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A Almejada Proteção Para o Eleito de Deus

Sl. 17

Objetivo: Ensinar que o eleito de Deus possui segurança para


viver esta vida em meios ao caos do mundo, e para a vida
eterna.

Introdução: Estamos no Livro I do Saltério que inclui os


salmos 1 ao 41.

Contexto: Três salmos têm o simples subtítulo de ‘Uma


Oração de Davi’: os de números 17, 86 e 142.

Transição: Com o Salmo 17, quero lhes falar sobre o seguinte


tema: ‘A Almejada Proteção Para o Eleito de Deus’.

I – Confiança no Senhor e Pureza de Mãos.

1. Davi tinha ciência da própria integridade, ameaçada


então por um ou mais inimigos que apresentavam
falsas ‘acusações contra ele’.
1.1 – Várias foram as vezes que pessoas se
levantaram para acusar o rei Davi.

2. Neste Salmo Davi alega sua inocência, alegando não


haver nenhuma iniquidade em seu coração.
2.1 – Obvio que tanto para os leitores do salmo e para
o próprio Davi, essa declaração de inocência era
circunstancial.
a) Sl. 17.1 ‘Ouve, Senhor, a causa justa, atende ao
meu clamor, dá ouvidos à minha oração, que
procede de lábios não fraudulentos’.
b) Sl. 17.3 ‘Sondas-me o coração, de noite me
visitas, provas-me no fogo e iniquidade
nenhuma encontras em mim; a minha boca
não transgride’.
2.2 – Não se pode olhar para a vida de Davi e afirmar
que nenhuma iniquidade se achou nele, pois os
relatos bíblicos apontam para um homem pecador.
2.3 – Essa reivindicação de inocência da parte de
Davi se dava em relação às acusações que o mesmo
sofria no contexto que cercava este salmo, e que
escapa à identificações mais precisas.
a) Sl. 17.10-11 ‘Insensíveis, cerram o coração,
falam com lábios insolentes; andam agora
cercando os nossos passos e fixam em nós os
olhos para nos deitar por terra’.

3. É possível que o pano de fundo seja a fuga de Davi


diante de Saul no deserto de Maom: ‘Saul, porém, e os
seus homens cercaram Davi e os seus homens, para
lançar mão deles’.
3.1 – I Sm. 23.25-26 ‘Saul e os seus homens se
foram ao encalço dele, e isto foi dito a Davi; pelo
que desceu para a penha que está no deserto de
Maom. Ouvindo-o Saul, perseguiu a Davi no
deserto de Maom. Saul ia de um lado do monte, e
Davi e os seus homens, do outro; apressou-se Davi
em fugir para escapar de Saul; porém este e os seus
homens cercaram Davi e os seus homens para os
prender’.

4. Davi declara a sua inocência; pois nem em pensamento


nem em palavra ele havia transgredido, com respeito a
Saul.
4.1 – Providencialmente a notícia da invasão dos
filisteus interrompeu a perseguição realizada por
Saul.
a) I Sm. 23.27-29 ‘Então, veio um mensageiro a
Saul, dizendo: Apressa-te e vem, porque os
filisteus invadiram a terra. Pelo que Saul
desistiu de perseguir a Davi e se foi contra os
filisteus. Por esta razão, aquele lugar se
chamou Pedra de Escape. Subiu Davi daquele
lugar e ficou nos lugares seguros de En-Gedi’.

5. Deus sempre age providencialmente para livrar o seu


povo das situações hostis que os cercam.

6. Homens do de Davi o incitaram a matar a Saul.


6.1 – I Sm. 26.8-9 ‘Então, disse Abisai a Davi:
Deus te entregou, hoje, nas mãos o teu inimigo;
deixa-me, pois, agora, encravá-lo com a lança, ao
chão, de um só golpe; não será preciso segundo.
Davi, porém, respondeu a Abisai: Não o mates,
pois quem haverá que estenda a mão contra o
ungido do Senhor e fique inocente?’.
6.2 – Guiado pela Palavra de Deus, o salmista tinha
se guardado das veredas do destruidor, os homens
de violência, e Davi, apela para uma vida integra,
recusando-se a lançar mão contra o ungido do
Senhor.
a) Sl. 17.4-5 ‘Quanto às ações dos homens, pela
palavra dos teus lábios, eu me tenho guardado
dos caminhos do violento. Os meus passos se
afizeram às tuas veredas, os meus pés não
resvalaram’.
b) Não se trata de impecabilidade de Davi, mas do
reconhecimento de que estava sendo íntegro.
7. ‘Deus distingue para si o piedoso’ (Sl. 4.3) e são esses
que o Senhor quer receber como seus adoradores.
7.1 – Sl. 15.2-5 ‘O que vive com integridade, e
pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o
que não difama com sua língua, não faz mal ao
próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o
que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo,
mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura
com dano próprio e não se retrata; o que não
empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita
suborno contra o inocente. Quem deste modo
procede não será jamais abalado’.
7.2 – Sl. 24.4a ‘O que é limpo de mãos e puro de
coração’.

