 1965, 3: 562)

Veja contra-evidências extraídas do livro de Zinserling.

2. Apenas prostitutas apareciam em público sem a cabeça coberta.

Contra-evidência ao Mito:

61

https://web.archive.org/web/20010423032046/http://www.bible.acu.edu:80/terry/bible102/headwear.ht
m
A cerâmica grega mostra que as hetaerae ("companheiras") geralmente usavam um cocar em
forma de chifre da abundância, mesmo que usassem apenas sandálias.

3. A cobertura que as mulheres usavam na antiga Corinto cobria toda a cabeça,


incluindo o rosto.

Contra-evidência ao Mito:

Sobre o véu das mulheres em Tarso, Dio Crisóstomo (Orationes 33.49) indica que as
mulheres tarsianas seguiam o costume de cobrir o rosto quando saíam para passear:

“Entre elas está a convenção sobre trajes femininos, uma convenção que prescreve que as
mulheres devem estar vestidas e deportar-se quando na rua de forma que ninguém possa ver
nenhuma parte delas, nem do rosto, nem do resto do corpo, e para que eles próprios não
vejam nada fora da estrada.” (Orationes 33,48)

William M. Ramsey (The Cities of St. Paul 1960, 202) observa que este pesado véu das
mulheres era "totalmente diferente” do costume grego.

4. Raspar a cabeça de uma mulher era um sinal de seu adultério.

Provas Supostas que Apoiam o Mito:

1. Sobre uma mulher germânica pega em adultério:

“o marido expulsa a mulher de casa nua, com o cabelo cortado, e a conduz com um
chicote por toda a aldeia.” (Tácito Germânia 19)

2. Quanto a Demonassa, governante de Chipre no passado distante:

“Ela deu ao povo de Chipre as seguintes três leis: uma mulher culpada de adultério
terá seu cabelo cortado e será uma prostituta – sua filha tornou-se uma adúltera, teve
seu cabelo cortado de acordo com a lei e praticou a prostituição…” (Discursos de
Dio Crisóstomo, On Fortune 64.2-3)

Contra-evidência ao Mito:

“Assim, na Grécia, sempre que chega um infortúnio, as mulheres cortam os cabelos e


os homens deixam crescer…” (Plutarco, Moralia, The Roman Questions 14). Cf. Deut.
21: 12-13; É. 7:20; 15: 2; 22:12; Jer. 16: 6; Microfone. 1:16; e Josephus Antiquities
iv.8.23 [∮257].

5. Os homens sempre oravam com a cabeça descoberta.

Quanto aos Romanos:

“Por que é que quando eles adoram os deuses, eles cobrem suas cabeças, mas quando
encontram qualquer um de seus semelhantes dignos de honra, se eles têm a toga sobre a
cabeça, eles descobrem?” (Plutarco, Moralia, As Perguntas Romanas 10)

“Não é piedade mostrar-se muitas vezes com a cabeça coberta, voltando-se para uma pedra
e aproximando-se de todos os altares, ninguém prostrar-se no chão e abrir as palmas diante
dos santuários dos deuses…” (Lucretius de Rerum Natura 5.1198-1201)

“…e quando agora tu ergueres altares e pagar votos na praia, véu teu cabelo com uma
cobertura de manto púrpuro, para que na adoração dos deuses nenhuma face hostil se
intrometa em meio aos fogos sagrados e estrague os presságios.” (Virgil Aeneis 3.403-409)

“Era de acordo com os costumes tradicionais, então, que Camilo, depois de fazer sua oração
e puxar sua roupa sobre a cabeça, quis virar as costas….” (Dionísio de Halicarnasso, as
Antiguidades Romanas 12.16.4)

Quanto aos Judeus:

“Não deixe os Reis Magos, nem os estudiosos dos Reis Magos, orar a menos que eles sejam
cobertos.” (Maimonides, citado por Lenski, A Interpretação da Primeira e Segunda Epístolas
de São Paulo aos Coríntios 1946, 435). Cf. o talit que os homens judeus usam quando oram.

Os quatro gráficos a seguir mostram que não havia nenhum costume ou mandato em relação
ao revestimento da cabeça. As pessoas eram capazes de fazer o que quisessem em relação à
cabeça. Certamente não havia um mandato cultural para mulheres decentes usarem uma
cobertura na cabeça.

