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vencendo o medo
Salmo 27

INTRODUÇÃO

Ambulofobia — medo de caminhar;


Aracnofobia — medo de aranhas;
Astrofobia — medo de trovoes, relâmpagos e tempestades;
Bibliofobia — medo de livros;
Claustrofobia — medo de recintos fechados;
Equinofobia — medo de cavalos;
Gerontofobia — medo de envelhecer;
Neofobia — medo do novo;
Tacofobia — medo de velocidade;
Tanatofobia — medo da morte;
Teofobia — medo de Deus; Zoofobia.

O medo é mais que um sentimento, é um espírito:


Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de
amor e de moderação. (2 Tm 1.7).

Esse espírito oprime, escraviza e destrói suas vítimas. O medo é um


gigante que desafia a nossa alma. Somos assaltados muitas vezes por perigos
reais, mas as situações irreais também nos assustam.

1. De quem terei Medo? (v.1-2)

O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O


SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? Quando malfeitores
me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que
tropeçam e caem.

Davi não era criança, mas assim como um acriança pequena e indefesa,
parecia ter uma confiança inabalável quando estava na presença do pai – não o
carnal, mas o Pai celestial.
O Salmo 27 não foi escrito em uma situação de paz para o salmista.
Como nos salmos precedentes, aqui Davi estava sofrendo por causa da fúria e
das tramas dos seus inimigos.
Entretanto, o tom que prevalece nesse salmo não é de clamor ou angústia,
mas de confiança e ânimo, por incrível que pareça. Todo o salmo se deixa guiar
pela disposição demonstrada desde seu início (v.1): “O Senhor é a minha luz

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e a minha salvação; a quem temerei? ”. “A quem temerei? ”, é uma pergunta
retórica, e a resposta óbvia para ela é: NINGUÉM.

Não preciso temer a nenhum dos meus inimigos, pois o meu protetor é
maior que qualquer um deles, mais do que isso, o maior dos inimigos é feito de
“bobo” ao lidarem com o meu Senhor, quando vierem sobre mim, tropeçarão e
cairão... como um vilão ao estilo de “Esqueceram de mim” ou “Coyote e Papa-
léguas”

2. Ainda assim terei Confiança (v.3)

Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o


meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei
confiança.

Mesmo se a guerra fosse declarada e Jerusalém fosse cercada totalmente,


diz Davi (v.3): “Mesmo assim, eu sou confiante”. O Salmo 27 não é uma
oração fácil de ser feita.... Quantos poderiam orar desse modo com inteireza de
coração?

Davi que escreveu este salmo tinha autoridade sobre o assunto. Fico
pensando na história de Davi e Golias. Quando o pequeno jovem hebreu venceu
o gigante filisteu no campo de batalha. A batalha mais famosa descrita no Antigo
Testamento não foi travada entre dois exércitos, mas entre duas pessoas. Foi a
batalha no Vale de Elá, entre Davi e Golias.

Apesar de distante no tempo e no espaço, esse relato bíblico tem muito a


nos ensinar. Afinal, todos nós temos um Golias. Ele nos provoca com contas que
não podemos pagar, hábitos que nunca deixamos, fracassos que não
esquecemos e um futuro que evitamos.
A descrição de Golias: Quase 3 metros de altura, sem sandálias, usando
cerca de 80 a 90kg de armadura. Só a cabeça da lança pesava 9 a 11 kg. Usava
um cinto com cerca de 1,40 metro de comprimento. O texto diz que ele trazia um
escudeiro consigo, que servia para proteger das flechas do inimigo.

Mais do que "Davi versus Golias", esse enredo passa a ser "o foco em Deus
versus o foco no gigante".
Davi vê o que os outros não vêem e se recusa a ver o que os outros vêem.
Todos os olhos, exceto os de Davi, voltam-se para o brutal grandalhão que
irradia ódio. As pessoas sabem de seus insultos, de suas exigências, de seu
tamanho e de seu andar altivo. Todos eram especializados em Golias. Davi não,
Davi estava com os olhos em Deus.

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“Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu vou contra
você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel,
a quem você desafiou. Hoje mesmo o SENHOR o entregará nas minhas
mãos, eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres
do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra
saberá que há Deus em Israel. Todos os que estão aqui saberão que não é
por espada ou por lança que o SENHOR concede vitória; pois a batalha é
do SENHOR, e ele entregará todos vocês em nossas mãos” (17:45-47).

Davi é especialista em Deus. Como você pode imaginar, ele vê o gigante;


mas ele vê Deus com nitidez ainda maior. Observe com atenção o grito de guerra
de Davi: "Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu vou
contra você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de
Israel" (17:45).

“O observador comum vê apenas um exército de Israel. Mas Davi não. Ele


vê pelotões de anjos e infantarias de santos, as armas do vento e as forças da
terra” (Derrubando Golias – Max Lucado).

De fato, a história do Rei Davi e o salmo 27 de sua autoria, irradiam


confiança em Deus... toda essa confiança não anula, contudo, a oração do
salmista. Ele ainda tem anseios e continua tendo petições. Mas elas são de
surpreender aqueles que, porventura, não têm uma ligação vital com seu
Redentor.

3. Uma coisa peço ao Senhor v.4-6

Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na


Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza
do SENHOR e meditar no seu templo.
Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no
recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha.
Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me
cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e
salmodiarei ao SENHOR.