8. Imperativo se faz também, para cada cristão, buscar um


procedimento tal onde se possa reivindicar também
pureza para estar diante do Senhor e ter suas orações
ouvidas, assim como Davi.

II – A Proteção Buscada no Senhor.

1. Nesta segunda seção, o salmista expressa sua confiança


no Senhor e expressa em detalhes os perigos que
cercam a ele e a seus companheiros.

2. Ele ora com a certeza de que será ouvido, como quem já


obteve respostas do Senhor em tantas outras situações.
2.1 – Sl. 17.6 ‘’.
2.2 – Dentre os diversos nomes usados para Deus,
Davi usa aqui o nome El
a) El é uma forma rara para se dirigir a Deus nos
salmos de Davi.
b) El, é um nome semita para Deus e o denomina
como Aquele que é o Poder.
2.3 – Enquanto em muitas religiões pagãs se acredita
que os homens estão abandonados às suas próprias
forças e recursos, para o cristão existem os recursos
divinos.

3. O salmista evoca as bondades de Deus, e demonstra


grande expectativa no Senhor que responde as orações
dos que o buscam.
3.1 – Sl. 17.7 (ARA) ‘Mostra as maravilhas da tua
bondade, ó Salvador dos que à tua destra buscam
refúgio dos que se levantam contra eles’.
3.2 – Sl. 17.7 (NVI) ‘Mostra a maravilha do teu
amor, tu, que com a tua mão direita salvas os que
em ti buscam proteção contra aqueles que os
ameaçam’.

4. O poeta sabe que Deus é o protetor de seu povo e que o


tem como herança peculiar e de grande estima, e usa
duas figuras para enaltecer o cuidado de Deus.
4.1 – 1ª figura:
a) Sl. 17.8a ‘Guarda-me como a menina dos
olhos’.
b) O texto original hebraico traz literalmente
‘homenzinho de Seus olhos’, com base no fato de
que a pupila reflete o que vê e dá ao indivíduo a
imagem daquilo que contempla.
c) Dt. 32.9-10 ‘Porque a porção do Senhor é o seu
povo; Jacó é a parte da sua herança. Achou-o
numa terra deserta e num ermo solitário
povoado de uivos; rodeou-o e cuidou dele,
guardou-o como a menina dos olhos’.
d) Esta é uma expressão frequente do AT para
aquilo que é mais caro ou precioso e, portanto,
guardado com muito cuidado (Dt. 32.10; Pv.
7.2; Zc. 2.8).
4.2 – 1ª figura:
a) Sl. 17.8b ‘... esconde-me à sombra de tuas
asas’.
b) Dt. 32.11 ‘Como a águia desperta a sua
ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende
as asas e, tomando-os, os leva sobre elas’.
c) Esta é uma expressão comum nos termos
bíblicos para expressar o cuidado protetor de
Deus para com o seu povo.
d) Mt. 23.37 (ARA) ‘Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas e apedrejas os que te foram
enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos
debaixo das asas, e vós não o quisestes!’.
e) Esta é uma figura usada em outros textos com o
sentido de segurança dos filhotes de aves
debaixo das asas da mãe (Rt. 2.12; Sl. 36.7; Sl.
57.1; Sl. 64.4, etc).

5. A oração do salmista descreve os inimigos que o


cercam.
5.1 – Em poucas palavras Davi os qualificam:
a) Eles o oprimem (vs. 9).
b) Eles são mortais (vs. 9).
c) Eles me andam cercando, assediando (vs. 9).
d) Tem o coração endurecido (vs. 10).
e) Eles cercaram a Davi e companheiros (vs. 11).
f) São como um leão cruel (vs. 12).
5.2 – O povo de Deus é confiante no Senhor, por
maior que sejam as afrontas que o inimigo lhes
apresente.

III – A Libertação Vinda do Senhor.

1. O salmista apresenta nesta fase sua oração


fundamentada numa esperança confiante.

