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A Bondade de Deus Conduz o Eleito à Adoração

Sl. 57.1-11

Objetivo: Ensinar que o eleito não perde de vista a bondade


de Deus que o assiste em suas necessidades, lutas e vitórias.

Introdução: Adorar e louvar a Deus pelos atos de bondade


em sua vida, é algo restrito ao culto público ou você canta e
adora com frequência em qualquer lugar?

Contexto: Este é um salmo de lamentação, em muito o grupo


mais numeroso dos salmos, no qual há certo padrão de
conteúdo e expressões.
‘Salmos de Lamentações’ começam com um apelo urgente,
pedindo ajuda; em seguida, são descritos os inimigos que
estão sendo enfrentados; então a oração é respondida, e o
salmista agradece a bênção obtida.
A maioria desses salmos de lamentação contém alguma
pronunciada imprecação contra os inimigos, pelo que eles
têm sido chamados de salmos imprecatórios.
Este salmo é muito parecido com o Salmo 56, e até começa
com a mesma declaração introdutória, um pedido de socorro
pelas misericórdias de Deus.

Transição: Quero compartilhar este Salmo sob o seguinte


tema: ‘Reconhecer a Bondade de Deus Conduz o
Eleito à Adoração’.

I – Clamor Pela Manifestação da Bondade de Deus.


(1-3)

1. Este é mais um salmo de lamentação, onde o poeta,


diante de situações de opressão busca socorro em Deus.
1.1 – Um apelo urgente, pedindo ajuda (1-3).
1.2 – Os inimigos são descritos (4-6).
1.3 – Gratidão pela bênção obtida (7-11).

2. Este salmo está ligado ao evento da perseguição de Saul


na caverna, conforme o cabeçalho do salmo indica.
2.1 – A poesia é dedicada a ser cantada conforme a
música ‘Não destruas’, que no hebraico é ‘Al-
tachete’, sendo as primeiras palavras do hino como
parte do ritual do templo.
2.2 – Davi disse essas palavras a Abisai, quando
pretendia destruir Saul.
a) I Sm. 26.9 ‘Davi, porém, respondeu a Abisai:
Não o mates, pois quem haverá que estenda a
mão contra o ungido do Senhor e fique
inocente?’.

3. Davi estava cercado, dentro de uma caverna, e sabia que


seu fim poderia estar à frente, e é nesse espírito
angustiado que ele clama a Deus.
3.1 – Sl. 57.1 ‘Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem
misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia;
à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem
as calamidades’.
3.2 – A petição repetida ‘Tem misericórdia de mim’, é
idêntica à abertura do Salmo 56.
3.3 – Derek Kidner1: ‘Enquanto a maioria das
pessoas teria considerado a caverna como um
refúgio, Davi vê seu refúgio além dela’.

4. Aquela caverna poderia ser uma arapuca, como


também poderia ser uma fortaleza.

1
Derek Kidner, Introdução e Comentário, Salmos 1-72, Ed. Vida Nova. Pág. 227.
4.1 – Allan Harman2: ‘A referência a buscar refúgio
à sombra das asas de Deus poderia ser ou uma
alusão geral ao cuidado protetor de Deus, ou
poderia se relacionar com a presença no
tabernáculo’.
a) Na Arca da Aliança, as asas dos querubins
faziam sombra sobre a tampa (o propiciatório);
ao que se pode deduzir que ‘suas asas’ sejam
um modo de dizer que o salmista irá ao
tabernáculo encontrar-se com seu Deus e achar
refúgio ali até que passe a presente angústia.
b) Êx. 25.20 ‘Os querubins estenderão as asas
por cima, cobrindo com elas o propiciatório;
estarão eles de faces voltadas uma para a
outra, olhando para o propiciatório’.
4.2 – A proteção viva simbolizada por asas não
fracassaria.
a) Sl. 61.4 ‘Assista eu no teu tabernáculo, para
sempre; no esconderijo das tuas asas, eu me
abrigo’.