O adorno de cabeça das mulheres gregas em ilustrações:


Data: Total: Cabeça Arco de Encapuzado:
descoberta: cabelo:

8 a.C. + 12 2 5 3

7 a.C. 4 4 - -

6 a.C. 29 - 20 8

5 a.C. 97 21 50 23

4 a.C. 20 8 4 8

3 a.C. 11 6 3 2

2 a.C. 5 2 2 -

1 a.C. 2 - - 2

Total 180 43 84 46

O adereço de cabeça das mulheres romanas em ilustrações:

Data: Total: Cabeça Arco de Encapuzado:


descoberta: Cabelo:

8 a.C. + 7 5 - 2

7 a.C. - - - -

6 a.C. - - - -

5 a.C. 1 - - 2

4 a.C. - - - -

3 a.C. - - - -

2 a.C. 1 1 - 1

1 a.C. 16 7 3 6

1 d.C. 9 6 2 1

2 d.C. 15 10 2 3

3 d.C. 3 2 - 1
4 d.C. 3 3 - 1

5 d.C. - - - 1

6 d.C. 8 3 1 4

Total 63 37 8 18

Mulheres gregas adorando 'THE HEADDRESS OF GREEK WOMEN PRAYING IN


ILLUSTRATIONS' A seguinte tabela produzida por CHRT2TBL 1.2 (c) 1997 por Bruce
Terry Dados tirados de fotografias e ilustrações em Mulheres na Grécia e Roma de Verena
Zinserling (1973).

Data: Total: Cabeça Arco de Encapuzado:


descoberta: Cabelo:

7 a.C. 4 4 - -

6 a.C. - - - -

5 a.C. 9 3 6 -

4 a.C. - - - -

3 a.C. 2 1 - 1

Total 15 8 6 1

Cabeça descoberta e Arco de cabeça:

​ No século sétimo a.C. jarra d'água mostra quatro dançarinos de cabeça descoberta
dançando com rapazes em uma dança cúltica (página 19).
​ No quinto século a.C. jarra mostra uma Maenad (ou seja, uma dançarina frenética)
adorando Dionísio em um frenesi, usando uma grinalda de hera no cabelo (placa 21).
​ No quinto século a.C. jarra mostra quatro Maenads com guirlandas nos cabelos
bebendo em uma celebração de culto a Dionísio (ilustração 51).
​ No quinto século a.C. a estátua do que parece ser uma menina orando com os braços
estendidos, mostra-a com a cabeça descoberta (ilustração 28).
​ No quinto século a.C. o vaso mostra uma mulher de cabeça descoberta sacrificando
um porco jovem às deusas do mundo subterrâneo (ilustração 43).
​ No quinto século a.C. vaso mostra uma jovem e uma escrava em uma cena de culto
aos mortos; uma tem a cabeça descoberta e a outra usa uma faixa na cabeça
(ilustração 49).
​ No terceiro século a.C. a estátua de uma criada sacrificando em um ritual de culto,
mostra-a com a cabeça descoberta (ilustração 66).

Encapuzado:

​ No terceiro século a.C. a estátua mostra uma sacerdotisa de pé, aparentemente usando
um capuz; parte de sua cabeça está faltando e a identificação da chapelaria não pode
ser exata (placa 71).

Instrutor: Bruce Terry: terry@bible.acu.edu 21/05/98


Sobre o autor

A maioria das mulheres hoje não cobre a cabeça e os homens costumam usar cabelos
compridos em cultos públicos. Isso importa? Existem muitos argumentos apresentados para
apoiar essas práticas, mas como este livro revela, eles são contrários às Escrituras e à prática
da igreja histórica. Nada menos do que a Glória de Deus está em jogo quando se trata de véus
na adoração.

Fundador e presidente da Biblical Blueprints, Phillip Kayser é graduado em educação,


teologia e filosofia. Ordenado em 1987, ele atualmente serve como pastor sênior da Dominion
Covenant Church, uma igreja conservadora Presbiteriana (CPC) em Omaha, NE. Ele também
atua como professor de ética no Whitefield Theological Seminary. Ele e sua esposa Kathy
têm 5 filhos casados e 15 netos atualmente.

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