2. Continuando a comparação dos seus inimigos com um


leão, o salmista pede para o Senhor detê-lo e derribá-lo,
isto é, confrontar a fera e fazê-la rastejar em submissão.
2.1 – Sl. 17.13 ‘Levanta-te, Senhor, defronta-os,
arrasa-os; livra do ímpio a minha alma com a tua
espada, com a tua mão, Senhor, dos homens
mundanos, cujo quinhão é desta vida e cujo ventre
tu enches dos teus tesouros; os quais se fartam de
filhos e o que lhes sobra deixam aos seus
pequeninos’.

3. Aqueles que buscam causar dano aos fiéis são ‘homens


do mundo, cuja porção está nesta vida’ (vs. 14).
3.1 – Toda a satisfação deles ocorre nessa era presente
(Lc. 16.25).
3.2 – Por outro lado, aqueles para quem o Senhor é ‘a
porção’ (Sl. 16.5) não recebem somente a sua
bênção e ajuda aqui, mas uma perspectiva de coisas
maiores no futuro.
a) Sl. 17.15 ‘Eu, porém, na justiça contemplarei
a tua face; quando acordar, eu me satisfarei
com a tua semelhança’.
3.3 – Davi faz uma alusão ao fato de que Deus permite
o ímpio possuir riquezas e prazeres desta vida.
a) Sl. 17.14b ‘... cujo ventre enches dos teus
tesouros’.
3.4 – Significa que Deus permite ao ímpio satisfazer
seus desejos básicos e necessidades físicas.
a) At. 14.17 ‘... contudo, não se deixou ficar sem
testemunho de si mesmo, fazendo o bem,
dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas,
enchendo o vosso coração de fartura e de
alegria’.
b) Fp. 3.19 ‘O destino deles é a perdição, o deus
deles é o ventre, e a glória deles está na sua
infâmia, visto que só se preocupam com as
coisas terrenas’.
3.5 – Até mesmo a posteridade do ímpio desfruta de
suas riquezas, muitas vezes mal adquiridas.
a) Sl. 17.14c ‘... o que lhes sobra deixam aos seus
pequeninos...’.
b) Significa que eles têm uma família numerosa
conforme o seu desejo, a quem eles podem
deixar as fortunas acumuladas pela injustiça e
desonestidade.
c) Esse é um quadro impressionante de vidas
centralizadas nesta terra, de pessoas que vivem
sem Deus.

4. No tempo apropriado o juízo de Deus recairá sobre


estes, e é nesta certeza que Davi levanta seu clamor ao
Senhor.

IV – O Destino Último dos Eleitos de Deus.

1. Davi parte em sua poesia, num último parágrafo, que


pode ser considerado suficientemente importante para
tratá-lo à parte como a conclusão triunfante desse
salmo.

2. Oesterley: ‘Temos aqui a descrição do início da


preocupação com uma vida mais completa no futuro’.

3. A Edição ARA, com maestria e fidelidade ao sentido


teológico, traduz da seguinte forma: ‘Eu, porém, na
justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu
me satisfarei com a tua semelhança’.

4. A teologia contida no AT era ainda o alicerce de um


edifício com revelações maiores e mais profundas que
se ergueria no NT.

5. Enquanto na maioria dos textos do VT não se esboça


conceitos não claros como a vida na eternidade e nossa
semelhança adquirida com o Pai através do Filho; o NT
traz detalhes minuciosos que nos enchem a alma de
gozo e alegria.
5.1 – Fp. 3.21 ‘... o qual transformará o nosso corpo
de humilhação, para ser igual ao corpo da sua
glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de
até subordinar a si todas as coisas’.
5.2 – I Jo. 3.2 ‘Amados, agora, somos filhos de Deus,
e ainda não se manifestou o que haveremos de ser.
Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo
como ele é’.

6. Oesterley: ‘É difícil entender essas palavras no


sentido de acordar de um sono natural. Quase
certamente, o salmista está aqui imaginando o
acordar do sono da morte e, dessa maneira, expressa
sua fé na vida futura’.

7. O versículo final deixa para trás estas preocupações


terrenas, e dá lugar ao perene fundamento de que a
noite dará lugar a uma manhã sem nuvens.

Conclusão: O eleito, convicto de sua fé em Cristo Jesus,


desfruta das certezas da proteção de seu Senhor quanto aos
problemas e adversidades nesta vida presente.

Por esse motivo, o eleito ora, com uma fé confiante, como a de


Davi, afirmando: ‘Eu te invoco, ó Deus, pois tu me respondes;
inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras’ (vs. 6).

O eleito, também desfruta das certezas da proteção de seu


Senhor quanto a vida na eternidade, e, também como Davi,
pode afirmar com serenidade o verso conclusivo deste salmo:
‘Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando
acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança’ (vs. 15).

Você é esse eleito?

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