5. Davi enaltece e exalta a Deus como ‘Altíssimo’, o que


não significa que Ele seja remoto ou distante no céu, e
que por isso fica desimpedido de enviar socorro.
5.1 – Sl. 57.2 ‘Clamarei ao Deus Altíssimo, ao Deus
que por mim tudo executa’.
5.2 — Esta expressão, ‘o Deus Altíssimo’, deve trazer à
nossa mente a ‘transcendência’ de Deus, o que não
impede sua ‘imanência’.
5.3 – O Senhor Jesus, nas primeiras palavras do Pai
Nosso, assim expressou: ‘que estás no céu’,
apontando para a excelsitude e majestade de Deus.

2
Allan Harman, Comentário Bíblico de Salmos, Ed. Cultura Cristã, Pág. 230.
6. Os dois títulos (Deus Altíssimo), neste versículo
mostram como uma oração pode ser enriquecida pelo
seu modo de dirigir-se a Deus; o que requer de nós a
exaltação ao máximo da Pessoa divina.
6.1 – É preciso melhorar nosso repertório vocabular de
modo que tenhamos palavras mais sublimes que
melhor expressem a magnitude de nossa adoração.
6.2 – Se, ao falar com uma autoridade qualquer em
nossa cultura, se escolhe boas e imponentes
palavras à altura de seu ofício; por que não oferecer
orações bem construídas e com palavra que
enalteçam a Deus e seus atributos?

II – Identificação das Calamidades ou dos Inimigos.


(4-6)

1. Nos salmos de lamentação, as calamidades são


causadas por diversos inimigos: invasores estrangeiros;
inimigos que atuavam no acampamento de Israel; ou
enfermidades físicas.
1.1 – Os inimigos são descritos como se fossem
animais selvagens.
a) Sl. 57.4 ‘Acha-se a minha alma entre leões,
ávidos de devorar os filhos dos homens; lanças
e flechas são os seus dentes, espada afiada, a
sua língua’.
1.2 – As expressões usadas ‘em meio a leões’, e ‘ávidos
de devorar’, pressupõem a constante hostilidade
com que os inimigos atacavam, enquanto o uso de
comparação com lanças, flechas e espadas descreve
sua crueldade e sua peçonha.
2. Davi pede o livramento contra inimigos sedentos de
sangue dentro do acampamento, homens hostis e
sanguinários que em breve extinguiriam a luz da vida.
2.1 – Esses ímpios são comparados ao poderoso e
selvagem leão, fera poderosa e incansável.
2.2 – J. R. P. Sclater3, (citado por Champlin): ‘Já
encontramos esses perseguidores antes. Eles
estavam bem presentes na mente do fugitivo.
Ainda não tinham deitado as mãos sobre o seu
corpo, mas já tinham deitado as mãos sobre a sua
alma’.

3. Num momento de se descrever o inimigo, o poeta se


volta para expressar o louvor a Deus.
3.1 – Sl. 57.5 ‘Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e
em toda a terra esplenda a tua glória’.
3.2 – Derek Kidner4: ‘É maravilhoso que Davi deixe
de se apegar aos seus interesses urgentes, para
pensar na sua preocupação suprema: que Deus
seja exaltado’.

4. Volta-se o poeta sacro para as aflições lançadas contra


ele por seus perseguidores e inimigos.
4.1 – Sl. 57.6 ‘Armaram rede aos meus passos, a
minha alma está abatida; abriram cova diante de
mim, mas eles mesmos caíram nela’.
4.2 – Allan Harman5: ‘A verdade é que os perversos
amiúde caem presas de suas próprias tramas.
Preparam uma armadilha para os justos, porém
Deus administra sua providência de tal modo que
eles mesmos caem nela’.

3
J. R. P. Sclater, (citado por Champlin) em O VT Interpretado Versículo Por Versículo, Ed. Hagnos, Vol. 04, Pág. 2230.
4
Derek Kidner, Introdução e Comentário, Salmos 1-72, Ed. Vida Nova. Pág. 228.
5
Allan Harman, Comentário Bíblico de Salmos, Ed. Cultura Cristã, Pág. 231.
5. Calamidades, angústias, aflições e mesmo inimigos em
perseguições, sempre marcarão a caminhada da Igreja
de Cristo sobre a terra.
5.1 – Ap. 12.17 ‘Irou-se o dragão contra a mulher e
foi pelejar com os restantes da sua descendência,
os que guardam os mandamentos de Deus e têm o
testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia
do mar’.
5.2 – Jo. 16.33 ‘No mundo, passais por aflições; mas
tende bom ânimo; eu venci o mundo’.