O maior desejo de Davi, ao ver-se atacado por pessoas perigosas, é o de


estar com Deus. Sabendo do que tramam contra ele, conta ao Pai celestial seu
anseio (v.4): “Assentar-me todos os dias da minha vida na casa do Senhor”.
O contexto sugere que Davi, ao dizer “casa do Senhor”, tem em mente o
tabernáculo localizado na cidade de Jerusalém. Entretanto, os pedidos de Davi

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nos indicam que seu interesse maior não era o local em si, mas a presença de
Deus. Ele queria se sentir acolhido pelo Senhor.
Os motivos de se assentar diariamente na casa do Senhor são expostos:
“A fim de contemplar a beleza do Senhor e para refletir no seu templo”.
“Contemplar” e “refletir” implicam a ideia da busca de um relacionamento íntimo
com Deus. O salmista quer meditar sobre quem Deus é e sentir-se em comunhão
com Ele. Quer que sua felicidade venha do fato de ser amado pelo Senhor.

A preocupação primária de Davi – a contemplação do Senhor – é seguida


pelo seu anseio por um refúgio seguro. Tal fortaleza, porém, não consiste de
muralhas e de portas robustas, mas da proteção divina. Representando, ainda,
a presença de Deus pela figura do tabernáculo (v.5), Davi escreve: “Pois ele me
esconderá no tabernáculo no dia mau e me guardará no esconderijo da sua
tenda”.
Davi não almejava se esconder debaixo das cortinas da tenda, mas debaixo
do cuidado do Pai. É possível até imaginar uma criança no colo do pai
escondendo seu rosto do problema enquanto o pai o protege, consola e o
“esconde” de todo perigo.

Ilustração ... Cachorra Lola se escondendo!

Se pessoas salvas em incêndios ou em acidentes de carro fazem quase


sempre questão de demonstrar sua gratidão aos bombeiros que os resgataram,
imagine o desejo de Davi diante da atuação de Deus em seu favor. De maneira
quase incontida ele afirma (v.6): “Que eu ofereça, no seu tabernáculo,
sacrifícios de alegria; que eu cante e faça músicas ao Senhor”.
“Gritos de vitória” é um bom modo de entender o que são os “sacrifícios de
alegria” escritos por Davi com a intenção de continuar utilizando a figura do
tabernáculo para representar sua busca e culto a Deus e, também, a disposição
do Senhor de ser encontrado, de proteger e de manter comunhão com o servo.
Quem não gostaria de ter o ímpeto de Davi de servir a Deus e adorá-lo com
todas as suas forças? Quem pensa assim, normalmente olha para Davi como
um “superservo” e se esquece de que ele, pecador como nós, também era
guiado por Deus para que assim agisse.

4. Ouve Senhor a minha voz v.7-12

Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e


responde-me. Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença;
buscarei, pois, SENHOR, a tua presença. Não me escondas, SENHOR, a tua
face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses,
nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

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Davi conta (v.8) que do seu íntimo surgia um convite divino que lhe
apontava o caminho da presença do Senhor: “A teu respeito diz meu coração:
‘Busque a minha face’”. O ensino do Novo Testamento sobre a atuação do
Espírito Santo como guia (João 16.13) parece encontrar, nesse texto, a
comprovação da ação correspondente no período vétero-testamentário.

Em resposta ao convite paternal, Davi responde positivamente: “Buscarei


a tua face, ó Senhor”. Como quem vê o pai segurando as mãos frágeis do filho,
ensinando-o a andar passinho após passinho, Davi se sente dirigido por Deus.

Os braços do Senhor, na visão do salmista, são tão seguros quanto


imutáveis. Não há em Deus apenas poder, mas também constância. Os
impulsos, mudanças e desapontamentos que fazem os homens mudarem de
atitude uns com os outros não estão presentes na natureza divina. Deus é aquele
em quem não há “variação nem sombra de mudança” (Tiago 1.17).
Por isso, Davi sabe que, ainda que não seja sempre um bom filho, o Senhor
nunca o abandonará ou será um mau Pai, nem nas circunstâncias mais
extremas. Para expressar essa certeza, ele sugere uma situação realmente
extrema que exalta a fidelidade do Senhor (v.10): “Se o meu pai e a minha mãe
me desampararem, o Senhor, contudo, me acolherá”.

5. Espera pelo Senhor v.13-14

Eu creio que verei a bondade do SENHOR na terra dos viventes.


Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração;
espera, pois, pelo SENHOR.

Como não nos sentir seguros ao nos escondermos em braços paternos tão
poderosos, amáveis, constantes e fiéis? Não é sem motivo que Davi esperava
ser cuidado pelo Senhor, em quem se refugiava e se escondia do mal. Davi
imagina o contrário e não vê esperanças (v.13): “Que seria se eu não tivesse
crido que iria ver a bondade do Senhor na terra dos vivos? ”.
A resposta natural que nós mesmos podemos dar é: “Não haveria
esperanças”. Entretanto, a realidade é que ele – e nós, que cremos no Senhor
Jesus – temos, ao nosso redor, braços que podem nos tomar como pequenos
bebês e nos dar o cuidado necessário. Basta lembrarmos que nosso Pai nos
estende as mãos e diz: “Confie em mim”.

Pr. Daniel S. Neto


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