6. Não importa quais as lutas e aflições que estejam na sua


história neste momento; antes faça como o salmista,
colocando suas ansiedades diante do Senhor.
6.1 – I Pe. 5.7 ‘lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós’.

III – Um Hino de Louvor ao Deus Providente.

1. Davi, como faz costumeiramente, apresenta aqui um


hino de louvor e exaltação a Deus por suas obras
portentosas.
1.1 – Sl. 57.7 ‘ Firme está o meu coração, ó Deus, o
meu coração está firme; cantarei e entoarei
louvores’.
1.2 – A exclamação: ‘Firme está o meu coração!’,
forma um contraste feliz com 6a: ‘a minha alma
está abatida’.
1.3 – A palavra hebraica ‘nacon’ traduzida por ‘firme’
(v. 7) é a mesma palavra traduzida por ‘voluntário’
no Sl. 51.12.
1.4 – Calvino6: ‘Davi [está] a dizer que havia
meditado bem e devidamente nos louvores que
6
Calvino, Comentário Bíblico dos Salmos, Vol. 2, Pág. 512.
estava para oferecer; não se precipitara a um
apressado e perfunctório desencargo deste
serviço, como o fazem muitos perspicazes, mas que
se dirigira a ele com firme propósito de coração’.

1.5 – O cristão, consciente da bondade do Senhor,


adora e louva ao seu Deus com naturalidade e
espontaneidade, em qualquer ocasião e lugar.

2. Com o coração preparado e firme, Davi convoca a


língua, o saltério e a harpa a prepararem-se para a
celebração do nome de Deus.
2.1 – Sl. 57.8 ‘Desperta, ó minha alma! Despertai,
lira e harpa! Quero acordar a alva’.
2.2 – Saltério e harpa se referem a instrumentos de
cordas que eram usados em situações de culto
formal e informal, e há pouca informação para se
fazerem distinções entre eles.
2.3 – ‘Acordar a alva’ carrega a indicação de que antes
que raiasse um novo dia, já se fazia oportuna e
necessária ocasião para entoar louvores ao Senhor.

3. Aponto aqui que o poeta destaca um ordem lógica para


a adoração.
3.1 – O primeiro lugar é dado ao coração.
3.2 – O segundo lugar é dado à declaração com a boca.
3.3 – O terceiro lugar é dado aos acompanhamentos
que estimulam maior ardor no culto.
3.4 – A inversão da ordem desqualifica o louvor, pois
sem um coração preparado, a palavras emitidas
pela boca e os arranjos instrumentais não possuem
eficácia na adoração.
4. O poeta expressa sua gratidão de forma tão imensa que
ele deseja até mesmo que as nações gentílicas ouçam
seu louvor a Deus.
4.1 – Sl. 57.9,10 ‘Render-te-ei graças entre os povos;
cantar-te-ei louvores entre as nações. Pois a tua
misericórdia se eleva até aos céus, e a tua
fidelidade, até às nuvens’.
4.2 – Essa ênfase que envolve todas as nações está em
plena concordância com a promessa de Deus a
Abraão.
a) Gn. 12.3 ‘Abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti
serão benditas todas as famílias da terra’.
4.3 – Deus manifestou sua misericórdia e fidelidade, e
o salmista deseja que outros conheçam suas
dimensões; que não podem ser medidos, pois
atingem os céus.

5. O poeta repete o estribilho já foi usado (vs. 5), e


continua o tema do verso 10, com o qual conclui o
salmo.
5.1 – Davi focaliza novamente a oração pela
manifestação da glória de Deus.
a) Sl. 57.11 ‘Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus;
e em toda a terra esplenda a tua glória’.

Conclusão.

Provações e vales difíceis sempre existirão na caminhada do


povo de Deus.

Os eleitos sempre verão a boa mão do Senhor realizando


portentosos feitos e, se alegrarão diante do Senhor em louvor
e adoração.

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